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Queixa músculo-esquelética de origem articular Duração dos sintomas< 6 semanas > 6 semanas Aguda Artrite infecciosa; por cristais; reativa; crônica em fase inicial Crônica Infalamação? Rigidez matinal prolongada? Edema? Sinais sistêmicos? Aumento de VHS e PCR? Artrite não inflamatória crônica Osteoartrite NÃO SIM Artrite inflamatória crônica Poliartrites Quantas articulações? 1-3 > 3 Monoartrites ou oligoartrites Artrite psoriásica; artrite reativa; AIJ pauciarticular Simétrico? NÃO Artrite psoriásica; artrite reativa SIM Acomete IFP, MCF ou MTF?SIMArtrite reumatoide NÃO LES, esclerodermia, polimiosite Artrites Aspectos gerais Artrites - Muitas doenças podem estar associadas a sintomas de artralgia, desde artrites à tendinite, neuropatias periféricas, ... - Na investigação de pacientes com queixa de artralgia, deve-se determinar se a estrutura acometida é articular ou não articular > A maior parte diz respeito a problemas não articulares - Estruturas articulares: > Sinóvia, líquido sinovial, cartilagem articular, ligamentos intra- articulares, cápsula articular e osso justa-articular - Estruturas não articulares: > Ligamentos extra-articulares, tendões, bursa, músculo, fáscia, osso, nervo e pele sobrejacente - Os sintomas associados a estruturas pertencentes à articulação são os de ARTRITE (dor difusa ou profunda, limitação à movimentação passiva e ativa, edema, crepitação, instabilidade, rigidez e deformidade); enquanto os relacionados à partes periarticulares apresentam dor à mobilização ativa, localizada em pontos de maior sensibilidade e sem associação com outros achados Como abordar? Poliartrites Artrite reumatoide - Doença inflamatória autoimune sistêmica crônica cujo principal alvo é a membrana sinovial -> Inflamação e proliferação da sinóvia, além de erosão óssea justa-articular e destruição da cartilagem - Alterações articulares são irreversíveis e decorrem do processo infla- matório crônico EPIDEMIOLOGIA - Acomete cerca de 1% da população adulta - Ocorre mais frequentemente em mulheres (3:1), tem pico de incidência dos 40 aos 60 anos de idade ETIOPATOGENIA - Sua manifestação é decorrente da perda da autotolerância imunológica relacionada a fatores ambientais, tabagismo e microbiota em indivíduos predispostos - Fatores de risco: > HLA DRB1 é altamente implicado na suscetibilidade genética da AR (30-50%) -> Contém o epítopo compartilhado, que se relaciona com a apresentação de peptídeos citrulinados a linfócitos T > Entre os fatores de risco ambientais, destaca-se o tabagismo (responsável pela inflamação e produção de proteínas citrulinadas nos pulmões), porém periodontite, microbiota e gatilhos infecciosos também estão implicados como fatores de risco Interação entre fatores genéticos e ambientais HLA DRB1 EC Tabagismo FISIOPATOLOGIA - Apresentação do peptídeo citrulinado pela APC ao linfócito T CD4 naive -> Formação do complexo MHC II (EC) + TCR - A sinalização se completa com a formação do complexo coestimulatório CD80/86 + CD28 - A partir do estímulo, o linfócito T CD4 pode se diferenciar para auxiliar na regulação e controle da resposta imune > TH1 -> Linfócito B -> Pelo estímulo de IL-6 diferencia-se em plasmócito, que produz imunocomplexos, autoanticorpos e fator reumatoide > Linfócito T reg -> Regulação da resposta imune -> Inibido por TNF e IL-1 > TH17 -> IL-17 estimula macrófagos -> TNF e IL-1 (inibindo a atividade de LT Reg) e IL-6 (estimula a diferenciação dos LTH1 em plasmócitos) A MEMBRANA SINOVIAL NA AR - A sinovite é crônica com períodos de agudização e associa-se a um processo proliferativo e destrutivo das articulações - PANNUS: tecido granulomatoso que ocorre na região de