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DIREITO PROCESSUAL CIVIL II

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2020/2 – 5º semestre – UFRGS – by: @justo_estudos
Direito Processual Civil II
Prof. Adriano Enivaldo de Oliveira
aula 1
Coisa Julgada
COISA JULGADA ≠ TRÂNSITO EM JULGADO
A coisa julgada (res judicata) é um dos principais institutos jurídicos, nem a lei
pode desconsiderar a coisa julgada. A coisa julgada é uma garantia
constitucional prevista no artigo 5º, inciso XXXVI da Constituição Federal. O CPC
prevê a coisa julgada em seu artigo 502, esse artigo define a coisa julgada
(material) como uma autoridade que torna imutável e indiscutível a decisão de
mérito. Entretanto o professor alerta que há casos em que as expressões
imutabilidade e indiscutibilidade são relativas e não cabem em relações de trato
continuado que se alteram pela própria natureza, ex.: pensão alimentícia. São
objetos da coisa julgada as decisões, sentenças e acórdãos.
A CPC de 2015 foi mais “generoso” com relação ao que pode ser considerado
transitado em julgado. No CPC/73, para declarar uma outra relação jurídica
tratada no processo (não sendo a relação jurídica principal) transitada em
julgada, era necessário a abertura de uma ação declaração declaratória
incidental. O CPC/15 possibilita que o juiz possa julgar outras relações jurídicas,
sem a necessidade da abertura de uma ação declaratória incidental, através de
um julgamento a respeito das prejudiciais.
O CPC de 1973 fazia menção que a coisa julgada era uma eficácia da sentença.
O CPC/15 possibilitou que tenhamos coisa julgada a respeito de decisões
interlocutórias.
A coisa julgada confere imutabilidade ao comando do qual se extraem os efeitos
da sentença. Por isso, em regra, apenas o dispositivo da sentença está coberto
pela coisa julgada, não os seus fundamentos fáticos ou jurídicos. Daí a
importância de um dispositivo completo que não diga apenas se acolhe ou
1/27
O transito em julgado significa o final do 
processo, onde não cabe mais recurso. O transito 
em julgado forma a coisa julgada.
FATOS E FUNDAMENTOS JURÍDICOS NÃO TRANSITAM EM JULGADO, o que transita 
em julgado é a decisão, mas os fatos sempre podem ser discutidos, desde que não tenham sido 
analisados em processo anterior.
NULIDADE = prejuízo + violação da norma
Não há coisa julgada 
enquanto não transitar 
em julgado a decisão.
2020/2 – 5º semestre – UFRGS – by: @justo_estudos
rejeita o pedido, mas em que medida, para que a questão jurídica não volte a
ser discutido.
A coisa julgada não torna imutáveis os efeitos de sentença, apenas o seu
comando. Por isso, se a relação jurídico-material for disponível, as partes, mesmo
depois do trânsito em julgado, podem desconsiderar, modificar ou extinguir os
efeitos da sentença.
 Coisa julgada objetiva (art. 503 CPC): além do dispositivo também poderão
fazer coisa julgada as prejudiciais, desde que preenchidos os requisitos de
contraditório prévio e efetivo; competência do juiz para o julgamento da
prejudicial e não haver restrição probatória.
 Coisa julgada subjetiva (art. 506 CPC): a coisa julgada só vale entre as
partes, não poderá prejudicar terceiros, mas poderá beneficiá-los.
 Relativização da coisa julgada (art. 525 § 14º e 15º): quando ocorre o
trânsito em julgado mas, na fase de cumprimento ou execução de
sentença, o executado alega inexigibilidade.
 Coisa julgada formal: ocorre quando o processo foi encerrado (ou porque
não cabem mais recursos ou porque escorreu o prazo recursal de sua
interposição). Todo o processo, portanto, terá coisa julgada formal em
algum momento.
 Coisa julgada material: é o atributo próprio das decisões de mérito que
obsta sua discussão em qualquer outro processo, protegida inclusive em
face de lei. Vale para o que estiver no dispositivo da sentença (ou acórdão
ou decisão). Não alcança os fundamentos da sentença (motivos), nos
termos do art. 504. Mas alcançará eventuais prejudiciais (art. 503, §1º CPC).
 Coisa soberanamente julgamento: após o prazo da ação rescisória.
 Prejudiciais: questões que antecedem a questão principal de mérito. O
mérito depende de prévia análise delas e, se rejeitadas, o mérito não será
analisado (restará prejudicado).
 Preclusão: perda de uma faculdade ou poder processual no curso do
processo (art. 507). Espécies: temporal, consumativa, lógica e a “pro
judicato” (art. 505).
 Coisa julgada de questões potenciais, em perspectiva: art. 508. Todas as
questões que poderiam ter sido alegadas (e não o foram) ao tempo do
processo também ficam cobertas pela coisa julgada. Ex.: esqueceu de
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2020/2 – 5º semestre – UFRGS – by: @justo_estudos
alegar decadência na defesa. Não poderá rediscutir isso em outro
processo.
Reforma da coisa julgada
Há a possibilidade de reformar a coisa julgada através das prejudiciais, que são
uma relação jurídica antecedente e que reflete diretamente na relação jurídica
principal que se está questionando. Há, entretanto, situações, em que mesmo
que não haja discussão sobre uma outra relação jurídica no processo, em
decorrência da principal, também poderá ser considerada transitada em julgada
esta outra relação jurídica, ex.: uma ação de pedidos de alimentos, pode
considerar transitado em julgado também o reconhecimento de paternidade,
em algumas situações, mesmo que não haja discussão sobre isso no processo
principal.
É importante, para entender o processo, saber diferenciar entre ratio decidendi e
obter dictum:
↳ Ratio decidendi , ou razão de decidir, é o fundamento central utilizado para
decidir a questão jurídico. É aquilo que me levou a dar a decisão. É o
núcleo que serve de diretriz no julgamento e que servirá para comparação
com casos futuros.
↳ Obter dictum são afirmações feitas de passagem, sem utilidade para o
julgamento, para o professor, são afirmações que nem deveriam estar
presentes no processo.
aula 2 – Prof. Mitidiero
Precedentes
O problema dos precedentes são, primeiro, problemas da teoria de direito, após
um problema de direito constitucional e por fim, um problema do processo civil. A
rigor, o fato do tema ser tratado por processualistas é uma particularidade do
sistema brasileiro, se olhar no common law quem trata dos precedentes são
autores de teoria do direito e de direito constitucional.
Em 1934 temos o início da Teoria do Direito no séc. XX com a publicação da
Teoria Pura do Direito de Kelsen, onde ele se opõe a tudo aquilo que foi
compreendido, em termos de interpretação do direito ao longo dos séculos XVII e
3/27
A coisa julgada vale apenas entre as partes do processo.
2020/2 – 5º semestre – UFRGS – by: @justo_estudos
XIX, onde ele diz que rigorosamente o legislador, ao redigir dispositivos, ele não dá
normas, ele dá textos que só se tornam normas a partir da interpretação. Ou seja,
para Kelsen, os textos nos apresentam uma moldura dentro da qual cabem
diferentes interpretações e aplicações normativas, de modo que os legisladores
nos dão projeções legislativas. Kelsen dizia que o maior problema que o século XX
presenciaria seria o problema da segurança jurídica, pois os juízes, que são
aqueles encarregados de interpretar e aplicar o texto, terão diferentes
compreensões a respeito do significado normativo.
