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ENFERMAGEM CIRÚRGICA Márcio Haubert Infecção do sítio cirúrgico Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Conhecer o conceito de Infecção do Sítio Cirúrgico. � Descrever os critérios para a classificação e para o diagnóstico da ISC. � Identificar os fatores de risco para ISC e seus devidos tratamentos e prevenção. Introdução Infecção em Sítio Cirúrgico (ISC), anteriormente denominada Infecção de Ferida Cirúrgica, está entre as maiores fontes de morbimortalidade entre os pacientes operados. Existe uma estimativa que indica o prolon- gamento das internações hospitalares em uma média de sete dias graças a essas infecções, aumentando com isso os custos das internações. As ISCs correspondem a, aproximadamente, 38% do total das infecções hospita- lares em pacientes cirúrgicos e a 16% do total de infecções hospitalares. Os fatores que aumentam a incidência de ISC são: cirurgias cardíacas e queimados; cirurgias realizadas em grandes hospitais; pacientes adultos em comparação com pediátricos; e a quantidade de inóculo bacteriano introduzido no ato cirúrgico. Neste capítulo, você vai entender conceito, classificação e fatores de risco que estão envolvidos nas ISCs. O paciente cirúrgico e as ISCs A cirurgia é o procedimento terapêutico destinado a diversos fins, sejam eles para correção de distúrbios fisiopatológicos ou para processos que venham a melhorar a autoestima do paciente. Essas cirurgias podem ser classificadas como eletivas (aquelas agendadas previamente) ou cirurgias de urgência (que, pela sua gravidade, devem ser realizadas o quanto antes possível). Em um mundo ideal, todos os pacientes encaminhados a cirurgias deveriam estar na melhor forma física e mental, mas raramente isso é possível. Então, a adequada atuação profissional se torna uma importante ferramenta necessária para reduzir o risco cirúrgico, e isso pode ser realizado pelos seguintes itens que devem ser avaliados: � condição física e psicológica; � natureza da cirurgia; � aspectos sociais e culturais de cada paciente; � linguagem adequada a cada paciente; � transmissão de confiança ao paciente; � empatia e sensibilidade. As medidas de segurança e bem-estar de nossos pacientes deverão formar o principal objetivo da assistência durante toda a fase perioperatória (pré, trans e pós-operatória). Assim, toda a equipe multiprofissional irá desempenhar papéis distintos e definidos, sempre com base em responsabilidades, contribuindo para a melhor recuperação e reabilitação possível. A ISC deve ser entendida por você como uma das principais infecções relacionadas à assistência à saúde no Brasil. Ela ocupa a terceira posição entre todas as infecções que surgem dentro de serviços de saúde (sendo precedida pelas infecções do trato urinário e infecções do trato respiratório), com isso, compreendendo de 14 a 16% daquelas encontradas em pacientes hospitalizados. Para você conseguir programar melhor suas ações dentro do que foi exposto, é necessário reconhecer as seguintes definições dos tipos de procedimentos que podem ser realizados: � Cirurgia em paciente internado: é todo tipo de procedimento rea- lizado em um paciente dentro do centro cirúrgico, que consiste em, pelo menos, uma incisão e/ou uma sutura, com internação hospitalar superior a 24 horas. Desse tipo de procedimento, devem ser excluídos os procedimentos de desbridamento cirúrgico, drenagem, episiotomia e biópsias que não envolvam vísceras ou cavidades. � Cirurgia ambulatorial: procedimento realizado em paciente cirúrgico em regime ambulatorial (sem internação ou pernoite) ou com permanência no serviço de saúde inferior a 24 horas que consista em, pelo menos, uma Infecção do sítio cirúrgico2 incisão e/ou uma sutura, excluindo-se os procedimentos de desbridamento cirúrgico, drenagem e biópsias que não envolvam vísceras ou cavidades. � Cirurgia endovascular: procedimento cirúrgico realizado em paciente por um acesso percutâneo, via endovascular, com inserção de prótese, exceto stents. � Cirurgia endoscópica com penetração de cavidade: procedimento cirúrgico realizado em