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Julia Paris Malaco – ambulatório pediatria Eczemas e dermatites X exantema e enantema Exantema: Manifestação cutânea de fundo vascular e de causa infecciosa, alérgica, tóxica ou física. Podendo ser: mácula, pápula, vesícula, pústula, crosta e sufusão hemorrágica. Define-se exantema como qualquer alteração patológica de cor e/ou relevo da pele. É sinônimo de rash. Enantema: é a alteração patológica da mucosa oral. É representado pelas lesões mucosas, conjuntivas, orais ou urogenitais, que podem estar associadas com a erupção de pele. Mácula: alteração circunscrita da cor da pele. Pápula: lesão elevada, sólida, menor que 1 cm de diâmetro; quando igual ou maior que 1 cm, denomina-se placa. Vesícula: lesão elevada, de conteúdo líquido, geralmente seroso, menor que 1 cm de diâmetro; quando igual ou maior que 1 cm, denomina-se bolha. Púrpura: lesão arroxeada, às vezes elevada, secundária a hemorragia cutânea; quando puntiforme, denomina-se petéquia. Diz-se que o exantema maculopapular é fino quando as pápulas são pequenas, aver- melhadas, pouco coalescentes. Esse padrão é comum na escarlatina e no eritema infec-cioso. Também é denominado escarlatiniforme É grosseiro ou morbiliforme quando máculas e pápulas são avermelhadas, de tamanhos variados e coalescentes, deixando áreas de pele sã de permeio. O sarampo é o exemplo principal, junto com a rubéola, o exantema súbito, a doença de Kawasaki e as enteroviroses. É também o padrão mais frequente das reações às drogas. O exantema vesicobolhoso é formado por vesículas, às vezes bolhas e pústulas. A varicela cursa com esse tipo de exantema, assim como a síndrome da pele escaldada estafilocócica, e algumas enteroviroses. A síndrome de Stevens- Johnson, o impetigo, o estrófulo são exemplos de doenças não exantemáticas. No exantema petequial-purpúrico, petéquias e púrpuras coexistem, sendo as últimas, geralmente, evolução das primeiras. O exantema urticariforme é formado por placas eritematosas de tamanho variado, geralmente coalescentes. É comum a várias etiologias, infecciosas ou não. Outros fatores importantes além da lesão: Idade: muitas DE são mais prevalentes em determinadas faixas etárias - a escarlatina nos maiores de 5 anos, e o exantema súbito nos menores de 2 anos, por exemplo. Febre: no exantema súbito, a febre costuma ser alta, prolongada e contínua, enquanto no eritema infeccioso geralmente é baixa, muitas vezes ausente. Período prodrômico: é o período que antecede o exantema - o pródromo do sarampo é marcado por febre alta, sintomas gripais intensos e toxemia, enquanto o da rubéola costuma ser oligossintomático ou até assintomático. Evolução, distribuição e características do exantema: na varicela, as lesões de pele surgem e se distribuem difusamente; na escarlatina, se iniciam no tronco e se difundem para os membros (centrífugo); no eritema infeccioso, costumam ser mais intensas na face e nos membros superiores e se exacerbam no calor ou no frio. Sinais e sintomas associados: os sinais de Pastia e Filatow são frequentes na escarlatina; a rubéola costuma cursar com linfadenopatia e artralgia nas mãos; conjuntivite bilate-ral ocorre tanto no sarampo quanto na doença de Kawasaki. Vacinação prévia: o sarampo, a rubéola e a varicela são passíveis de prevenção por imu- nização. Contato com caso-índice: muitas vezes, o caso-índice é identificável: deve-se levar em conta o período de incubação da doença. Ocorrência de surtos em instituições ou comunidades: as DE de alto contágio costumam ocorrer em surtos e até em epidemias, como o sarampo, a rubéola e a doença me-ningocócica. Desde 2006 não se registram casos de sarampo no Brasil. No caso de suspeita, deve-se pesquisar viagem recente ou contato com caso-índice com viagem recente. Julia Paris Malaco – ambulatório pediatria Sinais patognomônicos: o sinal de Koplik, mesmo quando no período prodrômico, já determina o diagnóstico de sarampo Varicela Doença altamente contagiosa causada pelo vírus da varicela-zoster. O contágio ocorre a partir de 2 dias antes do aparecimento do exantema, por via respiratória O diagnóstico é usualmente clínico, com o aparecimento de lesões vesiculares características, em dias