Hart, em O conceito de direito (1961), dizia que todos que tratam com casos
judiciais vão se deparar com o problema da textura aberta dos dispositivos, por
vezes essa textura não será tão significativa (casos de rotina), no entanto vários
outros casos, ou não terão uma norma clara a ser aplicada, ou existe uma
dificuldade muito grande em precisar os termos utilizados em um precedente ou
mesmo no estatuto (lei escrita) e nesses casos “fora da rotina” terão um deficit
muito grande de segurança jurídica que só pode ser colmatado com a atuação
das cortes.
A Constituição de 1988 sempre foi lidade uma perspectiva tradicional (pré
kelseniana) que se utilizou da lei como sendo o garante essencial da ideia de
segurança jurídica, liberdade e igualdade. O prof. Mitidiero define esses
elementos da seguinte maneira:
↳ Segurança jurídica 
 Elementos objetivos (centrais) – cognoscibilidade e estabilidade do
direito;
 Elementos subjetivos – confiabilidade e efetividade do direito.
A segurança jurídica não é um fim em si mesmo, mas é fundamental pois é
a partir dela que se consegue perseguir os dois princípios fundamentais do
Estado Democrático de Direito (Estado Constitucional), que são o princípio
da liberdade e o princípio da igualdade.
↳ Liberdade – ter a condição de se fazer escolhas juridicamente orientadas,
ou seja, praticar ou deixar de praticar atos levando em consideração as
consequências descritas a este ato dentro da norma jurídica. Só se pode
fazer escolhas juridicamente orientadas se há o conhecimento da regra
aplicada ao caso.
4/27
2020/2 – 5º semestre – UFRGS – by: @justo_estudos
↳ Igualdade – é o elemento central da ideia de justiça. O conceito de
igualdade é “tratar os iguais de forma igual e os desiguais na medida de
sua desigualdade”.
A convergência dos estudos de civil law e common law demonstram que o
grande problema não é propriamente conhecer a lei, pois a lei, como dizia
Drummond, tem mais de um significado, mas saber qual o significado da lei que
deve permanecer. Se os textos são equívocos, significa que interpretá-los é
conhecer os significados que entram na moldura, argumentar em prol de um
destes significados, e o juiz decidirá conforme os significados, não declaram
normas.
Essa ideia de que o juiz decide conforme os significados, faz com que
percebamos que uma lei declarada inconstitucional pelo supremo não é a
mesma coisa que uma lei aplicada por um juiz para a solução de um caso
concreto formado pela coisa julgada. Isso porque a aplicação ao caso concreto
a lei reputada inconstitucional pelo Supremo, exigiu uma decisão sobre
significados que poderiam ser significados divergentes no momento em que coisa
julgada se formou. Por essa razão, no Brasil, nós temos precedentes vinculantes,
com a particularidade de serem precedentes vinculantes interpretativos, pois
levam em consideração textos anteriores.
O art. 926 do CPC diz que as cortes têm o dever de promover a segurança
jurídica e proteger a liberdade e a igualdade a todos perante o direito. O art. 927
do CPC diz que os juízes e tribunais observarão (conhecer a alegação do
precedente, interpretar o precedente).
O STF e o STJ não poderiam, rigorosamente, ficar suspendendo processo
adternum, porque matam a segunda função essencial aos Tribunais de Justiça
que é fomentar o diálogo sobre precedente. O prof. Mitidiero acredita que há a
possibilidade promover a igualdade, liberdade e segurança, sem sufocar o
diálogo sobre quais seriam as melhores soluções para a interpretação da
legislação.
Parte-se do pressuposto de que o precedente é vinculante pois ele é a
encarnação, a partir do caso concreto, da interpretação que deve ser
observada dos dispositivos federais e constitucionais, portanto ele é a norma
jurídica.
5/27
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Revogação do precedente
O precedente pode ser revogado, como regra (art. 927 CPC), quando o
precedente deixa de responder as demandas sociais ou quando ele passa a ter
um desgaste na sua coerência substancial (deixa de fazer sentido). A superação
do precedente envolve a decisão de um caso concreto, sendo a sua eficácia ex
nunc (precedente prospectivo), ou seja, ele regulará para frente aquela situação
e somente terá eficácia ex tunc (procedente retrospectivo) quando inaugura
uma interpretação sobre o tema.
Precedente vs. Coisa Julgada
Quando, após a formação do precedente, há a formação de uma coisa julgada
em sentido contrário (coisa julgada superveniente ao precedente), a ordem
jurídica brasileira, nesse caso, viabiliza a desconstituição da coisa julgada
mediante ação rescisória (art. 966, V, §4º e 5º CPC) e permite também a
declaração de ineficácia da coisa julgada mediante impugnação (art. 535 §7º
CPC). Nessa situação, a coisa julgada viola uma norma preexistente.
Entretanto, há um real problema quando há a superveniência do precedente a
coisa julgada (o precedente se forma após a coisa julgada). A maneira simples
da resolução desse problema depende do STF e do STJ, que é outorgar eficácia
prospectiva à superação do precedente (art. 927, §3º e 4º), fundamenta-se a
superação do precedente para frente com base na ideia da confiança legítima
e da igualdade.
Quando o supremo não modula os efeitos, há um problema, e é ai que tem-se
que utilizar o manancial teórico da súmula 343 do STF que diz que os textos são
dotados de mais de uma interpretação possível, podendo haver portanto,
divergência jurisprudencial sobre a compreensão de um determinado texto para
a solução do caso concreto e quando isso ocorre é necessário preservar a
interpretação que já foi consolidada na coisa julgada, por isso não cabe ação
rescisória para desconstituir a coisa julgada. O STF aplicou a súmula 343 sem
nenhum tipo de oposição até 1980, quando se formou o caso da serventia ilegal
(recurso extraordinário 89108 GO – Relator Ministro Cunha Peixoto1) que disse que
é preciso levar em consideração a supremacia da constituição que não admite
uma decisão meramente razoável, ela exige uma decisão correta que deve ser
aplicada a todos, independentemente da formação da coisa julgada anterior.
1 Min. Moreira Alves foi quem formou realmente esse precedente.
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http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/menuSumarioSumulas.asp?sumula=1472
2020/2 – 5º semestre – UFRGS – by: @justo_estudos
Em 2002, isso voltou a ser matéria do STF no caso do sindicato inconformado
(agravo regimental no recurso extraordinário 235794 SC – Relator Ministro Gilmar
Mendes), onde o Ministro Gilmar Mendes invocou o precedente formado pelo
Min. Cunha Peixoto na década de 80 e disse que a constituição não admite uma
decisão meramente razoável, ela exige uma decisão correta que deve ser
aplicada a todos sob pena de enfraquecida a sua força normativa. Foi ai que a
Súmula 343 do STF começou a ser superada.2
Somente em 2014 o STF “pacificou” a situação com o surgimento do caso
Metabel (recurso extraordinário 590809 RS – Relator Min. Marco Aurélio), e neste
caso que não tem uma opinião majoritária, mas se concluiu que é da natureza
do direito o seu viés argumentativo, todos os textos são passiveis de
interpretações razoáveis e aceitáveis, o direito não trabalha com decisões
corretas únicas, mas sim trabalha nos domínios daquilo que é coerente, que é
mais aceitável, que faz mais sentido. Foi nesse sentido que o STF reafirmou a
autoridade da Súmula 343 e disse não ser possível desconstituir a coisa julgada
anterior em função da superveniência de um precedente pois isso obrigaria as
pessoas a observar um precedente que não existia, em manifesta retroatividade
do direito. O STF mantém até hoje essa orientação, e na visão do prof. Mitidiero,
quando o STF for enfrentar o art. 535 §8º do CPC que permite ação rescisória
fundada em decisão superveniente a coisa julgada sem prazo, ele certamente
chegará a conclusão de que o dispositivo é inconstitucional, pois esse dispositivo
aniquila o núcleo duro da ideia de segurança.