paciente pela via endoscópica, com manipulação de cavidade ou víscera pela mucosa. Estão incluídas nestas as cirurgias transgástricas e transvaginais, cirurgias urológicas e cirurgias transnasais. � Implantes: procedimentos incluídos pela Resolução nº 185, de 2001, da Anvisa, que incluiu os implantes e as próteses na família dos produtos médicos e os definiu como sendo: Qualquer produto médico projetado para ser totalmente introduzido no corpo humano ou para substituir uma superfície epitelial ou ocular, por meio da intervenção cirúrgica, e destinado a permanecer no local após a intervenção. Também é considerado um produto médico implantável, qualquer produto médico destinado a ser parcialmente introduzido no corpo humano através de intervenção cirúrgica e permanecer após esta intervenção por longo prazo. (BRASIL, 2001). Esse conceito, apresentado na Resolução nº 185, de 2001, da Anvisa, é importante para o registro, a alteração e a revalidação dos produtos que podem ser utilizados no país. Contudo, para efeitos de vigilância epidemiológica de ISC, considera-se implante todo corpo estranho implantável, não derivado de tecido humano (válvula cardíaca protética, transplante vascular não humano, coração mecânico ou implante ortopédico, etc.), exceto drenos cirúrgicos. Você pode ler o Manual de Prevenção de Infecção de Sítio Cirúrgico na íntegra acessando o link a seguir. https://goo.gl/HBhPH1 3Infecção do sítio cirúrgico Classificação e diagnósticos das ISCs Classificação Os procedimentos cirúrgicos podem ser classificados quanto à urgência cirúrgica, à finalidade do tratamento cirúrgico, ao porte cirúrgico ou risco cardiológico e ao tempo de duração e quanto ao potencial de contaminação (Quadro 1). Quanto à urgência cirúrgica, os procedimentos cirúrgicos são classificados como: 1. Cirurgia eletiva: procedimento cirúrgico que pode aguardar, ou seja, que pode ser programado e agendado para a ocasião mais propícia. Exemplos: mamoplastia; cirurgias plásticas. 2. Cirurgia de urgência: procedimento cirúrgico que necessita de pronto planejamento e deve acontecer dentro de 24 a 48 horas. Exemplos: apendicectomia; brida intestinal. 3. Cirurgia de emergência: procedimento cirúrgico que necessita de aten- ção imediata por apresentar risco de vida iminente ao paciente. Exemplos: ferimento por arma de fogo em região precordial; hematoma subdural. Quanto à finalidade do tratamento cirúrgico, os procedimentos cirúrgicos são classificados como: 1. Cirurgia curativa: procedimento que visa a extirpar ou a corrigir a causa da doença, restabelecendo a saúde do paciente. Pode ser ne- cessária, às vezes, a retirada parcial ou total de um órgão. Exemplo: apendicectomia. 2. Cirurgia paliativa: procedimento que visa a diminuir o mal ou busca uma alternativa para aliviar o mal, mas não cura a doença. Exemplo: gastrostomia. 3. Cirurgia diagnóstica: procedimento que visa a ajudar no esclareci- mento da doença. Exemplo: laparotomia exploradora. 4. Cirurgia reparadora: procedimento que visa a reconstruir artificial- mente uma parte do corpo lesada por enfermidade ou traumatismo. Exemplo: enxerto de pele em queimados. 5. Cirurgia reconstrutora/cosmética/plástica: procedimento com fins estéticos ou reparadores para embelezamento. Exemplos: rinoplastia; mamoplastia. Infecção do sítio cirúrgico4 Quanto ao porte cirúrgico ou risco cardiológico, os procedimentos cirúr- gicos são classificados como: 1. Grande porte: procedimento que possui grande probabilidade de perda de fluido e sangue. Exemplos: cirurgias de emergência; cirurgias vas- culares arteriais. 2. Médio porte: procedimento que possui média probabilidade de perda de fluido e sangue. Exemplos: cirurgias de cabeça e pescoço; prótese de quadril. 3. Pequeno porte: procedimento que possui pequenaprobabilidade de perda de fluido e sangue. Exemplos: mamoplastia; endoscopia. Quanto ao tempo de duração, os procedimentos cirúrgicos são classificados como: 1. Porte I: duração de até 2 horas. Exemplo: rinoplastia. 2. Porte II: duração de 2 a 4 horas. Exemplos: colecistectomia; gastrectomia. 3. Porte III: duração de 4 a 6 horas. Exemplo: craniotomia. 