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RESUMO FARMACO - Antivirais

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Moisés Santos|@eumoisesantos_ Odontologia UFPE – Farmacologia IV – 2020.2 
Antivirais 
Os vírus são parasitas obrigatoriamente 
intracelulares. Eles são desprovidos tanto de 
parede celular quanto de membrana celular, e não 
realizam processos metabólicos. Os vírus se 
beneficiam do mecanismo metabólico do 
hospedeiro, e poucos fármacos são 
suficientemente seletivos para evitar a multiplicação 
viral sem lesar as células hospedeiras. 
O tratamento das doenças virais é ainda 
mais complicado pelo fato de os sintomas clínicos 
aparecerem tardiamente, num momento em que a 
maioria das partículas virais já se multiplicou. Nessa 
etapa da infecção viral, a administração de 
fármacos que bloqueiam a replicação do vírus tem 
eficácia limitada. Todavia, alguns antiviróticos são 
úteis como agentes profiláticos. 
Tratamento de infecções virais 
respiratórias 
As infecções virais do trato respiratório, para 
as quais existem tratamentos, incluem a gripe (ou 
influenza) tipos A e B e o vírus sincicial respiratório 
(VSR). 
OBS.: a imunização contra a gripe A é a abordagem preferencial. 
Contudo, os antivirais são usados quando os pacientes são alérgicos 
à vacina ou quando ocorre um surto. 
• Inibidores da neuraminidase 
Os inibidores da neuraminidase oseltamivir e 
zanamivir são eficazes contra os dois tipos de vírus 
da gripe, A e B. Eles não interferem na resposta 
imune à vacina da gripe. 
OBS.: quando administrados antes da exposição, os inibidores da 
neuraminidase previnem a infecção e, se forem administrados 24 a 
48 horas após o início dos sintomas, diminuem modestamente a 
intensidade e a duração dos sintomas. 
1. Mecanismo de ação: o vírus da gripe 
emprega uma neuraminidase específica, 
que é inserida na membrana celular do 
hospedeiro para proporcionar a liberação 
de vírions recentemente formados. Essa 
enzima é essencial para o ciclo vital do 
vírus. O oseltamivir e o zanamivir inibem 
seletivamente a neuraminidase, 
prevenindo, assim, a liberação de novos 
vírions e sua disseminação de célula a 
célula. 
2. Farmacocinética: o oseltamivir é um pró-
fármaco ativo por via oral, rapidamente 
biotransformado pelo fígado em sua 
forma ativa. O zanamivir não é tão ativo 
por via oral quanto é por inalação. Ambos 
são eliminados, inalterados, na urina. 
3. Efeitos adversos: os mais comuns do 
oseltamivir são desconforto 
gastrintestinal (GI) e náuseas, que 
podem ser aliviados pela ingestão do 
fármaco com alimento. Ocorre irritação 
do trato respiratório com zanamivir. Ele 
deve ser usado com cautela em 
indivíduos com asma ou doença 
pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), pois 
pode ocorrer broncoespasmo. 
4. Resistência: Foram identificadas 
mutações da enzima neuraminidase em 
adultos tratados com ambos os 
inibidores. Esses mutantes, todavia, são 
frequentemente menos infectantes e 
virulentos do que o tipo selvagem. 
 
• Antivirais adamantano 
O espectro terapêutico dos derivados de 
adamantano, amantadina e rimantadina, é limitado 
a infecções por influenza A. 
 
Moisés Santos|@eumoisesantos_ Odontologia UFPE – Farmacologia IV – 2020.2 
OBS.: devido à resistência generalizada, os adamantanos não são 
recomendados para o tratamento ou a profilaxia da gripe A. 
1. Mecanismo de ação: a amantadina e a 
rimantadina interferem na função da 
proteína viral M2, possivelmente 
bloqueando o descascamento da 
partícula viral e prevenindo a liberação do 
vírus no interior da célula infectada. 
2. Farmacocinética: ambos os fármacos são 
bem absorvidos após a administração 
oral. A amantadina é excretada, 
primariamente inalterada, na urina; é 
preciso diminuir a dosagem na disfunção 
renal. A rimantadina é extensamente 
biotransformada pelo fígado. Esse 
fármaco e seus metabólitos são 
eliminados pelos rins. 
3. Efeitos adversos: a amantadina é 
associada principalmente a efeitos 
adversos no SNC, como insônia, tontura 
e ataxia. Efeitos adversos mais graves 
podem incluir alucinação e convulsão. 
4. Resistência: o vírus da gripe A pode 
desenvolver resistência rapidamente, e 
linhagens resistentes podem ser 
transmitidasfacilmente para contatos 
próximos. Foi demonstrado que a 
resistência ocorre devido à alteração de 
um aminoácido da matriz proteica M2. 
Ocorre resistência cruzada entre os dois 
fármacos. 
 
