Buscar

MULTICULTURALISMO-E-MULTILINGUISMO-2

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 42 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 42 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 42 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 3 
2 MULTILINGUISMO ...................................................................................... 4 
2.1 Aspectos sociais do multilinguismo ..................................................... 10 
2.2 Língua e interação social ..................................................................... 11 
2.3 Interação e ensino de língua ............................................................... 14 
2.4 Interfaces, oralidade, escrita ................................................................ 15 
2.5 Oralidade no contexto das novas mídias ............................................. 15 
2.6 A escrita ............................................................................................... 16 
2.7 Políticas linguísticas para o multilinguismo .......................................... 17 
2.8 Multiletramentos .................................................................................. 19 
3 BILINGUISMO, MULTILINGUISMO, BICULTURALISMO E 
MULTICULTURALISMO ............................................................................................. 21 
3.1 Aprendizagem em contexto multilíngue ............................................... 22 
4 INTERVENÇÃO EM MULTILINGUES ........................................................ 25 
4.1 O papel de terapeutas, professores e educadores perante a diversidade 
multilíngue 27 
4.2 A importância da formação destes profissionais no Multilinguismo ..... 28 
5 A AQUISIÇÃO DE NOVAS LÍNGUAS E O GANHO CULTURAL ............... 30 
6 COMUNIDADES BILÍNGUES E MULTILÍNGUES...................................... 33 
6.1 A constituição de países multilíngues .................................................. 35 
7 MULTILINGUISMO NA INFÂNCIA ............................................................. 36 
8 REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS ........................................................... 39 
 
 
 
 
3 
 
 
 
 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
Prezado aluno! 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao 
da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um 
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma 
pergunta , para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é 
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a 
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas 
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo 
hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa 
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das 
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe 
convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida 
e prazos definidos para as atividades. 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
 
 
 
 
 
2 MULTILINGUISMO 
 
Fonte: magisterio.com 
A capacidade multilíngue ganhou grande destaque nos últimos anos e grande 
valorização impulsionada pelo processo de globalização. Esse elemento tem 
proporcionado a formação de cidadãos globais que atuam além das fronteiras 
nacionais e se inserem em diferentes contextos culturais. O multilinguismo se 
apresenta como uma ferramenta essencial para a abordagem de indivíduos 
provenientes de diferentes culturas e também para a compreensão desta vastíssima 
diversidade cultural presente no mundo (SANTOS et al, 2018). 
Segundo o autor, o conceito de cidadão global é abordado no âmbito da 
Organização das Nações Unidas e apresenta uma noção de cidadania que inclui a 
consciência de uma identidade coletiva, que vai além da identificação individual do 
cidadão local, e promove a responsabilidade da comunidade global. Segundo 
publicação da UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência 
e a Cultura – sobre Educação para a Cidadania Global (2015, p. 14) essa noção de 
cidadania “está vinculada a uma crescente interdependência e interconectividade entre 
países nas áreas econômica, cultural e social, por meio de maior comércio 
internacional, migração, comunicação etc”. 
 
 
 
5 
 
 
 
 
 
 
A capacidade multilíngue entra neste processo como uma importante 
ferramenta de transposição das fronteiras nacionais e culturais, promovendo 
este cosmopolitanismo e este entendimento relativo às questões do bem-estar 
global. A cidadania global não está ligada a questões legais, este é um 
entendimento comum, pois refere-se mais ao sentimento de pertencimento à 
comunidade humana mais ampla e comum, e promove uma visão que vincula 
o local ao global e o nacional ao internacional (UNESCO, 2015 apud SANTOS 
et al, 2018). 
A cidadania global baseia-se em valores universais que promovem o respeito à 
diversidade e ao pluralismo. A diversidade cultural, no entanto, é vista por muitas 
pessoas com certa incompreensão. E neste ponto se iniciam os problemas gerados 
pela intolerância e, consequentemente, os conflitos. Debates constantes acontecem ao 
redor do mundo com esta temática, na expectativa de gerar mudanças, mas os conflitos 
ainda persistem. Entretanto, a capacidade multilíngue, com o suporte das novas 
tecnologias, tem impulsionado um diálogo mundial muito mais amplo, de proporções e 
resultados maiores. Isso tem gerado resultados positivos na luta pela consciência e 
reafirmação da universalidade dos direitos humanos frente à diversidade cultural 
(SANTOS et al, 2018). 
Ainda segundo o autor, o conceito de Multilinguismo pode ser definido como a 
habilidade de utilizar mais de duas línguas. Ele vai um pouco mais além do bilinguismo, 
que se limita ao uso de duas línguas. O multilinguismo engloba a pluralidade linguística 
e pode definir também os ambientes em que haja a coexistência de idiomas falados 
por populações diversas. Os falantes multilíngues podem ter mais fluência numa 
determinada língua do que em outra, e o uso dessas línguas, bem como o desempenho 
nas mesmas, pode ser determinado e fortemente influenciado pelo ambiente em que 
estes sujeitos estão inseridos e pelas situações do contexto de uso. 
Segundo Santos (2018), todos somos bilíngues, pois todos sabemos palavras e 
expressões de outras línguas que não seja a materna. Se, como falantes da língua 
portuguesa, sabemos nos comunicar com expressões simples como Bonjour ou 
Gracias, é sinal evidente de que possuímos comandos em língua estrangeira. Esta 
ideia pode, evidentemente, ser aplicada sob o conceito do multilinguismo e, assim, vê-
se que esta habilidade não é algo tão incomum quanto se imagina. É claro que o que 
 
 
 
6 
 
 
 
 
 
 
chama atenção aqui é a questão dos níveis de proficiência. Mas é importante ressaltar 
que um multilíngue não tem a obrigatoriedade de falar todos os idiomas que conhece 
no mesmo nível de proficiência. Essa ideia, obviamente, não está inserida no conceito 
de Multilinguismo. Desse modo, é interessante apresentar um conceito de 
multilinguismo que o defina claramente como: habilidade que caracteriza pessoas 
capazes de se fazerem compreendidas em mais de uma língua. 
Em alguns lugares a quantidade de idiomas falados por um indivíduo pode ser 
bastante variada. Essa característica é bastante comum atualmente. É muito frequente 
encontrar comunidades onde indivíduos falam e compreendem mais de um idioma. 
Essa habilidade define o multilinguismo. A habilidade multilíngue se tornou bastante 
conhecida e valorizada com o processo de globalização. Saber se comunicar em mais 
de um idioma se tornou habilidade essencial no contexto atual do mundo globalizado, 
onde as nações e seus cidadãos convivemna aldeia global dividindo o mesmo espaço 
nas corporações, nas cidades globais, entre outros (SANTOS et al, 2018). 
O multilinguismo aparece nesse cenário como ferramenta potencialmente 
carregada de conhecimento cultural, e esse conhecimento é, essencialmente, baseado 
na diversidade cultural. Um indivíduo dotado de capacidade multilíngue possui também 
todo o conhecimento cultural que a língua engloba. A língua é um dos principais 
aspectos da cultura de uma nação. Um indivíduo multilíngue possui o conhecimento da 
diversidade cultural inserida no conhecimento dos idiomas que ele tem como 
ferramentas. Desse modo, observa-se que o multilinguismo é importante ferramenta no 
cenário mundial de integração internacional. Aprender uma nova língua sempre foi uma 
ideia interessante, para quase todo mundo. A ideia de conhecer algo novo, de uma 
cultura diferente, de um país diferente, é muito atrativa. Além disso, as vantagens de 
estudar novos idiomas são bem conhecidas no campo da medicina, devido aos 
benefícios que isto traz para o cérebro (SANTOS et al, 2018). 
No Brasil, a habilidade de falar vários idiomas ainda é um pouco escassa, 
principalmente se compararmos os dados do país com nações mais desenvolvidas. 
Segundo Santos (2018), dentre a população jovem brasileira, entre 18 e 24 anos, 
apenas 10,3% afirma possuir algum conhecimento em Inglês. A pesquisa também 
 
 
 
7 
 
 
 
 
 
 
afirma que essa fragilidade pode ser explicada pela baixa qualidade da educação 
básica no país e pela dificuldade de acesso a cursos de idiomas. O ensino de língua 
estrangeira é deixado de lado, pois não há uma valorização das habilidades bilíngue e 
multilíngue. Ainda a respeito dos dados da pesquisa, dentre os que afirmam ter 
conhecimento de inglês, 47% o tem apenas em nível básico, e somente 16% possuem 
o nível avançado de inglês. É essencial ressaltar uma grande vantagem do 
multilinguismo: a vantagem no mundo profissional. É importante, na atualidade, que um 
profissional saiba falar pelo menos um outro idioma, além da língua materna. E quanto 
mais línguas estrangeiras souber falar, mais vantagens terá no seu currículo e mais 
apto estará a sobreviver no mercado de trabalho. 
A capacidade de falar vários idiomas é uma das habilidades mais procuradas no 
mundo profissional, pois com o avanço da globalização o mundo está cada vez mais 
conectado, com as corporações e empresas não seria diferente. Além disso, o fato de 
saber falar mais de um idioma pode facilitar muito a realização de viagens e 
experiências no exterior. A mesma pesquisa do Bristish Council (2014) relata que uma 
entrevista foi realizada com executivos de 77 países, e 91% dos entrevistados afirmou 
que o inglês é o principal idioma dos negócios. E ainda que ele não seja considerado 
como idioma principal por uma minoria, ainda assim ele é essencial para a 
compreensão de softwares manuais. Outros idiomas também se mostram necessários 
para o contato com representantes e fornecedores internacionais. Esses dados 
evidenciam a necessidade de se falar mais idiomas, além da língua materna, no cenário 
atual do mundo globalizado. Aprender novos idiomas é também um processo 
considerado como uma academia para o cérebro. O processo de aprendizado, a 
aquisição de novas informações são exercícios que trabalham bastante o cérebro, o 
que, segundo pesquisas na área da neurociência, pode melhorar sua saúde e 
capacidade (SANTOS et al, 2018). 
O Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo publicou dados que 
revelam os resultados do bilinguismo sobre a capacidade cognitiva humana. Dentre 
estes resultados, existe a evidência de que o bilinguismo ajuda na memória e na 
atenção. Segundo pesquisadores, falar em mais de dois idiomas apresenta mais 
 
