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LARA NATHÁVIA | PRÁTICAS MÉDICAS NO SUS | P4 – 2021.1 OFICINA DE TRABALHO 1 – REDE DE SAÚDE DE DOENÇAS CRÔNICAS/RAS – REDE DE ATENÇÃO ONCOLÓGICA NO BRASIL INTENCIONALIDADE EDUCACIONAL • Compreender a Vigilância das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), a Política Nacional de Atenção Oncológica, o desenvolvimento das ações da Rede de Atenção Oncológica para o câncer de colo de útero e mamas em mulheres no Brasil. 1- ENTENDER OS COMPONENTES E A ORGANIZAÇÃO DA REDE DE ATENÇÃO ÀS DOENÇAS CRÔNICAS (FOCO NA REDE DE ATENÇÃO À ONCOLOGIA); • RAS = organização do conjunto de serviços e ações de Saúde de distintas densidades tecnológicas que, integrados por meio de estruturas de apoio técnico, logístico e de gestão, buscam garantir a integralidade do cuidado às populações de uma região de Saúde (BRASIL, 2010). • O objetivo da rede é: realizar a atenção integral à saúde das pessoas com doenças crônicas, em todos os pontos de atenção (promoção e proteção da saúde, prevenção de agravos, diagnóstico, tratamento, reabilitação, redução de danos e manutenção da saúde); e fomentar a mudança no modelo de atenção à saúde, por meio da qualificação da atenção integral às pessoas com doenças crônicas e da ampliação das estratégias para promoção da saúde da população e para prevenção do desenvolvimento das doenças crônicas e suas complicações (BRASIL, 2014). • Nesse sentido, a Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças Crônicas é estruturada pelos seguintes componentes (BRASIL, 2014): LARA NATHÁVIA | PRÁTICAS MÉDICAS NO SUS | P4 – 2021.1 • A Portaria GM/MS nº 483, de 1º de abril de 2014, redefine a Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças Crônicas no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) e estabelece diretrizes para a organização das suas linhas de cuidado, tendo como princípios (BRASIL, 2014): LARA NATHÁVIA | PRÁTICAS MÉDICAS NO SUS | P4 – 2021.1 • Os serviços de saúde são constituídos por pontos de Atenção à Saúde (locais de prestação de serviços) de igual hierarquia. Como exemplos de pontos de Atenção à Saúde, citam-se Unidades Básicas de Saúde, unidades de cuidados intensivos, hospitais-dia, ambulatórios de cirurgia, ambulatórios de Atenção Especializada e Serviços de Atenção Domiciliar. Os serviços de Atenção Primária são a porta de entrada do sistema e coordenam o conjunto de respostas às necessidades de saúde da população. Além dos pontos de Atenção à Saúde, a estrutura operacional de uma RAS é constituída por sistemas de apoio diagnóstico e terapêutico, assistencial-farmacêutico e de informação em Saúde; sistemas logísticos de identificação dos usuários, de prontuário clínico, de acesso regulado à atenção e de transporte em Saúde; e sistemas de governança da rede (MENDES, 2011). • A implantação de redes de atenção às doenças crônicas nos diversos territórios deverá ser realizada por meio das linhas de cuidado específicas. E esse processo será incorporado à organização do Coap regional, integrando-o às demais redes temáticas existentes no território. LARA NATHÁVIA | PRÁTICAS MÉDICAS NO SUS | P4 – 2021.1 LARA NATHÁVIA | PRÁTICAS MÉDICAS NO SUS | P4 – 2021.1 2- COMPREENDER COMO OS DETERMINANTES DE SAÚDE COLABORAM PARA O SURGIMENTO DAS DCNT • Os determinantes distais são as condições socioeconômicas, culturais e ambientais em que as pessoas, suas famílias e as redes sociais estão inseridas, são o desenvolvimento e a riqueza de um país, uma região ou um município, e a LARA NATHÁVIA | PRÁTICAS MÉDICAS NO SUS | P4 – 2021.1 forma como essa riqueza é distribuída, resultando em distintas condições de vida de uma dada população. • Os determinantes intermediários são representados pelas condições de vida e de trabalho, o acesso à alimentação, à educação, à produção cultural, ao emprego, à habitação, ao saneamento e aos serviços de Saúde (e a forma como se organizam). • E os determinantes proximais são aqueles relacionados às características dos indivíduos, que exercem influência sobre seu potencial, sua