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Educação e a Relação Educação-Ensino

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ (UECE)
CURSO DE LICENCIATURA EM FILOSOFIA
DISCIPLINA: Método e Prática de Ensino 1 em Filosofia
DISCENTE: David Rocha Vasconcelos
EDUCAÇÃO E A RELAÇÃO EDUCAÇÃO-ENSINO
1. O que é a educação e como se dá a relação educação-ensino.
Genericamente falando, a educação consiste em um processo de
desenvolvimento integral do ser humano, isto é, é um processo que abrange as
capacidades físicas, intelectuais e morais, tendo em vista não só a formação de
habilidades, mas também do caráter e personalidade social do indivíduo. No Brasil, de
acordo com a LDB (lei de diretrizes e bases) artigo 1°: ‘’ A educação abrange os
processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no
trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações
da sociedade civil e nas manifestações culturais’’.
O processo educacional realizou-se de diversas maneiras no decorrer da história
humana, nas civilizações antigas a educação era de certa forma difusa, pois como a
escola é uma instituição moderna, todos estavam sujeitos a educar e ser educados por
todos nas experiências cotidianas. Na medida em que as sociedades humanas
desenvolveram-se e se tornaram mais complexas, surgiram novas organizações
especificamente encarregadas do processo de transmitir as heranças culturais
respectivas para as novas gerações. Contudo, o processo educacional não se restringe a
transmissões de heranças culturais de um povo, significa também o progresso de novos
conhecimentos e a ruptura com os velhos. Ou seja, o processo educativo é uma
transição constante de um estado para outro. Nesse âmbito o ensino consiste no
processo de transmissão destes conhecimentos de um indivíduo para o outro. Portanto,
podemos definir o ato pedagógico como uma atividade sistemática de interação entre os
seres sociais, tanto no nível intrapessoal como no nível interpessoal, interação essa que
caracteriza uma ação exercida sobre um sujeito ou grupo de sujeitos visando provocar
neles mudanças eficazes que os tornem elementos ativos desta ação exercida.
O processo pedagógico é composto por três componentes interligados: o agente
cognoscente (detentor do conteúdo, mensagem, habilidade, etc), a mensagem ou
conteúdo e o educando. O ato pedagógico se consolida na interação entre o educando e
o conteúdo que é mediado pelo agente. Dado o caráter mediador, o ato pedagógico torna
possível a relação bilateral entre o indivíduo e a sociedade. Devido a esse caráter
bilateral entre indivíduo e sociedade, nós não podemos pensar a educação fora desse
meio sócio-histórico.
2. Perspectivas histórico-filosóficas da educação. (Platão, Rousseau e Paulo
Freire.)
2.1 Uma breve exposição da educação na Grécia antiga.
Quando falamos de educação, faz-se necessário retornarmos ao ponto de partida
de onde foram desenvolvidas as primeiras teorias educacionais, onde a compreensão
da cultura e do lugar ocupado pelo indivíduo na sociedade perpassa o ensino e o
desenvolvimento destas teorias, estamos falando da Grécia antiga. A educação grega
centrava-se em uma formação integral –corpo e espírito – onde a ênfase em um
destes aspectos variava de acordo com a finalidade política da nação e a época em
questão.
A educação participa na vida e no crescimento da
sociedade, tanto no seu destino exterior como na sua
estruturação interna e desenvolvimento espiritual; e, uma
vez que o desenvolvimento social depende da consciência
dos valores que regem a vida humana, a história da
educação está essencialmente condicionada pelos valores
válidos para cada sociedade. (JAEGER, 1994, p. 05).
Antes do surgimento da escrita a educação era dada pelas famílias, seguindo a
tradição religiosa da época, já os jovens da elite aristocrática grega eram deixados a
cargo dos preceptores ou pedagogos, que eram os responsáveis por proteger e ensinar às
crianças conhecimentos éticos, morais e políticos para que elas se tornassem bons
cidadãos. Com o surgimento da pólis aparecem as primeiras escolas, contudo, o acesso a
estas ainda era reservado em sua maioria para as elites.