 
 
8 
 
 
 
 
 
 
vantagens do que apenas comunicar-se (USP, 2016). Estudos publicados pelo Instituto 
afirmam também que indivíduos bilíngues utilizam mecanismos de atenção muito mais 
vezes que indivíduos monolíngues, e são capazes de trabalhar melhor em situações 
de tomada de decisão e em situações de distração (USP, 2016). 
Este é um motivo que tem levado muitas pessoas a aprender um novo idioma. 
Alguns adultos, em especial aqueles que estão se aproximando da velhice, 
veem o aprendizado de um novo idioma como uma oportunidade de exercitar 
a mente e de aprender algo novo, algo que nunca foi visto no decorrer da vida. 
Dentre os efeitos positivos do estudo de línguas, encontra-se também o retardo 
do aparecimento dos sintomas da demência em idosos, o aumento da 
neuroplasticidade, e o aumento do capacidade criativa (BECKER; ZIMMER, 
2015 apud SANTOS et al, 2018). 
Outra situação que tem promovido o Multilinguismo ao redor do mundo é o 
Turismo. Com a globalização, as fronteiras geográficas se tornam cada vez mais 
transponíveis. Muitos blocos econômicos permitem já circulação de cidadãos de países 
membros do bloco dentro de seus territórios. Essa situação tem impulsionado um fluxo 
muito grande de informação, intercâmbio cultural e intercâmbio linguístico. Essa 
facilidade de locomoção, e até mesmo de realizar transações monetárias no âmbito 
turístico, tem promovido o turismo internacional e tem levado muitas pessoas a 
aprenderem outros idiomas com o objetivo específico de utilizá-los em viagens. O meio 
acadêmico é outro importante âmbito de promoção do multilinguismo. Com a 
internacionalização das instituições de ensino, muitos estudantes buscam 
oportunidades de intercâmbio fora do país, e aprender o inglês ou a língua do país de 
destino, se torna um dos objetivos principais para este estudante. É fato que para 
estudar numa instituição do exterior é necessário ter um bom conhecimento da língua 
inglesa, no mínimo. Muitas instituições exigem até mesmo um teste de proficiência. Por 
isso, muitos estudantes começam a ter contato com a habilidade multilíngue nesse 
momento de suas vidas (SANTOS et al, 2018). 
Queiramos ou não, nosso cotidiano se encontra permeado de termos 
estrangeiros. A competição no mercado de trabalho exige o domínio de mais 
de uma língua. Atendendo a essa demanda, os cursos de idiomas e os 
programas de intercâmbio têm se multiplicado. As escolas regulares também 
oferecem uma ou mais línguas estrangeiras em seus currículos. Há uma 
 
 
 
9 
 
 
 
 
 
 
preocupação constante com o aprendizado de novos idiomas (BECKER; 
ZIMMER, 2015, p. 2 apud SANTOS, 2018). 
No âmbito do ensino superior, o intercâmbio linguístico ocorre de forma bastante 
fluída, pois muitos estudantes que partem para intercâmbio no exterior voltam, depois 
de algum tempo, com toda sua experiência cultural e linguística compartilhando essas 
aquisições com o meio no qual estão inseridos. Ocorre também o intercâmbio 
linguístico quando as universidade brasileiras recebem estudantes do exterior para 
projetos de ensino de idiomas. Este é caso bastante especial, pois promove um contato 
dos estudantes com o multilinguismo e também com o multiculturalismo. Isso acontece 
porque os estudantes estrangeiros acabam por fornecer riquíssima informação cultural 
sobre sua origem, seu país, seu povo. Na era da tecnologia da informação, o 
multilinguismo flui e se estabelece inegavelmente (SANTOS et al, 2018). 
De acordo com o autor, na presente era, em todas as perspectivas que 
olharmos, veremos que a dinâmica da modernidade depende de indivíduos 
multilíngues ou de arranjos que envolvam o multilinguismo. Em quase tudo que é visto 
na televisão ou escutado na rádio, pode-se encontrar elementos de culturas e línguas 
estrangeiras. Tudo está muito conectado. A maioria das pessoas tem acesso ao que é 
assistido na televisão do país vizinho. 
A maioria das pessoas tem acesso ao que é ouvido na rádio do país que fica lá 
do outro lado do oceano. E quando isso acontece, vê-se, então, um transporte de 
cultura e língua que é cada vez mais real e mais constante. As gerações mais novas,que normalmente são mais conectadas às novas tecnologias, têm contato constante 
com idiomas que não são a língua materna. As redes sociais favorecem esse transporte 
fluído de informações e essa conexão com os grupos distantes, geograficamente. 
Desse modo, o multilinguismo deixa de ser uma habilidade linguística distante de ser 
alcançada, e passa a ser uma realidade na vida da maioria das pessoas que se 
conectam com as redes tecnológicas e informacionais que interligam o planeta. 
(SANTOS et al, 2018). 
 
 
 
10 
 
 
 
 
 
 
2.1 Aspectos sociais do multilinguismo 
A língua constitui-se de diversas maneiras de falar e de escrever, porque é 
determinada por aspectos econômicos, culturais, etários etc. No uso cotidiano, a língua 
molda-se segundo a situação, o gênero e as intenções. Os elementos que determinam 
o uso das diversas formas da língua, as suas variantes, são muitos: o tipo de situação 
– particular, coletiva, profissional etc. –; a relação entre os participantes – intimidade, 
hierarquia, respeito etc. –; a intenção – criticar, agradar, ordenar etc. –; a natureza do 
tema – sério, solene, cômico etc.; entre outros fatores. Acredita-se que, na língua 
escrita, predomina a formalidade e, na língua oral, a informalidade. Isso pode ser 
verdade, mas não absoluta, é preciso relativizar essa concepção. Por exemplo, um 
artigo para uma revista científica, um gênero escrito, possui um estilo absolutamente 
formal; já um SMS, também um gênero escrito, possui um estilo informal, com muitas 
marcas da oralidade (CARETTA, 2016). 
Segundo o autor, um bate-papo com um amigo é um gênero oral e informal, 
aliás, a conversação representa a oralidade pura; enquanto uma entrevista de 
emprego, um gênero oral, já possui um estilo mais formal, pois a situação de 
comunicação tornou-se profissional. Esses gêneros já anunciam como é 
incomensurável a variedade de usos da língua em nossa sociedade. As distintas 
características dos falantes também promovem diferentes formas de dizer na língua. 
Os elementos que determinam a língua de um falante são: a idade – sabemos que um 
adolescente fala de forma bem distinta de um adulto, e uma criança também –; o sexo 
– homem e mulher possuem linguagens distintas, particularmente na língua oral 
informal, assim como os homossexuais possuem um conjunto de gírias próprio –; a 
raça – muito além da cor da pele, os elementos culturais da raça estão bastante 
presentes na língua de cada comunidade –; a profissão – os ambientes profissionais 
possuem jargões e entonações próprios –; o grau de escolaridade – quanto mais 
elevado o grau de escolaridade de um indivíduo, maior a sua capacidade de transitar 
pelos diversos níveis de formalidade da língua, inclusive dominar a norma culta. 
 
 
 
11 
 
 
 
 
 
 
Os elementos do contexto também determinam as características da língua: o 
lugar – profissional, religioso, descontraído –; o ambiente – calmo, divertido, conturbado 
–; o tempo – encontro na correria da cidade, uma longa conversa –; a ocasião – almoço 
com amigos ou de negócio –; o destinatário – íntimo ou desconhecido –; a hierarquia – 
professor, chefe, pai –; os elementos emocionais – apaixonado, irritado, agressivo. 
Ensinar as variadas formas da língua nas diversas situações sociais, nos variados 
gêneros e nas várias mídias é um grande desafio, que se torna maior porque ainda é 
preciso vencer a ditadura da norma culta nos currículos pedagógicos (CARETTA, 
2016). 
É tarefa de a escola capacitar o aluno no uso da norma culta, entretanto esse 
não pode ser o seu objetivo final. O ensino formal deve também formar cidadãos que 
respeitem seus semelhantes com todas as diferenças sociais que lhes determinam, 
inclusive a sua forma de usar a língua, a fim de combater o preconceito linguístico, 
como muito bem tratou do assunto Bagno (2011). Para isso, nas aulas de língua 
portuguesa, a norma culta precisa ser compreendida como uma forma de usar a língua, 
não a única, nem a melhor. O norte do professor de língua deve ser o multilinguismo 
(CARETTA, 2016). 
2.2 Língua e interação social 
Compreender a língua como interativa não é apenas observar que, por meio 
dela, os indivíduos se comunicam, mas que também expressam suas ideias e, 
principalmente, atuam sobre o outro produzindo, interacionalmente, os conhecimentos 
por meio de enunciados (CARETTA, 2016). 
Ainda segundo o autor, a língua se realiza por meio de enunciados submetidos 
às condições sócio-históricas da sua produção e recepção. Por isso, ela precisa ser 
estudada em seu uso. A língua materna – sua composição vocabular e sua estrutura 
gramatical – não chega a nosso conhecimento a partir de dicionários e gramáticas, mas 
de enunciações concretas que nós ouvimos e nós mesmos reproduzimos na 
comunicação discursiva viva com as pessoas que nos rodeiam. Nós assimilamos as 
 
 
 
12 
 
 
 