• Ribavirina 
A ribavirina, um análogo sintético da 
guanosina, é eficaz contra um amplo espectro de 
vírus RNA e DNA. A ribavirina também é eficaz 
contra a hepatite C crônica quando usada em 
combinação com α-interferona. 
1. Mecanismo de ação: a ribavirina inibe a 
replicação dos vírus RNA e DNA. O 
fármaco é inicialmente fosforilado em 
derivados 5’-fosfato. Seu principal 
componente é o trifosfato de ribavirina, 
que exerce sua ação antivirótica e inibe a 
formação de trifosfato de guanosina 
(GTP), evitando a cobertura do RNA 
mensageiro (RNAm) viral e bloqueando a 
RNA-polimerase dependente de RNA. 
2. Farmacocinética: a ribavirina é eficaz por 
vias oral e inalatória. Um aerossol é 
usado no tratamento da infecção por 
VSR. A absorção da ribavirina é 
aumentada se for ingerida com alimento 
gorduroso. O fármaco e seus metabólitos 
são eliminados na urina. 
3. Efeitos adversos: os efeitos adversos da 
ribavirina incluem anemia temporária 
dose-dependente. Foi relatada elevação 
de bilirrubina. O aerossol pode ser mais 
seguro, embora a função respiratória da 
criança possa se deteriorar rapidamente 
após o início do tratamento. 
Tratamento de infecções virais hepáticas 
As viroses hepáticas já identificadas (A, B, C, 
D e E) apresentam patogenicidade envolvendo 
especificamente a multiplicação nos hepatócitos e 
sua destruição. Desse grupo, a hepatite B (um vírus 
DNA) e a hepatite C (um vírus RNA) são as causas 
mais comuns de hepatite crônica, cirrose e 
carcinoma hepatocelular e as únicas infecções 
virais hepáticas para as quais há tratamento 
disponível atualmente. 
OBS.: a hepatite A é uma infecção encontrada comumente, causada 
pela ingestão oral do vírus, mas não é uma doença crônica. 
• Interferonas 
As interferonas são uma família de 
glicoproteínas induzíveis, de ocorrência natural, 
que interferem na capacidade dos vírus de 
infectarem as células. As interferonas são 
sintetizadas por tecnologia de DNA recombinante. 
1. Mecanismo de ação: o mecanismo de 
ação antivirótico das interferonas não é 
completamente entendido. Ele parece 
envolver a indução de enzimas nas 
células do hospedeiro que inibem a 
translação do RNA viral, o que acaba 
causando a degradação do RNAm e do 
RNA transportador (RNAt) do vírus. 
2. Farmacocinética: as interferonas não são 
ativas por via oral, mas podem ser 
administradas por via intralesional, SC ou 
 
Moisés Santos|@eumoisesantos_ Odontologia UFPE – Farmacologia IV – 2020.2 
intravenosa (IV). A captação celular e o 
metabolismo pelo fígado e pelos rins são 
responsáveis pelo desaparecimento das 
interferonas do plasma. 
3. Efeitos adversos: incluem sintomas 
semelhantes aos da gripe, como febre, 
calafrios, mialgia, artralgia e distúrbios GI. 
Fadiga e depressão mental são comuns. 
Esses sintomas cedem com 
administrações continuadas. 
 
