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Julia Paris Malaco – UCT16 SP3 – marcadores tumorais Os marcadores tumorais (ou marcadores biológicos) são substâncias presentes no tumor, no sangue ou em outros líquidos biológicos, produzidos primariamente por ele ou, secundariamente pelo paciente, em resposta à presença do tumor. Em investigação clínica os marcadores tumorais podem ter as seguintes características: Rastreamento do Câncer (triagem) Diagnóstico de Câncer: não se utilizam os marcadores tumorais - diagnóstico do câncer é obtido por meio de uma biópsia o Níveis do marcador tumoral na época do diagnóstico poderão auxiliar o médico a prever a evolução da doença Monitorização do tratamento do câncer (avaliação da resposta terapêutica) Detectar o reaparecimento do câncer:(detecção precoce de recidiva) Quanto mais rápido a recorrência é detectada, mais fácil e eficaz será seu tratamento Exames de seguimento realizados regularmente podem ajudar o médico a detectar um possível retorno ou recorrência do câncer antes de aparecer no ultrassom, radiografia, na tomografia computadorizada ou no exame físico Principais marcadores no geral PSA – próstata Fatores de risco: Homens acima de 50 anos Histórico familiar Não é recomendado realizar o exame em homens acima de 70 anos O antígeno prostático específico (PSA, do inglês prostate specific antigen) é o marcador mais utilizado, mas sua utilidade clínica tem sido questionada em razão de sua baixa especificidade, sobretudo quando em níveis entre 2 e 10 ng/mL. Qualquer tipo de estímulo mecânico que altere a arquitetura glandular, como instrumentação vesical ou uretral próstata ou exame digital retal, biópsia da, desencadeia liberação de PSA para a circulação sistêmica, resultando em elevação dos níveis séricos. Outras condições menos óbvias que também podem causar elevação no nível sérico de PSA total ou de suas isoformas incluem: tempo de jejum, ritmo circadiano, hiperplasia benigna de próstata, prostatite, ejaculação recente e alguns medicamentos, como finasterida, acetato de ciproterona, difosfato de dieti‐lestilbestrol, dutasterida, flutamida, nilutamida e bicalutamida. Interpretação: Sempre realizar o rastreio do PSA associado ao toque retal Em casos de valores de PSA normais (abaixo de 4,0 ng/mL): a princípio exclui a possibilidade de adenocarcinoma de próstata. Quando são obtidos resultados intermediários (4,0 a 10 ng/mL), sugere-se a realização do PSA livre, pois pode auxiliar na elucidação entre hiperplasia benigna de próstata (HPB) e adenocarcinoma de próstata. Julia Paris Malaco – UCT16 Diagnóstico ideal Valores maiores de PSA (Acima de 10mg/ml) + Toque retal alterado PSA Livre/ Total < 20% o P2PSA Aumentado o PHI Aumentado CA125 - Ovário Histologicamente, esses tumores são divididos em 5 tipos principais: Carcinomas serosos de alto grau (70%); Endometriais (10%); Células claras (10%); mucinosas (3%); De baixo grau (< 5%), constituindo‐ se em mais de 95% dos casos. Os disgerminomas, os tumores de saco vitelino e os teratomas são muito raros. Fatores de risco: História familiar de câncer de ovário ou de mama, mutações dos genes BRCA1 e BRCA2, menopausa tardia, endometriose, nuliparidade, reposição hormonal, obesidade e tabagismo estão associados com elevação do risco de desenvolvimento do câncer ovariano. Fatores de proteção: Gravidez e uso de contraceptivos orais são considerados fatores de proteção. As recomendações atuais são para que mulheres com histórico familiar desse carcinoma façam exames pélvicos, ultrassonográficos e medida de CA125 periodicamente. A medida do marcador CA125 no soro é útil, sobretudo para monitorar a resposta terapêutica, detectar precocemente a recorrência e distinguir massas pélvicas malignas das benignas. Uma rápida queda na concentração do CA125 durante a quimioterapia prediz um prognóstico favorável. O CA125 é o teste padrão‐ouro para a monitoração e o acompanhamento de pacientes com câncer de ovário (não é exclusivo para essa neoplasia) mas apresenta limitações