 
 
 
formas da língua somente nas formas de enunciações e justamente com essas formas. 
As formas da língua e as formas típicas do enunciado, isto é, os gêneros do discurso, 
chegam à nossa experiência e à nossa consciência em conjunto e estreitamente 
vinculadas. 
Atualmente, adota-se, para o estudo da língua, a concepção sociointeracionista, 
que parte do pressuposto de que a língua é uma prática social exercida em uma 
sociedade ou comunidade com uma cultura que deve ser valorizada, a fim de se 
preservar o exercício da cidadania por meio da própria língua. O ensino de língua 
portuguesa nas escolas não pode ser compreendido apenas como transmissão de 
conteúdos, mas como a construção de conhecimentos por parte dos alunos. Nesse 
processo, o professor deixa de ser a única fonte autorizada de informações, motivações 
e sanções. A variedade linguística advinda dos alunos é valorizada, participando 
conjuntamente com a linguagem do professor, “conhecedor da norma culta”, no 
processo de ensino-aprendizagem da língua. A escola deve-se questionar sobre o 
papel que a gramática desempenha no desenvolvimento linguístico oral e escrito do 
aluno. É verdade que a boa elaboração dos textos passa pelo conhecimento da 
gramática, entretanto, ela deve ser trabalhada de forma funcional no contexto 
comunicativo, levando-se em conta os elementos discursivos, como a situação e os 
objetivos de comunicação. A partir do paradigma sociointeracionista, a ênfase na 
apreensão de saberes metalinguísticos sobre a norma padrão e sobre as categorias 
formais da gramática cede espaço para as práticas de uso da linguagem — 
leitura/escuta de textos e produção textual — como eixos centrais do processo 
pedagógico, sendo a reflexão metalinguística uma ferramenta de ampliação das 
competências linguísticas almejadas para a formação plena do usuário-sujeito da sua 
linguagem e dos seus saberes. O texto surge então como unidade de ensino e os 
gêneros textuais, representações das respostas às múltiplas necessidades humanas 
de interação linguística, emergem como objeto de ensino (CARETTA, 2016). 
Outro aspecto, segundo o autor, até mais importante, é o reconhecimento do 
valor não só da gramática de língua escrita, mas também da falada. O professor não 
deve apenas enfatizar as diferenças entre as duas, mas mostrar que ambas são 
 
 
 
13 
 
 
 
 
 
 
importantes para se comunicar em diversas situações, na modalidade oral ou escrita. 
O eficiente desempenho linguístico do aluno é medido pela capacidade de adequação 
à finalidade da comunicação e, também, a padrões linguísticos valorizados na 
sociedade, no caso, a norma culta. Esses dois objetivos são tarefas da escola. 
A gramática normativa é bastante eficaz para o segundo objetivo, enquanto o 
ensino dialógico é fundamental para o primeiro, que visa à expansão das possibilidades 
do uso da língua. O ensino dialógico da língua trabalha fundamentalmente com os 
gêneros discursivos, porque, dessa forma, pode-se analisar mais do que a gramática 
da língua, pode-sechegar ao funcionamento da própria sociedade mediado pelas 
atividades linguísticas. Sabe-se que a comunicação verbal só se processa por meio de 
um gênero discursivo. Os gêneros são instrumentos da ação social, por isso o professor 
deve propiciar ao aluno um contato mais próximo com a ação linguística em sociedade. 
Os gêneros discursivos exercem uma função muito importante na produção e 
circulação linguística e, consequentemente, são um instrumento valioso para o 
professor no ensino da língua, pois são produções da atividade humana no uso social 
da língua. São modelos de produção materializados nos diversos enunciados que 
realizamos no dia a dia em nossas interações verbais e multimodais. Todo gênero 
possui uma função social. Ele foi criado por uma determinada comunidade para um 
determinado fim (CARETTA, 2016). 
Cada gênero possui a sua própria forma composicional, que é a sua identidade. 
Os gêneros também possuem estilos diferentes e próprios. As formas e entonações 
dos gêneros, para o falante, são instrumentos de produção de enunciado e, para os 
ouvintes, são índices de compreensão, ou seja, por seu lado o emissor, ao falar ou 
escrever, escolhe um gênero adequado às suas intenções e condições de produção; o 
ouvinte, a partir das primeiras impressões sobre a fala do outro, posiciona-se para 
receber determinado gênero em determinada forma, entonação e assunto. Assim, para 
observarmos um gênero devemos atentar para a sua finalidade, para sua forma e estilo, 
compreendendo as suas condições de produção. Na concepção dialógica da 
linguagem, a língua manifesta-se por meio de enunciados, ou seja, não é apenas um 
código, mas uma produção propostas e estratégias para a valorização do 
 
 
 
14 
 
 
 
 
 
 
multilinguismo na formação escolar Esse enunciado é sempre uma resposta a outro, 
formando uma corrente comunicativa na sociedade, pois essa resposta irá exigir um 
outro enunciado como resposta. Os gêneros são formas estáveis de enunciados 
responsáveis pela produção e circulação linguística na sociedade. Compreendemos, 
então, que a língua não pode ser estudada apenas como uma estrutura à parte de suas 
condições comunicativas. Para compreendê-la em seu processo social, é necessário 
observar os seus usos, na prática social, por meio dos gêneros. Assim, a língua e os 
gêneros passam a ser concebidos como práticas sociais (CARETTA, 2016). 
2.3 Interação e ensino de língua 
A competência para ler e produzir enunciados dos mais variados gêneros é o 
verdadeiro indicador de um bom desempenho linguístico. O aluno precisa aprender a 
decidir qual o melhor gênero a produzir, considerando a situação comunicativa, o 
público alvo, o suporte e a mídia. Por isso, é uma estratégia bastante produtiva propor 
situações de comunicação que considerem um público ouvinte ou um leitor a quem se 
destina o enunciado; uma situação de produção em que se encontram os 
interlocutores; quais as suas intenções ao produzir o enunciado, seja na língua oral ou 
escrita. Além disso, deve-se atentar para o trabalho com os gêneros multimodais, que 
envolvem o uso de linguagens não verbais dialogando com a verbal, como a canção 
popular, os quadrinhos, o cinema, o teatro, a televisão, entre outros (CARETTA, 2016). 
Segundo o autor, o trabalho com gêneros discursivos é uma oportunidade que 
o aluno tem de trabalhar com a língua em seus diversos usos no dia a dia, logo de estar 
apto a usar a língua nas mais diversas situações sociais. O ensino de Língua 
Portuguesa por meio dos gêneros é uma importante ferramenta para a promoção do 
multilinguismo. Para vencer a ditadura do monolinguismo, além de se trabalhar com as 
variantes linguísticas, é importante também abordar a língua por meio dos gêneros 
discursivos, que relacionam os usos linguísticos com a complexa e multifacetada 
dinâmica social. 
 
 
 
15 
 
 
 
 
 
 
2.4 Interfaces, oralidade, escrita 
Sabemos que as modalidades oral e escrita são constituídas por um conjunto de 
práticas sociais realizadas por meio de enunciados que pertencem a determinados 
gêneros discursivos orais, escritos ou multimodais (CARETTA, 2016). 
Ainda segundo o autor a fala e a escrita possuem as suas próprias estratégias 
de apresentação do enunciado, mas não podem ser vistas como atividades opostas, 
pois muitas vezes falamos usando elementos da escrita. A recíproca também é 
verdadeira, pois escrevemos em determinados contextos usando elementos da fala. A 
língua oral e a escrita devem ser concebidas de forma relativa, segundo as 
características dos gêneros discursivos utilizados na interação social. Há gêneros 
próprios da oralidade, como a conversação, e da escrita, como um texto acadêmico, 
como já apresentado. Entretanto, muitos gêneros mesclam elementos das duas 
modalidades, como as entrevistas e as postagens nas redes sociais. 
2.5 Oralidade no contexto das novas mídias 
Com o avanço da tecnologia no século XX, foi necessário desenvolver outras 
formas de observação da oralidade e da escrita. As novas mídias, os novos contextos 
de produção e recepção de enunciados, os novos gêneros orais e multimodais fizeram 
a oralidade ganhar mais espaço na vida social. Uma das características mais 
marcantes da fala era sua instabilidade, ou seja, não era possível guardá-la, ela se 
perdia após o enunciado ser proferido. Já a escrita foi criada com o propósito de 
produzir a estabilidade, pois ela seria gravada em um suporte material. Entretanto, com 
os avanços tecnológicos, a fala pôde ser registrada e reproduzida, superando sua 
instabilidade. A gravação de voz e de imagens permitiu o registro de enunciados orais 
que podem ser registrados, catalogados, recuperados e analisados, o que promoveu 
um grande desenvolvimento dos estudos da língua oral. Outra limitação superada pela 
língua oral foi a independência do contexto (CARETTA, 2016). 
 
