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Universidade Federal da Integração Latino-Americana Curso de Medicina 2020.1 – Portfólio de Matriz de Funcionamento Sistêmico e Biológico V SITUAÇÃO PROBLEMA – 8: ME DÓI TUDO PARTE 2 Sumário OSTEOARTRITE 1 Introdução: 1 Classificação: 1 Epidemiologia: 1 Fisiopatologia 1 Etiologia: 1 Quadro Clínico: 1 Exame Físico Osteoarticular: 1 Diagnóstico: 1 Exames de Imagem 1 Exames Laboratoriais 1 Características Especificas das Articulações Afetas na Osteoartrite 1 Mãos: 1 Joelhos: 1 Quadril: 1 Coluna Vertebral: 1 Tratamento: 1 ACHADOS DE IMAGEM – OSTEOARTRITE 2 Radiografia Simples: 2 Ressonância Magnética: 4 Referências: 7 OSTEOARTRITE Introdução: · Definida como um distúrbio musculoesquelético e das articulações sinoviais. · Caracterizada clinicamente por dor e limitações funcionais. · Histologicamente por alterações da cartilagem e do osso subcondral; · Radiologicamente pela presença de osteófitos e estreitamento dos espaços articulares. · Chamada também de osteoartrose ou artrose. · Não é um desfecho fisiológico do processo de envelhecimento, mas sim uma comorbidade degenerativa que depende das interações de fatores de riscos; Classificação: · Osteoartrite primária: idiopática, possui etiologia desconhecida ou é decorrente de mecanismos genéticos já identificados; · Osteoartrite secundária: causas por algum trauma, malformação anatômica, doença congênita ou distúrbio metabólico. Epidemiologia: · Presente em 10% dos indivíduos acima dos 60 anos; · Doença reumatológica mais comum; · Terceira causa de incapacidade laborativa (afastamento do trabalho), perdendo apenas de doenças mentais e cardiovasculares. · Regiões mais afetadas -> quadril, joelhos, mãos e pés. · FATORES DE RISCO: · Intrínsecos -> próprios dos pacientes, adquiridos ou não. · Idade -> mais importante, aumenta em progressão geométricas a partir dos 45 anos -> diminuição da atividade metabólica da cartilagem articular. · Gênero -> predominante no sexo feminino -> alterações da secreção de hormônios sexuais estrógeno e progesterona) após a menopausa. · Genética -> predominante, mas não existe doença genética (gene responsável pelo AO) · Anatômicos -> deformação + desalinhamento anatômico da articulação (Ex: rotura de menisco, ligamento, cápsula, fratura óssea que acomete a superfície articular) são fatores que interferem na disposição vetorial das forças intra-articulares. · Patologias ortopédicas -> predispõem a formação dessas alterações anatômicas nas articulações sinoviais (intrínsecas) · Doença de Legg-Perth -> osteonecrose da cabeça femoral na infância -> dores na articulações do quadril e perturbação na marcha -> movimentos limitados e músculos da coxa tornam-se fracos. · Displasia Acetabular -> displasia do quadril em que há uma anormalidade anatômica e/ou funcional no acetábulo, que se encontra imaturo, com uma cavidade rasa. Assim, ele pode acarretar numa subluxação ou luxação da cabeça femoral; · Geno varo -> joelho varo -> pernas estão mais afastadas que o normal, estando mais arqueadas na altura do joelho, sendo mais comum que a outra. · Geno valgo -> joelho valgo -> pernas aparentam estar mais juntas por conta dos joelhos que se direcionam ao plano mediano do paciente. · Obesidade -> maior disposição para desenvolver AO nos joelhos -> sobrecarga mecânica direta devido ao aumento da massa -> risco de AO nas mãos (efeito inflamatório sistêmico). · Doenças metabólicas sistêmicas -> interferem na formação da matriz cartilaginosa -> aumenta a probabilidade de adquirir AO -> ocronose e hemocromatose. · Extrínseco -> fatores externos ao organismo que o acompanham ao longo de sua rotina · Esportes -> Atividades físicas exaustivas (ciclismo, velocistas, futebol, ginástica) · Trabalhos extenuantes -> empregos “braçais” (mineiros, perfuradores, lavradores) que demandem muito da proteção mecânica exercida pelas articulações, principalmente nos joelhos, por conta de movimentos repetitivos e excessivos de flexão. · Por conta disso, em pacientes com menos de 45 anos, a OA é mais prevalente em homens que mulheres. Fisiopatologia · As reais causas do