importantes, como: pode não estar elevado em 10 a 20% das mulheres; em alguns casos, a concentração não se correlaciona com a massa tumoral; e pode estar elevado em condições benignas, como endometriose, cisto hemorrágico do ovário, gravidez e doença inflamatória pélvica, cirrose, leiomiomas, menstruação. Não é utilizado como triagem O CA125 é uma glicoproteína produzida, normalmente, pelo epitélio das serosas, trompas de falópio, endométrio e endocérvix. Referência: 35U/mL 65U/mL (>especificidade) Níveis pré-operatórios elevados de CA-125, em pacientes com câncer de ovário, correlacionam-se a doença avançada e pior prognóstico. Queda dos seus níveis correlaciona-se com resposta terapêutica Normalização após o tratamento (cirurgia ± quimioterapia) está relacionada à melhora da sobrevida Principal indicação: Detecção de recorrência em pacientes previamente tratadas para câncer de ovário devido à alta especificidade nesse contexto. Recomendado no acompanhamento da doença, sobretudo na presença de sinais/sintomas de recidiva tumoral. HE4 Novo marcador tumoral para câncer de ovário, mais sensível que o CA 125 nos estágios iniciais da doença. Indicado para acompanhamento de tratamento de câncer de ovário e estadiamento de massa ovariana. Em pacientes com câncer de ovário a expressão do HE4 é apresentada em altos níveis HE4 sozinho tem maior sensibilidade para detectar câncer de ovário, especialmente no estágio I da doença. Vários estudos indicam que o HE4 tem maior poder de diferenciação do que o CA125 entre indivíduos com doença ovariana benigna e câncer, mesmo nos estágios iniciais do processo neoplásico. Quando associado ao CA 125 é um preditor mais preciso de malignidade HE4 + CA125: A combinação desses dois marcadores eleva o índice de discriminação para mais de 91%, e a adição de outros marcadores não melhorou a sensibilidade. Bexiga O câncer de bexiga corresponde a cerca de 95% dos carcinomas de células uroteliais ou carcinomas de células de transição. É uma neoplasia que se desenvolve no interior do trato Julia Paris Malaco – UCT16 urinário, mais concretamente na bexiga, nos ureteres e na uretra. Os tumores da bexiga são classificados como invasivos ou não invasivos. Tabagismo é um grande fator de risco para câncer de bexiga. Os marcadores para câncer de bexiga são medidos na urina. Proteína de matriz nuclear 22 (NMP 22) Antígenos associados ao tumor de bexiga (BTA STAT e BTA TRAK). A NMP 22 corresponde à proteína do aparelho mitótico nuclear, a qual é superexpressa por células do tumor de bexiga e liberada em altas quantidades para a urina Quando o teste NPM 22 é realizado entre 6 e 40 dias após a cirurgia para retirada do tumor, níveis aumentados podem predizer corretamente a recorrência em 70% dos pacientes. CEA - Colo e reto O câncer colorretal é a terceira neoplasia maligna mais diagnosticada e a quarta principal causa de morte por câncer no mundo. Um dos marcadores mais utilizados na monitoração do câncer colorretal é o CEA. O CEA (Antígeno Carcino embrionário) é uma proteína normalmente encontrada em pequenas quantidades no sangue de pessoas saudáveis, mas ela se torna elevada em algumas pessoas que têm câncer. Ainda que preferencialmente utilizado como marcador tumoral de câncer do trato gastrintestinal, também pode estar elevado em cânceres de pulmão, mama, útero, fígado, nasofaringe, ovário e tireoide. Algumascondições benignas, como cirrose hepática, enfisema pulmonar, polipose retal, colite ulcerativa, doenças benignas de mama e tabagismo, podem ser acompanhadas de elevação dos níveis circulantes de CEA, o que limita seu uso isolado para o diagnóstico primário e desautoriza seu uso em programas de triagem. Uma aplicação importante deste marcador é sua utilização como indicador de prognóstico em pacientes submetidos à ressecção cirúrgica de tumores primários de carcinoma colorretal, sendo sua elevação um dos primeiros sinais de recorrência e de existência de metástase hepática. Assim como outros antígenos carboidratados, o CA 19.9 não é específico para