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TAL 354 – Tecnologia de Alimentos ANOTAÇÃO: unidade 3 – Aula 3 PROCESSAMENTO DE ARROZ (Continuação...) O que sobra da separação de marinheiros é o arroz integral, porém ainda não está “pronto”. ARROZ INTEGRAL: • Nesse ponto do processamento, distingue-se a produção de arroz polido e integral: ✓ O separador Paddy remete à linha de produção o arroz sem casca, ainda coberto pelo pericarpo. ✓ Na produção do arroz polido, este arroz descascado (integral) segue para uma linha de produção; ✓ Se o objetivo é produzir o arroz integral, após o descascamento, segue-se outra linha de beneficiamento. O arroz, antes de ser embalado, vai passar por alguns procedimentos: - Polimento Brando: realizado por um maquinário que lembra muito o descascador, porém, os rolos onde passam o arroz são revestidos por escovas. Os rolos promovem uma escovação na superfície do grão, tendo como função primordial, a melhoria da qualidade de cozimento do arroz integral. O arroz integral dificulta o cozimento, devido a presença do pericarpo. (Aumenta o tempo de cozimento). Com isso, essas escovas provocam algumas pequenas ranhuras no pericarpo que vai favorecer a entrada de água, para o cozimento, dessa forma, reduzindo o tempo de panela. As escovas, podem em determinado grau, remover um pouco do gérmen. - Classificação: a função é a separação por tamanhos dos grãos. A partir da classificação, o arroz já pode ser embalado e posteriormente ser comercializado ou passar, antes, por um processo de estabilização. - Estabilização: tem a função de aumentar a vida de prateleira do arroz integral, utilizando, na maioria das vezes, o calor seco (micro-ondas, infravermelho... são técnicas de estabilização onde o arroz não é pré-cozido). Devido o pericarpo, endosperma e o gérmen não terem sido removidos, sabemos que o gérmen possui lipídeos que podem rancificar e também, enzimas (lipases) que podem afetar esses óleos (lipídios) presente no gérmen. Dessa maneira, a estabilização funciona de certa forma, como um modo de efetuar a inativação das enzimas, evitando com que esse óleo rancifique (oxidação) e fique com um sabor desagradável no final. Não é uma etapa “obrigatória”, porém tem grandes indústrias que utilizam dessa etapa. Já algumas empresas utilizam outros métodos como, utilizar embalagens à vácuo e coloca-los em embalagens de papelão, pois dessa forma, consegue reduzir a quantidade de oxigênio disponível e ainda, cobrir/proteger contra a luminosidade, as quais são 2 fatores que contribuem para a rápida deterioração dos produtos. ARROZ POLIDO: • Se o objetivo é a produção de arroz polido: ✓ O separador Paddy devolve à linha de produção o arroz descascado, porém ainda coberto pelo pericarpo. ✓ Na produção do arroz branco e (ou) polido, este arroz descascado segue para a Brunição. - Brunição: é ≠ de polimento (etapa de acabamento). É nesse processo de brunição que se retira o pericarpo e o gérmen. ✓ Cones de metal, com revestimento abrasivo; ✓ Operam em sequência (duplo cone): - Aumenta o rendimento do grão inteiro (facilita ajustes e controle); - Diminui o risco de superaquecimento do grão. ✓ O arroz é forçado entre a superfície abrasiva e aparadores de borracha. ✓ Cada conjunto é revestido por uma peneira metálica, por onde passam as partículas de “farelo”, retendo o grão polido. Funcionamento do Brunidor: funcionam em sequência, de um equipamento para o outro, onde a granulometria (abrasividade) da superfície do cone vai diminuindo (relação com lixa de unha). O arroz passa entre a peneira e o eixo (cone), onde a ideia é que, o grão de arroz ao ser atritado contra a superfície do cone abrasivo, ocorra um rompimento, remoção e separação do pericarpo, aleurona e tegumento (essas 3 camadas saem juntos). Sabendo que o brunidor opera em sequência com duplo cone. O primeiro realiza a parte abrasiva, mais grosseira (lixa mais grossa), enquanto que o segundo tem como objetivo dar uma suavizada no grão, ou seja, dá uma alisada na superfície do grão. O alisamento é diferente do polimento. O polimento é a retirada do pó (amido) que fica aderido ao grão. Cada conjunto é revestido por uma peneira metálica: - Farelo de arroz passa pela peneira e o arroz polido fica retido no interior. O farelo de arroz removido, assim contém partes de: ✓ Pericarpo ✓ Gérmen ✓ Aleurona (e até frações de material