 
 
16 
 
 
 
 
 
 
Para falar com outra pessoa era necessário estar no mesmo lugar que ela. Hoje 
não. Com o advento do telefone, principalmente do celular, e da internet, já são 
possíveis videoconferências. Esses avanços possibilitaram uma nova visão a respeito 
da oralidade. Cada vez mais presente na sociedade, atualmente já se reconhece o seu 
imenso valor na constituição da língua. Por tudo isso, a oralidade precisa ser valorizada 
também no ensino. Torna-se, então, imprescindível relativizar as relações entre a 
oralidade e a escrita por meio dos gêneros discursivos, a fim de ampliar as capacidades 
de produção e compreensão de textos orais e escritos. A escola não pode privilegiar a 
escrita em detrimento da fala, pois estaria prejudicando a formação linguística do aluno, 
visto que a produção de enunciados orais é fundamental na inserção do indivíduo em 
diversos setores sociais (CARETTA, 2016). 
2.6 A escrita 
Enfocamos agora a importância da escrita no ensino de língua portuguesa, tendo 
em vista que o seu aprendizado tem como complemento a leitura. Assim, lançamos a 
seguinte questão: o que é ler? Muitas pessoas acreditam que ler seja decodificar os 
significados presentes em um texto. Pensando dessa forma, escrever seria construir 
signos para serem decodificados. Entretanto, essa ideia é falaciosa, pois o leitor não 
decodifica o que está escrito, mas interpreta, infere. Sabemos que os sentidos, em um 
enunciado, são construídos na relação entre o autor, o texto e o leitor. Dependendo 
das condições de leitura, as interpretações podem ser as mais distintas. A língua não 
é apenas um código, mas um instrumento de interação social que se manifestará por 
meio de seus usos nas mais diversas condições e situações sociais (CARETTA, 2016). 
De acordo com o autor, ao ler um texto, um aluno não o decodifica, pois não 
lemos como agulhas de uma vitrola, como bem assinalou Bunzen (2016), e também 
não produzimos textos totalmente transparentes, pois a leitura e a produção de textos 
constituem-se no processode interação com o outro. Dessa forma, pode ser levantada 
outra questão: Como deve ser o processo de aquisição da escrita? Para que o aluno 
desenvolva a escrita de forma competente é preciso que haja uma consciência do 
 
 
 
17 
 
 
 
 
 
 
contexto de produção e recepção para a produção do enunciado. O professor não pode 
simplesmente dizer para o aluno escrever um texto sobre determinado tema. Ele 
precisa indicar a situação em que o texto será veiculado, qual o seu gênero, qual a sua 
finalidade e intenção, além de estabelecer um destinatário plausível e coerente com a 
situação de comunicação. Dessa forma, o aluno vê a sua produção escrita com um 
objetivo efetivo, mais além do que o de ser lida e avaliada apenas pelo professor. 
A produção escrita pensada dessa forma promove o protagonismo do aluno, que 
precisa assumir-se como sujeito de seu texto. Nessa condição, ele tem o que dizer, 
razões para dizer, para quem dizer e estratégias para dizer. É preciso que haja uma 
valorização da autoria, da recepção e da interatividade no ensino-aprendizagem da 
produção escrita que desenvolva as capacidades linguístico-discursivas no uso da 
língua em diversos contextos. Sabemos que a comunicação linguística se dá por meio 
dos gêneros que são inventados, invocados e reinventados como uma resposta à 
necessidade de comunicação nas diversas situações sociais. Se aprender a escrever 
e a falar é resultado da interatividade com o outro utilizando os gêneros discursivos, é 
preciso que se criem situações para que os alunos respondam a elas por meio dos 
gêneros, somente assim ocorrerá uma valorização das atividades de leitura e produção 
de texto tendo em vista a vida social. A escrita de textos na escola deve contemplar os 
diversos gêneros dos usos extraescolares. O professor precisa colocar seus alunos em 
contato com a maior variedade possível de textos e situações de produção e circulação 
dos enunciados. É o que se chama “pedagogia da diversidade”. Esse processo de 
ensino-aprendizagem da produção textual tem como objetivo desenvolver o 
protagonismo linguístico e social do aluno (CARETTA, 2016). 
2.7 Políticas linguísticas para o multilinguismo 
É imperativo lembrar, constantemente, a imensa tarefa que compete ao 
professor de língua. Não só imensa na extensão, pois trabalhar com as variadas formas 
da língua nos diversos gêneros, mídias e situações sociais já é um desafio, mas imensa 
também porque, para realizarmos essa tarefa, temos que superar currículos 
 
 
 
18 
 
 
 
 
 
 
pedagógicos que frequentemente resumem o ensino da língua ao conhecimento da 
norma culta. Para adotar uma política linguística que valorize o multilinguismo e o 
multiculturalismo, o professor de língua materna precisa tomar a norma culta como uma 
das formas de uso da língua. Além disso, a escola também deve ter como objetivo 
formar cidadãos que respeitem seus semelhantes com todas as suas diferenças 
sociais, inclusive a sua forma de utilizar a língua. Sabemos que, para o aluno aprender 
a escrever, somente escrever não é suficiente, ele tem que participar de atividades 
diversas de leitura e escrita, com finalidades, interlocutores e modos de interação os 
mais diferentes. Somente por meio dessa interação social, a escola formará indivíduos 
competentes, capazes de intervir em sua comunidade de acordo com a sua visão de 
mundo. Os projetos de multiletramento oferecem ao professor um instrumental 
bastante eficiente e produtivo para promover o aprendizado da língua portuguesa por 
meio das práticas sociais de compreensão e produção de textos em gêneros orais, 
escritos e multimodais, a fim de promover a sua formação social (CARETTA, 2016). 
Segundo o autor ao adotar a prática social como princípio orientador de sua 
política linguística para o ensino de língua, o professor tem a tarefa de, primeiramente, 
determinar quais são as práticas sociais significativas para a sua comunidade e, a 
seguir, quais são os gêneros e textos significativos para a realização dessas práticas. 
Quando o professor opta por determinado projeto, ele passa a decidir sobre a seleção 
dos saberes e práticas que se situam entre aqueles que são importantes para a vida 
na comunidade imediata dos alunos e os que são relevantes para a participação na 
vida social de outras comunidades e que, um dia, poderão ser utilizadas para a 
mudança e a melhoria do futuro do próprio aluno e de seu grupo. 
O professor deve ter autonomia para decidir sobre a inclusão do que pode fazer 
parte do cotidiano da escola, porque considera necessário para a inserção do aluno 
nas práticas sociais. Além disso, deve decidir também sobre aquilo que pode não 
interessar momentaneamente ou servir imediatamente ao aluno, mas que precisa ser 
ensinado pela sua real relevância em sua futura participação social. As escolhas 
didáticas do professor devem compreender o ensino de língua como uma organização 
dinâmica de conteúdos que valem a pena ensinar, que levam em conta a realidade da 
 
 
 
19 
 
 
 
 
 
 
comunidade e que se constituem como uma prática linguística que favoreça a atuação 
do indivíduo em sua sociedade (CARETTA, 2016). 
2.8 Multiletramentos 
Como vivemos em uma sociedade bastante complexa e diversificada nas formas 
de expressão linguística, o professor deve procurar abordá- -las em suas aulas. 
Quando falamos em multiletramentos, estamos nos referindo aos múltiplos letramentos 
que abrangem atividades de leitura crítica, análise e produção de textos multimodais, 
observados sob um enfoque multicultural. Tendo em vista a necessidade de incluir, nos 
currículos escolares, as questões que envolvem as variedades culturais, em sua 
pedagogia dos multiletramentos, ROJO (2012) apresenta propostas bastante 
interessantes para o ensino de língua por meio dos multiletramentos (CARETTA, 2016). 
A autora ainda discorre sobre a diversidade cultural e de linguagens na escola, 
destacando que o trabalho do professor deve partir do universo de referência dos 
alunos e alcançar outros universos sempre com um enfoque pluralista, ético e 
democrático. Mas podemos nos perguntar por que propor uma política dos 
multiletramentos? 
A escola deve assumir a responsabilidade de aproximar seus alunos dos novos 
letramentos emergentes na sociedade contemporânea, incluindo nos currículos a 
grande variedade de culturas já presente nas salas de aula e no mundo globalizado, 
incentivando a tolerância na convivência com a diversidade cultural e com o outro. 
Vivemos, pelo menos desde o início do século XX, em sociedades em que as fronteiras 
estão sendo extintas e a miscigenação cultural se acentua. As simples oposições como 
cultura erudita x popular, central x marginal, canônica x de massa já estão 
ultrapassadas (CARETTA, 2016). 
De acordo com autor, as misturas são cada vez mais comuns. A produção 
cultural atual caracteriza-se por um processo de hibridação, principalmente, tendo 
como ferramenta de comunicação a tecnologia que permite estar em constante 
interação com novos universos utilizando as mais diversas linguagens. Nesse contexto, 
 
 
 
20 
 
 
 
 
 
 
o professor deve atentar para a introdução de novos gêneros de discurso, novas 
mídias, novas tecnologias, inundando o universo de nossos alunos com uma variedade 
de linguagens. 
O conceito de multiletramentos guarda basicamente dois pressupostos: a 
diversidade cultural de produção/circulação dos textos e a diversidade de linguagens 
que constituem os enunciados. Outra característica importante dos multiletramentos é 
que eles são interativos e colaborativos dependendo de nossas ações como usuários 
e não apenas receptores ou espectadores. Nesse contexto, o professor precisa pensar 
em como as novas tecnologias de informação podem transformar nossos hábitos 
institucionais de ensinar e aprender (CARETTA, 2016). 
Os Multiletramentos são fundamentais para que ensino de línguaesteja em 
acordo com a evolução da nossa sociedade não apenas no aspecto tecnológico, mas 
principalmente tendo em vista o multilinguismo e a multiculturalidade das sociedades 
contemporâneas. Dessa forma, o professor estará praticando o multiletramento crítico. 
Em uma perspectiva dialógica interacionista e socioconstrutivista de ensino de língua, 
o conhecimento é instrumento não só de compreensão, mas também de intervenção 
na realidade (CARETTA, 2016). 
 
