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Obesidade mórbida Módulo II- Clínica cirúrgica II CONCEITO · 45,3 kg acima do peso corporal ideal, duas vezes o peso ideal ou IMC= 40kg/m EPIDEMIOLOGIA - Mundo · 2,3 bi de adultos acima de peso · 700 mi com obesidade - Brasil · Prevalência aumenta com a idade até 60 anos, quando começa a cair · Mais prevalente em mulheres · Mais da metade da população brasileira adulta está com excesso de peso FISIOPATOLOGIA · Associação clara com predisposição familiar · Desregulação do centro da fome: ingestão de quantidades de comida, sem saciedade, como ocorreria em não obesos + aumento da ingesta Déficit de leptina> obesidade grave na infância> pode ser tratada com leptina Leptina: hormônio produzido por adipócitos e atua no SNC no centro de controle do apetite- reduz apetite, regula gasto energético= perda de peso Genes associados: FTO, MC4R, b2- adrenérgico Hormônios: · Grelina (hormônio da fome): secretado pelas células P do fundo gástrico. Estimula liberação do NPY e GH= aumento do apetite. Ambiente: alimentos calóricos, ricos em gorduras, sódio e carboidratos de má qualidade são mais baratos; sedentarismo QUADRO CLÍNICO · Doença metabólica associada a outras condições clínicas que geralmente não estão presentes em não obesos · Comorbidades devem ser consideradas para decisão de cirurgia bariátrica Condições associadas: artrite, doença articular degenerativa, apneia do sono, asma, HAS, RGE, DM. · Incidência das condições aumenta com a idade, gravidade e duração da OM · Os pacientes obesos, com síndrome metabólica estão em alto risco para morte cardiovascular. Síndrome metabólica: glicemia aumentada, circunf abdominal >88,9M e 101,6H e triglicerídios aumentados DIAGNÓSTICO Dados antropométricos: IMC, circunferência abdominal (gordura visceral), relação abdome/quadril, - Intervenções TRATAMENTO · Paciente com obesidade: plano de cuidado individual que se dirija à origem da doença e proveja suporte para mudança de comportamento. · Em obesos diabéticos, a cirurgia bariátrica é mais eficaz que o tratamento medicamentoso no controle da obesidade, DM2, HAS e dislipidemia · Pacientes diabéticos/ obesos são os que mais se beneficiam com a bariátrica Prevenção primária Nutrição: perda de peso e manutenção requer déficit calórico (- 500 a 1000kcal) adequado. Não deve ser usado de maneira isolada pois existem mecanismos compensatório. · Objetivo: -0,5 a 1kg por semana · Perda de 5-10% de peso é suficiente para obter benefícios substanciais de redução de morbidade · Ajuste da dieta mediante comorbidades- HAS e DM2: evitar hipotensão e hipoglicemia Atividade física: prática de atividade física regular TCC: abordagem psicológica e nos hábitos de vida Prevenção secundária Farmacoterapia: não deve ser usada sem TCC e MEV · Indicações: IMC> ou igual a 30; IMC maior que 25 até 27 + comorbidades; falha em tentativas não farmacológicas (falha no déficit calórico) · Sibutramina (anorexígeno) Indicações: IMC > ou igual a 30 Contraindicações: DM + fator cardiovascular; doença cerebrovascular; doença cardiovascular · Orlistat (inibidor de lipases gastrointestinais) Efeitos adversos: Esteatorreia, flatus com descarga de gordura e urgênciafecal, d eficiência de vit D,E,K,A. Considerar suplementação · Liraglutida (agonista do GLP1) Efeitos: redução da apneia do sono Efeitos adversos: Náuseas, diarreia e vômitos. GLP-1 (glucagon-like peptide-1) é um hormônio intestinal que aumenta a secreção de insulina de forma glicose- dependente, inibe a secreção de glucagon e a produção hepática de glicose, diminui o esvaziamento gástrico, tem ação sobre os mecanismos de apetite e saciedade a nível central e sobre a adiposidade · Terapia padrão não fez efeito (aprovado pelo CFM): ISRS, Topiromato, Bupropiona e Naltrexona, Lisdexanfetamina OBS: a obesidade é uma doença crônica e tende a recorrer após a perda de peso, por isso a necessidade de acompanhamento multiprofissional a longo prazo ABORDAGEM CIRÚRGICA Considerações a serem avaliadas: · Suporte familiar adequado · Compreensão de mudança de hábitos e estilo de vida Indicações formais para cirurgia bariátrica: · IMC >40 ou >35+ comorbidades da obesidade (HAS,DRGE, DM, dislipidemia, depressão) ou 30 + doença grave · Idade de 18-65 + 2 anos de falha do tratamento clínico para obesidade (solicita-se documentação afirmando que paciente não conseguiu perder ou manter perda de peso) · Adicionais: ausência de uso de drogas ilícitas ou alcoolismo, quadros psicóticos ou demenciais, distúrbios endócrinos e compreensão por parte do paciente e familiares dos riscos e importância da mudança de hábitos, além da necessidade de acompanhamento pós-operatório com a equipe multidisciplinar em longo prazo. Contraindicações absolutas/ relativas: · Causas endócrinas tratáveis: Síndrome de Cushing · Dependência atual de álcool e drogas ilícitas · Doenças psiquiátricas graves sem controle · Risco anestésico e cirúrgico inaceitáveis: ASA IV · Doenças cardíacas e pulmonares em estágio terminal · Dificuldade de compreender riscos e MEV pós cirurgia Pacientes com cirrose hepática: podem ser submetidos a bariátrica, desde que cuidadosamente selecionados (pacientes com cirrose hepática compensada). O médico deverá levar em consideração a gravidade da cirrose, o funcionamento do fígado e a presença ou não de hipertensão portal (varizes esofágicas). O cuidado é importante pois procedimentos cirúrgicos em pacientes cirróticos resultam em maior morbidade e mortalidade, com maior tempo de internamento hospitalar e maior risco de complicações. Mecanismos de perda ponderal · Restrição: redução da capacidade gástrica · Disabsorção: alterar a absorção de componentes ingeridos Alteração da secreção da grelina: Retirada fundo gástrico reduz a secreção de grelina, que é o principal estimulador da fome. Alteração do trânsito do bolo alimentar: retirada do antro gástrico ou derivação intestinal promove chegada rápida do conteúdo ao íleo terminal (GLP1) e colon proximal (PYY), estimulando a liberação precoce desses enterormônios estimulando a saciedade e reduzindo a ingesta. A cirurgia metabólica é para resolver a síndrome metabólica Pré-operatório · Avalição multidisciplinar minunciosa · Anamnese detalhada: histórico do paciente, fatores contribuidores, medicações, comorbidades, histórico familiar, anamnese psiquiátrica, atividade física · Avaliação especializada com área da saúde mental · Exames complementares: avaliar complicações e fatores de agravo - Densitometria óssea: presença de osteopenia ou osteoporose num paciente com obesidade mórbida deve levantar a suspeita de uma obesidade de causa endógena - Paciente tabagista deve parar de fumar pelo menos 8 a 12 semanas antes da cirurgia para minimizar o risco de complicações tromboembólicas e infecciosas Técnicas cirúrgicas · Há melhora da sobrevida após tratamento cirúrgico, mas ele em si não garante manutenção do peso: importância de MEV e manutenção de cuidados · O objetivo da bariátrica é diminuir as comorbidades do paciente, sendo uma oportunidade para redução do peso Procedimentos aprovados pelo CFM: 1- Não derivativas: · Banda gástrica laparoscópica ajustável (BGA): Dispositivo abraça a transição esôfago gástrica diminuindo a tolerância a deglutição/ induz