• Lamivudina 
É análogo da citosina é um inibidor do vírus 
da hepatite B (VHB) e da transpeptidase reversa do 
vírus da imunodeficiência humana (HIV). A 
lamivudina precisa ser fosforilada pelas enzimas 
celulares do hospedeiro para a forma de trifosfato 
(ativa). Esse composto inibe competitivamente a 
DNA-polimerase RNA-dependente do VHB. Como 
ocorre com muitos análogos nucleotídicos, a meia-
vida intracelular do trifosfato é muitas horas maior 
do que a meia-vida plasmática. 
• AdefovirÉ um análogo nucleotídico fosforilado por 
cinases celulares a difosfato de adefovir, que, por 
sua vez, é incorporado ao DNA viral. Isso termina o 
alongamento da cadeia e evita a replicação do VHB. 
OBS.: o adefovir pode aumentar os níveis de tenofovir por meio de 
competição pela secreção tubular. O uso concomitante deve ser 
evitado. 
• Entecavir 
É um análogo da guanosina, aprovado para 
o tratamento de infecções por VHB. Após 
fosforilação intracelular em trifosfato, ele compete 
com o substrato natural, o trifosfato de 
desoxiguanosina, pela transcriptase reversa viral. O 
entecavir é eficaz contra cepas de VHB resistentes 
à lamivudina. 
• Telbivudina 
É um análogo da timidina e pode ser usado 
no tratamento da hepatite B. A telbivudina é 
fosforilada intracelularmente ao trifosfato, que pode 
competir com o trifosfato de timidina endógeno pela 
incorporação no DNA ou ser incorporada ao DNA 
viral, onde serve para interromper o alongamento 
da cadeia de DNA. 
• Boceprevir e telaprevir 
O boceprevir e o telaprevir são os primeiros 
antiviróticos de ação direta e uso oral para o 
tratamento auxiliar para o combate do vírus da 
hepatite C, genótipo 1 crônico. Esses inibidores de 
serinoproteases VHC NS3/4A se ligam, de modo 
covalente e reversível, ao local ativo da protease 
NS3 e, assim, inibem a replicação viral nas células 
do hospedeiro. Os dois fármacos são inibidores 
potentes da replicação viral; contudo, eles têm 
limite escasso à resistência e, usados como 
monoterapia, desenvolvem resistência 
rapidamente. Por isso, o boceprevir e o telaprevir 
devem ser usados em associação à α-
pegintergerona e à ribavirina para aumentar as 
taxas de resposta e diminuir a resistência viral. A 
biotransformação do boceprevir e do telaprevir 
ocorre via isoenzimas CYP450. Como os dois 
fármacos são fortes inibidores da CYP3A4/5 e são 
também parcialmente biotransformados pela 
CYP3A4/5, eles têm potencial para interações 
complexas. 
Tratamento de infecção por Herpes-vírus 
Estão associados a um amplo espectro de 
doenças, como aftas bucais, encefalite viral e 
infecções genitais. Os fármacos eficazes contra 
esses vírus exercem suas ações durante a fase 
aguda da infecção viral e não têm efeito durante a 
fase latente. 
• Aciclovir 
A acicloguanosina é o protótipo dos anti-
herpéticos. Os herpes- vírus simples (HVS) tipos 1 
e 2 (HVS1 e HVS2), o vírus varicela-zóster (VVZ) e 
algumas infecções mediadas pelo vírus Epstein-
Barr são sensíveis ao aciclovir. Ele é o tratamento 
de escolha para encefalite causada pelo HVS. O 
uso mais comum do aciclovir é no tratamento contra 
infecções por herpes genitais. 
OBS.: o fármaco também é dado profilaticamente a pacientes 
soropositivos antes de transplantes de medula óssea e após 
transplante cardíaco, para protegê-los de infecções herpéticas. 
 
Moisés Santos|@eumoisesantos_ Odontologia UFPE – Farmacologia IV – 2020.2 
1. Mecanismo de ação: o aciclovir, um 
análogo da guanosina, é monofosforilado 
na célula por uma enzima codificada pelo 
herpes-vírus, a timidinocinase. Dessa 
forma, células infectadas pelo vírus são 
mais suscetíveis. O análogo 
monofosfatado é convertido às formas di 
e trifosfato pelas cinases das células do 
hospedeiro. 
2. Farmacocinética: a administração de 
aciclovir pode ocorrer pelas vias IV, oral 
ou tópica. O fármaco distribui-se bem 
pelo organismo, incluindo o líquido 
cerebrospinal (LCS). O aciclovir é 
parcialmente biotransformado em um 
produto inativo. 
3. Efeitos adversos: os efeitos adversos do 
aciclovir dependem da via de 
administração. 
4. Resistência: alteração ou falta de 
timidinocinase e DNA-polimerase tem 
sido encontrada em algumas linhagens 
virais resistentes e são isoladas mais 
comumente em pacientes 
imunocomprometidos. Nesta família, 
ocorre resistência cruzada com outros 
fármacos. 
 