 
 
 
21 
 
 
 
 
 
 
3 BILINGUISMO, MULTILINGUISMO, BICULTURALISMO E 
MULTICULTURALISMO 
 
Fonte: ariana432.blogspot. 
Para os termos multilinguismo e bilinguismo, existem várias e vastas definições. 
Algumas delas foram definidas por alguns autores, referenciados a baixo. O conceito 
de bilingue englobando pessoas com conhecimento e uso regular e quotidiano de duas 
línguas, em contextos diferentes, dominadas ou não com o mesmo nível de mestria 
(SOARES, 2014). 
Segundo o autor, mais de metade da população é bilingue e autores dizem que 
mesmo que 50% da população mundial fale mais que uma língua, dentro do bilinguismo 
existem aqueles que têm uma língua dominante. Seguindo esta conceptualização, que 
o bilinguismo é a capacidade de usar duas línguas, e multilinguismo é a capacidade de 
usar mais do que duas línguas. Os bilingues e multilingues podem usar uma língua 
mais fluentemente que outra ou desempenharem funções diferentes no contexto 
comunicativo ou outras razões. Mas Angelis (2007, p.8) refere que o termos 
bilingues/bilinguismo, multilingues/multilinguismo são usados como sinónimos. Outros 
dizem que os bilingues e os multilingues relacionam-se, nas línguas que usam, com 
 
 
 
22 
 
 
 
 
 
 
graus de aptidão diferentes, ou seja, uns têm mais capacidade de falar uma língua que 
outros. 
O mesmo se refere na LSA (Linguistic Society of America) por Guadalupe Valdés 
(2012), que afirma que existem bilingues com uma competência mais elevada para 
duas línguas na escrita e na fala e outros com maior competência na compreensão ou 
expressão oral. O multilinguismo é definido pelo como “a capacidade de uma pessoa 
utilizar diversas línguas e a coexistência de comunidades linguísticas diferentes numa 
dada área geográfica”. Afirma, também que o multilinguismo contém uma consideração 
importante para o continente europeu, que faz com que se torne única, contribuindo 
para a cultura da (SOARES, 2014). 
De acordo com o autor, vivemos, cada vez mais, numa sociedade com várias 
culturas e falantes de várias línguas, o que nos traz maior diversidade populacional. 
Para autores como Mclaren, 2000; Souza Santos, 2003; Gonçalves e Silva, 2006; Hall, 
2006 o multiculturalismo é um termo que abraça diferentes definições e vertentes 
contraditórias, uma vez que se pode ter em conta as línguas faladas, costumes, política. 
Grosjean (2014, p.1) afirma que: 
Embora os termos “bicultural” e “bilingues” sejam muitas vezes vistos no 
mesmo texto, há muito pouco trabalho que tenta englobá-los numa realidade, 
bilingues biculturais. Isto vem em parte pelo facto de que duas componentes 
do conceito pertencem a dois campos académicos bastante diferentes. 
Bilinguismo é estudado primariamente por linguistas, psicolinguistas, 
psicólogos cognitivos e sociólogos enquanto que biculturalismo é estudado por 
psicólogos sociais e interculturais, bem como pesquisadores de 
personalidades. Infelizmente há uma escassez de estudiosos competentes em 
vários, ou todos, estes domínios de uma vez ou, pelo menos que colaboram 
com os outros domínios, a fim de estudarem este tema interdisciplinar 
(SOARES, 2014). 
3.1 Aprendizagem em contexto multilíngue 
O multilinguismo, na perspectiva de Soares (2014), é visto como um sinal de 
inteligência e grande cultura. Contudo, na sociedade que utiliza duas ou três línguas 
no dia-a-dia, pode ser vista como um problema social no avanço económico e de 
estabilidade, pois trazem outras raízes e histórias, modificando as nossas. Alguns 
 
 
 
23 
 
 
 
 
 
 
informa que se pode fazer a distinção entre "a aquisição da linguagem", sendo um 
processo subconsciente, e "a aprendizagem de línguas", que ao contrário da primeira 
é totalmente consciente. Assim sendo, as crianças adquirem a sua primeira língua e os 
adultos normalmente aprendem a segunda língua ou adquirem-na. 
No que toca à aprendizagem de outras línguas, para se poderem considerar 
multilingues, é apologista de que não devemos nos preocupar com a aprendizagem 
nem com o método com que as crianças aprendem línguas, mas sim que devemos 
“deixar o filho crescer naturalmente nas língua sem que nós gostaríamos que eles 
alcançassem um domínio razoável”. São as crianças que têm de dominar a língua 
estrangeira e utilizá-la, já com os adultos acontece o contrário, pois têm de aprendê-la 
a qualquer custo. Para Castro (2008, p.14), quando se fala em aprendizagem de novas 
línguas, ao longo desse percurso torna-se necessário ter exemplos que incluam a 
aprendizagem de forma a criarem condições para que o aprendiz possa tornar a sua 
comunicação mais consistente. Numa sala de aula, quando existem crianças 
multilingues, muitas vezes a escola proíbe o uso da língua minoritária e com isso está 
a ignorar o processo de alfabetização e socialização da criança que usa uma língua 
diferente, como refere Finger (2008, p. 74)ao relatar sobre a comunidade brasileira. 
Também declara que não se deve esquecer que a língua minoritária “deve-se manter 
viva e atual, para responder ao diálogo existente entre as fronteiras culturais e sociais 
instaurados pelas novas gerações, além de preservar a identidade linguística de seus 
falantes” (SOARES, 2014). 
A escola, ou outro local de aprendizagem, acaba por ser o ponto de inclusão, 
que na nossa sociedade, portuguesa, ainda é relativamente recente, como afirma 
Correia, ela pretende dar a todos os alunos igualdade de oportunidades educativas, 
para que todos possam usar um serviço educacional de qualidade. Isto irá permitir que 
se integrem e que tenham um futuro mais produtivo dentro da nossa sociedade. O autor 
Guralnick diz que “pode também ser definido como a representação do esforço para 
maximizar a participação das crianças e famílias nas atividades rotineiras de casa e 
contextos relevantes”. Há quem comente, como é o caso de Ferronatto e Gomes (2008, 
p.23) que existem diferenças no processo inicial de aquisição de linguagem entre 
 
 
 
24 
 
 
 
 
 
 
crianças que se desenvolvam com duas ou mais línguas. Diz que haverá um melhor 
desenvolvimento na iscriminação fonêmica, devido ao ambiente linguístico mais rico. 
Vão assim desenvolver competências perceptivas qua facilitarão a distinção entre as 
línguas. Por isso, o autor transmite a ideia de que quanto mais cedo se expuser a 
criança às línguas distintas, maiores serão as suas aptidões na mestria linguística e 
consequentemente as dificuldades para equilibrar o sistema fonológico dessas línguas 
serão minoritárias. Assim, tornar-se apto numa língua é adquirir um conjunto de 
conhecimentos que revelam a cultura de cada um, mas também é ser capaz de utilizar 
estratégias capazes de se fazerem entender em situações de comunicação e pensar 
no funcionamento da língua para que se desenvolvam estratégias, garantindo um 
processo de aprendizagem continuo(SOARES, 2014). 
Para o autor a aprendizagem não depende apenas do aprendiz mas sim de 
como se adequam os objetos, a postura e capacidade do aluno, o ritmo com que este 
aprende e o ambiente presente, a relação entre o professor e aluno e os meios que 
usam. Se o aprendiz e os meios utilizados na aprendizagem se encontrarem 
adequados, melhorará a forma como irá aprender. 
No multiculturalismo também existem algumas implicações sobre a linguagem, 
que é um assunto pouco referido até ao momento, mas essas questões conjugam-se, 
uma vez que ao misturarmos a cultura e a identidade dos alunos constrói-se umalinguagem utilizada por uma comunidade. A linguagem aprendida relaciona-se com a 
cultura, através dos vários meios de comunicação, revelando uma população. Bakhtin 
apresenta-nos“como a linguagem pode-se tornar um instrumento de transmissão e 
valorização de certos conteúdos ideológicos”. Para Battiste (2000, p.192) existe uma 
discriminação por parte de professores e outras de crianças para com as que utilizam 
línguas diferentes das do meio onde se inserem. Não são aceites ou são tratadas de 
forma diferente, o que provoca um reforço nessas desigualdades, provocando nessas 
crianças graves consequências, tais como o baixo auto-estimas desses alunos, 
abandono escolar e baixas visões de futuro profissional (SOARES, 2014). 
Por tudo isto, a aprendizagem num contexto multilíngue é importante para a 
diversidade populacional e ainda mais importante para os falantes de mais do que uma 
 
 
 
25 
 
 
 
 
 
 
língua, tanto para a sua capacidade de aprender como para manter as suas raízes e 
ainda vantagens como no atraso do início da demência (SOARES, 2014). 
4 INTERVENÇÃO EM MULTILINGUES 
 
Fonte: schooleducationgateway.eu 
 
O autor Perrenoud caracteriza o ato de avaliar dando destaque à diversidade, 
valorizando cada um individualmente. Tem que se ter em conta a identidade linguística 
do aluno, assim como a diversidade linguística, cultural e social presente. Para crianças 
com perturbação na comunicação é fundamental que falem as línguas faladas pelos 
familiares e pela comunidade, em todos os locais de aprendizagem que frequentam. 
Muitas vezes o idioma falado pelo profissional e utentes ou alunos são incompatíveis, 
para isso é importante o trabalho de equipa entre o TF, professor, educador, família, 
interpretes para a organização e elaboração de uma intervenção eficaz (SOARES, 
2014). 
De acordo com o autor, Winter (1999, p. 89) no seu questionário dirigido a 
terapeutas ingleses, relativamente à sua confiança em relação a crianças bilingues 
concluiu que são encontradas dificuldades na avaliação de uma criança, na 
 
 
 
26 
 
 
 
 
 
 
“diferenciação entre uma dificuldade que afeta toda a aprendizagem de línguas e uma 
dificuldade em aprender apenas Inglês”. Se o familiar ou o cuidador que traz a criança 
à terapia não falar a língua do TF, torna-se mais uma dificuldade na avaliação, pois é 
necessário recolher o historial clínico da criança. 
 Para Winter (1999), os materiais de avaliação devem ser escolhidos com 
cuidado para que se avaliem, adequadamente, todas as línguas da criança. Na 
intervenção, afirma que uma abordagem bilingue tem uma razão lógica, pois interage-
se nas línguas faladas pelo indivíduo melhorando as competências em ambas, ou para 
facilitar mais uma que outra. As crianças aprendem uma primeira língua ou uma 
segunda, isto permitem-lhes compreender as mensagens. Se não entender uma língua, 
terá uma outra que pode facilitar, tanto a quem recebe como a quem transmite, a 
mensagem (SOARES, 2014). 
A intervenção do terapeuta da fala suporta as necessidades linguísticas tanto 
das crianças como das dos seus familiares, pois se o tratamento for realizado numa 
língua estrangeira em que os pais são mais limitados, o desenvolvimento da linguagem 
dos seus filhos deverá ser alterada para a língua falada pelos pais. Wong Fillmore 
aponta que a aprendizagem de uma segunda língua pode ser facilitada quando as 
crianças têm acesso a um sistema de apoio, linguístico, social e cognitivo. Para Kohnert 
et al.(2005)e Cummins a intervenção numa língua pode facilitar o desenvolvimento da 
outra e a intervenção em ambas podem facilitar a os mecanismos de aprendizagem da 
língua geral, a atenção e a percepção. Seguindo uma abordagem bilingue, a 
intervenção permitirá a participação da família, para a língua de origem, mesmo que 
esta esteja a limitar as capacidades na outra língua, sendo também benéfico, para o 
TF, se a língua materna da criança não se encontrar num nível elevado de mestria. Há 
uma falta de conhecimentos relativamente à informação disponível para os TF’s e 
familiares para serem tomadas as decisões de qual a língua mais apropriada para ser 
utilizada na intervenção. Existe também uma falta de recursos culturalmente 
apropriados e pouca informação sobre a língua a utilizar para uma melhor intervenção. 
Há uma notória melhoria quando a língua que se usa na intervenção de um multilíngue 
é a mesma que se utiliza em casa. Mas o que se verifica é que a língua utilizada pelos 
 