condição de saúde (idade, sexo, herança genética) e suas relações, formais e informais, de confiança, de cooperação, de apoio nas famílias, na vizinhança e nas redes de apoio, onde acontecem as decisões dos comportamentos e estilos de vida, determinados socialmente pela interação de todos os níveis aqui apresentados. • Os quatro grupos de doenças crônicas de maior impacto mundial (doenças do aparelho circulatório, diabetes, câncer e doenças respiratórias crônicas) têm quatro fatores de risco em comum (tabagismo, inatividade física, alimentação não saudável e álcool). No Brasil, esses fatores de risco são monitorados por meio de diferentes inquéritos de Saúde, com destaque para o monitoramento realizado pelo Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico) (BRASIL, 2011). • Fatores de risco relacionados à carga de doenças têm sido acompanhados por sistemas de vigilância para as doenças crônicas e seus fatores de risco. O Vigitel (BRASIL, 2011) soma-se a outros inquéritos como o da Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) (BRASIL, 2010), Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) (IBGE, 2010), Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE) (IBGE, 2009) e Pesquisa Nacional de Saúde (PNS). LARA NATHÁVIA | PRÁTICAS MÉDICAS NO SUS | P4 – 2021.1 3- COMPREENDER A IMPORTÂNCIA DO FORTALECIMENTO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS (DCNT E CÂNCER) NA PREVENÇÃO, PROMOÇÃO E AÇÃO EM SAÚDE; • Diante da importância epidemiológica do câncer de mama e a sua magnitude como problema de saúde pública no Brasil, se faz necessário o desenvolvimento de diversas ações e programas na tentativa de se prevenir e controlar a doença através do diagnóstico precoce, e de se garantir melhores condições de acesso da população doente aos serviços de saúde. • Percebe-se que, mesmo antes da regulamentação de um sistema de saúde unificado, fato que seu na década de 1980, já existiam programas para a detecção e tratamento do câncer de mama. Contudo, tais programas eram incipientes, e só vieram a se fortalecer com a criação do SUS, onde foram implantados programas e leis para o controle, rastreamento precoce e tratamento da doença no sistema público de saúde. • Entre as principais políticas desenvolvidas no âmbito do SUS, tem destaque a Política Nacional para a Prevenção e Controle do Câncer, instituída no Brasil no ano de 2013, com o objetivo de identificar e intervir sobre os determinantes e condicionantes dos diversos tipos de câncer e desenvolver ações intersetoriais de responsabilidade pública e da sociedade civil para promoção da saúde e a qualidade de vida. Nesse sentido, deve enfatizar a importância da manutenção desse sistema de saúde gratuito para a prevenção e controle de doenças, principalmente as mais severas como o câncer, em especial o de mama, e a promoção da saúde no contexto nacional. • Portaria GM/MS n.º 874, de 16 de maio de 2013, que institui a Política Nacional para a Prevenção e Controle do Câncer (PNPCC) na Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças Crônicas no âmbito do SUS (BRASIL, 2013b). • A PNPCC estabelece princípios e diretrizes relacionados ao cuidado integral da pessoa com câncer. Em relação ao tratamento, estabelece o componente Atenção Especializada, que é composto por ambulatórios de especialidades, hospitais gerais e hospitais especializados habilitados para a assistência oncológica, que devem apoiar e complementar os serviços da Atenção Básica. LARA NATHÁVIA | PRÁTICAS MÉDICAS NO SUS | P4 – 2021.1 • Esse contexto proporcionou a implantação do Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas não Transmissíveis (DCNT) no Brasil, 2011-2022,objetivando preparar o país para enfrentar e deter, durante o interstício, as DCNT, como: acidente vascular cerebral, infarto, hipertensão arterial sistêmica, câncer, diabetes mellitus e doenças respiratórias crônicas. O Plano aborda ainda os fatores de risco: tabagismo, consumo nocivo de álcool, inatividade física, alimentação inadequada e obesidade, tendo como metas nacionai LARA NATHÁVIA | PRÁTICAS MÉDICAS NO SUS | P4 – 2021.1 4- COMPREENDER AS ESTRATÉGIAS QUE O SUS OFERECE PARA OS USUÁRIOS QUE POSSUEM CÂNCER; • ONDE TRATAR PELO SUS: → Unidade de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (UNACON); → Centro de Assistência Especializada em Oncologia (CACON); → Unacons e Cacons devem oferecer assistência especializada e integral ao paciente com câncer, atuando no diagnóstico, estadiamento e tratamento; → Existem atualmente 317 unidades e centros de assistência habilitados no tratamento do câncer. Todos os estados brasileiros têm pelo menos um hospital habilitado em oncologia, onde o paciente de câncer encontrará desde um exame até cirurgias mais complexas. https://www.inca.gov.br/onde-tratar-pelo-sus/bahia https://www.inca.gov.br/onde-tratar-pelo-sus/bahia LARA NATHÁVIA | PRÁTICAS MÉDICAS NO SUS | P4 – 2021.1 LARA NATHÁVIA | PRÁTICAS MÉDICAS NO SUS | P4 – 2021.1 5- CONHECER A EPIDEMIOLOGIA (DADOS EPIDEMIOLÓGICOS DO BRASIL E MUNDO; TIPOS DE CA QUE ACOMETEM OS HOMENS E AS MULHERES); LARA NATHÁVIA | PRÁTICAS MÉDICAS NO SUS | P4 – 2021.1 • O câncer é uma das principais causas de morte no mundo, sendo responsável por cerca de 9,6 milhões de mortes em 2018 • Os TIPOS de câncer mais comuns são: → Pulmão (2,09 milhões de casos); → Mama (2,09 milhões de casos); → Colorretal (1,8 milhão de casos); → Próstata (1,28 milhão de casos); → Câncer de pele não-melanoma (1,04 milhão de casos); → Estômago (1,03 milhão de casos). • As CAUSAS mais comuns de morte por câncer são os cânceres de: → Pulmão (1,76 milhão de mortes); → Colorretal (862 mil mortes); → Estômago (783 mil mortes); → Fígado (782 mil mortes); LARA NATHÁVIA | PRÁTICAS MÉDICAS NO SUS | P4 – 2021.1 → Mama (627 mil mortes); 6- COMPREENDER VIGILÂNCIA DAS DOENÇAS CRÔNICAS (CÂNCER); • A estruturação da vigilância, controle e prevenção de DCNT no Brasil insere-se no contexto definido pelo Ministério da Saúde de implementar ações de intervenção em DCNT, resultando em investimentos financeiros em capacitação de recursos humanos, em equipamentos de informática e pesquisa epidemiológica contratadas junto a centros colaboradores. • A estruturação da vigilância de DCNT implica em: • Equipe técnica mínima composta de pessoas capacitadas em vigilância de DCNT, que seja estável, visto que vigilância de DCNT pressupõem acompanhamento por tempo prolongado; • Acesso garantido aos bancos de dados de mortalidade e mortalidade e outros disponíveis que subsidiem a vigilância; • Proposta de monitoramento das principais DCNT, com indicadores definidos; • Proposta de vigilância de Fatores de Risco estruturada; • Proposta de vigilância da utilização dos serviços de saúde, mostrando os impactos nos custos diretos (ao sistema de saúde) e indiretos (sociais e econômicos para a sociedade) da epidemia de DCNT; • Agenda de trabalho estratégico para as atividades de sensibilização e defesa (advocacy) intra e extra setorial, enfatizando para a necessidade de priorização das ações de prevenção de DCNT e promoção de saúde, demonstrando que esse é um investimento vital. LARA NATHÁVIA | PRÁTICAS MÉDICAS NO SUS | P4 – 2021.1 LARA NATHÁVIA | PRÁTICAS MÉDICAS NO SUS | P4 – 2021.1 → A Figura 15 resume as principais fontes de informações para a vigilância de DCNT, disponíveis no país. 7- CONHECER OS SISTEMAS DE INFORMAÇÃO DE CÂNCER NO BRASIL • Os sistemas de informação são ferramentas indispensáveis à gestão dos programas de saúde. Subsidiam tomadas de decisão embasadas no perfil epidemiológico e na capacidade instalada de cada localidade • O INCA, em parceria com DATASUS desenvolveu os sistemas de informação para o câncer de colo do útero e de mama. • O SISCAN é desenvolvido em plataforma web e possibilita que as unidades de saúde informatizadas e com acesso à internet sejam usuários do sistema para fazer a solicitação de exames, visualizar os resultados e acompanhar as mulheres com exames alterados (seguimento); LARA NATHÁVIA | PRÁTICAS MÉDICAS NO SUS | P4 – 2021.1 • Sistema idealizado para unificar SisColo e Sismama → Adesão: falta de webservice, lentidão do