• Cidofovir 
É um análogo nucleotídico da citosina, cuja 
fosforilação não depende de enzimas virais ou 
celulares. Ele inibe a síntese de DNA viral. A 
eliminação lenta do metabólito intracelular ativo 
permite longos intervalos entre dosificações e 
elimina o acesso venoso permanente, necessário 
no tratamento com ganciclovir. São 
coadministrados com o cidofovir a probenecida, por 
via oral, e a salina normal, por via IV, para diminuir 
o risco de nefrotoxicidade. Desde a introdução do 
tratamento antirretroviral altamente ativo (TARAA), 
diminuiu acentuadamente a prevalência de 
infecções por CMV em pacientes 
imunocomprometidos, como também a importância 
do cidofovir no tratamento desses pacientes. 
OBS.: cidofovir está aprovado para o tratamento da retinite por 
citomegalovírus (CMV), em pacientes com síndrome da 
imunodeficiência adquirida (Aids). 
• Foscarnete 
É um fosfonoformato (um derivado do 
pirofosfato) e não requer a ativação por cinases 
virais (ou celulares). O foscarnete inibe 
reversivelmente a DNA e a RNA-polimerase viral, 
interferindo, assim, na síntese de DNA e RNA viral. 
A mutação da estrutura da polimerase é 
responsável pela resistência viral. 
• Ganciclovir 
É um análogo do aciclovir com maior 
atividade contra o CMV. É usado no tratamento de 
retinite por CMV, em pacientes 
imunocomprometidos, e na profilaxia do CMV, em 
pacientes transplantados. 
1. Mecanismo de ação: como o aciclovir, o 
ganciclovir é ativado pela conversão em 
nucleotídeo trifosfato pelas enzimas virais 
e celulares. O nucleotídeo inibe a DNA-
polimerase viral e pode ser incorporado 
ao DNA, resultando no término da cadeia. 
2. Farmacocinética: é administrado por via 
IV e se distribui pelo organismo, incluindo 
o LCS. 
3. Efeitos adversos: incluem grave 
neutropenia dose-dependente. O 
ganciclovir é carcinogênico, bem como 
embriotóxico e teratogênico em animais 
de laboratório. 
4. Resistência: Têm sido detectadas 
linhagens de CMV resistentes que 
apresentam níveis mais baixos de 
trifosfato de ganciclovir. 
 
• Penciclovir e fanciclovir 
O penciclovir é um derivado nucleosídico da 
guanosina acíclica ativo contra HVS1, HVS2 e VVZ. 
Ele é monofosforilado pela timidinocinase viral, e 
enzimas celulares formam o nucleosídeo trifosfato, 
que inibe a DNA-polimerase do HVS. O trifosfato de 
penciclovir apresenta meia-vida intracelular muito 
mais longa do que o trifosfato de aciclovir. O 
fanciclovir, outro análogo acíclico da 2′-
desoxiguanosina, é um pró-fármaco 
biotransformado em penciclovir ativo. O espectro 
antiviral é similar ao do ganciclovir e está aprovado 
 