Conclui-se que quando se tem um precedente superveniente à coisa julgada, o
princípio da igualdade impõe que as pessoas que tenham a coisa julgada, por
essa particularidade, sejam tratadas pela coisa julgada e aquelas pessoas que
não se formou ainda a coisa julgada serão tratadas pelo precedente.
2 Indicação: “Eficácia das sentenças na jurisdição constitucional”– Min. Teori
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aula 3
Recursos
Para o prof. Adriano, a criação da ideia de recurso vem com a ascensão de
Otávio Augusto (27 a.C) que concentra atividades que não eram estatais, em
suas mãos, faz isso estatizando o juris consultos e possibilita que, de todas as
decisões dos tribunais, o cidadão possa recorrer ao príncipe e utiliza dos juris
consultos para que faça essa revisão, daí a origem da palavra “recurso” (re +
curso), voltar ao curso. Portanto, recurso é voltar ao curso correto do processo.
A existência do recurso tem também um viés psicológico, o ser humano tem uma
capacidade de adaptação temporal. O processo evita uma tentativa de justiça
pelas próprias mãos, ao perder o processo poderia ter uma sensação de injustiça,
mas com a possibilidade de interpor recurso há um tempo para que possa se
“conformar” com o resultado.
O professor Barbosa Moreira conceitua o recurso como sendo o remédio
voluntário idôneo a ensejar, dentro do mesmo processo, a reforma, a invalidação,
o esclarecimento ou a integração judicial que se impugna. O prof. Adriano
entretanto crítica o termo remédio, pois não o considera adequado para a área
jurídica. Há também, nas cortes brasileiras, a falta de entendimento sobre o que é
reforma e o que é invalidação da decisão judicial, por muitas vezes os tribunais
invalidam decisões que deveriam ser reformadas, e vice-versa, principalmente
em matérias probatórias. A invalidação/anulação da decisão judicial só pode
ocorrer quando há uma violação a norma processual que resulta em um prejuízo
diretamente resultante dessa violação dessa norma processual. Para Barbosa
moreira os objetivos principais do recurso são a invalidação ou reforma da
decisão judicial.
Órgão julgador
Tirando o caso dos embargos de declaração, normalmente temos dois juízos: (I)
juízo de admissibilidade e (II) juízo de mérito.
Juízo de admissibilidade
Pode-se ter juízo de admissibilidade simples ou duplo. O CPC/15 em sua versão
original acabou com o duplo juízo de admissibilidade, o STJ e o STF entretanto,
antes do CPC entrar em vigor, recriaram o duplo juízo de admissibilidade para o
recurso especial e o recurso extraordinário.
8/27
é uma fase do mesmo processo
em
ba
r g
os
2020/2 – 5º semestre – UFRGS – by: @justo_estudos
O juízo de admissibilidade olhará estritamente questões processuais relacionadas
a este juízo de admissibilidade, se vai ou não admitir o recurso, com foco nos
pressupostos recursais objetivos e subjetivos, ex.: o recurso foi interposto no prazo
correto? Quando o recurso não é reconhecido ele não terá seu mérito
analisado.
Juízo de mérito
Quando o recurso tem seu mérito analisado ele sempre terá sua admissibilidade
conhecida. Jamais haverá um recurso não conhecido e provido, para ser julgado
o mérito é necessário que seja conhecido. Ou seja, para o mérito ser analisado
ele precisa ter preenchido os pressupostos recursais objetivos e subjetivos. Ao
analisar o mérito será dado total provimento, parcial provimento ou negado
provimento (recurso improvido).
Legitimidade
Quem tem legitimidade para apresentar recursos são as partes, o terceiro
interveniente e o terceiro prejudicado. A jurisprudência admite que o advogado
recorre, como terceiro e/ou como em nome da parte, com relação à majoração
de seus honorários. O interesse recursal é da parte que sucumbe ou quem é
afetado negativamente pela decisão.
↳ Amicus curiae (art. 138, § 1º) somente pode recorrer com embargos de
declaração e da decisão que julgar o incidente de resolução de
demandas repetitivas.
↳ Antigo limbo (art. 299, parágrafo único): a tutela provisória, nos recursos,
será requerida ao órgão competente para apreciar o mérito.
Relação ato recurso
Para cada decisão deve haver um único recurso apropriado à sua reforma ou
invalidação (art. 994 CPC).
↳ Sentença → recurso de apelação (art. 1009 CPC)
↳ Despachos → não cabe recurso (art. 1001 CPC)
↳ Decisões interlocutórias → cabe agravo de instrumento (art. 1015 CPC) ou
apelação (para os casos não previstos no art. 1015)
9/27
MÉRITO DO RECURSO ≠ mérito da causa, mérito da sentença
2020/2 – 5º semestre – UFRGS – by: @justo_estudos
 Freddie Diedier levantou a questão sobre o art. 1015 do CPC/15 dizendo
que o artigo não é taxativo e há situações não previstas no artigo que
poderá se utilizar de agravo de instrumento, citou inclusive o inciso III
sendo como declinação de competência.
↳ Decisão monocrática → caberá agravo regimental
Pedido de reconsideração, a correição parcial, remessa obrigatória ou reexame
necessário, a ação rescisória, os embargos de terceiro, a medida cautelar
inominada, os agravos exclusivamente regimentais e o mandado de segurança
contra ato judicial não são recursos, mas sim sucedâneos de recursais3.
aula 4
Classificação dos recursos
De acordo com a Profª Judith, nenhuma classificação é certa ou errada, toda
classificação é mais ou menos adequada de acordo com a sua
finalidade.
Total e parcial
Os recursos podem ser classificados quanto ao seu conteúdo como recurso total
ou recurso parcial, isso leva em consideração ao conteúdo a ser impugnado.
Recurso total é o recurso que abrange toda a sua totalidade e recurso parcial é
aquele recurso que não abrange todo o conteúdo impugnável da decisão (art.
1002 CPC).
Ordinários (comuns) e extraordinários (especiais)
Classificação quanto a matéria que será apreciada pelo órgão julgador. O
recurso ordinário, também chamado recurso comum, são aqueles destinados ao
reexame da matéria fática e jurídica discutida no curso da relação processual,
visa atender a necessidade da parte em ter seu direito subjetivo reexaminado por
outro órgão. Já os recursos especiais não visam defender diretamente o
3 Sucêdaneos de recursais é todo meio de impugnação de decisão judicial que não é nem
recurso, nem ação de impugnação. Trata-se de categoria que engloba todas as outras formas
de impugnação da decisão.