4. Porte IV: duração acima de 6 horas. Exemplo: transplante de fígado. Quanto ao potencial de contaminação, os procedimentos cirúrgicos são classificados como: 1. Cirurgia limpa: procedimento cirúrgico, geralmente eletivo, prima- riamente fechado, sem a presença de dreno, não traumático. Esse tipo de cirurgia é realizado em tecidos estéreis ou passíveis de desconta- minação e sem a presença local de processo infeccioso e inflamatório. São as cirurgias que não penetram nos tratos digestivo, respiratório e/ ou urinário. Exemplos: mamoplastia; cirurgias oftalmológicas. 2. Cirurgia potencialmente contaminada: procedimento cirúrgico reali- zado em tecidos colonizados por microbiota pouco numerosa ou em tecido de difícil descontaminação, sem a presença local de processo infeccioso e inflamatório e com falhas técnicas discretas no transoperatório. A presença de drenagem aberta se enquadra nesta categoria. Ocorre, nesse caso, penetração nos tratos digestivo, respiratório e/ou urinário sem con- taminação significativa. Exemplo: colecistectomia com colangiografia. 3. Cirurgia contaminada: procedimento cirúrgico realizado em tecidos abertos e recentemente traumatizados, colonizados por microbiota 5Infecção do sítio cirúrgico bacteriana abundante, de descontaminação difícil ou impossível, bem como todas aquelas em que tenha ocorrido falha técnica grosseira, na ausência de supuração local. Essas cirurgias contaminadas também são caracterizadas pela presença de inflamação aguda na incisão e na cicatrização de segunda intenção ou grande contaminação a partir do tubo digestivo. Exemplo: hemicolectomia. 4. Cirurgia infectada: Procedimentos cirúrgicos realizados em qualquer tecido ou órgão que apresente processo infeccioso, tecido necrótico, corpos estranhos e feridas de origem suja. Exemplo: cirurgias de reto e ânus com secreção purulenta. Potencial de contaminação da cirurgia Características Exemplos Estimativa e ocorrência de ISC Limpa � Operações eletivas e feridas não infectadas. � Sítios cirúrgicos onde não é encontrada inflamação. � Não há abordagem de vísceras ocas (tratos respiratório, geniturinário, digestivo ou orofaringe). � Primariamente fechadas ou drenagem fechada, se necessária. � Não há quebra de técnica. � Trauma não penetrante. Herniorrafia inguinal, safenectomia, próteses articulares, cirurgias cardíacas. < 2% Quadro 1. Classificação do potencial de contaminação. (Continua) Infecção do sítio cirúrgico6 Potencial de contaminação da cirurgia Características Exemplos Estimativa e ocorrência de ISC Potencialmente contaminada � Há abordagem dos tratos digestivo, respiratório, geniturinário e/ ou orofaringe. � Situações controladas e sem contaminação não usual. � Cirurgia geniturinária: quando não há cultura de urina positiva. � Cirurgia biliar quando não há infecção de vias biliares. � Cirurgias de apêndice, vagina e orofaringe quando não há evidência de infecção ou quebra de técnica. Gastrectomia, transplante de fígado, prostatectomia. < 10% Quadro 1. Classificação do potencial de contaminação. (Continuação) (Continua) 7Infecção do sítio cirúrgico Potencial de contaminação da cirurgia Características Exemplos Estimativa e ocorrência de ISC Contaminada � Feridas traumáticas recentes (com < 4 horas). � Contaminação grosseira durante cirurgia de trato digestivo, manipulação de via biliar ou geniturinária na presença de bile ou urina infectadas. � Quebras maiores de técnica. � Quando é encontrada, durante a cirurgia, a presença de inflamação aguda não purulenta. Colecistectomia em pacientes com colecistite aguda, amigdalectomia, colectomia. 