Moisés Santos|@eumoisesantos_ Odontologia UFPE – Farmacologia IV – 2020.2 
para o tratamento de herpes-zóster agudo, infecção 
genital por HVS e herpes labial recorrente. 
• Trifluridina 
É um análogo do nucleosídeo pirimidina 
fluorado, estruturalmente similar à timidina. Uma 
vez convertido em trifosfato, o fármaco parece inibir 
a incorporação de trifosfato de timidina no DNA viral 
e, em menor extensão, leva à síntese de DNA 
defeituoso, que torna o vírus incapaz de se 
multiplicar. A trifluridina é eficaz contra HVS1, HVS2 
e vírus vaccínia. Ela é indicada para o tratamento 
da ceratoconjuntivite HVS e da ceratite epitelial 
recorrente. 
Resumo do tratamento da infecção pelo 
HIV 
Uma associação de fármacos é usada para 
sustar a replicação do HIV e restabelecer o número 
de células CD4+ e a imunocompetência do 
hospedeiro. Esse regime múltiplo é comumente 
denominado tratamento antirretroviral altamente 
ativo, ou TARAA. 
Há cinco classes de fármacos 
antirretrovirais; cada um atinge um dos quatro 
processos virais. Essas classes de fármacos são 
inibidores da transcriptase reversa análogos de 
nucleosídeo ou nucleotídeo (ITRNs), inibidores da 
transcriptase reversa não análogo de nucleosídeo 
(ITRNNs),inibidores da protease (IP), inibidores de 
entrada e inibidores da integrase. 
O tratamento inicial preferido é uma 
associação de dois ITRNs com um IPs, um ITRNNs 
ou um inibidor da integrase. A escolha da 
associação adequada se baseia em 1) evitar o uso 
de dois fármacos do mesmo análogo nucleosídico; 
2) evitar a sobreposição de toxicidades e 
características genotípicas e fenotípicas do vírus; 3) 
considerar os fatores do paciente, como sintomas 
da doença e doenças concomitantes; 4) considerar 
o impacto da interação entre fármacos; e 5) facilitar 
a adesão ao regime. 
Os objetivos do tratamento são suprimir de 
forma máxima e durável a replicação do RNA HIV, 
restabelecer e preservar a função imunológica, 
reduzir a morbidade e a mortalidade relacionadas 
ao HIV e melhorar a qualidade de vida. 
Inibidores da transcriptase reversa 
análogos de nucleosídeos ou nucleotídeos 
usados no tratamento da infecção pelo HIV 
• Inibidores da transcriptase reversa 
análogos de nucleosídeos ou 
nucleotídeos (ITRNs) 
1. Mecanismo de ação: os ITRNs são 
análogos dos ribosídeos nativos 
(nucleosídeos ou nucleotídeos contendo 
ribose) desprovidos do grupo 3′-hidroxila. 
Uma vez dentro das células, eles são 
fosforilados por enzimas celulares ao 
análogo trifosfato correspondente, que é 
preferencialmente incorporado ao DNA 
viral pela transcriptase reversa (TR). 
Como o grupo 3′-hidroxila não está 
presente, não se forma a ligação 3′5′-
fosfodiéster entre o trifosfato nucleosídeo 
e a cadeia de DNA em formação, 
interrompendo o alongamento do DNA. A 
afinidade dos fármacos por várias das 
células DNA-polimerases do hospedeiro 
é menor do que pela TR do HIV, embora 
a DNA-polimerase mitocondrial pareça 
suscetível em concentrações 
terapêuticas. 
2. Farmacocinética: os ITRNs são 
excretados principalmente por via renal, 
e todos exigem ajuste da dosagem em 
caso de insuficiência renal, exceto o 
abacavir, que é biotransformado pela 
 
Moisés Santos|@eumoisesantos_ Odontologia UFPE – Farmacologia IV – 2020.2 
álcool desidrogenase e pela 
glicuroniltransferase. 
3. Efeitos adversos: várias das toxicidades 
do ITRNs são creditadas à inibição da 
DNA-polimerase mitocondrial em certos 
tecidos; causam toxicidades como 
neuropatia periférica, pancreatite e 
lipoatrofia 
4. Interações farmacológicas: devido à 
excreção renal dos ITRNs, só interagem 
com a zidovudina e o tenofovir. 
5. Resistência: a resistência aos ITRNs está 
bem caracterizada, e o padrão mais 
comum de resistência é a mutação no 
códon TR viral 184, que confere alto grau 
de resistência à lamivudina e à 
entricitabina, mas, de forma mais 
importante, restabelece a sensibilidade à 
zidovudina e ao tenofovir. 
• Zidovudina 
A AZT é aprovada para o tratamento da 
infecção por HIV em crianças e adultos e para 
prevenir a transmissão perinatal do HIV. Ela 
também é usada para a profilaxia em indivíduos 
expostos à infecção por HIV. 
OBS.: a AZT é tóxica para a medula óssea e pode causar anemia e 
neutropenia. Cefaleia também é comum. 
• Estavudina 
É um análogo da timidina aprovado para o 
tratamento da infecção por HIV. 
• Didanosina 
Após a entrada da didanosina (2’,3’-
didesoxiinosina, ddl) na célula hospedeira, ela é 
biotransformada em didesoxiadenosina trifosfato 
(ddATP), por meio de uma série de reações que 
envolvem fosforilações e aminações. Como a AZT, 
o ddATP resultante é incorporado na cadeia de 
DNA, interrompendo o alongamento da cadeia. 
• Tenofovir 
É um análogo nucleotídico, isto é, um 
análogo nucleosídico acíclico fosfonato de 5′-
monofosfato de adenosina; é convertido por 
enzimas celulares em difosfato, um inibidor da TR 
do HIV. 
OBS.: o tenofovir diminui as concentrações de PI atazanavir, de 
modo que o atazanavir precisa ser reforçado com o ritonavir, se estes 
fármacos forem administrados de modo concomitante. 
• Lamivudina 
Inibe a TR do HIV e do VHB. Todavia, ela não 
afeta a síntese de DNA mitocondrial ou das células 
precursoras da medula óssea, resultando em 
menos toxicidade. A lamivudina tem boa 
biodisponibilidade oral, depende do rim para 
excreção e é bem tolerada. 
• Entricitabina 
É um derivado fluorado da lamivudina, inibe 
a TR do HIV e do VHB. A entricitabina é bem 
absorvida após administração oral. É 
essencialmente eliminada, inalterada, na urina. Não 
tem interações significativas com outros fármacos. 
Os efeitos adversos mais comuns são cefaleia, 
diarreia, náusea e urticária. 
OBS.: a retirada da entricitabina em pacientes infectados com VHB 
pode resultar em agravamento da hepatite. 
• Abacavir 
É um análogo da guanosina bem absorvido 
por via oral. Ele é biotransformado a metabólitos 
inativos pelo álcool desidrogenase e pela 
glicuroniltransferase. Os metabólitos aparecem na 
urina. 
Inibidores da transcriptase reversa não 
análogos de nucleosídeos usados contra a 
infecção por HIV os ITENNs 
São inibidores não competitivos de TR-HIV1, 
altamente seletivos. Ligam-se à TR de HIV1, em um 
local alostérico hidrofóbico adjacente ao local ativo, 
induzindo uma modificação de conformação que 
resulta na inibição da enzima. Eles não necessitam 
de ativação por enzimas celulares. 
• Nevirapina 
É usada em associação a outros 
antirretrovirais para o tratamento de infecções por 
HIV, em adultos e crianças. A nevirapina é 
biotransformada por hidroxilação e subsequente 
conjugação com glicuronídeos. Os metabólitos são 
excretados na urina. A nevirapina é indutora da 
 