 
 
27 
 
 
 
 
 
 
TF’s na intervenção é a sua própria língua em vez da da criança multilíngue. Autores 
afirmam que, para indivíduos bilingues/multilingues, a intervenção do professor tem de 
ter em conta a experiência noutras línguas, pois os temas e as abordagens devem ser 
escolhidos conforme o público a quem se vai aplicar. Uns podem estar mais ou menos 
limitados para algumas línguas, enquanto que outros podem encontrar-se no processo 
de aquisição no que concerne ao conhecimento de uma ou mais línguas estrangeiras. 
Torna-se assim importante, para o bilinguismo/multilinguismo, a comparação entre as 
variações regionais e sociais de cada língua (SOARES, 2014). 
4.1 O papel de terapeutas, professores e educadores perante a diversidade 
multilíngue 
Os terapeutas, professores e educadores são os profissionais que trabalham em 
equipa, ou seja, são um “(...) grupo de pessoas com habilidades complementares, 
comprometidas umas com as outras pela missão comum, objectivos comuns (...) e 
umplano de trabalho bem definido. Os TFs podem encontrar uma grande diversidade 
de utentes com origens culturais e linguísticas diferentes. Estes devem ser capazes 
desuperaros seus preconceitos e de adaptar o seu comportamento e método de ensino. 
Falhas na proficiência linguística e cultural podem prejudicar os utentes, levando 
apercepções e atitudes negativas, diminuindo a eficácia da prestação dos serviços 
prestados. Para Perry (2012, p.4) os TFs têm um papel importante nos serviços que 
concedem a indivíduos com culturas e línguas diferentes, quer na saúde quer na 
educação. O professor assume um papel fundamental na forma como são 
desempenhadas e praticadas as crenças dos alunos, decidindo o processo de 
socialização e compreensão da língua, pois deve ter consciência das atitudes que toma 
de forma a lidar o melhor possível com a diferença, motivando os alunos e acabando 
com o preconceito (SOARES, 2014). 
Salinas e Antunes (cit. inFinger 2008, p.72) afirmam que: 
(...) cabe (...) ao professor descobrir o grau significativo da aprendizagem 
realizada por este e por aquele aluno, aplicando tarefas que possam ser 
 
 
 
28 
 
 
 
 
 
 
resolvidas em diferentes graus e acreditar que alunos que alcançam níveis 
diferentes na realização dessa tarefa podem ser iguais ao construírem o 
melhor possível de cada um (apud SOARES, 2014). 
O professor deve, segundo Gonçalves e Andrade (2007, pp. 66e 70), não 
ensinar em apenas uma língua mas dar a hipótese de os alunos construírem a sua 
própria identidade e desenvolverem a aprendizagem ao relacionarem-se com os 
outros, de forma a fortalecerem a competência multilinguística, e para isso é necessário 
incutir outras línguas no seu currículo escolar. Enquanto que pesquisadores estudam 
áreas formais linguísticas, como reportório fonológico e processamento de linguagem, 
a terapia da fala tem como papel avaliar a competência e ouso linguístico da criança 
bilingue, verificar que fatores sociais e psicológicos influenciam o processamento de 
aquisição da linguagem e delinear uma intervenção adequada. São os terapeutas, cada 
vez mais procurados para colaborarem com professores e outros profissionais, para 
planificarem os programas curriculares das crianças bi/multilingues (SOARES, 2014). 
4.2 A importância da formação destes profissionais no Multilinguismo 
A educação multicultural, segundo Moreira “deve estar presente no currículodesenvolvido nas universidades públicas e faculdades particulares”. O autor diz que a 
formação destes profissionais é importante, o que faz com se depare com algumas 
questões acerca da formação de professores, desde como estão a ser formados, até 
como desenvolvem a prática pedagógica e afirma que a universidade, na formação 
multicultural, tem um caráter importante, pois é nesse espaço que começam a pensar 
e a construir o currículo e a prática profissional. Quanto à formação no âmbito do ensino 
superior, alude que a universidade deve desempenhar um papel relevante para dar, ao 
currículo dos futuros profissionais, relevo às questões multiculturais. Contudo, é 
diminuto o número de profissionais que dizem sentirem-se capazes e confiantes nas 
suas competências para prestarem serviços a utentes de outras culturas e línguas 
(SANTOS et al, 2018). 
 
 
 
 
29 
 
 
 
 
 
 
Para aumentar a consciência da variedade cultural e linguística, a ASHA 
(American Speech-Language-Hearing Association) (2011) salientou a importância dos 
terapeutas da fala, modificando a prestação de serviços, adaptando-a às necessidades 
das pessoas multiculturais e tem vindo, ao longo de vários aos, a desempenhar um 
papel importante na implementação de terapeutas mais competentes culturalmente. 
Esta mesma associação, incentivou a colocação de questões multiculturais no currículo 
dos seus educadores, de forma voluntária. Com o passar dos anos, foi sendo mais 
rígida, exigindo programas multiculturais de forma a preencherem os currículos senão 
arriscavam a ficarem sem acreditação, como nos informaram Stockman, Boult, e 
Robinson. Para lidar com questões multilinguísticas, tem que se ter por base o uso de 
várias línguas, com algum nível de mestria, de forma a conseguirmos lidar com 
alunos/utentes/pessoas multilingues (SANTOS et al, 2018). 
De facto, todos os adultos devem ser incentivados a prosseguir a 
aprendizagem de línguas estrangeiras e, para este efeito, devem ser criadas e 
disponibilizadas estruturas de acesso fácil, e também aos trabalhadores deve 
ser dada a oportunidade de melhorarem as competências linguísticas de 
interesse para a sua vida profissional. (Castro 2008, pp.12/13 apud SANTOS 
et al, 2018) 
Contudo, para lidar com multilingues não é, necessariamente, obrigatório que os 
profissionais sejam proficientes noutras línguas para puderem intervir com crianças 
falantes de várias línguas. A afirmação de Perrenoud (cit. inFinger 2008, p.74 apud 
SANTOS et al, 2018) torna-se pertinente para este ponto, uma vez que diz que: 
Não é possível formar professores sem fazer escolhas ideológicas e 
contextuais; conforme o modelo de sociedade e de ser humano que 
defendemos, não atribuiremos as mesmas finalidades à escola e, portanto, não 
definiremos da mesma maneira o papel dos professores como formadores. 
Concluindo, cada vez mais é importante adquirir formações específicas, muito 
mais quando se trata de aprender outras línguas, o que facilitará o trabalho a todos os 
profissionais e motivará os utentes a não perderem a língua materna. No século 20, 
nos E.U.A alargaram-se os contextos culturais na prática profissional dos TFs e fora do 
país. Com o forte crescimento da população, todas as profissões, principalmente as 
 
 
 
30 
 
 
 
 
 
 
relacionadas com os seres humanos, como a saúde e educação, foram obrigadas a 
darem mais importância às questões multiculturais/multilingues. As práticas 
profissionais foram modificadas, para que se refletisse o avanço da diversificação da 
população. O Conselho Nacional de Acreditação da Formação de Professores alterou 
as normas no campo da educação, incluindo as questões multiculturais/multilingues. 
Em Portugal, não se verifica que o tema seja referido, em currículo escolar, de forma a 
elucidar devidamente os alunos, sobre multiculturalismo e multilinguismo, deveriam ser 
inseridos nos currículos acadêmicos, como foi adotado em vários países (SANTOS et 
al, 2018). 
5 A AQUISIÇÃO DE NOVAS LÍNGUAS E O GANHO CULTURAL 
 
Fonte: fce.edu.br 
O aprendizado de um novo idioma traz consigo o ganho cultural. Isso porque a 
própria língua já se caracteriza como elemento cultural de determinado povo. Para 
entendermos essa relação, é necessário primeiro revisitarmos o conceito de cultura, 
sempre tão debatido e com diversas definições. Partindo dos estudos desenvolvidos 
por Hall (1997, p. 2): 
 
 
 
31 
 
 
 
 
 