desenvolvimento da OA ainda permanecem desconhecidas. · Três principais tecidos atingidos pelos mecanismos patológicos da OA são: ósseo, o cartilaginoso e o sinovial. · Alterações ósseas: Ocorre principalmente no osso subcondral, podendo formar: · Esclerose óssea (aumento da densidade da matriz óssea por conta da ação de osteoblastos resultante da micro lesão óssea); · Cistos subcondrais (por conta da necrose formada quando os ossos absorvem a sobrecarga mecânica da pressão dentro do espaço articular); · Osteófitos (formados pelo processo excessivo de regeneração nas áreas de maior pressão no espaço articular, ou seja, nas extremidades, formando essas projeções ósseas em formato de “bico de papagaio”; · Alterações cartilaginosas: Por conta da ação degenerativa, encontra-se uma irregularidade da superfície cartilaginosa por conta da redução de sua espessura, chamada de fibrilações, que podem evoluir para fendas e erosões. Além disso, a cartilagem regenerada possui matriz mais água e menos proteoglicanos, com ausência de condrócitos nas zonas periféricas e presença de condrócitos regenerados na zona central; · Alterações sinoviais: Ocorre um processo inflamatório crônico no tecido sinovial (sinovite) desencadeado pelos fragmentos de cartilagem e osso degradados no líquido sinovial, podendo, a longo prazo, formar cristais de fosfato e pirofosfato de cálcio. Dessa forma, há formação de enzimas e citocinas que iniciam essa inflamação, além do espessamento da cápsula. Etiologia: · A etiologia da OA é multifatorial, envolvendo um conjunto grande de possíveis causas. · OA primária: sua causa ou é desconhecida (idiopática) ou individuo manifesta essa patologia por conta de uma alteração genética que justifica o quadro, como, por exemplo, a alteração do gene para o Col-2A1 (da cadeia alfa-1 do colágeno tipo 2). Tal mutação provoca um desbalanço no metabolismo do colágeno, manifestando o quadro de OA. · OA secundária: ela envolve grupos de etiologias mecânicas e inflamatórias reunidas nas seguintes divisões: · OA secundária a desorganização da estrutura cartilaginosa: Pode envolver alterações estruturais do colágeno (condrodisplasia); acúmulo de produtos bioquímicos ou sanguíneos (hemocromatose, doença de Wilson); distúrbios endócrinos (diabetes e acromegalia); ação enzimática pela presença de cristais (gota); invasão por sinovite hiperplásica (artrite reumatoide); ação mecânica aguda ou crônica (trauma agudo com ou sem fratura, trauma postural); · OA secundária a desorganização da estrutura óssea ou desalinhamento articular: Como remodelagem acelerada ou aumento da densidade óssea subcondral (doença de Paget, osteoporose) e necrose óssea. Quadro Clínico: · As manifestações clínicas da OA são predominantemente locais, envolvendo mais a articulação lesada do que ocasionando uma reação sistêmica no corpo, diferente de outras doenças reumatológicas que atinge as articulações, como a artrite reumatoide e o LES. · Os sintomas e sinais da OA são de caráter articular, acometendo tipicamente as “juntas” periféricas do esqueleto, como dedo, joelho ou quadril. · Os locais mais incidentes são as articulações do hálux (primeiro metatarsofalangeana), interapofisárias (na coluna vertebral), interfalangianas distais e proximais, carpometacarpianas do primeiro quirodáctilo (polegar), os joelhos e quadril. · PRINCIPAIS SINTOMAS: · Dor articular: Responsável por levar o paciente a procurar ajuda médica. · Costuma se originar de forma espontânea e gradual no local acometido (pode ser mono ou poliarticular). · É do tipo “aperto” referida como “profunda”, tendo pequena e média intensidade. · Piora com o início do movimento e melhora com o repouso. · Eventualmente é desencadeada pela própria sobrecarga do corpo, podendo repercutir, ao longo do tempo, com dor em repouso e/ou dor noturna, interferindo no sono. · Ocorre de forma multifatorial na osteoartrite, tendo como mecanismos principais: · Estiramentodos ligamentos e da cápsula articular por conta da instabilidade apendicular, que estão próximo de terminações nervosas da articulação; · Aumento da pressão intraóssea nos ossos subcondrais