contato entre a membrana sinovial, cartilagem e osso > Possui a capacidade de invadir e destruir tecidos adjacentes > Sua presença culmina com erosões ósseas, destruição articular, atrofia muscular, rotura tendínea e consequente subluxação e instabilidade articular QUADRO CLÍNICO - Insidioso e progressivo, com manifestações articulares e extra- articulares - Podem haver sinais constitucionais como febre, astenia e perda de peso **MANIFESTAÇÕES ARTICULARES** - Poliartrite erosiva simétrica de mãos e punhos > Geralmente acomete as articulações metacarpofalangianas e interfalangianas proximais > Tende a poupas as interfalangianas distais - Artralgia contínuna, pior em repouso - Rigidez matinal prolongada (>1 hora) - Pode acometer outras articulações como pés, cotovelo, ombros, joelhos e tornozelos - Achados típicos da doença avançada ao exame físico >Atrofia de musculatura interóssea, polegar em z, desvio ulnar de metacarpofalangianas e radial do punho, dedo em pescoço de cisne, dedo em boutonniere, dorso de camelo, dedo em martelo > Não são patognomônicos - Pode haver acometimento de qualquer articulação sinovial > Coluna cervical (C1 e C2), temporomandibular, cricoaritenoite, esternoclavicular > Acometimento de coluna lombar, torácica e sarcoileíte não é esperado - Cisto de Baker (cisto sinovial na fossa poplítea) não é um achado exclusivo da AR **MANIFESTAÇÕES EXTRA-ARTICULARES** - Geralmente associadas a quadros graves e com fator reumatoide positivo - São manifestações mais tardias da doença e associam-se com maior mortalidade dos pacientes - Cutâneas: > Nódulos reumatoides estão presentes em 20-40% dos pacientes, são indolores, móveis e encontrados principalmente nas superfícies extensoras do antebraço, cotovelos e dedos das mãos > Pode ocorrer púrpura palpável (vasculite leucocitoclástica) - Vascular: > Vasculite reumatoide (rara) não está necessariamente associada à atividade articular - Acometimento de pequenos e médios vasos através de mononeurite múltipla (vasculite de vasa vasorum), vasculite cutânea (púrpura palpável, isquemia digital, infartos periungueais, úlceras cutâneas) - Oculares: > Ceratoconjuntivite sicca é a condição ocular mais comum em pacientes com AR -> Muitas vezes se associa com a síndrome de Sjogren > Episclerite, esclerite e escleromalácea perforans - Pulmonar: > Pneumopatia intersticial, derrame pleural (exsudato linfocítico, com baixos níveis de glicose e pH, altos níveis de LDH), bronquilite obliterante e nódulos pulmonares > Sìndrome de Caplan -> AR + pneumocistose -> Múltiplos nódulos pulmonares - Cardíaca: > Efusão pericárdica pode ocorrer em 50% dos casos, mas geralmente é assintomática - Hematológicas: > Achados de doença inflamatória crônica -> Anemia hipocrômica e microcítica ou normo crômica e normocítica e trombocitose > Síndrome de Felty -> Associação de AR com esplenomegalia e neutropenia - Rins: estrutural na AR > Osteopenia periarticular (mais precoce) > Aumento de partes moles -> Precoce e decorrente de inflamação periarticular > Diminuição do espaço articular simétrico -> Destruição progressiva da cartilagem articular; casos mais avançados > Erosões ósseas -> Marginais, casos avançados > Desvio ulnar e subluxações -> Achados muito tardios - Outros métodos envolvem a USG e RNM -> Mais sensíveis na detecção de erosões DIAGNÓSTICO - Deve ser considerado em todo o paciente com poliartrite simétrica, rigidez matinal prolongada (> 1h), especialmente de mãos, punhos e pés e que dure por mais de 6 semanas - Presença de provas de atividade inflamatória (PCR e VHS) elevadas e imagem mostrando sinovite e erosão corroboram o diagnóstico - Diagnósticos diferenciais incluem > Osteoartrite primária: ritmo de dor mecânico, com