Moisés Santos|@eumoisesantos_ Odontologia UFPE – Farmacologia IV – 2020.2 
isoenzima CYP3A4 e aumenta a biotransformação 
de inúmeros fármacos, como contraceptivos orais, 
cetoconazol, metadona, quinidina e varfarina. 
OBS.: devido ao potencial para hepatotoxicidade grave, a nevirapina 
não deve ser iniciada em mulheres com contagem de células CD4 
acima de 250/ mm3 ou em homens com contagem de células CD4 
acima de 400/mm3. 
• Delavirdina 
Não é recomendada como NNITR 
preferencial ou como alternativa nas normas atuais 
para HIV, devido a sua eficácia antiviral inferior e à 
dosagem inconveniente (três vezes ao dia). 
• Efavirenz 
É o NNITR preferido. Após a administração 
oral, ele é bem distribuído, inclusive ao SNC; é 
amplamente biotransformado em produtos inativos. 
Ele é potente indutor das enzimas CYP450 e, 
portanto, pode diminuir a concentração de fármacos 
que são substratos da CYP450. 
• Etravirina 
É um NNITR de segunda geração, ativo 
contra várias cepas de HIV resistentes às ITRNNs 
de primeira geração. Cepas de HIV com a mutação 
K103N comum, que são resistentes à primeira 
geração de ITRNNs, são totalmente suscetíveis à 
etravirina. A etravirina é indicada para o tratamento 
da infecção por HIV em pacientes resistentes a 
vários fármacos, tratamento-experientes, que têm 
evidências de replicação viral em andamento. A 
biodisponibilidade da etravirina aumenta quando é 
ingerida com alimentos ricos em gordura. 
• Rilpivirina 
É usada para o tratamento da infecção por 
HIV em pacientes virgens, em combinação com 
outros antirretrovirais. 
OBS.: não deve ser administrada junto a inibidores da bomba de 
prótons e requer separação também dos antagonistas de receptor 
H2 e de antiácidos. 
Inibidores da protease usados para tratar 
infecção por HIV 
Os IPs HIV têm alterado significativamente o 
curso dessa doença viral devastadora. Esses 
fármacos potentes apresentam várias 
características comuns que caracterizam sua 
farmacologia. 
1. Mecanismo de ação: todos os fármacos 
desse grupo são inibidores reversíveis da 
aspartil protease (retropepsina) HIV, que 
é a enzima viral responsável pela 
clivagem da poliproteína viral em 
inúmeras enzimas essenciais 
(transcriptasereversa, protease e 
integrase) e várias proteínas estruturais. 
A inibição evita a maturação de partículas 
virais e resulta na produção de vírions 
não infecciosos. 
2. Farmacocinética: os IPs HIV são todos 
substancialmente ligados às proteínas 
plasmáticas. Todos são substratos para a 
isoenzima CYP3A4, e os IPs individuais 
também são biotransformados por outras 
isoenzimas CYP450. 
3. Efeitos adversos: os IPs comumente 
causam parestesia, náusea, êmese e 
diarreia. Também ocorrem distúrbios no 
metabolismo de glicose e lipídeos, 
incluindo diabetes, hipertrigliceridemia e 
hipercolesterolemia. 
4. Interações farmacológicas: as interações 
entre fármacos são, portanto, bastante 
comuns. Fármacos que dependem de 
biotransformação para o fim do efeito 
podem acumular-se e alcançar níveis 
tóxicos. Além disso, os indutores das 
isoenzimas CYP450 podem diminuir a 
concentração plasmática de IP a níveis 
subótimos, contribuindo para o fracasso 
do tratamento. 
5. Resistência: a resistência ocorre como 
acúmulo de mutações graduais do gene 
da protease. As mutações iniciais 
resultam em diminuição na habilidade do 
vírus em replicar, mas, à medida que as 
mutações se acumulam, emergem vírions 
com elevados níveis de resistência aos 
IP. 
 