acometidos, como já vimos, por conta do aumento da densidade óssea na inflamação; · A própria sinovite, liberando mediadores inflamatórios que simulam as dores nas terminações nervosas OU a própria compressão destas por conta do edema. Também pode ser por conta de outros sítios inflamatórios, como na bursite e tenossinovite; · Por fim, mas não menos importante, a dor muscular. · Rigidez articular: Ocorre quando o paciente se encontra em repouso, principalmente durante a manhã, após longos períodos de imobilidade. Ela difere da rigidez das demais inflamações articulares por persistir até 30 minutos; · Instabilidade articular: Marcada principalmente por uma sensação de apreensão e falta de confiança/segurança em suportar o peso sustentado pela articulação. No entanto, ocasionalmente essa instabilidade pode levar a quedas. · Limitação do movimento: Há redução da amplitude dos movimentos, tanto passivos (pode existir dor ao movimento passivo da articulação) como ativos. Ocorre, principalmente, por conta da presença de osteófitos e do espessamento da cápsula articular, embora a sinovite também contribua por conta da hiperplasia sinovial. · PRINCIPAIS SINAIS · Aumento da articulação: Encontrado em áreas onde há inchaço ósseo e/ou cartilaginoso. A consistência desse aumento volumétrico é firme, com pontos dolorosos; · Crepitações audíveis ou palpáveis: Produzidas pelo movimento de estruturas articulares danificadas, como, por exemplo, uma deformidade da cartilagem articular ou dos tendões; · Deformidade articular: É um sinal de lesão articular avançada; · Sinais de sinovite: Consiste no edema, aumento da temperatura e discreto derrame articular na região afetada. · Nódulos de Heberden e de Bouchard: Consiste nas expansões firmes de tecido ósseo e cartilaginoso nas proeminências articulares, respectivamente, interfalangeanas distais e proximais. Essas expansões consistem nos osteófitos palpáveis nos pacientes, sendo um sinal patognomônico da OA. Exame Físico Osteoarticular: · Todas as articulações do corpo devem ser inspecionadas e palpadas, avaliando a amplitude de movimento, se há sinais flogísticos e SEMPRE comparando com a articulação contralateral (simetria). · Inspeção: observar as articulações repousadas, procurando por eritema, edema, deformidades e lesões. · Palpação, iremos avaliar a consistência articular, procurar local onde há dor, edema e/ou edema, procurar por massas moles em locais de espaço normais (possível indício de derrame articular ou proliferação sinovial) e crepitações palpáveis. · Avaliação da amplitude de movimento, faremos, primeiramente, movimentos ativos (paciente que moverá a articulação) e passivos (examinador testa a articulação), procurando por sinal de dor, rigidez, limitação do arco e crepitações audíveis. · Os locais onde faremos o exame, de forma simétrica, são as articulações do tornozelo, cotovelo, pé, mão, quadril, joelho, ombro, punho, pescoço e da coluna. Diagnóstico: · O diagnóstico é feito através da história clínica do paciente, colhida durante a anamnese junto do exame físico osteoarticular, que já vimos anteriormente, e de exame complementares (de imagem e laboratoriais). Exames de Imagem · Os exames de imagem têm uma importância essencial para o diagnóstico precoce de OA, por avaliarem se há ou não alguma deformidade na cartilagem. · Pacientes com achados radiológicos de OA podem se apresentar assintomáticos, justamente por esse tecido não ser inervado -> por isso -> não podemos relacionar a intensidade do quadro sintomatológico com o grau de OA pelos exames; · Padrão-ouro -> radiografia -> achados relacionados as alterações ósseas da patologia da AO -> características radiológicas. · Osteófitos: Protuberância óssea radiopaca na borda da articulação; · Redução do espaço articular: Menor área radiotransparente no espaço articular; · Esclerose óssea: Aumento radiopaco na região acometida; · Cistos subcondrais: Formações arredondadas radiotransparente na região subcondral afetada. · Outros exames, como TC e RM podem colaborar para a avaliação da osteoartrite, ajudando a identificar possíveis etiologias que colaborem