sistema, dificuldades na operacionalização das ações do monitoramento externo da qualidade, dificuldades de acesso ao sistema e liberação de novos usuários, dificuldades na extração de informações. SISMAMA Instituído como sistema oficial do Ministério da Saúde por meio da Portaria nº 779, editada em 31 de dezembro de 2008 (BRASIL, 2008). Já a sua implantação ocorreu em julho de 2009. → O sistema configura-se como um subsistema do sistema de faturamento ambulatorial do SUS, em que as informações coletadas servem para o faturamento dos serviços de mamografia, citopatologia e histopatologia, e para o gerenciamento das ações de rastreamento do câncer de mama pelas coordenações municipais, regionais e estaduais do programa. SISCOLO Importante ferramenta para o gestor na avaliação e no planejamento das ações a serem realizadas, como: → Permite identificar serviços ou áreas mais necessitadas de capacitação; → Áreas com problemas de acompanhamento e encaminhamento das mulheres; → Problemas de qualidade de coleta e processamento das lâminas, dentre outras. LARA NATHÁVIA | PRÁTICAS MÉDICAS NO SUS | P4 – 2021.1 Abordagem de pessoas com sinais e/ou sintomas da doença. Aplicação de um teste ou exame numa população assintomática, aparentemente saudável, a fim de identificar lesões sugestivas de câncer e encaminhá-la para investigação e tratamento 8. COMPREENDER COMO OCORRE O RASTREAMENTO E O DIAGNÓSTICO PRECOCE; • De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), as estratégias para a detecção precoce são o diagnóstico precoce e o rastreamento. DETECÇÃO PRECOCE DIAGNÓSTICO PRECOCE RASTREAMENTO • Teste utilizado em rastreamento deve ser seguro, relativamente barato e de fácil aceitação pela população, ter sensibilidade e especificidade comprovadas, além de relação custo-efetividade favorável. • Tanto a incidência como a mortalidade por câncer do colo do útero podem ser reduzidas com programas organizados de rastreamento. Uma expressiva redução na morbimortalidade pela doença foi alcançada nos países desenvolvidos após a implantação de programas de rastreamento de base populacional a partir de 1950 e 1960. • O rastreamento do câncer do colo do útero se baseia na história natural da doença e no reconhecimento de que o câncer invasivo evolui a partir de lesões precursoras (lesões intraepiteliais escamosas de alto grau e adenocarcinoma in situ), que podem ser detectadas e tratadas adequadamente, impedindo a progressão para o câncer. • O método principal e mais amplamente utilizado para rastreamento do câncer do colo do útero é o teste de Papanicolaou (exame citopatológico do colo do útero). • Segundo a OMS, com uma cobertura da população-alvo de, no mínimo, 80% e a garantia de diagnóstico e tratamento adequados dos casos alterados, é possível reduzir, em média, de 60 a 90% a incidência do câncer cervical invasivo. A experiência de alguns países desenvolvidos mostra que a incidência do câncer do colo do útero foi reduzida em torno de 80% ondeo rastreamento citológico foi implantado com qualidade, cobertura, tratamento e seguimento das mulheres. • A rotina recomendada para o rastreamento no Brasil é a repetição do exame Papanicolaou a cada três anos, após dois exames normais consecutivos realizados com um intervalo de um ano. A repetição em um ano após o primeiro teste tem como objetivo reduzir a possibilidade de um resultado falso-negativo na primeira rodada do rastreamento. A periodicidade de três anos tem como base a recomendação da OMS e as diretrizes da maioria dos países com programa de rastreamento organizado. Tais diretrizes justificam-se pela ausência de evidências LARA NATHÁVIA | PRÁTICAS MÉDICAS NO SUS | P4 – 2021.1 de que o rastreamento anual seja significativamente mais efetivo do que se realizado em intervalo de três anos1. • O rastreamento de mulheres portadoras do vírus HIV ou imunodeprimidas constitui uma situação especial, pois, em função da defesa imunológica reduzida e, consequentemente, da maior vulnerabilidade para as lesões precursoras do câncer do colo do útero, o exame deve ser