• Ritonavir 
É um potente inibidor da CYP3A e, 
simultâneo à sua administração (em dosagens 
 
Moisés Santos|@eumoisesantos_ Odontologia UFPE – Farmacologia IV – 2020.2 
baixas), aumenta a biodisponibilidade de um 
segundo IP. Isso aumenta, com frequência, o 
intervalo entre as dosificações. As Cmin mais altas 
do “IP reforçado” ajudam a evitar o 
desenvolvimento de resistência. Por isso, os “IPs 
reforçados” são os fármacos preferidos nas normas 
de tratamento da infecção por HIV. A 
biotransformação e a excreção biliar são os 
métodos primários de eliminação. 
• Saquinavir 
É administrado sempre junto a uma dose 
baixa de ritonavir. A eliminação do saquinavir é 
primariamente por biotransformação hepática, 
seguida por excreção biliar. 
• Indinavir 
É bem absorvido por via oral e, de todos os 
IPs, é o que menos se liga às proteínas 
plasmáticas. Condições gástricas ácidas são 
necessárias para sua absorção, que diminui 
quando o indinavir é administrado com alimento. O 
indinavir é extensamente biotransformado, e os 
metabólitos são excretados nas fezes e na urina. 
• Nelfinavir 
É bem absorvido e não requer condições 
especiais quanto à alimentação ou aos líquidos, 
embora normalmente seja administrado com 
alimentos. 
OBS.: o nelfinavir é biotransformado por várias isoenzimas CYP450. 
Ele é o único IP que não é “reforçado” pelo ritonavir, pois não é 
biotransformado extensamente pela CYP3A. 
• Fosamprenavir 
É um pró-fármaco biotransformado em 
amprenavir após absorção oral. A coadministração 
de ritonavir aumenta a concentração plasmática de 
amprenavir e diminui a dosagem diária total. O 
fosamprenavir reforçado com ritonavir é um dos IPs 
alternativos, de acordo com as normas correntes de 
tratamento da infecção por HIV. 
• Lopinavir 
É um IP alternativo, de acordo com as 
normas de tratamento da infecção por HIV. Ele 
apresenta biodisponibilidade muito baixa, que 
aumenta substancialmente se uma dosagem baixa 
de ritonavir for incluída na formulação. 
• Atazanavir 
É bem absorvido por via oral, é o IP preferido. 
Deve ser administrado com comida, porque o 
alimento aumenta sua absorção e 
biodisponibilidade. O fármaco é altamente ligado às 
proteínas e sofre extensa biotransformação pelas 
isoenzimas CYP3A4. 
OBS.: no coração, o atazanavir prolonga o intervalo PR. Comparado 
a outros IPs, o atazanavir oferece menor risco de hiperlipidemia. 
• Tipranavir 
É um IP não peptídico que inibe a protease 
HIV em vírus resistentes a outros IPs. Ele é bem 
absorvido quando ingerido com alimentos. 
• Darunavir 
É um dos IPs preferidos e sempre é 
administrado junto a uma dose baixa de ritonavir. O 
darunavir está aprovado para o tratamento inicial de 
pacientes novos infectados com HIV, bem como 
para pacientes “experientes”, que resistem a outros 
IPs.. O darunavir é extensamente biotransformado 
pelas enzimas CYP3A e também é um inibidor da 
CYP3A4. 
Inibidores de entrada usados contra 
a infecção por HIV 
• Enfuvirtida 
É um inibidor de fusão. Para que o HIV entre 
na célula do hospedeiro, ele deve fundir sua 
membrana com a da célula do hospedeiro. Isso é 
possibilitado por mudanças na conformação da 
glicoproteína viral transmembrana gp41, o que 
ocorre quando o HIV se liga à superfície da célula 
do hospedeiro. 
A enfuvirtida é um polipeptídeo que se liga à 
gp41, evitando a mudança conformacional. Em 
associação a outros antirretrovirais, a enfuvirtida é 
aprovada para o tratamento de pacientes 
“experientes” que apresentam evidências de 
replicação viral, apesar do tratamento com 
antirretroviral. 
 