20% Quadro 1. Classificação do potencial de contaminação. (Continuação) (Continua) Infecção do sítio cirúrgico8 Definição de ISC para cirurgias em pacientes internados e ambulatoriais As ISCs são relacionadas a procedimentos cirúrgicos, após a colocação ou não de implantes, tanto em pacientes internados como em pacientes ambu- latoriais. Poderão ser classificadas conforme os planos de tecidos corporais acometidos: ISC incisional superficial, ISC incisional profunda ou ISC de órgão/cavidade (Figura 1). A classificação e os critérios definidores de ISC em pacientes internados e ambulatoriais são: � ISC incisional superficial (IS): ■ Surge nos primeiros 30 dias após a cirurgia e envolve apenas pele e tecido subcutâneo. Fonte: Grinbuam et al. (2009). Potencial de contaminação da cirurgia Características Exemplos Estimativa e ocorrência de ISC Infectada � Feridas traumáticas antigas com tecido desvitalizado, corpos estranhos ou contaminação fecal. � Trauma penetrante há mais de 4 horas. � Vísceras perfuradas ou secreção purulenta encontradas durante a cirurgia. Enterectomia secundária a ruptura de víscera, apendicectomia supurada. 30-40% Quadro 1. Classificação do potencial de contaminação. (Continuação) 9Infecção do sítio cirúrgico ■ Apresenta, pelo menos, uma das seguintes características: – Drenagem purulenta da incisão superficial. – Cultura positiva de secreção ou tecido da incisão superficial obtido assepticamente. ■ A incisão superficial é aberta pelo cirurgião na vigência de, pelo menos, um dos seguintes sinais ou sintomas: dor; aumento da sen- sibilidade; edema local; hiperemia ou calor; diagnóstico de infecção superficial pelo médico assistente. Observações: ■ No caso de cirurgia oftalmológica, a conjuntivite será definida como infecção incisional superficial. ■ A inflamação e a drenagem de secreção, limitadas aos pontos de sutura, não devem ser relevância, pois caracterizam sinais cicatriciais. � ISC incisional profunda (IP): ■ Surge nos primeiros 30 dias após a cirurgia, ou até em um ano, se houver colocação de prótese e envolver tecidos moles profundos à incisão (p.ex., fáscia e/ou músculos). ■ Apresenta, pelo menos, uma das seguintes características: – Drenagem purulenta da incisão profunda, mas não de órgão/cavidade. – Deiscência parcial ou total da parede abdominal. – A abertura da ferida é realizada pelo cirurgião se o paciente apresentar, pelo menos, um dos seguintes sinais ou sintomas: temperatura axilar ≥ 38 °C; dor ou aumento da sensibilidade local. – Presença de abscesso ou outra evidência que a infecção envolva planos profundos da ferida, identificada em reoperação, exame clínico, histocitopatológico ou exame de imagem. – Diagnóstico de infecção incisional profunda pelo médico assistente. � ISC órgão/cavidade (OC): ■ Surge nos primeiros 30 dias após a cirurgia ou em até um ano, se houver colocação de prótese, e envolver qualquer órgão ou cavidade que tenha sido aberta ou manipulada durante a cirurgia. ■ Apresenta, pelo menos, uma das seguintes características: – Cultura positiva de secreção ou tecido do órgão/cavidade obtido assepticamente. – Presença de abscesso ou outra evidência que a infecção envolva os planos profundos da ferida, identificada em reoperação, exame clínico, histocitopatológico ou exame de imagem. Infecção do sítio cirúrgico10 – Diagnóstico de infecção de órgão/cavidade pelo médico assistente. Observações: � A osteomielite do esterno após cirurgia cardíaca ou a endoftalmite serão consideradas infecções de órgão/cavidade. � Em pacientes que foram submetidos a cirurgias endoscópicas com penetração de cavidade, serão utilizados os mesmos critérios de ISC-OC. � Não existe, até o momento, critérios que permitam separar infecção ascendente do trato urinário de infecção urináriasecundária a cirurgias urológicas. � Não devemos considerar que a saída de secreção purulenta por drenos seja necessariamente sinal de ISC-OC. � Sinais clínicos, como febre, hiperemia, dor, calor ou calafrios, ou labo- ratoriais, como leucocitose, aumento de PCR quantitativa ou VHS, são inespecíficos, porém, devem ser olhados com atenção porque podem sugerir infecção. Figura 1. Classificação da ISC. Fonte: [ISC], ([201-?]). 