rigidez matinal fugaz e caráter assimétrico; acometimento de interfalangianas distais é comum > Artropatia de Jaccoud: frequentemente encontrada no LES; frouxidão ligamentar sem acometimento ósseo, deformidades reversíveis ao exame clínico > Geralmente está associado à amiloidose secundária ou nefrite intersticial > Glomerulonefrite mesangial pode ser encontrada, mas não costuma ter significado clínico EXAMES LABORATORIAIS - Não são específicos -> Necessário um conjunto de achados clínicos, laboratoriais e radiológicos para determinar o diagnóstico - Provas inflamatórias(PCR e VHS) estão elevadas - Hemograma pode mostrar anemia de doença crônica e plaquetose - Em artrocentese o líquido sinovial será inflamatório com aumento de polimorfonucleares - Fator reumatoide não é específico da AR -> Sensibilidade 65-73% e especificidade de 80% - Anti-CCP possui especificidade acima de 90% - Ambos os marcadores se associam com doença mais erosiva de pior prognóstico e não são úteis para monitoramento da doença - Devem ser solicitadas sorologias virais -> Diagnóstico diferencial EXAMES DE IMAGEM - Rx de mãos e punhos é o método preferencial para avaliação de dano > Artrite psoriásica: acometimento e interfalangianas distais; história familiar positiva, presença de alterações ungueais sugestivas > Fibromialgia: edema de mãos, parestesias e artralgia não apresentam objetividade TRATAMENTO - Objetiva evitar a progressão para alterações irreversíveis com dano estrutural e perda funcional - As drogas mais importantes e que devem ser usadas precocemente são as DMARDs (drogas antirreumáticas modificadoras da doença) - Corticoides e anti-inflamatórios devem ser usados em associação com as DMARDS por curto intervalo de tempo (fases iniciais do tratamento e períodos de agudização) - DMARDs podem ser divididos em sintéticos convencionais (metotrexato, leflunomida, sulfassalazina e cloroquina) ou biológicos (anti-TNF, anti-CD20, anti-IL6, bloqueador de coestimuação do linfóctio T) - Metotrexato é a primeira linha do tratamento e, em caso de falha, deve-se tentar um segundo DMARD sintético convencional - Na falha do segundo DMARD sintético convencional, está autorizada a indicação de DMARs biológicos (segunda linha de tratamento) ou pequena molécula (tofacitinibe) - Metotrexato (MTX) é um inibidor seletivo da enzima di-hidrofolato redutase, responsável pela formação de purinas e pirimidinas, precursores do DNA e RNA das células > EA mais ocmuns: intolerãncia gástrica, mucosite, estomatite, hepatotoxicidade e mielotoxicidade > Deve ser associado ao uso de ácido fólico 5 mg uma vez por semana > Contraindicado na gestação e em insuficiência hepática, medular ou renal - Monitorização da resposta ao tratamento é feita trimestralmente através de índices de atividade (DAS28, CDAI e SDAI) - É recomendado screening sorológico (sífilis, hepatites B e C e HIV) e vacinação para tétano, hepatite B, influenza e pneumococo em todos os pacientes que receberão imunossupressores - Os DMARDs mais utilizados na AR são aos anti-TNF (infliximabe, adalimumabe, golimumabe, cartolizumabe, etanercept) > CI em casos de ICC grau III e IV, doenças desmielinizantes, tuberculose ativa, neoplasias atuais ou passadas, infecção ativa ou recorrente PROGNÓSTICO E COMORBIDADES ASSOCIADAS - Ausência de manifestações extra-articulares é um critério de bom prognóstico, assim como a negatividade do fator reumatoide e anti-CCP - Fatores de maus prognóstico: > Início da doença em idade mais precoce, número de articulações aocmetidas, VHS e PCR persistentemente elevados, anti-CCP e FR positivos, limitação funcional, tabagismo, baixo nível socioeconômico, erosões presentes, acometimento extra- articular, presença