amiláceo). O farelo de arroz suplementa nutricionalmente as refeições das pessoas. Mas também podem ser utilizados para alimentação animal e outros fins, inclusive para a produção de óleo de arroz. Farelo de arroz tostado: para inativar as enzimas. CLASSIFICAÇÃO: • “Trieurs” (equipamento). • Separar grãos quebrados (permite compor os tipos de arroz). • Grãos podem ser separados em: ✓ Inteiro ✓ 3/4 ✓ 1/2 (ou 2/4) ✓ 1/4 O endosperma tem uma característica de dureza. A dureza do grão é uma resposta sensorial da interação da proteína de reserva com os grânulos de amido no endosperma amiláceo. O impacto com o descascador e o brunidor, acaba provocando quebras nos grãos. O “TRIEURS” é um separador de cilindro que por dentro possui muitos alvéolos / cavidades (“canequinhas”). Nessas cavidades, cabem os pequenos pedaços de grãos de arroz (1/4), mas não o grão inteiro. Os grãos caem em uma calha que direciona os grãos para um outro compartimento. Industrialmente considera-se como grão inteiro os: 3/4 e inteiros. Utilização dos grãos quebrados: - Principal uso: parte dos grãos quebrados são reutilizados na empresa para a composição dos tipos de arroz, conforme a legislação brasileira, ou seja, mistura com grãos inteiros para composição dos “tipos” comerciais (Tipo 1, 2 etc...). Os grãos quebrados também podem ir para as vendas diretas como fábricas de rações e cervejarias (transforma o amido em álcool), como também, serem encaminhados para a produção de farinha e amido de arroz. POLIMENTO: Por que o polimento é feito depois da classificação?? Pois a indústria não vai gastar energia para realizar uma operação de acabamento em uma fração que não possui valor comercial. • Arroz de maior valor comercial (inteiro e 3/4). • Objetivo: remoer o pó (amido) aderido na superfície do grão. Oferece um clareamento no grão. • Aumentar a propriedade de cozimento. Passando o arroz integral pela brunição, retiramos o farelo gordo (maior parte do óleo está presente nesse produto – gérmen) que é mais grosseiro. Depois de passar pelo polimento, o que se retira é o farelo fino. Para a indústria os 2 tipos de farelo não possuem diferença na aplicação. Eles misturam os farelos para produzir os farelos tostados, óleos, suplementos nutricionais etc... Existem 2 tipos de polidores: (equipamentos) ✓ Polidor de escovas: grãos passam por rolos revestidos em mantas de couro e em escovas; ✓ Polidor por aspersão de água: fina camada de água (~0,4% m/m) recobre os grãos, jato de ar remove o pó umedecido. Após o polimento, particularmente se feito por escovas, o arroz pode passar pelo brilhador. BRILHADOR: Semelhante ao do polidor de escovas, porém recebe uma camada de glicose (esmaltação). Polidor de aspersão a água, dispensa o brilhador. - Melhora a aparência, deixando o produto mais atraente. - O uso do brilhador, não interfere nas características de cozimento do arroz. OPERAÇÕES FINAIS: • CALOR SORTER: - Equipamento dotado de células fotoelétricas (pré configuradas) que identificam grãos com coloração “fora do padrão”, principalmente os escurecidos, queimados e ardidos. - Um dispositivo de ar comprimido ´acionado pela célula fotoelétrica e “expulsa” o grão indesejável. - Objetivo é melhorar a aparência geral do produto acabado. • Incorporação dos quebrados – composição dos tipos (tipo 1, 2...) • Empacotamento- Sacos de 60 kg - Varejo: sacos polietileno (5kg, 2 kg e 1kg). QUALIDADE DO ARROZ: • Considerada principalmente pelas características de cozimento. • Respeita a preferência dos consumidores para o arroz cozido. • No Brasil: ✓ Tempo curto de cozimento; ✓ Elevado rendimento de panela; ✓ Boa absorção de água com baixa perda de sólidos na água de cozimento (arroz “soltinho”); ✓ Textura firme; ✓ Sabor agradável. A etapa da parboilização ocorre antes do Beneficiamento. PARBOILIZAÇÃO DO ARROZ: • Processo hidrotérmico (como se fosse um pré-cozimento), no qual o amido (no endosperma amiláceo) do arroz é parcialmente gelatinizado, mudando sua forma cristalina para amorfa. • Objetivos da parboilização: ✓ Produzir modificações físicas, químicas e sensoriais nos grãos, com vantagens econômicas, nutritivas e práticas. • A parboilização aumenta o rendimento de grão (grãos inteiros). • Reduz 0% de quebras e aumenta o valor nutricional do produto polido. A ideia da parboilização é usar o amido do endosperma, para formar um grude, que vai soldar as