sucessivos, que evoluem para crostas em poucos dias. Sinais e sintomas: A febre, em geral, é baixa, acompanhada de sintomas discretos. Normalmente manifesta-se como uma doença benigna ao acometer crianças eutróficas e sadias. o A contaminação secundária das lesões de pele pode levar a quadros intensos de impetigo, com acometimento bacteriano e feridas profundas. Tratamento: Na grande maioria dos casos de varicela, em crianças, o tratamento é sintomático. o O prurido, frequentemente presente na varicela, pode ser aliviado com o uso local de calamina ou, nos casos mais rebeldes, com o uso de anti-histamínicos por via oral. o Para se evitar infecção bacteriana secundária das lesões, aconselha-se manter as unhas curtas e limpas, e banhos com permanganato de potássio 1:40.000, 2 vezes por dia. o O uso de antibióticos será necessário somente naqueles casos em que ocorrer infecção. o Considerando-se a etiologia habitual, estafilococos e estreptococos, o antibiótico de escolha é do grupo das penicilinas e a amoxicilina. o Como tratamento específico dos quadros graves de varicela no imunodeprimido (encefalite, pneumonia, forma disseminada) e em neonatos (principalmente com forma disseminada), o aciclovir dado precocemente inibe o desenvolvimento da doença. Sarampo Doença febril exantematosa aguda, altamente transmissível, causada por vírus da família Paramyxoviridae do gênero Morbillivirus. A transmissão ocorre de pessoa a pessoa, por secreções nasofaríngeas expelidas na fala, tosse, espirro ou respiração. O vírus pode ser transmitido quatro a seis dias antes ou quatro dias depois do surgimento do exantema. No Brasil, o sarampo é uma doença de notificação obrigatória. O sarampo tem fases distintas: a de incubação, a prodrômica e a exantemática. Sua transmissão é possível cinco dias antes e quatro dias depois do surgimento do exantema, e mais de 90% das pessoas expostas desenvolverão a doença. o A fase de incubação dura 10-14 dias e é geralmente assintomática. o A fase prodrômica dura 2-8 dias, com a presença de sintomas não específicos, como febre, mal-estar, tosse, coriza e conjuntivite. o Em alguns pacientes, os sinais de Koplik aparecem 24-48 horas antes do surgimento do exantema. o O exantema maculopapular emerge na fase exantemática, inicialmente na face, espalhando-se para o tronco e extremidades 3-4 dias após o início da febre, com duração de cerca de três dias Diagnósticos laboratoriais específicos de sarampo podem ser feitos sorologicamente, nos quais o ensaio de imunoadsorção enzimática (ELISA) é usado para detectar a presença de imunoglobulina da classe M (IgM) específica para vírus no plasma, tendo maior sensibilidade cerca de quatro dias após o surgimento do exantema. A profilaxia do sarampo se dá por vacinação. No Brasil, a vacina oferecida pelo Sistema Único de Saúde é feita com vírus atenuados de sarampo, rubéola, caxumba e varicela para crianças de 15 meses a 4 anos de idade. Duas doses são recomendadas: a segunda, três meses após a primeira. Não existe um tratamento específico, sendo este basicamente sintomático e de suporte. Julia Paris Malaco – ambulatório pediatria Rubéola É causada por um vírus do gênero Rubivirus, o Rubella vírus. A rubéola é uma doença infectocontagiosa que acomete principalmente crianças entre cinco e nove anos.A transmissão acontece de uma pessoa a outra, geralmente pela emissão de gotículas das secreções respiratórias dos doentes. Sinais e sintomas: Após um período de incubação, que varia de duas a três semanas, a doença mostra seus primeiros sinais característicos: febre baixa, surgimento de gânglios linfáticos e de manchas rosadas, que se espalham primeiro pelo rosto e depois pelo resto do corpo. As crianças devem tomar duas doses da vacina combinada contra rubéola. Todos os adolescentes e adultos (homens e mulheres) também precisam tomar a vacina tríplice viral ou a vacina dupla viral (contra sarampo e rubéola), especialmente mulheres que não tiveram contato com a doença. Gestantes não podem ser vacinadas. As mulheres em idade fértil devem evitar a gestação por 30 dias após a vacinação. O tratamento da rubéola é sintomático. Escarlatina Esta doença é causada quase na totalidade dos casos, por estreptococo