realizado logo após o início da atividade sexual, com periodicidade anual após dois exames normais consecutivos realizados com intervalo semestral. Por outro lado, não devem ser incluídas no rastreamento mulheres sem história de atividade sexual ou submetidas a histerectomia total por outras razões que não o câncer do colo do útero. • O êxito das ações de rastreamento depende dos seguintes pilares: • Informar e mobilizar a população e a sociedade civil organizada; • Alcançar a meta de cobertura da população alvo; • Garantir acesso a diagnóstico e tratamento; • Garantir a qualidade das ações; • Monitorar e gerenciar continuamente as ações. • É importante destacar que a priorização de uma faixa etária não significa a impossibilidade da oferta do exame para as mulheres mais jovens ou mais velhas. Na prática assistencial, a anamnese bem realizada e a escuta atenta para reconhecimento dos fatores de risco envolvidos e do histórico assistencial da mulher são fundamentais para a indicação do exame de rastreamento. • As mulheres diagnosticadas com lesões intraepiteliais do colo do útero no rastreamento devem ser encaminhadas à unidade secundária para confirmação diagnóstica e tratamento, segundo as diretrizes clínicas estabelecidas. LARA NATHÁVIA | PRÁTICAS MÉDICAS NO SUS | P4 – 2021.1 9. ENTENDER QUAIS OS TIPOS DE CÂNCERES QUE PERMITEM RASTREAMENTO E DIAGNÓSTICO PRECOCE; • No Brasil, na grande maioria das vezes realizamos rastreamento de forma oportunística (por livre procura do paciente ou por indicação pelo profissional durante uma consulta qualquer), sem um programa adequado e organizado de garantia de qualidade. Isso leva a uma falta de controle de qualidade em relação às indicações dos testes, ao modo de rastrear, ao acesso rápido ao exame de rastreio, à complementação diagnóstica e ao tratamento. Isso pode fazer com que mesmo os rastreamentos cujas recomendações sejam bem fundamentadas passem a causar mais danos que benéficos. • O câncer de próstata é considerado um câncer de bom prognóstico se diagnosticado e tratado de forma oportuna (INCA, 2015). • O rastreamento de câncer de próstata usando toque retal e/ou dosagem sérica do PSA vem sendo motivo de diversos debates no país e no mundo. Não há evidências robustas de que os benefícios do rastreio de rotina se sobreponham aos riscos (BRASIL, 2010). • Tanto no Brasil, como na Austrália, Canadá e Reino Unido não se recomendam a organização de programas de rastreamento para o câncer de próstata (INCA, 2015). • Não há efeitos significativos de rastrear câncer de próstata na redução absoluta da mortalidade por essa doença ou na mortalidade em geral. A ações para controlar a doença devem focar na prevenção primária e diagnóstico oportuno (INCA, 2015; BELL, 2014; LIN, 2011). • O câncer de colo de útero é o quarto mais prevalente entre as mulheres brasileiras e programas organizados de rastreamento podem reduzir a morbimortalidade (INCA, 2015). Tem grande potencial de prevenção e cura. (BRASIL, 2016). Um programa organizado de rastreamento, com cobertura mínima de 80%, reduz de 60-90% os casos de câncer de colo de útero nas pacientes (BRASIL, 2010). • O método utilizado, o exame citopatológico do colo do útero (Papanicolau), é relativamente simples e amplamente disponível (BRASIL, 2010). LARA NATHÁVIA | PRÁTICAS MÉDICAS NO SUS | P4 – 2021.1 • O câncer de cólon e reto (colorretal) em países desenvolvidos chega a ser o terceiro câncer mais comum em homens e o segundo em mulheres (INCA, 2015). Quanto mais cedo diagnosticado, maior a sobrevida. Pode ser detectado por lesões benignas – pólipos adenomatosos que demoram de 10-15 anos para evoluírem para câncer, sendo possível prevenir o câncer ao se retirar os pólipos. Detectar estágio inicial e tratar pode levar a cura e evitar a morte de 90% dos pacientes (BRASIL, 2010). • Existe evidência de redução de 25% do risco relativo de mortalidade por câncer de cólon e reto em paciente > 50 anos que realizam o rastreamento com sangue oculto em fezes. A estimativa é que o rastreamento possa prevenir 1 em 6 mortes por