10/27
DESPACHO é o ato judicial desprovido de conteúdo valorativo não pode me prejudicar nem 
me beneficiar.
2020/2 – 5º semestre – UFRGS – by: @justo_estudos
direito subjetivo da parte, mas sim a uniformidade da aplicação desse
direito, pela ofensa a determinado preceito de lei federal ou norma
constitucional. Ou seja, nos recursos extraordinários irá ser reanalisado
o direito aplicado e não os fatos.
Basicamente existem três recursos extraordinários, são eles: (I) recurso
extraordinário ao STF; (II) recurso especial ao STJ; e (III) os embargos de
divergência, ocorre quando há divergência entre as turmas da mesma seção.
Fundamentação livre e fundamentação vinculada
Os recursos podem ser de fundamentação livre, que é a maioria dos nossos
recursos, tem-se uma maior liberdade na alegação de injustiça em relação a
decisão proferida. Os recursos de fundamentação vinculada deve se enquadrar
nas hipóteses específicas determinadas em lei.
Principal ou adesivo
Classificação quanto a autonomia do recurso. O recurso adesivo é aquele que
será manejado dependentemente do recurso formulado pela parte contrária, é
um recurso que se faz somente quando a parte contrária faz um recurso principal
(art. 997 CPC).
Efeitos recursais
É importante distinguir o efeito do recurso do efeito da possibilidade do recurso e
efeito do julgamento do recurso. O CPC de 2015 tem uma norma muito clara
sobre a não suspensividade do recurso, ou seja, por regra geral, a decisão judicial
se cumpre imediatamente, o recurso não suspende o mando da decisão.
Efeito obstativo
Efeito obstativo significa que o recurso mantém o estado de litispendência, o
recurso impede a formação da coisa julgada (res judicata) é um efeito da
possibilidade de interposição do recurso. Aqui o trânsito em julgado se conta a
partir do último dia do prazo de interposição do recurso.
Efeito devolutivo
Refere-se a devoluçãoda matéria para reexame em instância superior. O efeito
devolutivo limitará o órgão julgador em relação ao conteúdo que pode ser
11/27
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conhecido no julgamento. O tribunal não pode piorar a situação do único
recorrente.
Efeito translativo
O efeito translativo devolve ao tribunal, quando há um recurso, a análise das
questões de ordem pública4, é a possibilidade do tribunal utilizar-se de
argumentos não suscitados em sede recursal pelo recorrente, mas que haviam
sido discutidos anteriormente, não estando limitado às razões do recurso. O efeito
translativo diz respeito às questões cognoscíveis ex officio, as questões que
podem ser conhecidas pelo magistrado mesmo que não haja nenhuma
manifestação das partes. Ex.: a parte recorre pedindo os danos morais que não
recebeu em 1º grau, mas se verificado no julgamento do recurso que houve
alguma nulidade do processo o processo pode sim ser anulado e acabar
prejudicando o recorrente. Em resumo, o tribunal pode deliberar livremente
acerca de matérias públicas, das questões trazidas pela parte no recurso e das
questões em que houve discussão no 1º grau mas que não foi utilizado ao
sentenciar.
Pelo efeito translativo são transferidas ao tribunal as questões de ordem pública e
as questões dispositivas, mesmo que não tenha havido uma referência explicita a
ela no recurso ou na sentença.
Efeito suspensivo
A regra do CPC (art. 995) é a não suspensividade, entretanto o recurso de
apelação dado pela lei possui o efeito suspensivo e embora possa ser executada
a decisão em outras situações há o risco de ter de ressarcir. O parágrafo único do
artigo 995 dá a possibilidade do magistrado determinar o efeito suspensivo nas
condições de risco de dano grave e probabilidade de êxito do recorrente.
Efeito ininterruptível
Somente o recurso de embargos de declaração possui o efeito incorruptível,
previsto no artigo 1026 do CPC. Uma vez interposto os embargos de declaração,
após o seu julgamento, será restituído na integra todo o prazo para outros
recursos.
4 Matéria de ordem pública: condição da ação, decadência, prescrição legal, etc.
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Efeito substitutível
Previsto no art. 1008 do CPC, ocorre quando a decisão do tribunal, ao julgar o
mérito do recurso, substitui a decisão do juízo a quo. Só ocorrerá o efeito
substitutível quando houver reforma total ou parcial do recurso.
Efeito expansivo
O efeito expansivo ocorre quando, no julgamento do recurso, há decisão mais
abrangente que o objeto impugnado. O recurso expande seus efeitos iniciais,
abarcando matéria que não foi objeto de impugnação recursal.
Efeito regressivo
Alguns autores chamam de efeito de retratação. É a possibilidade do juiz de se
retratar, mudar sua decisão, quando ocorre a interposição do recurso. É possível
ocorrer quando o juiz (I) indefere liminarmente a petição inicial (art. 371 CPC); (II)
proferir sentença terminativa (sem análise de mérito); (III) agravo interno e agravo
de instrumento; (IV) embargos de declaração; e (V) recurso especial e
extraordinário (art. 40 CPC).
aula 5
Princípios recursais
A palavra princípio quer dizer começo, pode-se entender então o princípio como
aqueles esteios de sustentação. O prof. Adriano prefere a conceituação dos
princípios como elemento nuclear do sistema, ou seja, os princípios são o núcleo
em torno do qual gravitam os institutos jurídicos5. Os princípios podem ou não
estarem escritos.
Princípio da voluntariedade recursal
Se este princípio não for superado não se vai adiante. O princípio da
voluntariedade recursal está diretamente relacionado a um outro princípio de
direito processual do processo de conhecimento, que é o princípio da inércia,
assim como só se dá início a um processo exercendo seu direito de demanda se
assim desejar, da mesma forma, no âmbito do direito recursal, só se poderá dar
5 Regras jurídicas, divisão clássica de Dworkin que diz que princípios e regras são espécies de
normas jurídicas.
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início ao processo recursal se desejar. Deve-se lembrar dos casos de preclusão
lógica6.
Principio da substitutividade, anulação ou integração da decisão recorrida
Os recursos (exceto os embargos) se destinam predominantemente a duas
atividades: (I) reformar a sentença; ou (II) anular a sentença.
Substitutividade
Ocorre quando o órgão ad quen der decisão divergente da que foi dada em 1º
grau, mas isso somente ocorrerá quando o recurso for conhecido e provido,
parcial ou total. Quando a decisão do órgão ad quem substitui a decisão do
órgão ad quo.
Anulação
Ocorre quando o juiz ad quem entende que a decisão é nula e portanto deve ser
retirada do processo, atingindo todas as outras decisões decorrentes da decisão
anulada.
Integrativo
Ocorre basicamente nos embargos de declaração acolhidos, parcial ou total,
neste caso a decisão do juiz ad quem completa a decisão anterior. O prof.
Pontes de Miranda diz que é completante aquilo que for decidido nos embargos
de declaração. O órgão que julga os embargos de declaração depende de
qual a decisão que está sendo embargada.
Principio da devolutividade da matéria
Está relacionado ao efeito devolutivo, trata-se da relação que se estabelece
entre o recorrente e a sua vontade de recorrer, devendo ao estado juiz aqueles
aspectos da sua inconformidade.
Principio da não suspensão dos efeitos da decisão a quo
As decisões judiciais são, em regra, exequíveis imediatamente.
