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Manifestações digestivas da Doença de Chagas Junyara Souza 2 DOENÇA DE CHAGAS: · Trypanossoma cruzi (protozoário) · Vetor: triatomídeo (barbeiro) · Endêmica no BR (+ MG, SP, BA, GO) · 4690 autópsias em área endêmica · 5,8% megacólon e/ou megaesôfago (população geral) · 16% megacólon e/ou megaesôfago (doença de Chagas confirmada) MANIFESTAÇÕES DIGESTIVAS DA DOENÇA DE CHAGAS: Reação autoimune na tentativa de destruir o protozoário; Destruição neuronal progressiva no SNA entérico (intraparietal); Plexo mioentérico de Auerbach e plexo submucoso de Meissner; Autoimunidade celular (linfócitos T citotóxicos) e humoral (anticorpos) por antígenos semelhantes nos tecidos humanos e no T. cruzi; Difusa no trato digestivo, porém mais intensa no esôfago e cólon distal (requerem coordenação motora e abertura de esfíncter distal p/ propulsão de seu conteúdo); MEGAESÔFAGO OU ACALASIA: ACALASIA = MEGAESÔFAGO. OBS: nem todos os pacientes possuem o esôfago dilatado no início da doença. A acalasia é a ausência de relaxamento do Esfíncter Esofagiano Inferior (EEI) durante a deglutição. Doença que acomete o EEI (ausência de relaxamento completo durante a deglutição) Acomente o corpo do esôfago (peristaltismo inadequado). · Denervação da musculatura lisa esofágica · Idiopática ou secundária à doença de Chagas (infecção pelo Trypanossoma cruzi) · Invasão do plexo mioentérico de Auerbach e Meissner · Brasil – regiões endêmicas A acalasia predispõe o surgimento de lesões malignas. É uma das formas clínicas da doença de Chagas que, embora de natureza benigna, tem caráter crônico e progressivo, o que determina repercussões relevantes sobre o estado nutricional e psíquico dos pacientes. SINTOMAS: · Disfagia lentamente progressiva (vários anos) – de sólidos para líquidos · Dor retroesternal (acúmulo de alimentos) · Perda ponderal (ao longo de vários anos) · Regurgitação de alimentos não digeridos (de alimentos ingeridos dias antes) · Halitose (acúmulo de alimentos) · Pneumonia aspirativa DIAGNÓSTICO: · RX simples de tórax mostra alterações sugestivas (INCIDENTAL) · Alargamento de mediastino · Nível hidroaéreo no meio do tórax · Manometria → DÁ O DIAGNÓSTICO! · Mede pressão · Ausência de peristalse primária no corpo esofágico · Relaxamento inadequado e ↑ do tônus do EEI · Esofagografia contrastada · Dilatação do corpo esofágico com afilamento distal em bico de pássaro → sugestivo · Endoscopia (afastar neoplasias) CLASSIFICAÇÃO DE REZENDE: · GRAU I: forma anectásica: esôfago de calibre normal (até 4cm), apenas com uma pequena retenção de contraste, um minuto após a deglutição. · GRAU II: esôfago discinético: com pequeno aumento de calibre (4-7cm) e franca retenção de contraste (megaesôfago leve). · GRAU III: esôfago francamente dilatado (megaesôfago clássico), entre 7-10cm, atividade motora reduzida e grande retenção de contraste. · GRAU IV: dolicomegaesôfago: maior que 10cm ou tortuoso. Grau I e II: megaesôfago inicial. Grau III e IV: megaesôfago avançado. ENDOSCOPIA DIGESTIVA ALTA: Não mede diâmetro. Observa grande dilatação. Observa se há presença de tumores. MANOMETRIA ESOFÁGICA: TRATAMENTO: Oral: · Inibidores dos canais de cálcio e nitratos. · GRAU I e II TRATAMENTO ENDOSCÓPICO: · Injeções locais de toxina botulínica (EEI) · 85% sucesso inicial · 50% recorrência em 6m · GRAU I e II · Caro, limitado no SUS · Dilatação pneumática com balão (por EDA) · 30-70% recorrência · 2% perfuração esofágica · Vantagem: não invasivo, custo menor · Desvantagem: risco de perfuração Miotomia cirúrgica do EEI (Heller) + fundoplicatura antirrefluxo · via aberta ou laparoscópica · GRAU II, III · Cardiomiotomia à Heller: secção apenas da musculatura do esfíncter (relaxa muito – não existe mais função de válvula): faz a fundoplicatura antirrefluxo Miotomia endoscópica perioral (POEM): Mais invasivo. Faz corte com o endoscópio, entra na mucosa e entra na musculatura. Mesma cirurgia da Heller mas por via endoscópica. No fim, coloca clip na mucosa · Não é feita a fundoplicatura, então pode favorecer o refluxo no paciente · Complicações: perfuração