para sua manifestação, como, por exemplo, rotura de ligamento cruzado, menisco, osteonecrose, etc., ou eliminando outros possíveis diagnósticos diferenciais, No entanto, em relação a RM, esse exame tem fraco poder discriminativo para seu diagnóstico em si. Exames Laboratoriais · Não existe um exame específico para OA. · Na prática clínica, solicitamos: hemograma; testes imunológicos (ex.: exame FAN, fator reumatoide) para eliminar diagnósticos de outras causas de dor articular reumatológica); · Pesquisa marcadores inflamatórios (VHS e PCR); etc. · A artrocentese consiste num procedimento clínico em que é feito a punção do líquido sinovial dentro da cápsula articular. Os locais em que são mais feitos são no joelho e na articulação temporomandibular. No joelho, ela é feita com o paciente deitado em decúbito dorsal, quadríceps extendido e a patela relaxada. A técnica é feita ao inserir a agulha no espaço articular lateralmente a borda lateral de patela, próximo a seu polo superior e posteriormente a sua face inferior. · Podemos pesquisar, através de uma artrocentese, se há ou não presença de leucocitose no líquido sinovial. O derrame articular na OA é de caráter não inflamatório, com menos de 2.000 leucócitos por mm3. Presença desses elementos pode indicar artrite reumatoide. Já de cristais, sugerem gota. Características Especificas das Articulações Afetas na Osteoartrite Mãos: · É a forma principal de OA primária, tendo, geralmente, sintomas bilaterais e simétricos. · Tem alta incidência na população feminina com meia-idade, podendo está associada, como foi dito anteriormente, a OA no joelho em pessoas obesas. · A predisposição familiar torna seus casos de AO muito incidentes. · A presença de nódulos de Heberden (mais prevalentes), de Bouchard e interfalangianos constituem uma osteoartrite nodal. · Possui um início insidioso com dor e rigidez, acompanhado de sinais de sinovite. · Com tempo, os sinais de inflamação somem e a dor se torna muito mais amena. · Podemos encontrar pequenos cistos preenchidos com ácido hialurônico no dorso dos quirodáctilos, principalmente na inserção do tendão do extensor dos dedos. · Diferente da OA nodal, que geralmente possui bom prognóstico, a OA nodal erosiva, um subtipo da OA nodal, tem um caráter mais maleficiente e agressivo, caracterizado por uma elevada degeneração da cartilagem junto com osso subcondral. Nesses pacientes, encontramos os cistos subcondrais e erosões ósseas, que resultam numa sinovite mais potente que o normal e em articulações mais deformadas e edemaciadas. · O diagnóstico de OA de mãos é dado por dor ou rigidez articular associados a três dos critérios abaixo: · Aumento do volume, com consistência firme, de pelo menos duas entre dez articulações selecionadas (interfalangianas distais e proximais nos 2º e 3º quirodáctilos de cada mão + carpometacarpianas dos polegares); · Aumento do volume, com consistência firme, de pelo menos duas articulações interfalangianas distais; · Menos de três articulações metacarpofalangianas aumentadas; · Deformidade em pelo menos uma das dez articulações selecionadas. Joelhos: · Muito relacionada com a obesidade, se manifesta de forma uni ou bilateral e é mais frequente nas mulheres. · Algumas atividades físicas ou trabalhos extenuantes facilitam a predisposição de OA em joelhos. · Roturas de menisco, ligamento cruzado, fratura óssea e desalinhamentos congênitos, que repercutam numa deformidade nos vetores que sustentam o peso do corpo, também são outros fatores que predispõe uma OA no joelho. · A OA em joelho, quando primária, ocorre mais em mulheres após menopausa ou idosas, estando, geralmente, relacionado a obesidade. · As AO em joelho, secundárias,são mais incidentes em homens idosos, diante um quadro lesão em menisco. · A dor articular nessa OA pode ser: anteromedial ou patelofemoral, caracterizado pela dor exacerbada à compressão manual da patela, ao sentar por um tempo prolongado, ao se levantar a ao subir escadas; anterior, geralmente difusa, se irradiando para região distal, sugere OA de joelho severa, persistindo a noite; por fim, posterior, que é causada na