beta-hemolítico do grupo A. Inicia-se de maneira abrupta com sintomas como febre alta, vômitos, cefaléia e faringite. Sinais e sintomas: Passadas 12 a 48 horas surge a erupção típica: o exantema - trata-se de uma erupção cutânea eritematosa difusa, micropapular, pápulas essas que não excedem 1,0 mm de diâmetro, áspera à palpação. o O exantema inicia-se no peito e expande- se rapidamente para todo o tronco, pescoço e membros, poupando palmas das mãos e plantas dos pés. o Na face se encontram geralmente lesões puntiformes, a testa e as bochechas ficam hiperemiadas e lisas, enquanto a região perioral apresenta-se pálida (sinal de Filatow). o O enantema da mucosa oral é acompanhado de alteração da língua que, nos primeiros dois dias, se reveste de uma camada branca, e as papilas, avermelhadas e edemaciadas, sobressaem; no terceiro ou quarto dia, o revestimento branco descama, permanecendo as papilas hipertrofiadas e a língua avermelhada (língua em framboesa). Tratamento: Tratamento: visa evitar as complicações supurativas e prevenir a febre reumática e glomerulonefrite difusa aguda. o A penicilina G benzatina: via intramuscular, nas doses de 1.200.000 UI em crianças com mais de 25kg e adultos. o Para crianças com peso inferior a 25kg: 600.000 UI. o Em pacientes alérgicos: eritromicina na dose de 30 a 40mg/kg/dia. Eritema infeccioso Provocado por um vírus chamado Parvovírus B19, motivo pelo qual ele também pode ser chamado de parvovirose. A forma de transmissão mais comum do parvovírus B19, é através do contato com secreções das vias aéreas. Sinais e sintomas: O quadro começa como uma virose inespecífica, com sintomas comuns, tipo coriza, febre baixa, dor de garganta, espirros, dor de cabeça, tosse, mal estar, coceira pelo corpo e dor nas articulações. Esse quadro inicial, chamado de pródromo, dura de 2 a 3 dias e depois desaparece. o Dois a sete dias após a fase prodrômica, os sintomas voltam, desta vez sob a forma de erupção da pele, chamado de exantema ou rash. o O rash do eritema infeccioso comporta-se tipicamente em 3 fases. o O exantema inicia-se pela face, dando ao paciente uma aparência de “face esbofetada”. Julia Paris Malaco – ambulatório pediatria o Esse rash é caracteristicamente bem avermelhado, acometendo ambas as bochechas e com discreto relevo. o Em geral, as áreas ao redor do nariz, boca e olhos são poupadas. o Em 1 a 4 dias após o exantema facial, o rash espalha-se pelo corpo. o Nesta fase, as lesões de pele adquirem uma aparência muito característica, que é chamada de rash reticular ou em forma de renda. o Após a fase aguda do exantema, que dura de 1 a 3 semanas, o paciente pode ainda passar semanas, ou até meses, experimentando recorrências do rash, principalmente após contato com água quente, exposição solar excessiva, dias muito quentes, estresse psicológico ou exercício físico intenso. o Após a cura, o paciente torna-se imune à doença. Tratamento: Na imensa maioria dos casos, o eritema infeccioso é uma doença benigna e autolimitada, que cura-se sozinha sem a necessidade de nenhum tipo de tratamento. Se o paciente queixa-se de coceira ou dor articular, medicamentos sintomáticos, como um anti-histamínico ou analgésicos podem ser prescritos para aliviar os sintomas. Eczema/dermatite Eczema ou dermatite: são os termos usados para descrever um grupo de doenças dermatológicas que provocam inflamação ou irritação da pele. Clinicamente, os eczemas se manifestam com vermelhidão, coceira, descamação, rachaduras e pele mais áspera. Em alguns casos, podem também ocorrer bolhas. Eczema é um tipo de dermatose que se caracteriza por apresentar vários tipos de lesões. Pode ser agudo, subagudo ou crônico. A versão aguda tem lesões que começam com marcas avermelhadas com bolhinhas de água na superfície que, ao se romperem, eliminam um líquido claro, o que caracteriza a fase subaguda do eczema. Já na fase crônica, a secreção começa a secar, levando à formação de crostas. Nessa etapa, se observa também o aumento da espessura da pele. O paciente pode ter eczema agudo, agudo/subagudo, subagudo/crônico ou só crônico. Assim, não é necessário o mesmo paciente ter todas as fases de um eczema para se fazer o diagnóstico da dermatose. A dermatite é uma doença