6 Quando o recorrente cumpre voluntariamente o determinado pela sentença e após recorre a
cerca da decisão.
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Princípio da taxatividade recursal
Não existe recurso sem lei que o institua e deve ser instituído em lei federal, mas
não basta que o recurso tenha sido criado por lei e não haverá outros recursos se
não estes tratados pela lei federal.
Princípio da singularidade (unicidade) ou princípio da unirrecorribilidade
recursal
Existe apenas um único recurso para atacar determinada decisão judicial, não se
pode manejar mais de um recurso contra a mesma decisão, mesmo que a
sentença decida sobre diversas questões. Há uma exceção, contra o acórdão
deverá ser manejado no mesmo prazo, em peças separadas, o recurso
extraordinário e o recurso especial se quiser atacar uma questão constitucional e
uma questão judicial. Deve ser interposto um recurso de cada vez. O CPC de
2015 permite que o recurso seja interposto antes do início do prazo7, sendo assim
pode ser interposto os embargos de declaração e a apelação, mas os embargos
serão julgados primeiro.
Princípio da incindibilidade da decisão recorrida
A incindibilidade significa que não se pode separar a decisão, ou seja, ao recorrer
não se pode dizer que concorda com o conteúdo mas discorda da
fundamentação ou vice-versa. A decisão é um todo e será analisada como um
todo, não se pode fazer uma análise sem o sincronismo da decisão com sua
fundamentação.
7 O professor critica essa possibilidade pois, ao interpor embargos há a possibilidade de que seja
alterada a sentença e consequentemente será alterado o objeto de apelação, logo não há
um motivo lógico para essa interposição antecipada.
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Principio da dialeticidade
Esta intimamente relacionado a necessidade de fundamentar o recurso e o
recorrido deverá ser ouvido antes da decisão final. O recorrido e o recorrente não
podem ser surpreendidos por um fundamento novo/surpresa (art. 10, CPC). Ex.: se
o julgador verificar decadência, mesmo que não tenha sido mencionada em
momento algum no processo ele não poderá decidir informando-a, antes de
proferir a decisão ele deverá ouvir as partes a cerca desta decadência e
somenteapós poderá decidir. O juiz tem que ouvir as partes mesmo que tenha
capacidade de ofício para julgar o assunto. A dialeticidade ocorre com as partes
entre si e entre as partes e o julgador.
Principio dispositivo
Relacionado ao princípio da inércia, é uma prerrogativa da parte, não pode ser
obrigado a recorrer, ainda que a inércia lhe traga algum prejuízo.
Princípio da congruência
Relacionado ao princípio dispositivo. A parte fará a delimitação da matéria
levada ao órgão julgador.
Princípio inquisitivo
Tem relação direta com o princípio dispositivo que se subdivide em dois
subprincípios: (I) admissibilidade das questões de ofício; e (II) dever de produzir
todas as provas para a decisão da matéria envolvida em sede recursal. O tribunal
pode produzir provas em sede recursal (art. 938 CPC).8
Princípio da correspondência
Estabelece que para cada situação decisória caberá um, e único, recurso
específico (pág. 9).
Princípio da fungibilidade
No sistema recursal significa a possibilidade do julgador trocar o recurso que foi
interposto errado pelo recurso correto. Necessidade de dois pressupostos: ( I) o
recurso incorreto deve ter sido interposto no prazo do recurso correto; e ( II) não
ter cometido erro grosseiro
8 Teoria da causa madura (pesquisar) – (art. 1009, §3º CPC).
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Princípio da consumação
O princípio da consumação está relacionado a preclusão consumativa, ou seja,
assim que interposto o recurso, ainda que dentro do prazo, não poderá ser
emendado nem modificado.
Princípio da complementariedade
É um princípio fraco, não muito falado, mas significa que a decisão recursal se
agrega a decisão do juiz a quo.
Princípio da ineficácia das decisões recorridas
Para os casos que se tem efeito suspensivo, haverá a ineficácia da decisão
recorrida enquanto pendente de julgamento.
Princípio da colegialidade do órgão julgador
Significa que o recurso será julgado por um órgão colegiado, com algumas
exceções (ex.: art. 932 CPC). Das decisões do relator, qualquer que seja ela,
poderá, através do agravo interno, levar ao colegiado.
Princípio do duplo grau de jurisdição
Princípio constitucioonal (art. 5º, LV da CF). Exceções: reexame de matéria fática.
Princípio da proibição da non reformatio in ….
O tribunal não poderá modificar a sentença em prejuízo ao recorrente.
aula 6
O recurso visa medida destinada a provocar o reexame, ou integração, de
decisão judicial, sendo um procedimento em continuação, já que se verifica
dentro do mesmo processo, contudo, para que o recurso seja conhecido e tenha
seu mérito examinado pelo juízo ad quem, é necessário que estejam preenchidas
algumas condições de admissibilidade (também chamados de requisitos
recursais). O exame do recurso pelo seu fundamento (saber se o recorrente tem
ou não razão) denomina-se juízo de mérito (ou de libação).
Juízo de admissibilidade
Também chamado de juízo de prelibação. Refere-se ao exame das condições
de admissibilidade do recurso, o recurso deve passar por esse juízo de
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2020/2 – 5º semestre – UFRGS – by: @justo_estudos
admissibilidade para ter seu mérito analisado. O CPC/73 definia que após a
sentença a parte interpunha o recurso perante o juízo a quo e era ele quem fazia
o exame de admissibilidade e se o recurso preenchesse as condições necessárias
o juiz intimava o recorrido para apresentar as contrarrazões e aí então eram
remetidos os autos para o Tribunal e aí o tribunal faria o juízo de mérito. Caso o juiz
não admitisse o recurso a parte interpunha no tribunal um agravo de instrumento
contra a decisão que inadmitiu o recurso. O legislador do CPC de 2015 modificou
este procedimento e acabou com o duplo juízo de admissibilidade em todos os
recursos devido a lentidão processual, agora quem faz o juízo de admissibilidade
é o mesmo que faz o juízo de mérito. Entretanto, a Lei 13256/15 modificou o CPC
e criou o duplo juízo de admissibilidade exclusivamente para o recurso
extraordinário e o recurso especial (art. 1030 CPC).
O recurso não pode mais ser inadmitido sem que oportunize ao recorrente que se
manifeste, ou se possível, corrija a sua falha (art. 9º CPC). Deve-se atentar as
expressões forenses da matéria, quando o juízo ad quem faz um juízo positivo de
admissibilidade ele “conhece o recurso” e quando faz juízo negativo de
admissibilidade ele “não conhece o recurso”.
A decisão que não admite o recurso é uma decisão de natureza declaratória e
por isso tem eficácia ex tunc. A decisão do relator vai retroagir ao momento em
que foi interposto o recurso não conhecido.