11Infecção do sítio cirúrgico Acesse o site a seguir para ter mais informações sobre as classificações e os critérios definidores de ISC. Nele, você poderá ler a obra Critérios diagnósticos de infecção relacionada à assistência à saúde na íntegra. https://goo.gl/s3xEBJ Fatores de risco e a prevenção da ISC Os principais fatores de risco que podem favorecer o desenvolvimento da ISC são de fonte endógena e exógena. Os de fonte exógena são provenientes do próprio paciente. Eles estão rela- cionados à presença de microrganismos que têm potencial de colonização dos tecidos manipulados durante a cirurgia. Com menor frequência, esses patógenos atingem o sítio operatório a partir de um processo infeccioso que o paciente apresenta no momento da cirurgia. Os mais frequentes microrganismos isolados nas ISCs são aqueles que compõem a microbiota do operado, especialmente os da pele e os do sítio manipulado durante a cirurgia. Podemos citar, como exemplo, os cocos gram-positivos presentes na pele: Staphylococcus coagulase negativa e Staphylococcus aureus, que são os mais comuns em cirurgias limpas. As bactérias gram-negativas e anaeróbias estão presentes em ISCs após os procedimentos contaminados ou potencialmente contaminados (Quadro 2). As fontes exógenas de microrganismos geralmente estão relacionadas à equipe cirúrgica pelos seguintes exemplos: � sujidades das roupas; � rompimento de técnicas assépticas; � degermação ou higiene das mãos inadequadas; � excesso de pessoas presentes na sala cirúrgica; � ventilação e espaço físico inadequado; � outros materiais que tenham contato ou estejam próximos ao campo cirúrgico. Infecção do sítio cirúrgico12 Paciente Procedimento Microrganismo Idade# Obesidade# Desnutrição# Estadia pré- operatória prolongada# Neoplasia# Controle glicêmico inapropriado* Imunossupressão# Classificação ASA (American Society of Anestesiology)# Comorbidas# Degermação cirúrgica das mãos* Potencial de contaminação da ferida# Duração da cirurgia# Cirurgia de urgência# Remoção dos pelos* Preparo inadequado da pele do paciente* Profilaxia cirúrgica inadequada* Contaminação intraoperatória* Cirurgia prévia# Hemostasia deficiente* Cirurgia colorretal, com preparo inadequado do cólon* Excesso e pessoas na sala* Ausência ou inadequação do protocolo de curativos* Oxigenação* Colonização prévia* Virulência# Aderência# Inóculo# # Fatores de risco endógenos que não podem ser modificados. * Fatores de risco exógenos que podem ser modificáveis: são passíveis de intervenção, ou seja, podem ser modificados e se constituem no alvo das medidas preventivas que serão discutidas a seguir. Quadro 2. Fatores de risco relacionados ao paciente, ao procedimento e ao microrganis- mo que podem contribuir para as ISCs. Veja no link a seguir as diretrizes globais da OMS para a prevenção de ISC. https://goo.gl/GCQaqS 13Infecção do sítio cirúrgico Prevenção da ISC As medidas preventivas das ISCs devem se basear nos fatores de risco modi- ficáveis e nas evidências indicadas pelas diretrizes da SOBECC (Sociedade Brasileira de Enfermagem no Centro Cirúrgico) e do CDC (Centers for Disease Control and Prevention). Essas medidas deverão ser aplicadas a todos os procedimentos cirúrgicos: � Tempo de internação pré-operatória inferior a 24 horas. � Preparo da pele do paciente: recomenda-se o banho pré-operatório com solução de clorexidine degermante a 2%, aplicando do pescoço para baixo, nos três dias que antecedem o procedimento. Essa medida visa a reduzir a colonização da pele e o risco de ISC. Recomenda-se também o banho com CHG o mais próximo possível do procedimento cirúrgico. Para tanto, podem ser utilizadas toalhas impregnadas com CHG, o que facilita o procedimento de banho pré-operatório e não necessita de enxágue. � Tricotomia realizada somente se necessária e imediatamente antes do ato cirúrgico com tricotomizador (IA). Não usar lâminas de barbear ou lâminas de bisturi. � Controle glicêmico pré-operatório: adequado se a glicemia verificada for ≤ 180 mg/dL. � Antissepsia do campo operatório com solução adequada. � Pele: adequado quando feito o preparo do campo operatório com an- tisséptico degermante seguido do alcoólico. � Mucosa: adequado quando feito o preparo do campo operatório com antisséptico aquoso. � Realização da antibioticoprofilaxia até 1 hora antes da incisão cirúrgica. � Antissepsia correta das mãos e dos braços de toda equipe de cirurgiões e demais auxiliares. � Manter a normotermia no período perioperatório. � Manutenção de ambiente limpo e adequado. � Evitar