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COMPLICAÇÕES CRÔNICAS DO DIABETES DEFINIÇÃO: ➼ É uma das complicações microvasculares mais frequentes do DM1 e DM2, acometendo 20 a 40% dos pacientes. ➼ É caracterizada pelo aumento da albuminúria e/ou redução da taxa de filtração glomerular estimada (TFGe) que geralmente se instala 10 anos após o início do DM1, mas pode ocorrer desde o momento do diagnóstico no DM2. ➼ É responsável por aproximadamente metade dos novos casos de insuficiência renal nos indivíduos em diálise. HISTÓRIA NATURAL DA DOENÇA (HND): ➼ De início, o paciente apresenta hiperfiltração, com valores elevados na taxa de filtração glomerular (TFG), e eventualmente já pode apresentar microalbuminúria; Microalbuminúria: diminuição da quantidade de albumina na urina. É um indicador precoce de IRC. ➼ Durante 20 anos de evolução do DM, o indivíduo pode exibir declínio gradual da TFG e microalbuminúria persistente, que evolui para proteinúria. ➼ A etapa final da HND caracteriza-se por proteinúria grave, com ou sem síndrome nefrótica e IRC, levando a fase terminal. ➼ Essa evolução gradual é causada por alterações estruturais em nível renal, iniciada por acúmulo gradual e progressivo da matriz extracelular na membrana basal e mesângio glomerular. CLASSIFICAÇÃO: Valor normal: 20 mg/24h ➼ A presença de pequenas quantidades de albumina na urina representa o estágio inicial da DRD. Microalbuminúria ou nefropatia incipiente; Excreção urinária de albumina: entre 30-300 mg/24h. ➼ O estágio avançado caracteriza a DRD clínica. Macroalbuminúria ou proteinúria; Excreção urinária de albumina: 300 mg/24h. ➼ A fase terminal é a insuficiência renal. FATORES DE RISCO: Idade elevada; Sexo masculino; Etnia; História familiar; Hiperglicemia; Obesidade; HAS; Dislipidemia; Tabagismo; Alta ingesta proteica. ➼ Indivíduos com DRD também apresentam: Retinopatia diabética; Doença macrovascular; HAS. FISIOPATOLOGIA: Os eventos fisiopatológicos da DRD são divididos em: Precoce: predominam as alterações hemodinâmicas e metabólicas; Tardia: predomínio de alterações celulares e remodelação tecidual. ➼ Na fase precoce, resulta no aumento da taxa de filtração glomerular de glicose com consequente aumento da reabsorção tubular de sódio e glicose, por meio do co-transportador SGLT-2, localizado no túbulo proximal. Com essa reabsorção aumentada de sódio, além de aumentar o consumo de O2 com isquemia relativa e estresse oxidativo tubulointersticial, também vai reduzir a concentração de sódio no túbulo distal e mácula densa o que vai gerar uma vasodilatação da arteríola aferente, ativação do SRAA e vasoconstrição da arteríola eferente. ➼ Isso vai levar a uma hipertrofia tubular, bem como hipertensão e hiperfiltração glomerular, contribuindo para hipertrofia renal, que, eventualmente, na fase tardia pode resultar em glomerulosclerose e atrofia tubular. ➼ A hiperglicemia persistente pode desencadear fatores como: Disfunção do endotélio glomerular com aumento da permeabilidade vascular; Espessamento da membrana basal glomerular (MBG); Proliferação de células mesangiais; Lesão e apoptose dos podócitos (consequente da hipertensão glomerular); Processo inflamatório com recrutamento de células imunológicas; Liberação local de citocinas e quimiocinas, com remodelamento tecidual que contribui para atrofia e fibrose. DIAGNÓSTICO: ➼ O rastreamento para DRD deve ser iniciado ao diagnóstico em pessoas com DM2, uma vez que 7% delas já tem microalbuminúria. ➼ Nos indivíduos com DM1, a primeira triagem tem sido recomendada 5 anos após diagnóstico. No entanto, a prevalência de microalbuminúria antes dos 5 anos de diagnóstico pode chegar a 18%, principalmente em pessoas com controle glicêmico inadequado, dislipidemia e HAS. ➼ Na presença de microalbuminúria, é medida a microalbuminúria de 24h, com avaliação concomitante da TFG. ➼ Se houver macroalbuminúria, deve ser solicitada proteinúria de 24h, juntamente com TFG, para estabelecer o estágio de DRD e validar a coleta, analisando-se os valores da creatinina sérica e urinaria, bem como o volume de urina coletado. ➼ Para estabelecer o diagnóstico definitivo são necessárias 2 ou 3 coletas de urina durante 3-6 meses. TRATAMENTO: ➼ Deve ser realizado precocemente, a fim de se evitar a progressão da doença e também porque a redução da albumina diminui o risco de eventos cardiovasculares. ➼ Quando a microalbuminúria se estabelece, deve- se iniciar o bloqueio do sistema renina--angiotensina com inibidor da enzima de conversão da angiotensina (iECA). ➼ O tratamento da hipertensão arterial reduz drasticamente o risco de eventos cardio e microvasculares em pacientes com diabetes. DEFINIÇÃO: ➼ É uma complicação microvascular frequente em pacientes diabéticos, causada por alterações progressivas na microvasculatura da retina, que levam a áreas de má perfusão na retina, maior permeabilidade vascular, com exsudação e proliferação patológica de neovasos retinianos, podendo causar perda visual ou até cegueira. ➼ Essa complicação é uma das mais prevalentes, considerada atualmente como a complicação tardia mais frequente no portador de DM1, sendo o risco cumulativo de manifestação de qualquer grau de retinopatia após 20 anos de DM1. ➼ Nos estágios iniciais, os pacientes são assintomáticos, mas, à medida que a doença progride, o paciente percebe manchas no campo visual, distorção de imagem e redução da acuidade visual. É dividida em: ➼ Não proliferativa (RDNP): Pode ser classificada em leve, moderada ou grave e caracteriza-se pela presença de microaneurismas, micro-hemorragias, exsudatos duros e algodonosos. ➼ RDNP leve: presença isolada de microaneurismas; ➼ RDNP moderada: presença de microaneurismas e de outras alterações que não caracterizem a RDNP grave; ➼ RDNP grave: presença de qualquer uma das 3 alterações: Hemorragias graves e microaneurismas em cada um dos 4 quadrantes da retina; Dilatações venosas em pelo menos 2 quadrantes; Alterações vasculares intrarretinianas em pelo menos um dos quadrantes. ➼ Proliferativa (RDP): Caracterizada pela presença de neovasos. CAUSAS DA PERDA DE VISÃO: Isquemia na fóvea; Edema macular; Hemorragia vítrea ou pré-retiniana; Descolamento de retina; Glaucoma neovascular. FATORES DE RISCO: Mal controle glicemia; Variabilidade glicêmica acentuada; DM1; Tempo do diabetes; Hipertensão arterial; Dislipidemia; Tabagismo; Presença de nefropatia diabética; Puberdade e gestação; Fatores genéticos; Anemia. FISIOPATOLOGIA: ➼ A perda dos pericitos (células que servem de suporte para o endotélio vascular da retina) faz com que o endotélio fique frágil, sem suporte e acabe sofrendo abaulamentos em sua parede, formando os microaneurismas retinianos. ➼ Logo, passa a ocorrer um espessamento da membrana basal do endotélio vascular, que vai causar redução de fluxo sanguíneo para a retina. ➼ As modificações da barreira endotelial levam a um aumento da permeabilidade vascular, culminando em extravasamento de proteínas e conteúdo lipídico para a retina, formando os exsudatos duros ou até mesmo, extravasamento de sangue causando as hemorragias. ➼ Todos esses extravasamentos podem causar edema de retina. Se essas lesões se localizarem na mácula, pode ocorrer perda grave de visão. Caso os exsudatos e o edema atinjam a fóvea, esta perda passa a ser moderada. ➼ Os exsudatos duros, induzem o espessamento e à esclerose endotelial, que culmina em obliteração capilar e, consequentemente, na isquemia retiniana. ➼ Na fundoscopia, algumas destas áreas isquêmicas ficam esbranquiçadas,são os exsudatos algodonosos. ➼ O tecido retiniano isquêmico promove síntese de fatores de crescimento e fatores angiogênicos, como o fator de crescimento endotelial vascular (VEGF), que estimula a neovascularização retiniana. ➼ Há acúmulo de fatores angiogênicos também no humor vítreo, estimulando a proliferação vascular e fibrótica na câmara anterior do olho, alterando o sistema de drenagem e podendo causar um glaucoma. DIAGNÓSTICO: Rastreia-se em: Pacientes com DM1, após 5 anos de diagnóstico ou na puberdade, e depois anualmente Pacientes com DM2, rastrear ao diagnóstico e depois anualmente; Pacientes diabéticos que entram na puberdade ou que engravidam devem ser imediatamente rastreados para RD, independentemente do tempo de doença, pois são fatores de risco. Como rastrear? O rastreio para RD deve ser feito anualmente pelo exame de fundo de olho ou exame de imagem da retina. TRATAMENTO: Fotocoagulação: Indicada para todos os pacientes com edema macular e RD proliferativa e não proliferativa grave; São feitas duas a três sessões de laser em intervalos de 1 semana entre elas, com o intuito de prevenir o descolamento da retina e a perda visual. Vitrectomia: Indicada para casos de hemorragia vítrea, descolamento de retina ou neovascularização muito intensa que não responde a fotocoagulação. É retirado todo o humor vítreo e o espaço vazio é preenchido com gel. Injeções intravítreo de anti-VEGF: Muito utilizado em casos de oftalmopatia proliferativa, especialmente em casos de edema macular. ➼ A ND é a complicação tardia mais frequente do DM e pode ser evidenciada no DM2 no momento do diagnóstico, já no DM1 aparece 5 anos ou mais após o diagnóstico. ➼ A ND abrange um grupo de alterações relacionadas ao envolvimento estrutural e funcional de fibras nervosas sensitivas, motoras e autonômicas. ➼ A neuropatia diabética é causadora de grande morbidade e mortalidade, com impacto direto na perda de qualidade de vida devido à presença de dor, parestesias, disestesias, feridas e deformidades, além da maior incidência de quedas, infecções e amputações. FATORES DE RISCOS: Tabagismo; LDL elevado; Doença cardiovascular; Retinopatia diabética proliferativa; Mal controle glicêmico; Predisposição genética. FISIOPATOLOGIA: ➼ A ND resulta da isquemia absoluta ou relativa dos vasos endoneurais e epineurais, que leva ao espessamento da membrana basal, à diminuição do fluxo sanguíneo e a alterações da permeabilidade vascular. ➼ Isso acarreta disponibilidade reduzida de óxido nítrico e excesso de formação de espécies reativas de O2, que favorecem a produção de peroxinitrito, um potente agente oxidante pró-inflamatória e tóxico às células endoteliais. ➼ Como consequência, há dano à perfusão microvascular, fluxo insuficiente e, consequentemente, lesão neural. POLINEUROPATIA SIMÉTRICA DISTAL: ➼ É a mais comum, pode ser de fibras mielínicas finas e grossas. ➼ O envolvimento das fibras finas (desmielinizadas, tipo C) inicia-se precocemente e causa sintomatologia mais intensa com: Dor; Parestesias; Queimação; Hiperalgesia; Alodinia; Perda de sensação tátil, térmica e dolorosa; Disautonomia com desidrose; Pele ressecada, rachaduras e disfunções vasomotoras com reduzido fluxo sanguíneo e membros frios. ➼ O envolvimento de fibras grossas (desmielinizdas, tipo A) cursa com mais sinais do que sintomas: Fraqueza muscular; Redução da sensibilidade vibratória; Diminuição da propriocepção; Ataxia e redução de reflexos. Essas manifestações acontecem de maneira aguda ou crônica: ND aguda: é mais rara, podendo ocorrer após o início do tratamento com insulina ou sulfonilureias. ND crônica: é o tipo mais comum, geralmente seu início é insidioso, progressivo e ascendente. Os sintomas pioram a noite e predominam em MMII, pois os nervos mais longos são afetados primeiro. NEUROPATIA AUTONÔMICA DIABÉTICA: ➼ É um tipo de neuropatia diabética que cursa com acometimento de fibras nervosas autonômicas. Estas são fibras finas, desmielinizadas, do tipo C, tanto simpáticas quanto parassimpáticas. ➼ A neuropatia autonômica pode acometer o sistema nervoso autônomo de qualquer parte do corpo. Geralmente, os sistemas mais acometidos são o cardiovascular, sudomotor, pupilar e metabólico, e os tratos gastrintestinal e geniturinário.
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