 
Cultura’ é um dos conceitos mais difíceis das Ciências Humanas e Sociais, e 
existem muitas maneiras de defini-la. Nas definições mais tradicionais do 
termo, cultura é tida como o ‘melhor daquilo que pensado e dito’ numa 
sociedade. É a soma das grandes ideias, representadas nos trabalhos 
clássicos da literatura, pintura, música, e filosofia – a ‘alta cultura’ de uma era 
(tradução nossa) (apud SANTOS et al, 2018). 
Este conceito, entretanto, apresenta uma definição mais tradicional e um tanto 
antiquada. Para demonstrar uma definição mais moderna sobre cultura e fazer uma 
paralelo entre as duas, (HALL, 1997) afirma que o termo cultura também é utilizado 
para definir todas as formar de publicações amplamente divulgadas, músicas 
populares, artes, literatura, entretenimento, entre outras atividades que constituem o 
dia a dia da maioria das pessoas. Ainda segundo o autor, a língua é o meio pelo qual 
os elementos que constituem uma cultura são representados (HALL, 1997). As 
representações culturais, a criação de significados, a manifestação de ideias, 
sentimentos e identidade dentro de uma cultura passam pela língua, que, de fato, pode 
ser considerada primordial. Vendo então a conexão profunda e homogênea entre 
língua e cultura, percebe-se que é impossível adquirir um novo idioma sem absorver 
os elementos da cultura no qual ele está inserido. Ao iniciar o processo de aquisição 
de uma nova língua, primeiramente analisam-se os meios para alcançar esses 
objetivos. As estratégias utilizadas pelos professores de idiomas envolvem elementos 
culturais e signos que são transmitidos no processo e exigem o acompanhamento das 
questões de cunho cultural para que a compreensão dos significados seja realmente 
efetiva. As novas tecnologias facilitam muito a aproximação dos estudantes de línguas 
estrangeiras com os falantes do idioma que se pretende aprender, e uma inserção mais 
profunda naquela nova realidade. Esse processo pode levar o estudante a um primeiro 
contato com o multiculturalismo (SANTOS et al, 2018). 
Ainda segundo o autor, o multiculturalismo pode ser definido como a 
coexistência de diversas culturas numa mesma sociedade. Entretanto, ao analisarmos 
o contexto do mundo globalizado e compreendermos a ideia de sociedade global 
interconectada, em que os grupos sociais estão cada vez mais próximos uns dos 
outros, percebemos que as mais diversas culturas se relacionam entre si. Então, vê- 
se que o multiculturalismo se redefine em um conceito mais apropriado, que nos 
 
 
 
32 
 
 
 
 
 
 
oferece a visão de várias culturas se relacionando, e não apenas a coexistência de 
múltiplas culturas. Percebe-se então que a diversidade cultural com a qual um 
estudante de língua estrangeira se depara ao ir ao encontro de uma nova cultura é 
caracterizada por um multiculturalismo pleno e potencialmente capaz de inovar-se. O 
processo de aquisição de nova língua se dá por meio de elementos culturais de 
determinado povo ou nação. Os estudantes sempre buscam livros naquela língua, 
filmes, músicas, entre outras produções culturais. Nesse processo, o estudante adquire 
não só conhecimento linguístico, não ocorre apenas um acúmulo de vocabulário de 
determinada língua. As questões identitárias e as ideias inseridas nos meios utilizados 
pelo estudante para ter acesso à língua foram absorvidas por ele. O estudante passa 
a ter contato com os sentimentos das questões sociais da cultura na qual a língua 
estudada está inserida. SegundoBecker e Zimmer (2015, p. 11), “O ato de transitar 
entre sistemas político-culturais diversos pode aumentar a flexibilidade a ampliar a 
compreensão das ambiguidades encontradas em diferentes sistemas” (SANTOS et al, 
2018). 
Atualmente, muitos estudantes que desejam aprender um novo idioma optam 
por fazer um curso no exterior ou, ainda que façam um curso no país em que vivem, 
buscam fazer um intercâmbio linguístico para aperfeiçoar o idioma que aprenderam. 
Essa experiência traz um vasto enriquecimento pessoal, oferecendo diferentes 
perspectivas de vida e maior conhecimento cultural. Estando em outro país, o 
estudante se insere na cultura local e realiza uma imersão linguística essencial para o 
seu aprendizado (SANTOS et al, 2018). 
 
 
 
 
33 
 
 
 
 
 
 
6 COMUNIDADES BILÍNGUES E MULTILÍNGUES 
 
Fonte: reporterparintins.com 
 Para entender comunidade, é necessário estudar o que a forma e a fundação é 
a cultura. Boas (1968) foi pioneiro ao pensar no termo culturas, no plural, mostrando 
que não é um aspecto universal e igual para todos, mas que diferentes sociedades têm 
diferentes culturas, que são complexas e diferentes. Na visão do autor, não há uma 
cultura superior, pois diversas e distintas. Gordon (2002) afirma que compreender 
cultura como o modo de vida de um povo, nos dias de hoje, é problemático, pois há 
tanta diversidade de inter-relação dentro de cada sociedade diferente que já não se 
pode facilmente falar de “cultura japonesa”, ou “cultura americana”, ou “cultura 
chinesa”, concebendo cada grupo como unificado. Entretanto, é necessário entender 
que cultura engloba diversos fatores variantes, sua mudança não resulta em uma nova 
cultura. Com as diferentes visões de cultura, o profissional torna-se mais preparado, 
habilitado a lidar com aspectos relacionados à diversidade cultural (ARAÚJO, 2019). 
Uma comunidade pode ser definida por suas características sociais, étnicas, 
nacionais, religiosas, etc. Uma forma mais simples para começarmos a pensar em 
comunidade é a medida oficial: um país é formado de uma comunidade de falantes, e 
muitas dessas comunidades, senão todas, são bilíngues ou multilíngues. Isto porque 
 
 
 
34 
 
 
 
 
 
 
há uma estimativa de que existam 6.700 línguas no mundo, para 200 estados-nações 
oficializados (BASSANI, 2015). 
Bilinguismo ou multilinguismo está presente em praticamente todos os países 
do mundo, seja ele oficialmente reconhecido ou não (ROMAINE, 2006, p. 388, 
apud BASSANI, 2015) 
A seguir, é apresentada uma pirâmide com exemplos de comunidades 
verdadeiramente multilíngues. Bassini (2015) apresenta as regiões, e é possível ver a 
predominância de países africanos e asiáticos (7 de 10), concordando com a ideia 
posta por Grosjean, vista no capítulo anterior. É possível perceber então que o número 
de línguas faladas em um país não está relacionado com sua oficialidade. Ainda na 
imagem, o Brasil aparece em nono lugar, com 210 línguas. Entretanto, o país só 
considera o português como língua oficial (ARAÚJO, 2019). 
 
 
Fonte: BASSANI, 2015. 
 
 
 
35 
 
 
 
 
 
 
6.1 A constituição de países multilíngues 
A constituição de países multilíngues apesar de quase todos os países 
incorporarem um grande número de grupos falantes de diversas línguas, como é o caso 
do Brasil, em muitos casos, apenas uma ou duas línguas são reconhecidas como 
oficiais. O fato de serem reconhecidas como oficiais implica em que serão línguas 
ensinadas na escola, nas instituições oficiais e nas instituições legitimadoras, como a 
mídia. Isso porque, no geral, os grupos politicamente mais poderosos de qualquer 
sociedade conseguem impor suas línguas aos grupos menos poderosos. Convenciona-
se chamar de minorias linguísticas os grupos menos poderosos. No que diz respeito 
ao uso do termo minorias linguísticas como comunidades linguísticas em um estado-
nação, os estudiosos classificam dois tipos de configuração populacional: as que são 
indígenas, também chamadas de autóctones, e as não-indígenas, que são aquelas 
formadas por imigrantes ou migrantes. O termo minoria, no entanto, não significa 
necessariamente que a comunidade de falantes é pequena, mas se refere, sobretudo, 
ao seu papel político na sociedade em que se insere (BASSANI, 2015). 
Segundo o autor, muitas comunidades de falantes que compartilham uma 
mesma língua ou línguas de uma mesma família ultrapassam os limites geográficos de 
fronteiras oficiais dos países. Esse é o caso de comunidades indígenas que 
compartilham a mesma língua na América do Sul. Vejamos o que Rodrigues (1986, p. 
32) comenta da enorme extensão territorial de uso de línguas da família Tupi-Guarani: 
A família Tupi-Guarani se destaca entre outras famílias linguísticas da América 
do Sul pela notável extensão territorial sobre a qual estão distribuídas suas 
línguas. No século XVI encontraram-se línguas dessa família sendo faladas 
em praticamente toda a extensão do litoral oriental do Brasil e na bacia do rio 
Paraná. Hoje falam-se línguas dela no Maranhão, no Pará, no Amapá, no 
Amazonas, em Mato Grosso, em Mato Grosso do Sul, em Goiás, em São 
Paulo, no Paraná, em Santa Catarina, no Rio Grande do Sul, no Rio de Janeiro 
e no Espírito Santo, assim como, fora do Brasil, na Guiana Francesa, na 
Venezuela, na Colômbia, no Peru, na Bolívia, no Paraguai e na Argentina 
(apud BASSANI, 2015). 
 
 
 
 
36 
 
 
 
 
 
 
O interessante é que mesmo tendo esta enorme extensão geográfica, as línguas 
preservam identidade (s), apresentando pouca diferenciação, segundo Rodrigues. Veja 
novamente abaixo o quadro comparativo apresentado primeiramente na aula 5 da 
disciplina A sociodiversidade indígena no Brasil, que mostra a semelhança entre 
palavras de variedades do guarani localizadas em partes diversas do Brasil (BASSANI, 
2018). 
 
Fonte: BASSANI, 2018. 
7 MULTILINGUISMO NA INFÂNCIA 
Expor uma criança a línguas estrangeiras permite que seu cérebro seja 
otimizado e aumenta o seu potencial de aprendizado, permitindo inclusive que 
que o cérebro se torne mais flexível. Quanto mais cedo a criança for exposta 
à diferentes idiomas, melhor, pois o aprendizado é facilitado pelo estímulo da 
língua materna (GHASEMI e HASHEMI, 2011, p. 875 apud ARAÚJO, 2019). 
É importante compreender que a língua materna influencia as demais línguas. 
Até mesmo em ambientes onde realmente não exista apenas uma língua materna e 
que a criança esteja sendo exposta a diversos idiomas ao mesmo tempo, uma língua 
vai se sobressair. Muitas vezes, quando o termo “multilíngue” é utilizado, gera, 
erroneamente, a ideia de um indivíduo com proficiência perfeita em vários idiomas. 
 