fissuras internas do grão (vai “colar” os pontos frágeis”) para retirar do endosperma os pontos frágeis que induzem a quebra dos grãos. Dessa forma, o arroz vai ficar menos susceptível à quebra com os impactos. ETAPAS DO PROCESSAMENTO: Podemos resumir a parboilização em 3 operações básicas: ✓ Encharcamento (maceração); ✓ Gelatinização (sob vapor) e ✓ Secagem. ENCHARCAMENTO - É uma etapa demorada, onde o arroz em casca é colocado em tanques, e submerso em água aquecida (~65°C); - O objetivo é vencer a resistência da casca e do pericarpo e colocar água dentro em contato com o endosperma amiláceo. - Tanques de aço inoxidável; - Arroz em casca permanece no tanque até o teor de água aproximar de 30 – 32%. - Tempo x °C de processo devem garantir eficiência da gelatinização e prevenir perda excessiva de nutrientes na água de encharcamento. GELATINIZAÇÃO - Cozedores à pressão (autoclaves industriais). - Grãos encharcados → cozimento à vapor (~75°C). - Pressão exercida força a entrada de água no grão. - Solda as fissuras internas e aumenta a incorporação de nutrientes. No momento da gelatinização ocorre a expansão dos grânulos de amido e da estrutura proteica do endosperma, preenchendo os espaços de ar. Com isso, a massa torna-se compacta e translúcida e sua resistência física aumenta. SECAGEM - Reduzir a umidade do grão para conservação durante o armazenamento. - Arroz após gelatinização: 30% umidade. - Secagem em diferentes etapas: • 1° - secagem sem intermitência: ✓ Mais longa e intensa (contínua), onde reduz a umidade de 30% para ~18%. (transferência da umidade do arroz para o ambiente). ✓ Grande volume de ar quente, com ventilação forçada. ✓ Exaustão da umidade do ar. A velocidade em que a água sai da superfície do grão para o ambiente, fica muito maior do que a velocidade de migração da água do interior do endosperma amiláceo para a superfície. Por isso que quando a umidade chega a ~18%, não podemos secar de uma vez. Precisamos de realizar uma secagem intermitente, ou seja, com intervalos entre a temperização e a secagem. Temperização: (Período de secagem) ✓ Suspende a ventilação forçada (pois favorece a evaporação). ✓ Aumenta a umidade do ar, dessa forma evitando com que a evaporação da água que está na superfície para o ambiente, aconteça de maneia muito rápida. ✓ “Descanso” permite o equilíbrio da umidade interna do grão. ✓ Reduzir o gradiente de umidade, aumenta a eficiência da secagem. A diferença entre a umidade do interior do grão para a superfície do grão = gradiente de umidade. O gradiente de umidade deve ser mínimo para a secagem ser eficiente. Pois se tivermos uma umidade no interior que fica muito maior do que a umidade na superfície, a superfície pode acabar ressecando, assim, as trincas (fissuras) que acabamos de remover podem aparecer de novo. • 2° - secagem intermitente: ✓ Reduzir a umidade de 18% para ~12%. ✓ Operações de secagem e temperização intercaladas até a umidade final. A secagem é uma etapa crítica para a eficiência de todo o processo: • Pode provocar novas fissuras no endosperma (gradiente de umidade interior/superfície do grão não pode ser muito elevado!). O processo adequado de secagem permite: • Maior qualidade ao produto; • Racionalização do uso de energia. A produção do arroz parboilizado não termina após a secagem. Precisa passar por todas as etapas de beneficiamento. O produto só estará pronto após o completo beneficiamento do grão. CARACTERÍSTICAS DO ARROZ PARBOILIZADO: Vantagens: ✓ Redução na % de grãos quebrados no beneficiamento; ✓ Melhoria do valor nutricional, principalmente, o aumento do teor de minerais e de algumas vitaminas; ✓ Grãos mais “soltos” no cozimento. Desvantagens: ✓ Alteração das propriedades organolépticas: - Coloração amarelada ou âmbar (não é tão branca). - Degradação proteica e lipídica – alteram o sabor e odor. ✓ Aumento no tempo de cozimento. Arroz integral é muito mais nutritivo do que um arroz parboilizado. Se vamos fazer um arroz integral, pra que parboilizar? Em relação à quebra – no arroz integral utilizamos, normalmente, grãos curtos que não são tão susceptíveis a quebras devido ao seu tamanho. Em relação à inativação enzimática – com a parboilização, torna-se uma das maneiras possíveis de estabilizar o grão de arroz integral, dessa forma, aumentando a vida de prateleira do produto.
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