câncer colorretal, porém não há redução da mortalidade geral (por todas as causas) (HEWITSON, 2008). • Antes de propor o rastreamento considere acesso à colonoscopia. Considere a necessidade de alta cobertura do rastreamento para que tenha realmente impacto sobre a população. No Brasil ainda não existe recomendação clara para o rastreamento por causa de sua viabilidade e custo-efetividade (BRASIL, 2010). LARA NATHÁVIA | PRÁTICAS MÉDICAS NO SUS | P4 – 2021.1 • câncer de mama é o câncer mais frequente e de maior mortalidade entre as mulheres. É a primeira causa de morte por câncer em países em desenvolvimento e a segunda em países desenvolvidos (a primeira é o câncer de pulmão) (INCA, 2015). • método de rastreamento é a mamografia (BRASIL, 2015a). É o exame mais estudado e o único avaliado nos estudos que demonstram alguma redução de mortalidade no rastreamento (ELMOR, 2016). Tanto a mamografia convencional (analógica) quanto a digital, podem ser usadas. 10. IDENTIFICAR OS FATORES DE RISCO PARA OS CÂNCERES (MAMA E COLO DE ÚTERO); CÂNCER DE COLO DE ÚTERO • Principal fator de risco é a infecção pelo papilomavírus humano (HPV); • Outros fatores de risco podem contribuir em associação com o HPV: tabagismo e HIV (INCA, 2015); • FATORES NÃO MODIFICÁVEIS: • Aspectos relacionados à própria infecção pelo HPV (subtipo e carga viral, infecção única ou múltipla) • Fatores ligados à imunidade; • Fatores ligados à genética; • Idade; • FATORES MODIFICÁVEIS: • Tabagismo; • Iniciação sexual precoce; • Multiplicidade de parceiros sexuais; • Multiparidade; • Uso de contraceptivos orais. LARA NATHÁVIA | PRÁTICAS MÉDICAS NO SUS | P4 – 2021.1 CÂNCER DE MAMA • Para as mulheres que estão no grupo de alto risco para câncer de mama (história familiar de câncer de mama em parentes de primeiro grau – mãe, irmã ou filha) o USPSTF considera indicar mamografia anual a partir dos 40 anos, porém com ausência de evidências robustas sobre os riscos e benefícios (NELSON, 2016). • O câncer de mama em mulheres jovens tem características clínicas e epidemiológicas diferentes das observadas em mulheres mais velhas, sendo mais agressivo e com uma alta taxa de presença da mutação genética (BRCA1 e BRCA2). • FATORES NÃO MODIFICÁVEIS: • Hereditários • Hormonais e reprodutivos • certos tipos de doença benigna da mama • idade e raça • FATORES MODIFICÁVEIS: • Fatores ambientais ou comportamentais; • Reposição hormonal; • Ingestão de bebidas alcoólicas; • Excesso de gordura corporal; • Radiação ionizante em tórax; • Uso de tabaco. 11. ELUCIDAR AS AÇÕES DE PREVENÇÃOPARA OS CÂNCERES (HPV); • A prevenção primária do câncer do colo do útero está relacionada à diminuição do risco de contágio pelo papilomavírus humano (HPV). • O uso de preservativos (camisinha) durante a relação sexual com penetração protege parcialmente do contágio pelo HPV, que também pode ocorrer através do contato com a pele da vulva, região perineal, perianal e bolsa escrotal. • A principal forma de prevenção, entretanto, é a vacina contra o HPV. O Ministério da Saúde implementou no calendário vacinal, em 2014, a vacina tetravalente contra o HPV para meninas e em 2017, para meninos. • Esta vacina protege contra os subtipos 6, 11, 16 e 18 do HPV. Os dois primeiros causam verrugas genitais e os dois últimos são responsáveis por cerca de 70% dos casos de câncer do colo do útero. LARA NATHÁVIA | PRÁTICAS MÉDICAS NO SUS | P4 – 2021.1 AÇÕES DESENVOLVIDAS: 1. Qualificação professional + Aprimoramento de sistemas de informação e monitoramento (SISCAN) + Acompanhamento de indicadores + Ações de comunicação e mobilização social; 2. Implementação de Programa de monitoramento interno e externo de qualidade do citopatológico:QualiCito + Qualificação da coleta do exame; 3. Atualização das Diretrizes Nacionais para o Rastreamento CCU + Criação de Centros qualificadores de ginecologistas para tratamento de lesões precursoras do CCU + Estímulo à criação de Serviços de Referência de Colo (SRC), que contemplem todos os procedimentos diagnósticos e tratamento de lesões precursoras; 4. Lançamento