inflamatória da pele que gera vermelhidão, coceira e bolhas, e que não é transmitida por contato direto ou por objetos de uso pessoal. Ela pode surgir em qualquer idade e também pode atingir qualquer parte do corpo. Os sintomas de eczema podem variar de acordo com a causa e tipo de eczema, no entanto, de forma geral, os principais sintomas são: Vermelhidão no local; Coceira; Surgimento de de bolhas na pele, que podem romper e liberar um líquido; Inchaço; Descamação da pele. Tipos Eczema atópico (dermatite atópica): aparece em áreas específicas do corpo do paciente, como face, dobras dos braços e pernas. É uma doença multifatorial, pode ter origem genética, imunológica/alérgica, ambiental-social e emocional. A dermatite atópica é um dos tipos mais comuns de dermatite. É definida como uma doença crônica da pele que apresenta erupções que coçam e apresentam crostas, cujo surgimento é mais comum nas dobras dos braços e da parte de trás dos joelhos. A dermatite atópica pode também vir acompanhada de asma ou rinite alérgica. Eczema de contato (dermatite de contato): A dermatite de contato é uma reação inflamatória que ocorre na pele devido à exposição a um componente que causa irritação ou alergia. Erupção cutânea, coceira, vermelhidão e descamação são sintomas comuns, mas não é contagiosa ou oferece risco de vida. O tipo mais de comum de eczema, responsável por 80% dos casos. Surge após o contato de algum material ou produto na pele do indivíduo. As causas são divididas entre por irritante primário e por alergia. Algumas substâncias químicas e biológicas causam o eczema por sua capacidade de provocar danos nas células da pele, como uma reação alérgica do organismo. É mais frequente nas mãos, face, pescoço e pés. Julia Paris Malaco – ambulatório pediatria Eczema/dermatite seborreico: trata-se de uma doença inflamatória crônica que atinge regiões ricas em glândulas sebáceas, como a face e o couro cabeludo. Sua forma leve é popularmente conhecida como “caspa”. A dermatite seborreica é uma doença crônica, frequente e recorrente. Esse tipo de dermatite não é contagiosa. Existe uma prevalência populacional no lactente nos primeiros meses de vida e no adulto jovem, sendo que acomete principalmente homens. Eczema/ dermatite numular: há ocorrência de placas de eczema, simétricas, distribuídas em várias partesdo corpo. Sua causa é desconhecida. Muitos especialistas consideram o eczema numular como uma parte do quadro de dermatite atópica. A dermatite numular geralmente provoca coceira e inflamação caracterizada por manchas em forma de moeda, que apresentam bolhas minúsculas, crostas e escamas. A dermatite numular geralmente afeta pessoas de meia idade e idosos e surge acompanhada de pele seca, sobretudo no inverno. Eczema por droga ingerida (farmacodermia eczematosa): ocorre quando o paciente ingere alguma substância ou medicamento que provoca uma reação exagerada do organismo, que se manifesta como eczema na pele. Antibióticos, anti-inflamatórios, analgésicos e outras drogas podem desencadear esse tipo da doença. Eczema de estase: localizado geralmente nas pernas, simétrico e associado a varizes de membros inferiores. Eczema disidrósico (disidrose): pequenas bolhas que surgem nas mãos e nos pés. Pode ter várias causas como o eczema atópico, a dermatite de contato e a farmacodermia eczematosa. Além disso, a presença de micose nos pés pode levar à formação de bolhas nas mãos, como uma reação alérgica ao fungo presente na região plantar. Dermatite herpetiforme: A dermatite herpetiforme é um tipo da doença causado pela intolerância ao glúten. As bolhas que a doença causa dão a sensação de queimação intensa e coceira. Dermatite ocre: É um tipo de dermatite causado pelo acúmulo de sangue nas pernas e tornozelos e é caracterizada por manchas arroxeadas ou amarronzadas. Dermatite perioral: É um tipo de dermatite que aparece ao redor da boca em forma de manchas redondas e vermelhas. Ela é mais comum em mulheres que tem idade entre 20 e 45 anos. Os sintomas podem variar entre os tipos de eczemas, mas, no geral, apresentam: Coceira Vermelhidão Pele seca Pequenas bolhas na camada superficial da pele que, rompidas, soltam um líquido claro Aumento da espessura da pele após