 
 
37 
 
 
 
 
 
 
Como mencionado no primeiro capítulo desse estudo, pesquisas mais antigas 
apoiavam essa ideia, que vêm perdendo força com novos estudos. A partir do momento 
em que um novo idioma está sendo aprendido, ele vai influenciar outro, e quanto mais 
idiomas forem falados, eles influenciarão uns aos outros (ARAÚJO, 2019). 
Segundo o autor, a comparação entre multilíngues e monolíngues-
especialmente se a comparação for feita com crianças, como falha e sem sentido. Não 
cabe comparar o desenvolvimento e o investimento de uma criança que cresceu com 
um idioma, com uma que sempre viveu cercada por vários. Além da questão linguística, 
a influência de diferentes culturas faz diferença no crescimento infantil. Seria mais 
apropriado comparar crianças multilíngues que falam diferentes idiomas, do que com 
uma criança que fale apenas um. As habilidades que um indivíduo falante de diversos 
idiomas tem variam durante a vida, por diferentes motivos. Sua língua materna pode 
até deixar de ser sua língua predominante. Competências linguísticas não são estáticas 
e estão sempre mudando, principalmente, com o ambiente onde o multilíngue se 
encontra. A comunidade em que essa pessoa se encontra vai influenciar suas 
capacidades com determinadoidioma. Quando explica sobre a criação de seus três 
filhos utilizando três idiomas, Wang (2008) aponta as diferentes análises que as 
crianças faziam e que eram diferentes das dela própria, pois a mesma cresceu num 
ambiente onde o chinês era predominante, mas seus filhos só tinham contato com esse 
idioma quando estavam conversando com ela. Seus filhos, nas oportunidades que 
tinham de se relacionarem com outros falantes de chinês, muitas vezes se viam 
confusos. Porém, ao serem postos nessa esfera social, logo se adaptaram. 
A autora ainda traz o fator que multilíngues, em um meio multilíngue, podem 
usar de suas habilidades para expressar diferentes pensamentos e 
sentimentos. Ela aponta que “the linguistic environment of a language is not 
static and thus, a person’s linguistic competence and performance can change 
accordingly. Anyone who knows more than one language will know that 
depending on the experience, one feels more comfortable using one language 
than the other”7(WANG, 2008, p. 24 apud ARAÚJO, 2019). 
Segundo o autor, para entender como as diversas línguas aprendidas atuam no 
cérebro e no desenvolvimento de um indivíduo, pesquisadores se especializam em 
 
 
 
38 
 
 
 
 
 
 
neurolinguística, que é a ciência que estuda a relação entre línguas e comunicação, 
em diferentes aspectos do funcionamento do cérebro. Esses estudos tentam explorar 
as formas com que o cérebro entende e produz linguagem e comunicação. Durante a 
infância, o cérebro humano está mais disposto a absorver informações, tornando-o 
mais propenso ao aprendizado, isso inclui diferentes tipos de idiomas. Bialystok (2005) 
defende que o cérebro imerso em mais de um idioma apresenta facilidade para 
aprender outras linguagens, como música e matemática, e na aquisição e 
desenvolvimento de habilidades socioculturais. Multilíngues tendem a ser mais 
criativos, conseguem ver a realidade de uma forma flexível e não estão atados a um 
único modo de linguagem e cultura. Tendo a noção das diferenças entre línguas, 
crianças multilíngues podem refletir sobre como idiomas e culturas são diferentes e 
como funcionam. São melhores comunicadores, por saberem se expressar e 
comunicar em diferentes línguas tendem a não possuir barreiras no momento de 
externar algo. 
A confiança no uso do code switching, ou até mesmo ter outra forma de mostrar 
o que querem, faz com que não apresentem receio ou frustrações na hora de se 
comunicarem. Dominar diversas línguas é uma competência necessária em várias as 
partes do mundo. Não só no contexto acadêmico, ou professional, o multilinguismo 
auxilia as capacidades cognitivas, na consciência metalinguística, como também na 
cultural. Uma educação multilíngue (seja por parte de uma escola, ou dentro do 
convívio familiar) proporciona a chance de desenvolver uma fluência em diferentes 
idiomas, e de melhor capacidade para resolução de problemas, correção de frases e 
textos, diferenciação entre fonética e semântica. Não apenas fatores de 
desenvolvimento cerebral, mas a aprendizagem de novas línguas também aumenta o 
entendimento que uma criança tem sobre respeito, diferenças e humanidade, faz com 
que ela seja menos etnocêntrica, considerando e mostrando diferentes contextos 
sociais, permitindo novas visões e formas de pensar (ARAÚJO, 2019). 
 
 
 
 
 
 
39 
 
 
 
 
 
 
8 REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS 
ADELE W. MICCIO, A. W., HAMMER, C. S. E TORIBIO, A. J. Linguistics and speech-
language pathology: Combining research efforts toward improved interventions 
for bilingual children. The Pennsylvania State University, University Park, 2000. 
ANGELIS, G. Third or additional language acquisition. Clevedon, Buffalo, Toronto: 
Multilingual Matters, 2007. 
 
ARAUJO, C. R. O papel do multilinguismo na formação do negociador 
internacional. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial 
para conclusão do curso de Línguas Estrangeiras Aplicadas às Negociações 
Internacionais, do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes da Universidade 
Federal da Paraíba. João Pessoa – PB, 2019. 
 
ARONIN, L. E SINGLETON, D. Multilingualism. Impact studies in language e 
society. American Speech-Language Hearing Association(2011). Annual counts of 
the ASH Amember ship and affiliation (2012). 
 
BAGNO, Marcos. O preconceito linguístico – o que é, como se faz. Loyola: São 
Paulo, 2011. 
 
BAKHTIN, Mikhail. Os gêneros do discurso. In: Estética da criação verbal. 
Tradução de Paulo Bezerra. São Paulo: Martins Fontes, 2003 [1951-1953], p. 261- 306. 
 
BARRETO, S. S. E CASTRO, L. (2011). Formação e práticas em saúde de 
fonoaudiólogos inseridos em serviços públicos de saúde. Ciência & Saúde 
Coletiva, 16(1) 
 
 
 
 
40 
 
 
 
 
 
 
BASSANI, I. S. Bilinguismo e Multilinguismo. Universidade Federal de São paulo 
(UNIFESP) .2018 
 
BATTISTE, M. (2000). Maintaining Aboriginal identity, languages, and culture in 
modern society. In:Battiste, M. (Ed.).Reclaiming indigenous voice and vision, 
Vancouver, BC, Canada: University of British Columbia, pp.192–208. 
 
BOGDAN, R. & BIKLEN, S. Investigação Qualitativa em Educação –uma introdução 
à teoria e aos métodos. Porto Editora, Porto. Carmo. H. & Ferreira. M. M. (1998). 
Metodologia da Investigação –Guia para a Auto –Aprendizagem. Universidade Aberta, 
Lisboa. 
 
BUNZEN, C. e MENDONÇA, M. Português no ensino médio e formação do 
professor. São Paulo: Parábola, 2006. 
 
CARETTA, A. A. Propostas e estratégias para a valorização do multilinguismo na 
formação escolar de língua materna. Matraga, Rio de janeiro, v.23, n.38, jan/jun. 
2016. 
 
CASTRO, C. A aprendizagem de línguas, multilinguismo e mobilidade na Europa. 
Leitora de Língua e Cultura Portuguesa do Instituto Camões nas Universidades 
Humboldt e Livre de Berlim. Dissertação de Grau de Mestre em Ensino do Português 
como Língua Segunda e Estrangeira, intitulada Desenvolvimento da competência de 
aprendizagem: uma exigência da educação do século XXI -o caso dos manuais de 
português língua estrangeira. Universidade Nova de Lisboa. (2008). 
 
CRISTINA, P., RODRIGUES, R. Multiculturalismo –A diversidade cultural na 
Escola. Mestrado em Ensino do 1º Ciclo do Ensino Básico (Pré-Bolonha). Relatório da 
Atividade Profissional. (2013). 
 
 
 
41 
 
 
 
 
 
 
FERRONATTO, B. C. E GOMES, E. Um caso de Bilingüismo: A construção lexical, 
pragmática e semântica. A bilingualism case: a lexical, pragmatic and semantics 
construction. Revista CEFAC, 10(1), pp. 22-28. (2008). 
 
FORTIN, M. O processo de investigação: da concepção à realização. Loures, 
Lusociência. García,T. M. (2003). El Cuestionario como instrumento de 
investigación/Evaluacion. 
 
GONÇALVES, M. L. E ANDRADE, A. I. (2007). Disponibilidades e auto implicações: 
desenvolvimento profissional e plurilinguismo. Educação, 63(3). Guadalupe V. 
Linguistic Society of America (LSA) (2012). 
 
GUTIERREZ-CLELLEN, V. F. (1999). Language Choice in Intervention With 
Bilingual Children. American Journal of Speech-Language Pathology, 8, pp. 291–302. 
 
LISBOA.FINGER, L. Contexto multilíngue: Conduta avaliativa e atitudes 
linguísticas. A influência de crenças e políticas. Revista Contingentia, 3(1), pp.69–77. 
(2008). 
 
MARCUSCHI, L. A. Da fala para a escrita: atividades de retextualização. SP: Cortez, 
2001. 
 
PANSINI, F.,E NENEVÉ, M., (2008). Educação Multicultural e Formação Docente. 
Currículo sem Fronteiras, 8(1), pp.31-48. 
 
PEIXOTO, V. ROCHA, J. (2009). Metodologias de intervenção em terapia da fala. 
Edições Universidade Fernando Pessoa, Porto. Perry, A. R. (2012). 
 
PIACASTELLI, C., FARIA, H., SILVEIRA, M. (2011). O trabalho em equipe. Pinto, M. 
(2013). O plurilinguismo: um trunfo? Letras de Hoje, 48(3), pp. 369-379. 
 
 
 
42 
 
 
 
 
 
 
QUIVY, R. CAMPENHOUDT, L. Manual de investigação em ciências sociais. 
(2005). 
 
RIBEIRO, J. L. P. Investigação e Avaliação em

Outros materiais