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Infecções Bacterianas Agudas BEATRIZ CÂMARA DE OLIVEIRA TURMA 115 ODONTO INFECÇÕES BACTERIANAS BUCOFACIAIS Maioria é oportunista: micro-organismos da própria microbiota anfibiôntica bucal Dose infecciosa mínima: número de micro- organismos da microbiota excede um valor crítico Geralmente polimicrobianas => Desafio para o microbiologista Predominância de anaeróbios estritos; Observa-se claramente o sinergismo bacteriano patogênico nas comunidades microbianas; Localizadas ou não. Considerações Gerais: Trauma Má ou desnutrição AIDSÓGICOS Antibioticoterapia Quimioterapia e radioterapia Neoplasias malignas Fatores Predisponentes: DIAGNÓSTICO LABORATORIAL Qualidade da amostra; Potencial de contaminação da amostra por micro-organismos da saliva; Cuidados na coleta de bactérias sensíveis ao oxigênio - Amostras de pus => aspiração - Swab estéril armazenado em meio de transporte adequado - Transporte rápido Método de Gram; Meios à base de ágar seletivos e não- seletivos (ágar sangue); Crescimento primário após 18 a 24h de incubação; Maior tempo de incubação é necessário para identificar bactérias de crescimento lento; Técnicas moleculares; Alta parcela de espécies não cultiváveis nas infecções bucofaciais (~25%). SUSCEPTIBILIDADE ANTIMICROBIANA Emergência global da resistência aos antibióticos; Aumento na resistência à penicilina em infecções bucofaciais => falha do tratamento; Realização de testes de susceptibilidade antimicrobiana; Técnicas moleculares => detecção de genes de resistência. Tratamento endodôntico/exodontia. Se houver evidência de disseminação rápida/sistêmica; Limita dispersão na região e previne disseminação a outros órgãos. Primeira escolha: penicilina Principais agentes alternativos: eritromicina e metronidazol Drenagem do pus => libera a maioria dos micro- organismos infectantes, permitindo que as defesas do hospedeiro sejam mais efetivas; Remoção da fonte de infecção Antibioticoterapia (somente se for necessário) INFECÇÃO AGUDA x CRÔNICA Agentes infecciosos de alta patogenicidade Formação de Abscesso Agente infeccioso de baixa patogenicidade Destruição tecidual e tentativas de reparo Infecção Aguda => Inflamação Aguda Infecção Crônica => Inflamação Crônica INFECÇÕES BACTERIANAS AGUDAS (Bucofaciais) 1) Infecções dentoalveolares 2) Angina de Ludwig 3) Trombose do seio cavernoso 4) Osteomielite 5) Alveolite seca 6) Pericoronarite Aspectos Clínicos e Progressão das Infecções Bacterianas Bucofaciais Agudas: Resultam na formação de abscessos: coleção localizada de bactérias e seus produtos, células inflamatórias, produtos da destruição tecidual, proteínas séricas e outros materiais orgânicos. Os abscessos exercem pressão sobre o ambiente ao seu redor (enzimas, osteoclastos => destruição tecidual local). Pode haver efeito sistêmico: aumento da temperatura corpórea; septicemia; coma. Diagnóstico das Infecções Bacterianas Bucofaciais Agudas: Histórico do paciente; Sinais e sintomas; Testes microbiológicos: confirmar diagnóstico e monitorar a eficácia do tratamento para ajudar na decisão de continuar ou parar a terapia. *Terapia empírica: quando a terapia antimicrobiana é prescrita sem o benefício de investigações microbiológicas. Princípios Básicos do Tratamento das Infecções Bacterianas Bucofaciais Agudas: Abscessos periodontais Abscessos dentoalveolares agudos (abscesso periapical, abscesso dentário) Infecções dentoalveolares *afetam dentes e estruturas de suporte* 1) INFECÇÕES DENTOALVEOLARES Infecção purulenta localizada nos tecidos periodontais de dentes com polpa vital Edema e eritema localizados; Dor e mobilidade dentária; Pode haver drenagem purulenta na margem gengival. Drenagem de exsudato de bolsas periodontais impedida por algum material exógeno => formação do abscesso Microbiota similar à bolsa periodontal profunda Bacilos Gram-negativos anaeróbios (Porphyromonas spp., Prevotella spp., Fusobacterium spp., Actinomyces spp., estreptococos hemolíticos, Capnocytophaga spp. e espiroquetas). Infecção bacteriana bucofacial aguda mais frequente; Coleção de pus na polpa ou ao redor da raiz do dente; Resultam da necrose da polpa, em geral, pela progressão de uma lesão de cárie. Disseminação direta a partir dos canais radiculares, através do ligamento periodontal ou via hematogênica. Pode ser precedido por um período de infecção crônica (granuloma periapical). Os abscessos são hipertônicos e exercem pressão sobre o ambiente adjacente => reabsorção óssea. ABSCESSO PERIODONTAL (abscesso lateral) Drenagem da área e irrigação com antisséptico bucal (clorexidina 0,2%); Avaliação da condição de suporte do dente => manutenção ou exodontia; Antibioticoterapia geralmente não é necessária. TRATAMENTO: ABSCESSO DENTOALVEOLAR (abscesso periapical, abscesso dentário) edema localizado, eritema e trismo (contração involuntária dos músculos mastigatórios) febre, mal-estar (resposta ao TNF-alfa circulante e endotoxinas bacterianas) Início da inflamação aguda = Dor intensa Pode surgir: Anaeróbios