do Plano de Fortalecimento da Rede de prevenção, diagnóstico e tratamento do cancer (2011) + Oficinas para acompanhamento de planos estaduais (Criação de Câmaras Técnicas Estaduais); 5. LARA NATHÁVIA | PRÁTICAS MÉDICAS NO SUS | P4 – 2021.1 Referência slides: https://pt.slideshare.net/portaldeboaspraticas/aes-de-controle- do-cncer-do-colo-do-tero-no-brasil-avanos-e-desafios 12. ESTUDAR SOBRE OS TIPOS DE HPV QUE SÃO CONSIDERADOS FATORES DE RISCO PARA O CÂNCER DE COLO DE ÚTERO. • A infecção pelo HPV é muito frequente, mas transitória, regredido espontaneamente na maioria das vezes; • No pequeno número de casos nos quais a infecção persiste e, especialmente, é causada por um tipo viral oncogênico (com potencial para causar câncer), pode ocorrer o desenvolvimento de lesões precursoras, que se não forem identificadas e tratadas podem progredir para o câncer, principalmente no colo do útero, mas também na vagina, vulva, ânus, pênis, orofaringe e boca; • Pelo menos 13 tipos de HPV são considerados oncogênicos, apresentando maior risco ou probabilidade de provocar infecções persistentes e estar associados a lesões precursoras. • A IARC classifica como carcinogênico em humanos os HPV: • 16, 18, 31, 33, 35, 39, 45, 51, 52, 56, 58, 59 e 66; • O HPV-16 é encontrado em 50% de todos os cânceres do colo uterino; • A detecção de HPV-18 varia de 10 a 20% em amostras de tumor da cérvice uterina. • Já os HPV 6 e 11, encontrados em 90% dos condilomas genitais e papilomas laríngeos, são considerados não oncogênicos. 2. ENTENDER A IMPORTÂNCIA DA ATENÇÃO BÁSICA NA PREVENÇÃO E NO TRATAMENTO DAS DOENÇAS CRÔNICAS; • Os elevados índices de incidência e mortalidade por câncer do colo do útero e da mama no Brasil justificam a implantação de estratégias efetivas de controle dessas doenças que incluam ações de promoção à saúde, prevenção e detecção precoce, tratamento e de cuidados paliativos, quando esses se fizerem necessários. • É fundamental a elaboração e implementação de Políticas Públicas na Atenção Básica, enfatizando a atenção integral à saúde da mulher que garantam ações relacionadas ao controle do câncer do colo do útero e da mama como o acesso à rede de serviços quantitativa e qualitativamente, capazes de suprir essas necessidades em todas as regiões do país. https://pt.slideshare.net/portaldeboaspraticas/aes-de-controle-do-cncer-do-colo-do-tero-no-brasil-avanos-e-desafios https://pt.slideshare.net/portaldeboaspraticas/aes-de-controle-do-cncer-do-colo-do-tero-no-brasil-avanos-e-desafios LARA NATHÁVIA | PRÁTICAS MÉDICAS NO SUS | P4 – 2021.1 REFERÊNCIAS: Disponivel em: https://observatoriodeoncologia.com.br/#indicadores • Indicadores da Oncologia - Disponível em: https://observatoriodeoncologia.com.br/indicadores-da- oncologia/ https://observatoriodeoncologia.com.br/#indicadores https://observatoriodeoncologia.com.br/indicadores-da-oncologia/ https://observatoriodeoncologia.com.br/indicadores-da-oncologia/ LARA NATHÁVIA | PRÁTICAS MÉDICAS NO SUS | P4 – 2021.1 • Indicadores de Câncer de Mama - Disponível em: https://observatoriodeoncologia.com.br/indicadores-de-cancer-de- mama/ • Indicadores de Colo do Útero - Disponível em: https://observatoriodeoncologia.com.br/indicadores-de-colo-do- utero/ • Conceito e Magnitude do câncer de mama. Disponivel em: https://www.inca.gov.br/controle-do-cancer-de-mama/conceito-e- magnitude#:~:text=palp%C3%A1veis%20na%20axila.- • Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Controle dos cânceres do colo do útero e da mama / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – 2. ed. – Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2013. 124 p.: il. (Cadernos de Atenção Básica, n. 13). Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/controle_canceres_colo_utero_20 13.pdf • Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – Brasília : Ministério da Saúde, 2014. 162 p. Disponível em: http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/caderno_35.pdf • Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. 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