2.2 A concepção de educação em Platão.
Platão foi um filósofo grego que viveu em Atenas entre 427 a 347 A.c cujas
opiniões e posições políticas em relação a educação visavam o bem comum, além de
fornecer uma postura crítica diante do sistema educacional da sua época que era regido
pelos sofistas, sujeitos que davam ênfase no desenvolvimento da oratória, visto eram
pagos para isso, pode-se concluir que os fins educacionais dado pelos sofistas eram
individuais, visando a formação de políticos para governar a Pólis de acordo com seus
interesses pessoais. Na Pólis predominava o debate político, feitos em grandes lugares
públicos (ágora) de forma oral, logo, a principal preocupação dos sofistas era
aperfeiçoar a retórica dos seus alunos, e não prepará-los eticamente para se tornarem
cidadãos gregos que visavam o bem comum acima de tudo. A tese platônica foi
essencial para pensarmos atualmente a educação de uma forma crítica, visto que o
desenvolvimento de sua tese partiu do seu descontentamento com os governantes e
políticos do seu tempo, outros fatores cruciais que o influenciaram a tomar uma posição
política foram a derrota de Atenas para Esparta e a morte de seu mentor, Sócrates.
Profundamente desapontado com a política de seu tempo, Platão concebe uma
ideia de educação vinculada à política, visando uma formação integral do indivíduo e
comprometida com a coletividade. Diante de sua realidade política é que o nosso
filósofo concebe sua obra, e nela fica clara a vinculação da educação com a política, que
visa a formação de de governantes e cidadãos completos, dotados de virtudes como
sapiência, fortaleza, temperança e justiça. Tais virtudes se desenvolveram partindo de
um processo educacional lento, que abrangeria os âmbitos físico, moral e intelectual e,
sendo a educação um bem do estado, quem fosse por ela beneficiado, deveria voltar-se
para o bem comum. Platão concebe um estado ideal governado por homens sábios que
visam o bem comum. Para governar nesse estado, os candidatos ao governo deveriam
fazer parte desse projeto educacional por pelo menos cinquenta anos, a fim de
selecionar por meio das virtudes, os integrantes que comporiam as três classes do estado
idealizado pelo filósofo. Portanto, o estado deveria ser o responsável por fornecer a
educação. A educação na perspectiva platônica seria a base para transcender o
artificialismo do mundo sensível, através de indivíduos responsáveis pelo bem coletivo,
é neste sentido que se dá a crítica a instrução dos sofistas que ficavam em posições
individuais.
2.3 A concepção de educação em Rousseau.
Jean-Jacques Rousseau foi um filósofo social europeu nascido no século XVIII,
período conhecido por acontecimentos histórico-filosóficos como: a ascensão da
burguesia após a defasagem da manufatura e o avanço do sistema capitalista, e o
movimento iluminista, caracterizado por defender o uso da razão, trazendo para a
sociedade uma perspectiva mais antropocêntrica, onde há um avanço nas ciências e no
uso das faculdades racionais dos indivíduos; maior liberdade econômica e política; e o
predomínio da burguesia e dos seus ideais. Rousseau presenciou a efervescência social
desse período causada pelo processo de industrialização, e o consequente aumento
populacional das cidades, que também veio acompanhado de mudanças nos valores
sociais. Consolida-se uma sociedade pautada no individualismo e na competição,
emergindo relações pautadas no artificialismo e nas aparências. Todo o contexto
histórico da época do filósofo terá forte influência na produção de sua teoria
educacional. No século XVIII a educação era restrita às elites: por sua vez, as crianças
eram vistas como pequenos adultos, não havia ainda a ideia moderna de ‘’infância’’, a
preocupação com a temporalidade da aprendizagem era praticamente inexistente,
incluindo também o fato do ingressoprecoce ao mercado de trabalho das crianças. Já
que estamos tratando da educação no século das luzes, vale ressaltar o surgimento das
escolas modernas neste período. Visto que foi desenvolvida nesta época, a escola
moderna possui finalidades que estavam presentes no contexto social e político do
século XVIII, portanto, há uma descontextualização prática em sua lógica de
funcionamento, o que torna suas finalidades anacrônicas.
Rousseau diante de sua sociedade é um defensor da liberdade e da formação de
um estado igualitário, tendo em vista o caráter sociável que o autor atrelou ao homem,
as interações seriam permeadas por meio de um contrato.