Requisitos de admissibilidade dos recursos
↳ Requisitos objetivos – são aqueles que não estão relacionados com os
sujeitos do processo (sujeitos recursais):
 Cabimento (art. 994, CPC) → só se pode utilizar um recurso que exista no
sistema processual, previsto em lei federal;
 Adequação → significa que dentro dos recursos existentes o interposto
foi o recurso correto, ex.: art. 203 CPC que diz que não cabe recurso a
despachos;
 Tempestividade → o recurso deve ser interposto no prazo adequado9;
 Preparo → recolhimento das custas relacionadas ao pagamento do
recurso, em caso de não recolhimento das custas ocorre a deserção;
 Regularidade formal → o recurso tem que ser escrito, estar em
português, estar fundamentado, etc;
9 Dentro do prazo ou antes do início do prazo (art. 4º CPC).
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 Requisito negativo (art. 908, 909 e 1000 CPC) → não pode haver fato
impeditivo ou extintivo do direito de recorrer;
↳ Requisitos subjetivos – estão ligados aos sujeitos do recurso:
 Legitimidade recursal (art. 996, CPC);
 Sucumbência → para ter interesse recursal deve-se ter perdido algo, ou
seja, se a ação foi julgada procedente o autor não tem interesse de
recorrer. A sucumbência é prejuízo de não ter atingido o que se
pretendia. Exceção: embargos de declaração que podem ser
interpostos mesmo que tenha sido obtido o que se desejou;
Há autores que ainda falem em requisitos intrínsecos (decisão recorrida em si
mesmo) e requisitos extrínsecos (relacionados a fatores externos).
Juízo de mérito
O mérito no processo de conhecimento é a pretensão do autor que espelha o
bem jurídico sobre o qual se litiga e pode, ou não, coincidir com o mérito do
recurso, mas não tem o mesmo significado. O juízo de mérito ocorre apenas após
o conhecimento do recurso10, daí então o tribunal pode “dar provimento” total
ou parcial, ou “negar provimento” ao recurso.
O recurso é uma alegação de que o juiz cometeu um erro de julgamento ou um
erro de procedimento que são tipos de vícios que uma decisão pode apresentar.
O erro julgamento (errores in judicando) se relaciona a vício de natureza
substancial11 e para esses erros pede-se reforma da decisão. Já os erros de
procedimento (errores in procedendo) se liga a vício de natureza formal e é vício
de atividade e não de conteúdo do ato, está ligado ao pressupostos processuais,
às condições da ação ou a quaisquer outros elementos capazes de causar
defeito na prestação da tutela jurisdicional. E para esses erros pede-se a
anulação da decisão.
Aula 7
10 É impossível a análise de mérito a um recurso não conhecido, ou seja, não existe “não
conheço recurso e (…)”. O recurso não conhecido acaba no não conhecimento.
11 Quando o magistrado avaliar mal a valoração do fato. Quando aplicar, sobre os fatos, o
direito de forma errada ou interpretar equivocadamente a norma abstrata.
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Ordem de processo nos Tribunais
Os tribunais basicamente, em matéria de julgamento, trabalham com um órgão
que, nos tribunais estaduais se chamam câmaras e que nos tribunais regionais
federais se chamam turmas, este órgão éo juízo ad quem, é para ele que se vai
endereçar o recurso interposto contra uma decisão do juiz de primeiro grau. Esse
órgão costuma ser composto por três julgadores, chamados de
desembargadores. Há alguns estados que possuem mais de 3 desembargadores
na câmara ou turma, daí se faz a distinção entre câmara e a câmara julgadora.
Na hora do julgamento deve ser sempre três desembargadores que serão o
relator de recursos (art. 932 CPC) e os julgadores.
Seção de julgamento
As seções de julgamento em um tribunal, em regra, são públicas, e começam
com o presidente dando boas vindas aos julgadores, advogados, membros do
MP etc. Existe uma pauta de julgamento elaborada pela presidência daquele
órgão, e comumente inicia com a pergunta aos julgadores se há algum
julgamento em relação a última seção. Esta pauta de julgamento deve ser
disponibilizada, havendo nulidade se o processo for incluso para julgamento sem
que tenha sido publicada a sua pauta. Se algum dos membros da câmara não
estiver presente, se encontrar impedido, chama-se um outro julgador para
compor exclusivamente aquele julgamento.
Feito isso, na sequência chama-se os processos que contém sustentação oral, e é
dado a preferência a sustentações orais que ocorram a distância. Após é feito o
chamamento de processos com pedidos de preferência e após, são julgados os
demais processos. Após o chamamento ao processo, o presidente dá a palavra
ao relator que relatará o processo e passará a palavra ao advogado do
recorrente, ao advogado do recorrido, ao MP e daí a palavra é devolvida ao
relator para dar seu voto. Após o voto do relator se dá o voto do magistrado mais
antigo e mais novo. Enquanto o relator e os magistrados estão votando não é
permitida a interferência. Pode haver uma “interrupção” utilizado pelos
advogados ou pelo MP com a expressão “pela ordem” desde que seja em
relação a alguma questão de fato, ex.: o julgador informa durante o voto que o
recibo não encontra-se nos autos do processo, o advogado pode dizer “pela
ordem, o recibo encontra-se na folha xxx”, este é um fato, não abre-se debate
quanto a isto.
Quando o relator originário for vencido (ou seja, ambos os outros votaram
contrário a ele) ele perde a relatoria e se designa outro magistrado para a
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2020/2 – 5º semestre – UFRGS – by: @justo_estudos
relatoria daquele recurso. Não ocorre perda da relatoria em casos que o relator
perder em parcela mínima, exemplo: o relator vota em diminuir o percentual de
honorários, mas é vencido somente neste ponto, neste caso ele continua sendo
relator.
aula 8
Sucedâneos Recursais
Sucedâneos recursais são todos os meios de impugnação de decisão judicial que
nem é recurso nem é ação de impugnação. Trata-se de categoria que engloba
todas as outras formas de impugnação da decisão. São meios que não se
encontram taxados na sistemática processual como espécie de recurso, mas
fazem o papel de um recurso por não existir recurso ou pela facilidade de forma.
Pedido de reconsideração (art. 106 da Lei 8.112/90)
O pedido de reconsideração de decisão possibilita a revisão de uma decisão já
tomada, é direcionado exclusivamente à mesma autoridade que já havia
pronunciado uma decisão anteriormente, o pedido pode ser feito uma única vez.
Importante frisar que a reconsideração é diferente de dar uma resposta diferente,
pode ser dada, inclusive a mesma resposta. O pedido de reconsideração faz
com que o magistrado reexamine a sua decisão podendo manter ou alterar sua
decisão.
A ideia do instituto de reconsideração é possibilitar que o magistrado se corrija
em algo que ele não percebeu, ou se confundiu. Ex.: magistrado diz que não
precisa de perícia pois já foi juntado laudos aos exames, o advogado pede a
reconsideração para dizer que esses laudos não constam nos autos ou não são
suficientes. No pedido de reconsideração não se pode inovar, só será pedido de
reconsideração quando o pedido for a luz dos mesmos fatos.
O pedido de reconsideração não suspende nem interrompe o prazo recursal, por
isso deve-se manejar o recurso apropriado quando se quer a mudança de
decisão. O pedido de reconsideração deve-se ocorrer a uma situação rara, a
uma não percepção do juiz acerca de um elemento da decisão específico.
Se atribui o pedido de reconsideração a uma insatisfação com os meios legais
existentes e os recursos postos à disposição da parte, daí tenta se desbravar
outros caminhos como um modo de desafiar os pronunciamentos do órgão
judiciário. Foi criado pelo hábito forense de pedir uma reanálise ao magistrado,
ao invés de agravar.