de EC - Muitas das comorbidades da doença são associadas à inflamação crônica e ao uso crônico de corticoides -> Diabetes, hipertensão, sobrepeso, osteoporose, catarata, glaucoma, osteonecrose e osteoartrite secundária à destruição articular Artrite do LES - O quadro articular do LES é caracterizado, assim como na AR, pelo acometimento de pequenas articulações periféricas (mãos, pés, punhos), mas não existe caráter aditivo - Além disso, a inflamação tem caráter migratório, durando poucos dias em cada articulação - O LES não causa deformações articulares, desse modo, não se desenvolvem deformidades fixas - Há pouco ou nenhum derrame articular - Quando puncionado, o líquido sinovial mostra padrão levemente inflamatório com complemento reduzido e, eventualmente, positividade para FAN Espondiloartrites -Grupo de doenças distintas entre si, mas que têm em comum as seguintes características > Axiais e periféricas: envolvimento axial inflamatório (sacroileíte e espondilite); artrite periférica; entesite; dactilite > Extra-articulares: uveíte anterior aguda unilateral recorrente (principal manifestação), DII, balanite circinada, úlceras orais, colite, nefropatia IgAm amiloidose, queratoderma blenorrágico, insuficiência aórtica, distrofia ungueal, fibrose pulmonar apical e psoríase > Radiológicas: sacroileíte; entesopatias > Epidemiológicas e etiopatogênicas: associação com agregação familiar e ao antígeno HLA-B27 - Doenças englobadas: espondilite anquilosante, artrite psoriásica, artrite reativa, artrite enteropática - Dividem-se em espondiloartrites predominantemente axiais e predominantemente periféricas Entesite: infla mação da inserção de te ndões e ligamentos no s ossos Dactilite: ded o em salsicha - Espondiloartrite axial não radiográfica: espondiloartrite axial em fase inicial da doença, em que ainda não existem alterações radiográficas - Negatividade do FR ETIOPATOGENIA - Fisiopatologia muito mais inflamatória do que autoimune - HLA B27 (MHC classe I) tem a função de apresentar antígenos a linfócitos T CD8 - Nas espondiloartrites ocorre um erro no dobramento do HLA B27, formando dímeros que servem como estímulo antigênico -> Produção de IL-23 -> Diferenciação de linfócitos em Th17 -> Produção de IL-17 -> Exacerbação da resposta inflamatória - Formação óssea no local das ênteses - Limitação funcional, pontes ósseas (sindesmófitos) e anquilose > A neoformação óssea é decorrente da inflamação crônica local e estresse mecânico -> Ação de osteoblastos e osteócitos - Pd E2 tem papel importante na formação dos sindesmófitos -> Justifica o uso de AINEs ser eficaz em prevenir e reduzir a progressão radiográfica da doença ESPONDILOARTRITES PREDOMINANTEMENTE AXIAIS **ESPONDILITE ANQUILOSANTE** - É a mais comum das EpA - Acomete principalmente homens caucasianos; os sintomas tendem a se iniciar antes dos 45 anos - Envolvimento familiar é comum -> Suscetibilidade genética associada à presença do HLA-B27 - Quadro clínico e exame físico > Lombalgia ou dor glútea de caráter inflamatório (melhora ao movimento, piora com repouso, mais intensa durante a madrugada, rigidez matinal prolongada) presentes por mais de 3 meses, associadas à presença de sacroileíte na radiografia convencional > Quadro axial costuma ter caráter progressivo ascendente, também acometendo a coluna torácica e cervical > A progressão da doença acarreta em limitação funcional da coluna -> Formação de pontes ósseas (sindesmófitos) entre os corpos vertebrais > Coluna em bambu é característica de doença avançada -> Sindesmófitos unindo todos os corpos vertebrais e calcificação do ligamento longitudinal anterior > No exame físico são encontradas perda de mobilidade da coluna, posição do esquiador, retificação