O filósofo trata da educação em sua obra intitulada ‘’Emílio’’, onde o
protagonista é um aluno fictício criado por Rousseau, que juntamente com seu
preceptor, percorre um trajeto educacional de 25 anos, que tem como objetivo a
formação de ser humano autônomo, sociável e moral. Seu método caracteriza-se por
valorizar o desenvolvimento da criança, levando em conta sua temporalidade e
necessidades de aprendizagem, levando em conta o desenvolvimento sensorial, mental e
moral do ser humano. Na sua tese educativa são postas três fases necessárias para
formação do homem, cada uma com suas aprendizagens específicas, condizentes com a
idade, capacidade e necessidade da criança, adolescente ou jovem. Estas fases são: a
infância (0-12 anos), adolescência (12-15 anos) e a juventude (15-25 anos).
A infância trata-se do período em que a criança mais depende dos adultos para
sobreviver, é perceptível neste aspecto a preocupação de Rousseau com o
desenvolvimento sensorial e experimental da criança, necessário a construção de sua
autonomia. Nessa primeira fase a educação proposta pelo autor deveria ser a mais
natural possível, mantendo a liberdade da criança, mas tendo a perspicácia de discernir
entre desejos necessários e úteis daqueles regrados pelo vício.
A segunda fase, fase da adolescência, caracteriza-se como a época da força,
onde a força física do adolescente ultrapassa os limites de suas necessidades naturais e a
criança adquire a capacidade de se adaptar a circunstâncias. Segundo Rousseau, o
adolescente é orientado a ter uma profissão que não deixe de lado o entusiasmo
amoroso pelo cientificismo. Nesse período que inicia-se a educação racional e social,
introduzindo o método discursivo que caracteriza um deslocamento da centralidade da
educação pelas coisas, possibilitando uma pedagogia baseada no contrato e na
negociação, premissas rousseaunianas que permeiam a sociabilidade humana.
O período de 15 a 20 anos ganha de Rousseau a conotação do nascimento do
homem para a sociedade, pois é quando inicia-se a relação com outros homens e com o
mundo. É neste período que o jovem é preparado para adentrar a sociedade do ponto de
vista moral, jurídico e político, é a fase da maturidade.
O aluno é acompanhado por mais 5 anos, chegando até os 25, que segundo
Rousseau, é onde Emílio está preparado para conhecer uma mulher, no caso Sofia, uma
jovem que também foi preparada para ocupar o seu lugar na sociedade.
O pilar da pedagogia do nosso autor neste tópico é a educação natural, por
acreditar que a sociedade é promotora de valores artificiais, por isso a ênfase do filósofo
em uma educação solidária para as crianças, baseada na lei da necessidade e do cuidado,
seguindo o princípio da educação pelas coisas, tomando consciência das potencialidades
e limites a temporalidade da criança.
2.4. A concepção de educação em Paulo Freire.
Paulo Freire foi o educador brasileiro (1921-1997) mais conhecido e estudado
no mundo. Foi reconhecido por desenvolver seu método único de alfabetização de
adultos e por desenvolver um pensamento pedagógico com posicionamento político. O
maior objetivo da educação para Freire é a conscientização do aluno diante do seu
contexto político, social e histórico. Ou seja, é uma pedagogia que busca conscientizar
as parcelas mais desfavorecidas da sociedade, levá-las a entender o atual sistema de
classes burguês que põe em uma condição oprimida e levá-las a conscientização para
agirem em favor da própria libertação. Desenvolvedor de um projeto que incentiva a
criticidade dos alunos, Paulo Freire condenava o método de ensino adotado pelas
escolas brasileiras de sua época, que ele classificou de educação bancária. Nela,
segundo o autor, o movimento do conhecimento é unilateral, o professor como detentor
do conhecimento, deposita o conteúdo no aluno, que possui um papel passivo nesse
processo. Para o autor, trata-se de uma escola alienante, mas igualmente ideologizada
como a que ele propunha para despertar os oprimidos. Segundo o educador, a tônica da
escola tradicional burguesa reside em matar nos educandos a curiosidade, enquanto a
sua proposta propunha deixá-los inquietos.

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