carcinoma de cólon, pois seus níveis podem estar elevados em adenocarcinomas de pâncreas, de pulmão e de estômago, e mesmo em doenças benignas como pancreatite e cole‐cistite. Não é usado para triagem Seu valor de referência é de 37 U/mL. Esse marcador é utilizado sobretudo na identificação precoce de recorrência dos tumores colorretais e pancreáticos, sendo que níveis elevados indicam recorrência 1 a 7 meses antes de o tumor ser detectável por radiografia ou outros exames clínicos. Mama A etiologia é variada, incluindo menarca precoce, menopausa após os 55 anos, nuliparidade, primeira gravidez tardia, uso de alguns anticoncepcionais orais e terapia de reposição hormonal, exposição à radiação ionizante, etilismo, dietas hipercalóricas, sedentarismo e predisposição genética. Especificamente em relação aos fatores genéticos, estão implicados dois genes de alto risco: BRCA1 e BRCA2. O controle do câncer de mama tem sido uma das prioridades do Ministério da Saúde, o qual recomenda estratégias de detecção precoce, como a realização de mamografia bienal para as mulheres na faixa etária de 50 a 69 anos. Os marcadores tumorais comumente associados ao câncer de mama são o antígeno carcinoembriônico (CEA), os antígenos carboidratados CA 15.3 e CA 27.29, o fator de crescimento epidérmico humano – receptor 2 (HER‐2) e receptores de estrogênio/ progesterona (ER/PR). O CEA é um marcador não específico, e o aumento dos valores pode ser visto em uma variedade de tumores, incluindo de mama, gastrintestinais e pulmonares. O intervalo de referência adotado para fumantes é ligeiramente maior do que para não fumantes. Sua utilização como marcador de câncer de mama foi rapidamente substituída pela incorporação de antígenos carboidratados, que oferecem maior sensibilidade e especificidade. Os antígenos carboidratados são famílias de glicoproteínas de alto peso molecular, Julia Paris Malaco – UCT16 normalmente presentes em uma variedade de tipos de células epiteliais, incluindo as do câncer de mama. São divididas em 7 famílias estruturalmente identificáveis como MUC1 até MUC7. O produto do gene MUC1 é uma glicoproteína transmembrana polimórfica, frequentemente superexpressa na superfície das células glandulares malignas, resultando em aumento dos níveis no sangue de alguns pacientes com carcinomas. O CA 15.3 é observado em níveis aumentados em cerca de 70% dos pacientes com câncer de mama metastático. Como a maioria dos marcadores, o CA 15.3 não é específico para o câncer de mama, pois está aumentado em outros processos neoplásicos, como pancreatite e tumores de pulmão, ovário, colo/reto e fígado. É de grande utilidade como marcador de resposta à terapia e para detecção de metástases. O CA 27.29 também é utilizado como marcador de recorrência de câncer de mama em pacientes com estadiamentos II e III, possibilitando detecção mais precoce de metástase. Tanto o CA 15.3 quanto o CA 27.29 são detectados pelo uso de anticorpos monoclonais denominados DF3 e 115D8 ligam CA 15‐3, CA 27.29 enquanto é a molécula que compete com o anticorpo CA 27.29 para a ligação a um antígeno obtido a partir de uma linha celular de câncer de mama. É descrita uma boa correlaçãoentre esses dois marcadores. Ambos são utilizados em conjunto com outras avaliações para monitorar a resposta ao tratamento em doentes com metástases de câncer de mama, bem como aqueles que tenham sido previamente tratados nas fases II ou III. Esses marcadores têm melhor sensibilidade e especificidade em relação ao CEA. O HER‐2 é o produto do gene HER‐2 e se constitui em uma proteína transmembrana normalmente relacionada com o crescimento e a diferenciação celulares, tendo em vista sua interação com fatores de crescimento circulantes. Identificado como oncogene, apresenta resultados de amplificação em superexpressão da proteína que suporta a proliferação celular rápida. Pulmão A principal causa de câncer de pulmão é o tabagismo. O câncer de pulmão é classificado em dois grandes grupos: os carcinomas de células pequenas e os carcinomas