o estouro das bolhas Descamação da pele Dermatite atopica A Dermatite Atópica (AD) é uma dermatose inflamatória de curso crônico, recidivante, de etiologia desconhecida, de início precoce, caracterizada por: prurido, xerose ( pele seca), lesões eczematosas de morfologia e distribuição típicas. A DA tem baixa mortalidade, mas alta morbidade, contribuindo para uma baixa qualidade de vida. O prurido constante e de difícil controle leva a alterações do sono. As infecções de repetição (pela maior colonização por estáfilo) contribuem para as faltas escolares e a DA promove alterações psicológicas importantes Os fatores genéticos são importantes no desenvolvimento da DA, mas sua fisiopatologia é complexa e pouco compreendida. A DA parece resultar de uma interação complexa entre disregulação imune, disfunção da barreira epidérmica e anormalidades farmacofisiológicas. O trauma mecânico causado pela coçadura também libera citocinas próinflamatórias das células epidérmicas, perpetuando a inflamação. Sinais e sintomas: O prurido é o sintoma cardinal da DA. Ele geralmente inicia no período de lactente (ao redor de 3 a 5 meses) e chega a ser incontrolável, dificultando o sono e as atividades do cotidiano. O curso da doença é notadamente em surtos, com exacerbações e remissões recorrentes, muitas vezes sem causa aparente. A associação do prurido com lesões morfológicas típicas a cada faixa etária continua sendo o mais importante dado para o seu diagnóstico. Julia Paris Malaco – ambulatório pediatria A localização das lesões depende da faixa etária do paciente e divide-se em: o Lactente: as lesões ocorrem principalmente na face, poupando a região central (nariz e boca), no couro cabeludo, no tronco e na região extensora dos membros, poupando a região coberta pelas fraldas. As lesões iniciais são pápulas ou placas eritematosas pruriginosas, várias delas com exsudação e crosta hemática. o Pré-puberal (2-10 anos): a pele é seca e áspera, o prurido ocorre principalmente nas áreas das pregas antecubitais e poplíteas, levando à liquenificação (espessamento) e ao aparecimento de placas circunscritas, eritematosas, descamativas e exsudativas. Lesões periorbitárias, periorais, fissura infralobular, dupla prega palpebral (Dennie Morgan) e olheiras são comuns. O prurido é intenso. A exsudação pode levar à formação de crostas hemáticas e a infecção secundária por estafilococo é comum. o Puberal: as lesões são mais freqüentes nas pregas flexoras dos braços, pescoço e pernas. Pode haver acometimento isolado da face ou do dorso das mãos e dos pés. O diagnóstico de DA depende da exclusão de outros diagnósticos, como escabiose, dermatite de contato, dermatite seborréica, linfoma cutâneo, ictiose, psoríase, imunodeficiências, entre outras doenças primárias. Fatores desencadeantes: história familiar de DA; Infecção há um aumento da colonização da pele das pessoas com DA pelo S. aureus; Clima (em extremos de temperatura as exacerbações da DA são frequentes) Há pouca tolerância ao calor e o clima seco piora a xerose. A exposição solar tende a melhorar as lesões, mas há prurido nos locais de maior sudorese. Tratamento: Geralmente o tratamento é ambulatorial, embora os pacientes possam vir aos serviços de emergência devido às exacerbações e infecções secundárias bacterianas ou virais. A base do tratamento é promover a hidratação, diminuir o prurido e manejar a inflamação. Deve-se indicar o uso de roupas leves, de algodão, retirando as etiquetas e evitando os tecidos sintéticos como a lã que podem irritar a pele. As temperaturas mais amenas são preferenciais, pois a sudorese causa prurido e irritação. Um umidificador nos ambientes mais secos deve ser utilizado. As roupas devem ser lavadas com sabão líquido neutro, sem branqueadores. Amaciantes suaves sem corantes e dermatologicamente testados podem ser utilizados, sempre avaliando caso a caso. O momento do banho é importante e deve ser prazeroso, propiciando o contato dos pais com a criança, além de promover a limpeza da pele. O banho deve ser rápido (máximo de 10 minutos), com água morna, sabonetes líquidos com ph fisiológico, ente 5 e 5,5 (lembrando que é o manto ácido da pele que a protege e a maioria dos sabonetes tem pH alcalino), sem