esofágica, pneumoperitônio, pneumotórax. · Centros especializados OUTRAS CIRURGIAS: · Operação de Thal-Hatafuku: parece com a Heller. Faz incisão muscular, abre até a mucosa do esôfago e fecha com o fundo gástrico. · Heller não chega na mucosa · Operação de Serra-Dória: · Pouco usada · Abre o esôfago distal e junta com o fundo gástrico · Faz gastrectomia distal para evitar refluxo + Y de Roux · Cirurgia complexa · Alta morbidade · Esofagectomia transmediastinal posterior com interposição gástrica · SEM linfadenectomia. Não precisa abrir o tórax · Normalmente com transposição do estômago (a não ser que haja acometimento do estômago) MEGACÓLON: Dilatação do cólon (+sigmóide) secundária a lesão dos plexos nervosos intraparietais, na ausência de obstrução mecânica. LADO ESQUERDO**** · Congênito (doença de Hirschsprung) · Adquirido · distúrbios psicogênicos · diabetes · uso prolongado de anticolinérgicos (Parkinson) · retocolite ulcerativa · doença de Chagas · causa idiopática EPIDEMIOLOGIA: · Zona rural, casa de taipa · Brasil – principalmente em MG, SP, BA e GO · 40-60 anos · 60% homens : 40% mulheres FISIOPATOLOGIA: Linfócitos citotóxicos e anticorpos fazem destruição do plexo nervoso intraparietal ↓ Alteração motora e do peristaltismo do cólon ↓ Discinesia colorretal (contrações sincrônicas) e acalasia (ausência de abertura) do esfíncter interno do ânus ↓ Dilatação colônica (+ sigmóide e reto), espessamento da camada muscular, mesocólon sigmóide alongado e móvel ANAMNESE E EXAME FÍSICO: · Constipação intestinal crônica e progressiva, distensão abdominal, meteorismo e disquezia · Dificuldade de expulsão do bolo fecal · Evolução lenta, 15-20 anos · Laxantes, lavagem intestinal, uso de extrema força abdominal para evacuar · Até 20-30 dias sem evacuar na doença avançada · Exame Físico: Abdome distendido, timpânico, com circulação colateral · Toque Retal: dilatação do reto e sigmóide, sem sinais de estenose, ± fecaloma DIAGNÓSTICO: · RX simples do abdome · Dilatação do colo · Fecaloma · Enema opaco (rx contrastado) · Eletromanometria (contrações sincrônicas em sigmóide e reto x acalasia do esfíncter anal interno) · Sorologias para doença de Chagas · Reação de fixação do complemento (Machado-Guerreiro) · Reação de hemaglutinação passiva · Imunofluorescência indireta COMPLICAÇÕES: FECALOMA: · Retenção de fezes no cólon distal e reto · Cólicas, distensão abdominal e parada da eliminação de fezes · Eliminação flatos · Toque retal + · Sinal de Gersuny + (palpa massa abdominal moldável que recupera a forma vagarosamente depois de palpada – parece “massa de modelar”) · RX: imagem em miolo de pão · Lavagem retal, extração manual s/n VOLVO DE SIGMOIDE: · Rotação axial do sigmóide, com obstrução em alça fechada · Imagem em grão de café no RX · Dor abdominal em cólica, distensão, parada de eliminação de fezes e flatos, vômitos fecalóides · Evolui com isquemia, necrose e perfuração · Descompressão por retossigmoidoscopia ou cirurgia TRATAMENTO: Tratamento inicial: clínico-conservador. · Cirúrgico de urgência · Volvo de sigmóide – retossigmoidectomia e colostomia à Hartmann · Cirúrgico eletivo: constipação progressiva, sem resposta à tratamento clínico e com episódios de fecaloma/volvo prévios · Hemicolectomia esquerda com anastomose colorretal a 8-10cm da margem anal · Operação de Duhamel-Haddad (abaixamento retrorretal do cólon com anastomose colorretal) retossigmoidectomia e colostomia à Hartmann: A retossigmoidectomia é uma cirurgia que consiste na retirada de uma parte do reto e do cólon sigmóide. A Cirurgia de Hartmann é realizada no intestino grosso e se divide em três estágios: retirada do cólon sigmoide, fechamento do reto e procedimento de colostomia. Hemicolectomia esquerda com anastomose colorretal: Hemicolectomia = colectomia parcial Cirurgia provisória e com menos risco; é a retirada da parte mais dilatada fazendo uma anastomose do cólon transverso com o reto alto.Operação de Duhamel-Haddad Tratamento definitivo. Abaixamento retrorretal do cólon com anastomose colorretal ASPECTO FINAL DA ANASTOMOSE COLORRETAL TÉRMINO LATERAL POSTERIOR:
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