circulação de pessoas desnecessárias ao procedimento na sala. � Utilizar a paramentação adequada, tais como gorros, luvas estéreis, máscaras e avental. � Abrir as bandejas estéreis e demais invólucros tomando cuidado para não contaminar. Infecção do sítio cirúrgico14 � Controlar correntes de ar na sala cirúrgica. � Realizar divisão das salas de cirurgia de acordo com cirurgias limpas, contaminadas, potencialmente contaminadas e infectadas. � Evitar cruzar materiais infectados com os limpos e/ou estéreis. � Um circulante para cada sala: adequado quando houver um circulante exclusivo para cada sala cirúrgica em atividade. � Mecanismo autônomo de manutenção das portas fechadas: adequado se houver um mecanismo de manutenção de todas as portas das salas de cirurgia fechadas. � Realizar a guarda de materiais estéreis ou limpos em local próprio livre de umidade e com invólucros fechados. � Instalar cateteres periféricos e centrais, obedecendo às técnicas assép- ticas, entre outras medidas. � Proteger as incisões cirúrgicas com curativo estéril por 24 a 48 horas pós-operatórias. � Lavar as mãos antes e depois de trocar os curativos. � Trocar o curativo utilizando técnica asséptica. � Realizar observação das características da incisão cirúrgica e de sinto- mas como febre, calafrios, vermelhidão local, edema e dor. � Educar o paciente e os cuidadores sobre a manutenção da incisão: sinais de infecção e realização correta do curativo. [ISC]. [201-?]. Disponível em: <http://docplayer.com.br/docs-images/27/10132335/ images/32-0.png>. Acesso em: 14 nov. 2017. BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária Resolução - RDC nº 185, de 22 de outubro de 2001. Brasília, DF, 2001. Disponível em: <http://www.invitare.com.br/arq/legislacao/ anvisa/RDC-185-de-2001-Disp-e-sobre-o-regulamento-t-cnico-para-registro-altera- -o-revalida-o-e-cancelamento-do-registro-de-produtos-m-dicos-na-Ag-ncia.pdf>. Acesso em: 14 nov. 2017. GRINBAUM, R.S. et al. Prevenção de infecção de sítio cirúrgico. 3. ed. rev. e ampl. São Paulo: APECIH, 2009. 15Infecção do sítio cirúrgico Leituras recomendadas BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Critérios diagnósticos de infecção relacionada à assistência à saúde. 2. ed. Brasília, DF: ANVISA, 2017. (Série Segurança do Paciente e Qualidade em Serviços de Saúde). Disponível em: <http://sobecc.org.br/ arquivos/Crit__rios_Diagn__sticos_de_IRAS__2_Ed.pdf>. Acesso em: 14 nov. 2017. BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Sítio cirúrgico: critérios nacionais de infecções relacionadas à assistência à saúde. Brasília, DF, 2009. Disponível em: <http://www.anvisa.gov.br/servicosaude/manuais/criterios_nacionais_ISC.pdf>. Acesso em: 14 nov. 2017. BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Critérios diagnósticos de infecção rela- cionada à assistência à saúde. Brasília, DF: ANVISA, 2013. (Série Segurança do Paciente e Qualidade em Serviçosde Saúde, 2). Disponível em: <https://www20.anvisa.gov. br/segurancadopaciente/images/documentos/livros/Livro2-CriteriosDiagnosticosI- RASaude.pdf>. Acesso em: 14 nov. 2017. DIRETRIZES. Revista da Associação Médica Brasileira, São Paulo, v. 47, n. 1, p. 1-23, 2001. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ramb/v47n1/a19v47n1.pdf>. Acesso em: 14 nov. 2017. FUSCO, S. F. B. et al. Infecção de sítio cirúrgico e seus fatores de risco em cirurgias de cólon. Revista da Escola de Enfermagem da USP, São Paulo, v. 50, n. 1, p. 43-49, 2016. Dispo- nível em: <http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v50n1/pt_0080-6234-reeusp-50-01-0043. pdf>. Acesso em: 14 nov. 2017. SÃO PAULO. Secretaria de Saúde do Estado. Infecção em sítio cirúrgico. 2005. Disponível em: <ftp://ftp.cve.saude.sp.gov.br/doc_tec/ih/ih_ifc05.pdf>. Acesso em: 14 nov. 2017. ZERO INFECÇAO. Manual de prevenção de infecção de sítio cirúrgico. 2014. Disponível em: <https://medicalsuite.einstein.br/pratica-medica/guias-e-protocolos/Documents/ manual_infeccao_zero_compacto.pdf>. Acesso em: 14 nov. 2017. Infecção do sítio cirúrgico16 Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. Conteúdo: