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Cuidados Intensivos no Paciente Cirúrgico Junyara Souza 2 PERÍODO PÓS-OPERATÓRIO: 1-4% mortalidade pós-operatório (geral); 13% das cirurgias são de alto risco para complicações: 80% dos óbitos; 16,8% dos pacientes apresentam eventos adversos pós-operatório: potenciais sequelas e piora da sobrevida; Planejamento da cirurgia, otimização de comorbidades, padronização do cuidado. FATORES DE RISCO PARA EVENTOS ADVERSOS PÓS-OPERATÓRIOS: Condições clínicas do paciente antes da cirurgia; Prevalência de comorbidades; Magnitude, tipo e duração da operação. AVALIAÇÃO DO ESTADO FÍSICO: ASA: ESTADO FÍSICO DEFINIÇÃO MORTALIDADE I Paciente sadio sem alterações orgânicas 0,06-0,08% II Paciente com alteração sistêmica leve ou moderada causada pela doença cirúrgica ou doença sistêmica 0,27-0,40% III Paciente com alteração sistêmica grave de qualquer causa com limitação funcional 1,8-4,3% IV Paciente com alteração sistêmica grave que representa risco de vida 7,8-23% V Paciente moribundo que não é esperado sobrevier sem cirurgia 9,4-51% VI Paciente doador de órgãos - PERÍODO PÓS-OPERATÓRIO: Imediato (24h iniciais) Mediato ou recente (24h até 30 dias) Tardio (30 dias a 1 ano) O risco de óbito nos primeiros 30 dias pós-operatório é 1000x maior que durante a cirurgia em si Pós-operatório imediato (POI): Anestesia local: · Alta hospitalar · Direto para o quarto ou enfermaria Anestesia geral, regional, bloqueio terapêutico ou sedação: · Sala de recuperação pós-anestésica (SRPA) · Unidade de terapia intensiva (UTI) SRPA OU UTI? UTI: todo paciente com indicação de tratamento intensivo, pacientes graves e/ou de risco; SRPA: demais pacientes. Considerar: · Idade, comorbidades · Porte e duração da cirurgia · Eletiva x Urgência / emergência · Estado clínico do paciente SPRA – Sala de Recuperação Pós-Anestésica: Prevenção e detecção precoces das possíveis complicações resultantes da anestesia ou do procedimento cirúrgico; Pacientes no POI desde a saída da SO até a recuperação da consciência, eliminação de anestésicos e estabilização dos sinais vitais; Localizada dentro ou próxima ao centro cirúrgico; Número de leitos (número de salas de cirurgia + 1); Aspiradores, fontes de oxigênio permanente. Cardioscópio, esfigmomanômetro, termômetro e oxímetro de pulso. Respiradores artificiais, manta térmica. Carro de emergência + desfibrilador; Monitorar: · Circulação (FC, PA e ritmo cardíaco) · Respiração (FR, oximetria) · Estado de consciência · Temperatura · Intensidade da dor · Evolução do quadro de bloqueio motor e/ou simpático (se bloqueios regionaise/ou centrais) · Sangramentos Critérios de alta da SRPA: · SSVV estáveis · Retorno do estado de consciência · Controle efetivo da dor · Ausência de bloqueio motor e/ou simpático nas anestesias regionais · Controle da temperatura corporal · Controle de náuseas e vômitos PACIENTE CIRÚRGICO DE ALTO RISCO: Mortalidade operatória: · Geral – 3,4% · >55 anos + cirurgias eletivas – 8,2% · Pacientes com câncer – 20,3% 15% pacientes de alto risco → 80% das mortes associadas a cirurgia; Idade, comorbidades, cirurgias de grande porte; Insuficiência miocárdica (33,7%), sepse (24,7%) e disfunção de múltiplos órgãos (19,2%). UTI no período pós-operatório: Padrão-ouro no pós-operatório de cirurgias de alto risco: · Admissão imediata após a SO melhor prognóstico que tardia (“deresgate”) · Reserva antecipada de UTI · ↓ custos e complicações pós-op Pacientes cirúrgicos: · 40% das admissões em UTI no Reino Unido · 32% na Espanha, sendo 61% cirurgias eletivas · Europa (28 países) - 73% dos óbitos pós-op não foram direto p/ a UTI INDICAÇÕES DE UTI NO PÓS-OPERATÓRIO: Critérios clínicos: Idade > 65-70 anos + comorbidade Comorbidade descompensada (ASA III) ICC / ICO / DPOC Apneia obstrutiva do sono e obesidade Rebaixamento do nível de consciência IRC/IRA, distúrbios eletrolíticos Cirrose Diabetes descompensado / cetoacidose Instabilidade hemodinâmica ECG com alterações isquêmicas ou arritmias Complicações intraoperatórias ou na SRPA: Oligúria (diur < 0,5mL/h); Sinais de sepse; Agitação psicomotora; Arritmias novas e persistentes; Alteração de ECG sugestivas de isquemia; Instabilidade hemodinâmica no intraoperatória; Necessidade de manter IOT. Critérios cirúrgicos: Cirurgias de grande porte; Cirurgias de médio porte + instabilidade hemodinâmica Risco de falência respiratória ou comprometimento das VVAA e/ou portadores de comorbidades; Transplantes de órgãos intracavitários; Politrauma com instabilidade hemodinâmica ou neurológica; Grande perda de sangue perioperatória ou no POI (>1000mL). RECOMENDAÇÕES PARA O PACIENTE CIRÚRGICO NA UTI: Manejo adequado de fluidos IV: · Evitar hipo ou hipervolemia, hipotensão, drogasnefrotóxicas · Cristalóides x colóides x HTF Monitoração hemodinâmica e respiratória (PA, FC, FR, SpO2, ritmo cardíaco, diurese, PVC) Profilaxia úlcera de estresse e tromboembolismo venoso (TVP e TEP). RECOMENDAÇÕES NA UTI CIRÚRGICA: Analgesia a intervalos regulares: conforto, mobilidade, evitar atelectasia e hipoxemia Dipirona ou paracetamol + AINEs; Minimizar uso de opióides e benzodiazepínicos (delirium em idosos); Analgesia peridural (cateter) ou subaracnóidea; Sedação (pacientes intubados): · Dose mínima necessária, fazer “despertar diário” · Fentanil e midazolam · Propofol e dexmedetomidina (precedex) ↓ complicações respiratórias · Analgesia, fisioterapia respiratória, evitar hiperóxia · Avaliar analgesia regional · VNI, deambulação precoce, decúbito elevado > 30° Extubação: · Estabilidade hemodinâmica, normotermia, ausência de sangramento · Nível de consciência, oxigenação e ventilação adequados Mobilização e reabilitação precoces Reiniciar nutrição precocemente (oral, enteral, parenteral s/n) Prevenção de infecção: ATB profiláticos, higiene das mãos, assepsia p/ procedimentos invasivos Controle glicêmico (110-180mg/dL) Humanização e cuidados paliativos Monitoração hemodinâmica e respiratória: Cardioscopia, oximetria de pulso, PNI ou PA invasiva, PVC; Tempo de enchimento capilar; Aferir diurese; Sinais de sangramento (drenos, curativos).
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