OA de joelho somente quando há complicações como cisto poplíteo (de Baker). · O diagnóstico de OA de joelhos é dado por dor de joelho mais um desses critérios: · Osteófitos em radiografia; · Rigidez matinal com duração menor que 30 minutos + crepitação com movimentação ativa + idade maior que 40 anos + líquido sinovial típico de OA. Quadril: · A OA de quadril acomete principalmente pacientes do sexo masculino, com caráter unilateral, na maioria dos casos. · Quando secundária, em 1/5 dos casos, a OA de quadril é resultante de doenças ortopédicas já identificadas pré-estabelecidas no paciente, como doença de Legg-Perthes, displasia acetabular, etc.). · Na maioria dos casos, a OA de quadril é “primária”, ou seja, é decorrente de defeitos congênitos mais sutis que não foram diagnosticadas previamente no paciente, sendo identificada na sua vida adulta. · Tanto na primária como na secundária, seu sintoma principal a dor a deambular, localizada na nádega, virilha e coxa. Ela piora com a rotação medial da coxa. Temos a rigidez que aumenta a comorbidade do paciente, dificultando a realização de atividades do seu dia a dia. · O diagnóstico de OA de quadril é dado pela presença de dor no quadril associado a pelo menos dois dos critérios a seguir: · VHS < 20 mm/h; · Osteófitos em radiografia (na região acetabular do osso da pelve OU na região femoral); · Redução do espaço articular na radiografia; Coluna Vertebral: · A OA das articulações zigoapofisárias/interapofisárias/facetárias, geralmente, se manifesta juntamente com a degeneração do disco intervertebral, num quadro sintomatológico de espondilose, tendo preferência pela região cervical (C5) e lombar (L3-L5) da coluna. · Por conta do mecanismo anatômico da coluna vertebral, há uma forte relação entre essas articulações, ao ponto que quando uma é comprometida, a outra tem altas chances de ser lesionada. · Da mesma forma que na OA convencional, na porção anterior do corpo vertebral, há a formação de osteófitos, redução do espaço entre os processos articulares englobados na articulação interapofisária, além da redução dos forames intervertebrais e, casos avançados, do canal vertebral. · Os sintomas da espondilose giram em torno da redução dos forames intervertebrais e do canal vertebral. Geralmente causa dor que piora com o movimento (extensão da coluna gatilha a dor por conta da OA das interapofisárias; já a flexão, provoca a dor por conta da degeneração dos discos). Ela se intensifica ao acordar e no final do dia. · Caso seja uma espondilose cervical, paciente pode repercutir com cervicalgia e/ou parestesia na porção lateral do antebraço e polegar (compressão da raiz C6), podendo irradiar no ombro. Já a espondilose lombar, o paciente terá lombalgia e/ou parestesia que pode se irradiar para as nádegas e coxa. · Esses sintomas são frequentes em pacientes de 45 a 65 anos, se tornando amenos com o envelhecimento, por conta da rigidez e imobilidade articular que diminuem a amplitude do movimento da coluna, protegendo-o. Tratamento: · Não farmacológico: consiste na orientação da perda de peso, incentivo a prática de exercício físico de forma individualizada (a depender da demanda e do quadro dele, o exercício físico varia de forma adequada para cada paciente), além de lançar mão de órteses. · Já o farmacológico, é necessário entrarmos com 3 tipos de medicamentos: anti-inflamatórios, antidepressivos e um analgésico tópico. · AINES: · São os principais medicamentos usados para OA, para paciente quem dores de intensidade leve a moderada. · Eles atuam inibindo a COX (enzima que participa na formação de prostaglandina e tromboxano), tendo as formas COX1 (enzima constitutiva, que inibe a secreção gástrica do estômago e participa da filtração do plasma no rim) e COX2 (participa da inflamação). · Os AINES não seletivos inibem tanto a via do COX1 como do COX2, diferente dos AINES seletivos, que tendem a ser mais custosos, que previnem a toxicidade gastroduodenal e renal. No entanto, tanto o COX1 como COX2 aumentam o risco cardiovascular. · Tipos: · AINES não seletivos: Usar o paracetamol (tem mais efeitos adverso que analgésicos