de células não pequenas. Dentre os últimos, estão incluídos o adenocarcinoma, o carcinoma de células escamosas e o carcinoma de grandes células. Um dos marcadores mais utilizados em câncer de pulmão de células não pequenas é a enolase neurônio‐ específica (NSE), uma isoenzima encontrada em neurônios, células neuroendócrinas e em células do sistema APUD (acrônimo de amine precursor up‐take and decarboxylation). Além do câncer de células não pequenas de pulmão, níveis elevados de NSE são observados em outros tumores de origem neuroendócrina, como glucagonoma, insulinoma, neuroblastoma, feocromocitoma, melanoma, carcinoma medular de tireoide e tumores endócrinos pancreáticos. A concentração de NSE circulante apresenta boa correlação com o estágio da doença e pode ser utilizada como recurso de monitoração da terapêutica, uma vez que a manutenção de níveis elevados de NSE durante a quimioterapia está associada a pior prognóstico Tireoide Os diferentes tipos de câncer que se originam na tireoide incluem o papilífero, o folicular, o medular e alguns outros menos frequentes. A calcitonina é um hormônio produzido pelas células parafoliculares C da glândula tireoide e contribui para a homeostase do nível de cálcio no sangue, antagonizando a ação do paratormônio. Sua maior utilidade é para o seguimento dos pacientes com CMT, situação em que os níveis são, em geral, acima de 100 pg/mL. Também é útil na detecção precoce de recorrência. Um uso adicional da medida desse marcador é na avaliação de familiares de pacientes com CMT. Elevações dos níveis de calcitonina estão relacionadas ao aumento do volume do tumor e à ocorrência de metástases locais e a distância. A concentração de calcitonina circulante pode estar elevada em outras doenças, como hiperparatireoidismo, anemia perniciosa, insuficiência renal crônica, cirrose alcoólica, doença de Paget do osso e síndrome de Zollinger‐ Ellison. A cromogranina A, também denominada secretogranina I, compõe um grupo de proteínas presentes em vários tecidos neuroendócrinos. Sua medida é útil como marcador tumoral não só no Julia Paris Malaco – UCT16 CMT, mas também em outras neoplasias endócrinas, como carcinoma de ilhotas pancreáticas, feocromocitoma, síndrome carcinoide, adenoma hipofisário e na neoplasia endócrina múltipla. Esse marcador também pode ser utilizado no carcinoma de células pequenas do pulmão Pele No mundo, o câncer de pele é o mais comum e pode ser clasificado de duas formas: melanoma e não melanoma. Dentre os não melanoma, o carcinoma basocelular e o carcinoma espinocelular são os tipos mais frequentes. O principal fator de risco para os cânceres de pele, principalmente o não melanoma, é a exposição excessiva à radiação solar ultravioleta, mas outros fatores, como pele, olhos e cabelos claros, história familiar de câncer de pele e debilidade do sistema imune podem aumentar o risco. Para oscânceres de pele não melanoma, não há marcadores circulantes disponíveis, mas especificamente para o melanoma maligno, existem diferentes marcadores já incorporados à clínica, como o S‐100, o marcador de atividade inibitória do melanoma (melanoma inhibitory activity – MIA) e a desidrogenase lática, além de alguns ainda em estudo, como Hsp90, RGS1, osteopontina, HER‐ 3, entre outros. AS‐100 é uma proteína inicialmente isolada do cérebro, mas há demonstrações de que pode ser produzida por outras células, normais e neoplásicas, de origem mesodérmica, neuroectodérmica e epitelial. Além dos tumores melanocíticos benignos e malignos, vários processos neoplásicos são acompanhados por superexpressão de S‐100, como astrocitoma, glioblastoma, oligodendroglioma, ependimoma, entre outros. O marcador MIA foi inicialmente identificado como uma proteína secretada pelas células do melanoma maligno. É expresso pelas células de melanoma, mas não em melanócitos e pele normal. A medida de MIA pode ser utilizada tanto como auxiliar para o diagnóstico quanto para monitorar a terapia e o acompanhamento.
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