uma disfagia. Atua regulando a saciedade; paciente se sente cheio - Apresenta melhor resultado de perda e manutenção de peso que a mudança de estilo de vida isolada e baixa mortalidade - Potencial de resolução da DM2, HAS e dislipidemia - Melhora da qualidade de vida e autoestima · Gastrectomia vertical laparoscópica (GVL)/ Sleev - Mais utilizada atualmente - Procedimento mais simples - Procedimento restritivo: reduz o tamanho do reservatório gástrico para 60-100ml (retirada do fundo gástrico) - Reduz grelina, acelera o trânsito gástrico, aumenta PYY e GLP1 Vantagem: menor tempo de procedimento, não necessita de anastomoses, mais simples, menos complicações, melhora da HAS, melhora das dislipidemia) Desvantagens: promove DRGE, menor efeitometabólico/glicemia que o bypass 2- Derivativas: desviam o trajeto do alimento alterando a absorção de nutrientes e perda de peso · Derivação gástrica com reconstituição do trânsito intestinal em Y de Roux – ou by-pass gástrico - criação de uma pequena câmara ou bolsa gástrica – gastroplastia redutora- de 15 a 20 ml, junto à pequena curvatura e pela exclusão do restante do estômago, incluindo todo o fundo e o antro gástrico, o duodeno e a porção inicial do jejuno + reconstrução do trânsito em Y de Roux. - Procedimento restritivo: restringe capacidade gástrica+ reduz grelina+ acelera trânsito+ estímulo de enterormônios criação de uma pequena câmara ou bolsa gástrica – gastroplastia redutora- de 15 a 20 ml - junto à pequena curvatura e pela exclusão do restante do estômago, incluindo todo o fundo e o antro gástrico, o duodeno e a porção inicial do jejuno Vantagens: modifica a resposta hormonal para inibição do apetite+ controle glicêmico; não promove refluxo (resolve), não promove diarreia, controle da HAS, melhora da DM2, melhora da dislipidemia e apneia do sono Desvantagens: disabsorção de nutrientes (vit B12, outras vitaminas e minerais- lipossilúveis). Deve-se garantir a suplementação - Efeito metabólico importante na resistência a insulina, ajudando a controlar a DM. (objetivo é menor disponibilidade de glicose e consequentemente menores picos de insulina) · Derivação biliopancreática- técnica de Scopinaro (DBP/S) - gastrectomia horizontal, exclusão de todo o jejuno e parte do íleo = perda ponderal por má absorção lipídica e calórica - Maior incidência de efeitos adversos: diarreia, flatus fétidos, desnutrição que pode ser grave e ameaçar a vida, deficiência de vitaminas lipossolúveis · Derivação biliopancreática com duodenal switch (DBP/DS) - gastrectomia vertical com preservação do piloro e anastomose entre íleo e duodeno= minimiza efeitos adversos da disabsorção - Efeitos adversos da DBP/S ainda podem ocorrerDBP/S DBP/DS - melhora da DM2. HAS, dislipidemia e apneia do sono - melhor perda ponderal quando comparada a todos os outros procedimentos 3- Balão intragástrico: procedimento endoscópico · Procedimento restritivo: reduz a capacidade gástrica= faz com que o paciente coma menos Pós- operatório · Acompanhamento de perto e rotineiro: consultas ambulatoriais, orientações nutricionais e exames laboratoriais · Suplementação vitamínica: D, B12, ácido fólico, ferro, cálcio · Reabilitação física · Complicações: hérnia interna, tromboembolismo pulmonar, insuficiência renal, com fístula · Sucesso terapêutico: paciente tiver perdido e sustentado a perda de peso de 50% do excesso de peso durante 2 anos · Estudos demonstram superioridade da cirurgia bariátrica em relação ao tratamento médico na perda ponderal, mortalidade, resolução de comorbidades e qualidade de vida do paciente.
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