na OA) associado a um protetor gástrico como omeprazol; · AINES seletivos: Temos como exemplos a nimesulida e celocoxibe; · Vantagem: Não provoca dependência química; · Desvantagens: Aumenta o risco de complicações gastrointestinais, cardiovasculares e renais, sendo contraindicado para casos de insuficiência renal e sangramento gastrointestinal. Portanto, não é preferível usá-lo em pacientes hipertensos e diabéticos; · Em caso de osteoartrite em mão e joelho, pode lançar mão de um AINE tópico e, caso não surta efeito, oral. Além disso, em casos de inflamação acentuada, podemos entrar com infiltração intra-articular de corticoides; · SEMPRE deve ser usado a menor dose necessária para o alcance da analgesia do paciente. · Antidepressivos: · Usado para pacientes com C.I. do uso de AINES, atuam na inibição da recaptação de noradrenalina e serotonina. Podem ser usados: · Duloxetina: Antidepressivo caro é indicado em pacientes com OA generalizada (em múltiplas articulações) -> dose: 60 mg, 1x/dia; · Amitriptilina: É oferecido pelo SUS, mas tem mais efeitos adversos (aumento do risco cardiovascular, causa xerostomia, aumento da pressão arterial) -> Dose: 25 mg a 150 mg, 1x/dia. · Os antidepressivos podem provocar dependência química ao ponto de, ao longo do tempo, suas doses não conseguem satisfazer a demanda sintomatológico do paciente, perdendo seu efeito. Além disso, tem como efeito adverso o emagrecimento ao longo de 3 meses de uso. · Analgésico tópico: · É usado a capsaicina, que atua na dessensibilização dos axônios sensoriais, aliviando a dor, sendo utilizado quando há ineficácia ou C.I. de outras terapias. É utilizado na dose de 25 mg/g, 3-4x/dia. Após o uso dessa “pomada”, o paciente deve lavar as mãos, para que não haja parestesia e sua mão fique “dormente”. · Caso esses dois tratamentos não surtam o efeito esperado e o paciente continuem gravemente sintomático, podemos entrar com medidas intervencionistas. Temos como exemplos: · Lavagem articular: Uso de soro fisiológico para remover os debris dentro da cápsula articular, aliviando o quadro clínico por meses; · Remoção de fragmentos por artroscopia: Retirar os fragmentos de cartilagem degenerada pode ajudar na melhora de sintomas por meses, ajudando no alívio da dor e diminuição de manifestações mecânicas, como rigidez; · Artroplastia: Consiste no procedimento cirúrgico em que há a remoção da articulação lesionada, sendo substituída por uma prótese articular. Essa opção é recomendada para pacientes graves que, mesmo com o tratamento clínico ideal, não houve minimização da dor refratária e da incapacidade articular. ACHADOS DE IMAGEM – OSTEOARTRITE Radiografia Simples: · Para avaliação de AO dos membros inferiores é importante a realização de imagens com carga, em posição ortostática (em pé). Isso garante a correta avaliação do grau real do pinçamento articular e eventuais desvios rotacionais. · Alterações: · Interlinha Articular: em consequência da destruição cartilaginosa ocorre a redução da espessura da interlinha articular, assim, gerando o pinçamento articular. Esse achado é inespecífico, porém tem valor diagnóstico na AO, principalmente se o pinçamento ocorrer focalizado na região de maior carga mecânica, diferente do que é observado nas afecções inflamatórias (como artrite reumatóide), nas quais o pinçamento é mais homogêneo e global dentro da articulação. · Esclerose Subcondral: a esclerose ocorre em consequência de microfraturas trabculares, que acontecemem zonas de maior carga mecânica. O processo de reparação óssea gera a esclerose, que ocorre junto a região de afilamento ou erosão condral, sendo sua extensão, geralmente, proporcional ao grau de lesão condral. · Geodos Subcondrais: chamados de cistos, podem ser múltiplos e de diferentes tamanhos (de milímetros a centímetros) · Osteófitos: São resultados de uma característica reparativa da OA não tendo relação com a progressão da doença. Possuem a função de aumentar a superfície de contato e estabilizar a articulação. Existem quatro tipos de osteófitos. · Maginais -> desenvolvem-se em área de pouco estresse articular. · Planos ou Centrais -> desenvolvem-se onde um remanescente de cartilagem articular ainda existe e a hipervascularização leva a uma ossificação endocondral. · Capsulares -> encontrados, nas articulações interfalagianas. · Periosteais -> ocorrem principalmente no aspecto medial do colo femoral, resultado da ossificação membranosa devido a microfraturas do trabéculo. · Modificações da Sinóvia: as radiografias simples são capazes de evidenciar uma tumefação articular, representada por um derrame articular ou espessamento sinovial no qual há uma área hipodensa pararticular com o deslocamento de coxins adiposos. Também podem ser identificadas opacidades minerais no interior da articulação, caracterizando os corpos livres. · Condrocalcinose: pode haver depósitos de microcristais de cálcio na fibrocartilagem, que marcam o processo degenerativo da articulação. Ressonância Magnética: · Possibilita uma avaliação direta da cartilagem hialina. · Considerado o melhor método não invasivo para a avaliação da cartilagem articular devido ao seu alto contraste de partes moles. (Porém, alto custo) · A RM pode oferecer informações sobre a espessura condral, alterações morfológicas das superfícies condral, alterações de sinal intrasubstanciais da cartilagem, além de avaliar alterações do osso subcondral. · As sequências ponderadas em T1 são úteis para avaliar o osso subcondral. · As sequencias ponderadas em T2 avaliam o osso subcondral e a interface entre a cartilagem e líquido sinovial, com menor distinção das alterações de sinal intrínsecas da cartilagem hialina. · Outra sequência importante na avaliação da AO é a sequência ponderada em densidade de prótons, que fornece um maior contraste da estrutura da cartilagem hialina e também avalia a interface cartilagem-líquido sinovial e osso trabecular. · A utilização da saturação do sinal de gordura da RM também aumenta o contraste entre o osso subcondral e a cartilagem, melhorando a detecção de alterações subcondrais relacionadas com as lesões cartilaginosas. · Aspectos da cartilagem normal: · Na RM é possível observar um padrão trilaminar da cartilagem hialina normal: · 1- Lâmina superficial com hipossinal; · 2- Lâmina intermediária com hiperssinal; · 3- Lâmina profunda com hipossinal; · Esse aspecto trilaminar é mais evidente nas cartilagens de maior espessura, como as da patela e da tróclea femoral; · Podem existir algumas variações normais no sinal da cartilagem pela RM, dependendo da sequência utilizada, da área de superfície articular e da orientação dessa em relação ao campo magnético principal. · Lesão Condral: · Lesão condral típica de AO é diagnosticada por alterações de sinal, espessura e morfologia da cartilagem hialina; · O sinal de RM mais especifico de lesão condral é a presença de uma área de elevação do sinal nas sequencias ponderadas em densidade de prótons (DP) e T2 gralmente. · Alterações do Osso Subcondral: · A RM pode detectar geodos (cistos), esclerose e osteofitose. · Outra alteração frequentemente associada é a elevação de sinal do osso subcondral denominadas edema ósseo, que consiste na expressão de várias alterações histológicas, como necrose, fibrose e microfraturas trabeculares. · Alterações Sinoviais: · Lesão condral crônica com produção de debris cartilaginosos produz uma resposta inflamatória local que pode se estender a membrana sinovial, provocando sinovite. · Os achados da RM podem ser representados por hiperplasia, espessamento e hipervascularização com realce da cápsula sinovial. · Em alguns casos, a resposta sinovial é muito extensa e pode adquirir formas pseudotumorais nos exames de imagem. · É comum a presença de corpos livres articulares; Referências: · Sociedade Brasileira de Reumatologia. Consenso brasileiro para o tratamento da osteoartrite (artrose). Rev Bras Reumatol 2002;42(6):371-4. · Rezende MU, Campos GC, Pailo AF. Conceitos atuais em osteoartrite. Acta Ortop Bras. [online]. 2013;21(2):120-2. Disponível em URL: http://www. scielo.br/aob. · GOLDMAN, Lee; SCHAFER, Andrew. Cecil Medicina. 24ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014
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