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O pedido de reconsideração poderá ser definido como um requerimento
(petição) apresentado pela parte ao órgão prolator da primeira decisão, a fim
de que ela seja reformada e que haja retratação, ou até mesmo, revogação do
que foi decidido. Importante lembrar que os terceiros também podem apresentar
o pedido de reconsideração (ex.: foi solicitado informações ao banco central no
prazo de 5 dias, porém o banco central entra com pedido pedindo mais tempo).
A origem do pedido de reconsideração está nas ordenações filipinas, no livro III
título 65, nº 2. Importante dizer que o pedido de reconsideração só é cabível
enquanto a decisão não preclusa a presente decisão (art. 507, CPC).
O pedido de reconsideração pode ser direcionado aos despachos, decisões
interlocutórias e decisões monocráticas dos relatores. A sentença só pode ser
objeto de pedido de reconsideração nos casos previstos em lei, que são: quando
ocorre o indeferimento da exordial12 (art. 331 CPC) ou quando o juiz julga
liminarmente improcedente o pedido13 (art. 332 CPC).
Reexame necessário
Também chamado de remessa necessária, o reexame necessário só cabe à
fazenda pública, consiste na obrigatoriedade do envio dos autos do processo
para o tribunal para reapreciação da sentença e novo julgamento. O artigo 496
do CPC elenca duas possibilidades para o reexame necessário, são elas: (I)
quando for vencida a União, os estados, município ou o DF; e (II) quando forem
julgados procedentes aos embargos à execução fiscal. O reexame necessário
possui natureza jurídica de condição de eficácia da sentença.
O novo CPC trouxe limitações ao reexame necessário, sendo limite quantitativo
(art. 496, §3º) e limite quanto a sentença (art. 496, §4º), ou seja, se o juiz proferiu
uma sentença que está de acordo com súmulas e decisões dos tribunais. Não
caberá também, o reexame necessário, quando houver sido manejado recurso
próprio, se o recurso não for conhecido ou for parcial não haverá o reexame
necessário.
Mandado de segurança
O mandado de segurança é um instrumento jurídico que visa garantir direito
líquido e certo, pode ser utilizado por quem deseja se defender contra ato judicial
que contenha ilegalidade, teratologia (aberração) ou abuso de poder, segundo
entendimento já consolidado pelos ministros do STJ. Não cabe mandado de
12 Indeferimento da petição inicial
13 Independentemente de citação do réu
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segurança contra ato judicial quando cabe recurso, conforme previsto na Súmula
267 do STF.
aula 9 (23/10)
Apelacao
A apelação é um recurso por excelência, o que significa que todos os dispositivos
previsto para a apelação são igualmente aplicáveis aos outros recursos se não
houver regra específica que o contrarie. A apelação é prevista nos art. 1009 e
seguintes do CPC. É um recurso endereçado ao TJ ou TRF, cabível para atacar
qualquer tipo de sentença, tenha ou não apreciado o mérito, proferida em
qualquer espécie de procedimento ou processo. Também é o recurso cabível
para impugnar todas as questões decididas antes da sentença que não
comportem a interposição do agravo de instrumento, e devem ser suscitadasem
preliminar de apelação ou contrarrazões. O art. 1009, §3º do CPC determina o
cabimento do recurso de apelação para atacar as questões mencionadas no
art. 1015 do CPC que integrem capítulo da sentença.
A apelação é interposta perante o juízo de primeiro grau, mediante petição
escrita que conterá os nomes e a qualificação das partes, a exposição do fato e
do direito, as razões do pedido de reforma ou de decretação de nulidade e o
pedido de nova decisão. Após a interposição da apelação o apelado será
intimado para apresentação de contrarrazões. O prazo para interpor apelação
e/ou apresentar contrarrazões é de 15 dias. Em regra, a apelação terá efeito
suspensivo (art. 1012 CPC).
→ (9) PROCESSO CIVIL II - Recurso de Apelação - YouTube 
As decisões interlocutórias que não puderem ser objeto de agravo de instrumento
só serão objetos de recurso na apelação (ou nas contrarrazões). Essas questões
são recorríveis, porém não imediatamente, somente serão objetos de recurso
após a sentença se for de seu interesse. Há uma discussão na doutrina se, quando
apresentado essas questões nas contrarrazões e o recurso não for conhecido se
pode ou não ser objeto de julgamento do órgão recursal. Para o prof. Freddie
Didier não é possível pois há uma relação de dependência.
Conteúdo do recurso de apelação: (I) error in procedendu, erros formais que o
magistrado comete no exercício de sua atividade jurisdicional, no curso
procedimental ou na prolação da sentença, em resumo é erro de procedimento;
(II) error in judicando, que é o erro de julgamento, praticado pelo magistrado
23/27
https://www.youtube.com/watch?v=Po8SkK04UY0
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quando do julgamento das questões de direito material de um determinado
processo, há um erro no julgar da causa.
Apresentada apelação e contrarrazões os autos serão remetidos ao Tribunal de
Justiça sendo o Tribunal o responsável para fazer o juízo de admissibilidade
daquele recurso. No Tribunal, não sendo caso de decisão monocrática do relator
ele preparará o relatório e o voto e pedirá ao presidente do órgão colegiado
uma data para que haja um julgamento colegiado do recurso. Há algumas
hipóteses em que o juiz a quo pode se retratar em caráter excepcional, são as
hipóteses: (I) extinção do processo sem análise do mérito (art. 485, §7º CPC); (II)
indeferimento da petição inicial (art. 331 CPC); (III) improcedência liminar do
pedido (art. 332 CPC); e (IV) situações previstas pelo ECA (art. 198, VIII ECA).
O art. 1012 a regra é de que a apelação possui efeito suspensivo com exceção
do elencado no §1º do art. 1012 do CPC, sendo admitido pelos §2º e 3º a
possibilidade de ser concedido esse efeito suspensivo em caso de haver
probabilidade de provimento do recurso ou de dano grave caso não o possua.
O art. 1013 fala sobre o efeito devolutivo que possibilita ao tribunal a reanalise das
matérias que tenham sido objetos de impugnação na apelação. Pode ocorrer o
efeito devolutivo total ou parcial. Há também o efeito translativo que é a
possibilidade do tribunal analisar questões de ordem pública, desde que seja
objeto de recurso, podendo fazê-lo de ofício.
Teoria da causa madura
O tribunal, em princípio não deve avançar no exame das matérias não decididas
ainda em 1º grau, pois isso violaria o princípio do duplo grau de jurisdição. Essa
teoria é disciplinada no artigo 1013, §3º, que permite ao Tribunal em sede de
recurso de apelação, decidir desde logo mérito da causa, sem aguardar
pronunciamento do juízo de 1º grau, desde que o processo já esteja em
condições de imediato julgamento, ou também chamado de causa madura.
AULA 10 - 30.10.mp4 - Google Driveaula 10 
Agravo
O recurso de agravo abrange 4 tipos de recurso: (I) agravo de instrumento; (II)
agravo interno (III) agravo em recurso especial e extraordinário; e (IV) agravo em
distinção (subespécie do agravo interno). O agravo retido não existe mais, era o
agravo que não iria para o tribunal, ficava aguardando nos autos pela sentença
e só seria conhecido pelo tribunal em caso de sentença desfavorável.