Moisés Santos|@eumoisesantos_ Odontologia UFPE – Farmacologia IV – 2020.2 
• Maraviroque 
O maraviroque é outro inibidor de entrada. O 
maraviroque bloqueia o correceptor CCR5, que 
atua junto com a gp41, facilitando a entrada do HIV 
através da membrana da célula. O HIV pode 
expressar preferência pelo correceptor CCR5 ou 
pelo CXCR4, ou por ambos (dual- trópico). 
O maraviroque é biotransformado pela 
CYP450, e a dosagem precisa ser reduzida quando 
for administrado junto a outros IPs ou inibidores 
fortes de CYP450. 
Inibidores da integrase usados contra a 
infecção por HIV 
Os inibidores da integrase para transferência 
de fita (IITFs), muitas vezes chamados de inibidores 
da integrase, atuam inibindo a inserção do DNA 
proviral no genoma da célula hospedeira. O centro 
ativo da enzima integrase se liga ao DNA da célula 
hospedeira e introduz dois cátions metálicos 
divalentes que servem de alvos de quelação para 
os IITFs. Como resultado, quando um IITF está 
presente, o centro ativo da enzima é ocupado, e o 
processo de integração é interrompido. 
Os IITFs são, geralmente, bem tolerados, 
com náusea e diarreia como efeitos adversos mais 
comumente relatados. 
• Raltegravir 
Em associação a outros antirretrovirais, é 
aprovado para o tratamento de pacientes novos, 
bem como de “experientes”, com evidências de 
multiplicação viral, apesar do tratamento com 
antirretrovirais em andamento. A via metabólica é a 
glicuronidação, mediada por UDP-
glicuronosiltransferase (UGT)1A1 e, por isso, não 
ocorre interação com indutores, inibidores ou 
substratos da CYP450. 
• Elvitegravir 
É a única associação disponível em doses 
fixas em comprimido único contendo tenofovir, 
entricitabina, elvitegravir e cobicistate; é 
extensamente ligado a proteínas plasmáticas e 
biotransformado primariamente no fígado via 
CYP3A e, em menor extensão, via glicuronidação 
UGT1A1/3. 
• Dolutegravir 
É extensamente 
ligado a proteínas e 
biotransformado no fígado. 
A biotransformação ocorre, 
principalmente, pela 
UGT1A1, com contribuição 
menor da CYP3A4. 
Indutores ou inibidores 
potentes da UGT1A1 e da 
CYP3A4 podem alterar 
significativamente a 
concentração do 
dolutegravir. Ele é um 
inibidor da proteína de 
transporte renal OTC2 e 
pode resultar em elevação 
leve, benigna e reversível 
da creatinina sérica. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Referências: 
EDITORIA DE WANNMACHER, Lenita; 
FERREIRAS, Maria Beatriz Cardoso 
(editora). Farmacologia clínica para dentistas. 
3.ed. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017. 
545. p 
GOODMAN & GILMAN. As Bases 
Farmacológicas da Terapêutica. 12ª Ed. Rio de 
Janeiro; Editora Guanabara Koogan. 2012. 
WHALEN, K.; FINKEL, R.; PANAVELIL, T. 
A. Farmacologia ilustrada. 6. ed. Porto Alegre: 
Artmed, 2016.

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