da coluna lombar, acentuação da cifose e projeção anterior da coluna cervical retificada > Teste tragus-parede: normalmente revela distância aumentada (sinal da flecha) > Para avaliação da coluna torácica, mede-se a expansibilidade > Avaliação da mobilidade lombar pode ser realizada por meio do teste de Scholer > Avaliação da sacroileíte por meio da manobra de Patrik-Fabere > Pode ocorrer entesite, principalmente no calcâneo e fáscia plantar, e artrite periférica, que geralmente é oligoarticular assimétrica e de grandes articulações (joelhos e tornozelos) > Entesite ao exame físico -> Dor importante à palpação de junções costocondrais, apófises espinhosas das vertebrais, cristas ilíacas, trocânteres maiores, tuberosidades isquiais e tibiais; pode haver hiperemia e edema > Manifestações extra-articulares - Uveíte anterior unilateral recorrente (associa-se à presença de HLA-B27) é a manifestação mais comum - Exames laboratoriais > Não existe teste patognomônico > Provas de atividade inflamatória geralmente estão elevadas > HLA-B27 é positivo em 90% dos casos -> Associa-se a pior prognóstico, incidência familiar, recorrência de uveíte anterior- Ausência não exclui o diagnóstico - Exames de imagem: > Rx de sacroilíacas e de coluna cervical, torácica e lombar é o exame inicial a ser solicitado > No rx de sacroilíacas pode-se graduar a sacroileíte > No rx de coluna, achados comuns incluem sindesmófitos, coluna em bambu, quadratura vertebral e sinal de Romanus > O diagnóstico radiográfico para confirmação da doença leva em média 5 anos, e a detecção de alterações precoces pode ser feita através de RNM de sacroilíacas - Diagnóstico > Critérios modificados de NY (1984) são os mais utilizados -> Deve-se, obrigatoriamente, ter o critério radiológico associado a, pelo menos, 1 critério clínico - Tratamento: > Envolve medidas farmacológicas (AINEs, analgésicos, DMARDs sintéticos e biológicos) e não farmacológicas (evitar posições viciosas, exercícios respiratórios, educação do paciente, atividade física e fisioterapia > AINEs são primeira linha para tratamento -> Evitam e reduzem a progressão estrutural > DMARDs sintéticos, como sulfassalazina e metotrexato, são indicados em pacientes com quadro periférico > DMARDs biológicos são escolha no quadro axial em que houve falha terapêutica a pelo menos 2 AINEs ESPONDILOARTRITES PREDOMINANTEMENTE PERIFÉRICAS **ARTRITE REATIVA** - Artrite não purulenta relacionada a uma infecção recente, não articular > Contempla casos de artrite relacionadas a dengue, Chikungunya, hepatites, SIRS, .... - Surge particularmente após infecção gastrointestinal ou genitourinária e frequentemente está associada à presença do HLA B27 - Mais comum no sexo masculino, dos 20 aos 40 anos - Bactérias frequentemente associadas são Chlamydia, Campilobacter, C. difficile, Salmonella, Shigella e Yersinya - Quadro clínico > A artrite reativa se inicia 1 a 4 semanas após o evento infeccioso urogenital ou entérico e pode estar ou não acompanhada de sintomas constitucionais > Quadro articular é autolimitado -> Em 20% dos casos ocorre cronificação (principalmente se HLA B27 está presente) > Acometimento articular normalmente se apresenta como oligoartrite assimétrica de membros inferiores > Entesite e dactilite são comuns; acometimento axial pode ocorrer em qualquer segmento da coluna vertebral e a sacroileíte geralmente é unilateral > Manifestações cutâneas: ceratodermia blenorrágica e balanite circinada > Uretrite não gonocócica é manifestação frequente > O quadro ocular geralmente é de conjuntivite asséptica, mas podeo ocorrer uveíte anterior - Exames complementares: > HLA B27 é positivo em até 80% dos pacientes e é um fator de mau prognóstico > Provas de atividade inflamatória estão elevadas > No rx pode-se evidenciar sacroileíte assimétrica e entesófitos em calcâneo e fáscia plantar - Diagnóstico > Não há critério definitivo para diagnóstico > Considerar história clínica compatível, achados ao exame físico, exames de imagem e pesquisa do HLA B27 - Tratamento > Nos casos iniciais de quadros articulares, são utilizados AINEs tanto para acometimento periférico quanto axial > Em casos de cronificação, a sulfassalazina e o metotrexato podem ser associados > Para tratamento da infecção, recomenda-se o tratamento da infecção intestinal com ATB somente se ainda houver diarreia ou outra evidência de infecção ativa; para uretrite, o uso de tetraciclinas por duas semanas é uma boa opção **ARTRITE ENTEROPÁTICA** - Espondiloartrite associada às doenças inflamatórias intestinais, principalmente à DC - Pico entre 2ª-3ª décadas de vida - Manifestação extra-intestinal mais comum de DII - Quadro clínico > Acometimento articular periférico não tem relação com a presença de HLA B27 e é dividido em dois tipos - Tipo 1: oligoartrite de MMII, grandes articulações; é o tipo mais comum e se relaciona com atividade e extensão da doença intestinal, pode preceder sintomas intestinais -Tipo 2: poliartrite simétrica de pequenas e grandes articulações, predomina em MMSS; não se relaciona com a atividade intestinal > No quadro axial, há HLA B27 positivo em 70% dos casos; manifesta-se como sacroileíte simétrica e sindesmófitos, semelhante à EA; não se relaciona com atividade da doença intestinal > Manifestações extra-articulares -> episclerite e uveíte anterior, eritema nodoso, pioderma gangrenoso, colangite esclerosante primária e ulcerações orais - Exames complementares: > Não existe nenhum exame específico que confirme o diagnóstico > Pode haver presença de P-Anca atípico e HLA B27 positivo nos casos axiais > Exames de imagem tem achados muito semelhantes aos da EA, com sindesmófitos e sacroileíte simétrica - Diagnóstico > Não existem critérios para diagnóstico > Deve-se combinar a história clínica, exame físico, imagem e histológico para elaboração do diagnóstico - Tratamento > AINEs têm contraindicação relativa e não devem ser prescritos rotineiramente pois podem causar ulceração ou sangramento intestinal > Prednisona em baixas doses pode ser prescrita para alívio sintomático > Mesalazina, sulfassalazina, metotrexato, axatioprins podem ser utilizados > Nos casos refratários, indica-se o uso de anti-TNF ou anti-IL17 ou anti-IL12 **ARTRITE PSORIÁSICA** - Doença sistêmica de natureza inflamatória que ocorre em pessoas com psoríase - Em 70-80% dos casos, a psoríase precede o quadro articular - Não existe predomínio quando aos sexos e acomete indivíduos entre quarta e quinta décadas de vida - Manifestações > As manifestações articulares apresentam um amplo espectro clínico, são, em sua maioria, periféricas > Artrite oligoarticular assimétrica: tipo mais comum, acomete principalmente joelhos, pequenas articulações dos pés e das mãos > Poliartrite simétrica: comum, semelhante à AR > Artrite com envolvimento predominante das interfalangianas distais: alterações ungueais e IFDs são frequentes > Artrite mutilante: mais grave; causa deformidades severas, subluxações e encurtamento dos dedos > Doença axial predominante: rara; sacroileíte assimétrica > Existe alto grau de sobreposição entre os subtipos > Dactilite e entesite podem ocorrer em qualquer subtipo > Doença ungueal associa-se com frequência à doença de IFDs -> Lesões ungueais são descritas como estrias transversais , pitting nails e hiperqueratose subungueal > Manifestações extra-articulares são incomuns - Pacientes com AP apresentam alta taxa de síndrome metabólica quando