facultativos (Streptococcus spp., Actinomyces spp., Lactobacillus spp. e Haemophillus spp.) Anaeróbios estritos (Veillonella spp. Prevotella spp., Porphyromonas spp., Fusobacterium spp., Peptoestreptococcus spp.) Infecção polimicrobiana O tamanho e a expansão do abscesso estão relacionados ao número de espécies bacterianas viáveis presentes = SINERGISMO BACTERIANO Drenagem cirúrgica; Pode ser coletado conteúdo purulento para cultura; Antibioticoterapia: *Impossibilidade de drenagem ou se houver envolvimento sistêmico; *Penicilina e derivados; *Metronidazol, eritromicina TRATAMENTO: Celulite envolvendo os espaços submentoniano, sublingual ou submandibular, entre os tecidos conjuntivos e músculos (espaços fasciais). ANGINA: SUFOCAMENTO, ASFIXIA Infecção endógena mista: *anaeróbios facultativos – Streptococcus spp. *anaeróbios estritos – Prevotella spp.; Fusobacterium spp.; Porphyromonas spp. *ocasionalmente, coliformes, estafilococos, enterobactérias Considerada uma infecção odontogênica grave; Celulite se estende aos tecidos do pescoço, enrijecimento tecidual, dificuldade de deglutição, taquicardia, hipotensão, febre, letargia e desidratação => Encaminhamento hospitalar imediato! Óbito - países em desenvolvimento, intervenção tardia ou falha no tratamento 2) ANGINA DE LUDWIG Infecção disseminativa; Progressão agressiva e rápida; Geralmente, é oriunda de um abscesso dentoalveolar. Pode estar associada a infecções nas glândulas submandibulares e com trauma no assoalho da boca. 70% - dentes molares inferiores. Hospitalização Manutenção das vias aéreas: intubação ou traqueostomia Antibióticos de amplo espectro (ceftriaxona e metronidazol) em altas doses e fluidos por via intravenosa; Drenagem cirúrgica; Eliminar a causa primária da infecção. 3) TROMBOSE DO SEIO CAVERNOSO Muito rara, poucos casos descritos; Disseminação da infecção dentoalveolar maxilar por via venosa para região do seio cavernoso (intracraniana); Infecção odontogênica grave: *Streptococcus spp., Actinomyces spp., Fusobacterium spp., Staphylococcus aureus; *Tratamento similar ao da Angina de Ludwig; *Alta mortalidade 75-100% - antes do advento da antibioticoterapia; 30% - atualmente.. 4) OSTEOMIELITE Processo inflamatório da medula do osso maxilar ou mandibular, podendo se estender para a cortical óssea e periósteo. Aguda ou crônica; Associada a regiões com baixa vascularização (mais frequente em mandíbula) Abscesso periapical e traumas severos (fraturas ósseas) são as causas mais comuns. Processo inflamatório da medula do osso maxilar ou mandibular, podendo se estender para a cortical óssea e periósteo. Osteoradionecrose: decorrente de radioterapia - hipóxia, hipocelularidade e hipovascularização / colonização secundária do osso por bactérias. Dor severa, linfadenopatia, aumento da temperatura, percepção sensorial alterada. Destruição do osso envolvido,com supuração e sequestro ósseo (fragmento de osso necrótico que foi separado do osso vital adjacente); Os tecidos moles sobre a lesão podem ficar distendidos e, eventualmente, romperem-se expondo o osso. Forma localizada de osteomielite; Associada com falha na cicatrização após exodontia de rotina; Etiologia não é completamente compreendida, mas envolve fibrinólise do coágulo sanguíneo; Traumatismo? Infecção oportunista? Papel das bactérias na etiologia não é bem estabelecido. Processo inflamatório que surge nos tecidos moles em volta da coroa de um dente parcialmente erupcionado. Anaeróbios estritos (bacilos Gram-negativos – Fusobacterium, Tannerella, Prevotella e Porphyromonas spp.) e Actinomyces spp. TRATAMENTO: Cirúrgico (remoção do osso necrosado) ou com uso de antibióticos (clindamicina – atinge níveis terapêuticos no osso). Cirurgias reconstrutivas posteriores e enxertos podem ser necessários. 5) ALVEOLITE SECA Micro-organismos esparsos:. Anaeróbios estritos (bacilos Gram-negativos – Fusobacterium spp., Prevotella spp.). • S. aureus e Actinomyces spp. Antibioticoterapia profilática não é indicada na rotina, apenas em caso de fatores predisponentes significativos: área pouco vascularizada ou histórico de ocorrência em exodontia prévia); Gel de clorexidina no local da exodontia => prevenção. Apresenta-se como uma cavidade vazia, sem organização de estrutura de coágulo. Halitose; Extremamente dolorosa. Irrigação do alvéolo Analgésicos Metronidazol (se existir envolvimento sistêmico) TRATAMENTO: OBS: 2 ou 3 dias após a exodontia, o exame clínico revela cavidade vazia no local. 6) PERICORONARITE 17 a 25 anos – terceiros molares; Extremamente doloroso (trauma adicional pelo antagonista); Espasmos em músculos adjacentes e trismo. Prevotella intermedia Fusobacterium spp. Aa T. forsythia Estreptococos anaeróbios Micro-organismos: Infecção polimicrobiana com predomínio de anaeróbios estritos Debridamento e irrigação local Disseminação local ou sistêmica => Metronidazol ou amoxicilina Remoção do “capuz gengival” - manutenção do dente Exodontia se o dente estiver impactado. TRATAMENTO:
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