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https://drive.google.com/file/d/1Q5DOnqcdEbQpUlU-ZtOzosZ4oiqqkgSm/view
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Agravo de instrumento
Ao lado da apelação, é o recurso mais utilizado no dia a dia pelos operadores de
direito. É o recurso cabível para atacar decisões interlocutórias14 (intermediárias)
que, por sua vez, são exaradas incidentalmente no curso da relação processual.
O agravo de instrumento precisa conter a cópia da inicial, contestação, decisão
agravada e outros documentos relevantes. O agravo de instrumento deve ser
interposto no Tribunal de Justiça ou STJ e deve ser comunicado ao juízo a quo que
pode mudar sua decisão, colocando fim ao agravo.
Não existe agravo de instrumento nos juizados especiais estudais e/ou federais, o
mais próximo ao agravo de instrumento no juizado especial é a medida cautelar.
De acordo com o entendimento do STJ, as hipóteses de agravo de instrumento
são taxativas mitigadas. As hipóteses de agravo de instrumento estão elencadas
no art. 1015 do CPC. Quando não disposto no art. 1015 do CPC é possível a
interposição do agravo de instrumento quando verificada a urgência decorrente
da inutilidade do julgamento da questão no recurso de apelação (devido ao
entendimento do STJ a cerca da taxatividade mitigada (ex.: declinação de
competência).
Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias
que versarem sobre:
I - tutelas provisórias;
II - mérito do processo;
III - rejeição da alegação de convenção de arbitragem;
IV - incidente de desconsideração da personalidade jurídica;
V - rejeição do pedido de gratuidade da justiça ou acolhimento do pedido
de sua revogação;
VI - exibição ou posse de documento ou coisa;
VII - exclusão de litisconsorte;
VIII - rejeição do pedido de limitação do litisconsórcio;
IX - admissão ou inadmissão de intervenção de terceiros;
X - concessão, modificação ou revogação do efeito suspensivo aos
embargos à execução;
XI - redistribuição do ônus da prova nos termos do art. 373, § 1º ;
XII - (VETADO);
14 Decisões interlocutórias são decisões que não encerram o processo, mas tem poder em
questões pontuais em casa caso.
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XIII - outros casos expressamente referidos em lei.
Parágrafo único. Também caberá agravo de instrumento contra decisões
interlocutórias proferidas na fase de liquidação de sentença ou de
cumprimento de sentença, no processo de execução e no processo de
inventário
Agravo interno
O agravo interno, anteriormente chamado de agravo regimental ou “agravinho”,
é o meio de impugnação das decisões monocráticas proferidas pelo relator em
Tribunal. Está estabelecido no art. 1021 do CPC, quem julgará este agravo é o
órgão colegiado de qual faz parte aquele relator.
Se não conhecido, ou negado por unanimidade, o agravo interno o agravante
pagará uma multa de 1 a 5% do valor da causa e não pago o valor não serão
julgados os demais recursos interpostos pelo agravante. O prazo para
interposição é de 15 dias.
Agravo interno distinguish
Distinguishing no CPC é um método de comparação ou confronto entre o caso e
o precedente. Para Marília Siqueira da Costa o distinguishing consiste na “técnica
utilizada, para justificar a não aplicação do precedente judicial obrigatório,
quando há distinção entre os elementos objetivos da demanda (a que ainda será
decidida e aquela que deu origem ao precedente)”. Quando o processo fica
aguardando o proferimento de decisões monocráticas (unipessoais) é
assegurado às partes o direito de reexame e reversibilidade de tais atos decisórios
pelo colegiado do tribunal, mediante esse recurso de agravo interno em
distinção.
Aula 11
Embargos de declaracao
Os embargosde declaração são uma espécie de recurso que se destinam a
atacar decisões omissas, contraditórias, obscuras ou que possua erro material. Os
embargos de declaração são cabíveis contra qualquer decisão judicial para: (I)
esclarecer obscuridade ou eliminar contradição; (II) suprir omissão de ponto ou
questão sobre o qual devia se pronunciar o juiz de ofício ou a requerimento (III)
corrigir erro material (art. 1022 do CPC) sendo o prazo para sua imposição de 5
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dias úteis sendo dobrado em casos de embargos da fazenda pública. Nos
embargos de declaração o juízo a quo e ad quen são os mesmos.
Os embargos de declaração possuem efeito devolutivo mas em regra não possui
efeito suspensivo. Interposto os embargos de declaração interrompe-se os prazos
para eventuais recursos e o juiz apreciará os embargos de declaração. O CPC de
2015 trouxe a presunção de omissão na decisão quando não manifeste sobre a
tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em incidente de assunção de
competência aplicável ao caso ou quando incorra em qualquer das condutas
descritas no art. 489, §1º do CPC, nos demais casos a omissão deverá ser
comprovada.
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	Reforma da coisa julgada
	Revogação do precedente
	Precedente vs. Coisa Julgada
	Órgão julgador
	Juízo de admissibilidade
	Juízo de mérito
	Legitimidade
	Relação ato recurso
	Classificação dos recursos
	Total e parcial
	Ordinários (comuns) e extraordinários (especiais)
	Fundamentação livre e fundamentação vinculada
	Principal ou adesivo
	Efeitos recursais
	Efeito obstativo
	Efeito devolutivo
	Efeito translativo
	Efeito suspensivo
	Efeito ininterruptível
	Efeito substitutível
	Efeito expansivo
	Efeito regressivo
	Princípios recursais
	Princípio da voluntariedade recursal
	Principio da substitutividade, anulação ou integração da decisão recorrida
	Substitutividade
	Anulação
	Integrativo
	Principio da devolutividade da matéria
	Principio da não suspensão dos efeitos da decisão a quo
	Princípio da taxatividade recursal
	Princípio da singularidade (unicidade) ou princípio da unirrecorribilidade recursal
	Princípio da incindibilidade da decisão recorrida
	Principio da dialeticidade
	Esta intimamente relacionado a necessidade de fundamentar o recurso e o recorrido deverá ser ouvido antes da decisão final. O recorrido e o recorrente não podem ser surpreendidos por um fundamento novo/surpresa (art. 10, CPC). Ex.: se o julgador verificar decadência, mesmo que não tenha sido mencionada em momento algum no processo ele não poderá decidir informando-a, antes de proferir a decisão ele deverá ouvir as partes a cerca desta decadência e somente após poderá decidir. O juiz tem que ouvir as partes mesmo que tenha capacidade de ofício para julgar o assunto. A dialeticidade ocorre com as partes entre si e entre as partes e o julgador.
	Principio dispositivo
	Princípio da congruência
	Princípio inquisitivo
	Princípio da correspondência
	Princípio da fungibilidade
	Princípio da consumação
	Princípio da complementariedade
	Princípio da ineficácia das decisões recorridas
	Princípio da colegialidade do órgão julgador
	Princípio do duplo grau de jurisdição
	Princípio da proibição da non reformatio in ….
	Juízo de admissibilidade
	Requisitos de admissibilidade dos recursos
	Juízo de mérito
	Ordem de processo nos Tribunais
	Seção de julgamento
	Sucedâneos Recursais
	Pedido de reconsideração (art. 106 da Lei 8.112/90)
	Reexame necessário
	Mandado de segurança
	Teoria da causa madura
	Agravo de instrumento
	Agravo interno
	Agravo interno distinguish

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