comparados com controles - Exames complementares > Não existe teste laboratorial específico para confirmação diagnóstica > Associação com HLA B27 não é frequente > Achados radiográficos característicos incluem osteólise da falange média distal associada à neoformação óssea da base da falange distal > Também podem ser encontrados entesófitos, sindesmófitos grosseiros e irregulares e sacroileíte unilateral ou bilateral assimétrica - Diagnóstico > Critério de CASPAR é utilizado para caracterizar o paciente como portador de AP, sendo necessário pelo menos 3 pontos - Tratamento > Inicialmente é recomendado uso de AINE e, posteriormente, pode-se iniciar um DMARD sintético > Corticoides sistêmicos não costumam ser prescritos Artrite paraneoplásica - Pacientes idosos - Pode preceder o diagnóstico de neoplasia - Artrite de acometimento assimétrico - Aparecimento súbito e marcante - Soronegativa Mono/oligoartrites Artrite séptica Gota - Ocorre quando há precipitação e depósito de ácido úrico nos tecidos -> Os principais órgãos afetados são articulações, rins e pele - A artrite gotosa ocorre por uma inflamação nas membranas sinoviais ARTROCENTESE E CLASSIFICAÇÃO DO LÍQUIDO SINOVIAL - Artrocentese é um procedimento realizado para fins diagnósticos e terapêuticos - Diante de um caso de monoartrite sem etiologia definida, a artrocentese diagnóstica é mandatória para exclusão de artrite séptica - O líquido sinovial é submetido a citologia, bacterioscopia, cultura e pesquisa de cristais > Classificado em 4 tipos de acordo com a coloração, turvação, viscosidade e citologia - Líquido sinovial não inflamatório é característico da osteorartrite MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS - Artrite bacteriana não gonocócica > Início abruptode monoartrite em grandes articulações de MMII (joelhos e quadril), associada a sintomas constitucionais > Imunossuprimidos, diabéticos e indivíduos com múltiplas comorbidades podem não apresentar febre ou demais sintomas constitucionais > Nota-se bloqueio articular com limitação dolorosa importante - Artrite gonocócica > Propagação de N. gonorrhoeae -> Causa mais comum de artrite séptica em jovens sexualmente ativos > Ocorre mais em mulheres, frequente nos primeiros 7 dias após o início da menstruaçãom durante a gravidez ou no pós-parto > Fase bacterêmica: 48-72 horas; febre alta, calafrios, achados da tríade de poliartralgia, tenossinovite (mãos e pés) e lesões cutâneas (pápulas ou vesículas em tronco e extremidades) > Fase supurativa: monoartrite de grandes articulações, principalmente joelho TRATAMENTO - Início de antibioticoterapia empírica - Duração do tratamento em artrite séptica não gonocócica é de 2-4 semanas > Concomitantemente ao tratamento com ATB, está indicada a drenagem da articulação - Nos casos de artrite gonocócica, a drenagem cirúrgica raramente é indicada e o uso de ceftriaxona é feito por 7-10 dias > Lembrar de tratar o parceiro sexual - Decorre da invasão direta do microrganismo na articulação - Emergência clínica -> Potencial destrutivo articular irreversível - Divididas em agudas e crônicas > Agudas subdividem-se em gonocócica e não gonocócica > Crônicas subdividem-se por etiologia fúngica ou micobactérias - S. aureus é o principal agente etiológico associado à artrite séptica e osteomielite - Grandes articulações são as mais acometidas na artrite séptica e a apresentação clínica habitual é de monoartrite - Artrocentese diagnóstica evidencia líquido sinovial turvo com diminuição de viscosidade e acima de 50.000/100.000 leucócitos com predomínio de polimorfonucleares EPIDEMIOLOGIA E FISIOPATOGENIA - Incidência maior em crianças - Mecanismo de infecção articular mais comum é a via hematogênica, mas pode ocorrer por disseminação por osteomielite adjacente, iatrogênica após procedimento artroscópico ou artrocentese; trauma penetrante e contiguidade da pele - Articulação mais acometida é o joelho - A invasão do microrganismo causa aumento da atividade de macrófagos e de polimorfonucleares -> A sinóvia adquire um aspecto semelhante ao PANNUS -> O acúmulo de produtos inflamatórios e exsudativos causa aumento da pressão intra-articular -> Anóxia e necrose da cartilagem - Fatores predisponentes > Neoplasia, diabetes, alcoolismo, imunodeficiência primária ou secundária, idosos acima de 80 anos e crianças abaixo de 5 anos; prótese articular, lesão articular prévia, uso de glicocorticoides, imunossupressores e quimioterápicos ETIOLOGIA - Se considerarmos todas as faixas etárias, o S. aureus é o mais comum > Quadros idiopáticos ou associados a alterações enzimáticas - Gota secundária: > Ácido úrico > 7 mg/dL > Não ocorre a doença propriamente dita, apenas um risco mais elevado de ocorrência > 2/3 dos pacientes hiperuricêmicos se mantêm assintomáticos - Artrite gotosa aguda: > Artrite extremamente dolorosa, de início súbito -> Monoartrite de membro inferior -> Classicamente localizada no primeiro polidáctilo > São frequentes sinais flogísticos > Acometimento de articulações do ombro, quadril, coluna, sacroilíaca, esternoclavicular e mandíbula indica gravidade e cronicidade > Fatores predisponentes -> Traumatismos, medicamentos, álcool ou drogas - Período intercrítico: > Após a primeira crise, as recaídas passam a ser mais frequentes e duradouras e as resoluções passam a não ser totais, deixando comprometimento residual > As crises posteriores são mais graves e tendem a assumir caráter poliarticular que envolvem internamente as diartroses FISIOPATOLOGIA - Os cristais de ácido úrico que estão depositados são fagocitados e, com isso, se desencadeia a ativação de leucócitos - A ativação celular gera a liberação de substâncias pró-inflamatórias na cavidade articular EPIDEMIOLOGIA - Mais comum em homens na faixa etária entre 30 e 60 anos - Incidência em mulheres aumenta no período pós-menopausa CLASSIFICAÇÃO - O ácido úrico pode elevar-se em decorrência de dois mecanismos: aumento da produção ou redução da excreção renal - Gota primária: - Gota tofosa crônica > Hiperuricemia não tratada a longo prazo, pode levar à formação e deposição de cristais de urato monossódico nas cartilagens, articulações, tendões e partes moles > Os tofos tendem a regredir completamente com o tratamento adequado contra hiperuricemia DIAGNÓSTICO - Suspeitar de gota em todos os pacientes que desenvolvem monoartrite de instalação súbita - Diagnóstico só pode ser confirmado pela identificação dos cristais de urato monossódico no interior dos leucócitos do líquido sinovial da articulação afetada TRATAMENTO - Crises: > AINEs (primeira linha de tratamento): preferência por drogas de meia-vida curta (indometacina, ibuprofeno, diclofenaco ou naproxeno); controle dos sintomas em até 90% dos pacientes > Colchicina (segunda linha): reservada a pacientes com alguma contraindicação ao uso de AINE; deve ser evitada em pacientes com insuficiência renal ou hepática > Corticoides intra-articulares > Redução da uricemia não deve fazer parte do tratamento da crise aguda - Profilaxia: > Mudanças no estilo de vida > Administração profilática diária de colchicina (1 mg) > Tratamento contra hiperuricemia > Associada a doenças de base como neoplasias hematológicas, quimioterapia, hiperparatireoidismo, psoríase, estresse, ingestão de álcool, insuficiência renal, medicamentos, intoxicação por chumbo, deficiência de vitamina b12 CLÍNICA - Hiperuricemia assintomática
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