corantes ou perfumes e uso de xampú suave. Não usar esponjas ou similares. Após o banho, secar a pele de forma suave, sem agredir e aplicar o hidratante imediatamente (máximo em 3 minutos). Em casos graves pode-se indicar o uso dos “sindets”, sabonetes sintéticos sem atividade detergente que não retiram a oleosidade natural da pele e previnem o ressecamento. Preconiza-se o uso de anti-histamínicos sedantes (hidroxizina, dexclofeniramina) nos lactentes e no período noturno dos escolares e anti-histamínicos não sedantes durante o dia. A melhora da doença e da qualidade de vida dos pacientes deve-se primariamente à melhora do sono. Corticóides tópicos: são o tratamento de escolha das crises, em associação com a hidratação. As bases oleosas (pomadas) são as preferenciais na fase crônica e os cremes na fase aguda exsudativa. A potência depende da cronicidade e da localização das lesões, sendo os de baixa potência como a hidrocortisona 1% utilizadas mais na face, dobras e região coberta pelas fraldas, os de média potência como a mometasona, betametasona ou triamcinolona utilizadas nas lesões de tronco de uma a duas vezes ao dia até o clareamento das lesões. Imunomoduladores tópicos: Tacrolimus está indicado em crianças acima dos 2 anos e disponível em duas apresentações (pomada a 0,1% para adultos e 0,03% para crianças). Está indicado para DA de moderada a severa. O Pimecrolimus em creme a 1% tambémé um inibidor da calcineurina e deve ser aplicado duas vezes ao dia, em pacientes com DA leve, particularmente com lesões na face. Podem ser utilizados logo no início das crises, após o hidratante, duas vezes ao dia, servindo como poupadores de corticóide, Julia Paris Malaco – ambulatório pediatria Antibióticos: são utilizados para o tratamento da infecção pelo S aureus ou recrudescências da doença. Eles não têm efeitos na doença estabilizada na ausência de infecção Na DA grave, estão indicados os imunossupressores, visto que os corticóides sistêmicos promovem rápido alívio dos sintomas, mas sua retirada provoca efeito rebote importante e devem ser evitados. As medicações mais utilizadas são a ciclosporina, o methotrexate, a azatioprina e o micofenolato. Fototerapia: UV-A, UV-B, combinação de ambos, PUVA ou UV –B banda estreita podem ser utilizados, mas estão recomendados apenas a partir de 12 anos Dermatoses infecciosas Impetigo Doença comum da infância causada por Staphylococcus ou Streptococcus e de alta transmissibilidade. Impetigo bolhoso: vesículas e bolhas desenvolvem-se em pele normal, sem eritema ao redor. o As lesões localizam-se no tronco, face, mãos, áreas intertriginosas, tornozelo ou dorso dos pés, coxas e nádegas. o O conteúdo seroso ou sero-pustulento desseca-se, resultando em crosta amarelada que é característica do impetigo. o Quando não tratada tem tendência à disseminação. o A lesão inicial muitas vezes é referida como se fosse uma bolha de queimadura de cigarro Impetigo não bolhoso: geralmente inicia-se com lesões eritematosas seguida da formação de vesículas e pústulas que se rompem rapidamente formando áreas erosadas com as típicas crostas de coloração amarelada. o Localizam-se preferencialmente na face, braços, pernas e nádegas. o É comum a presença de lesões satélites que ocorrem por auto-inoculação. As lesões do impetigo duram dias ou semanas. o Quando não tratadas podem envolver a derme o que constitui o ectima, com ulceração extensa e crosta hemorrágica. Transmissão: a partir dos focos de colonização das bactérias nas narinas do próprio paciente ou de portador assintomático; 20 a 30% da população geral é portadora de estafilococos coagulase positiva. As mãos são o meio mais importante para transmitir a infecção. A fonte mais comum de propagação epidêmica são as lesões supurativas. Período de transmissibilidade: enquanto houver Streptococcus, Staphylococcus e/ou lesão, ou Staphylococcus na nasofaringe dos portadores assintomáticos. Complicações: glomerulonefrite, septicemias. Tratamento: remoção e limpeza, duas a três vezes ao dia, das crostas com água e sabão, ou permanganato de potássio 1:40.000, ou água boricada a 2%. Em seguida, aplica-se pomada de antibióticos tipo neomicina, mupirocina, gentamicina. Se necessário introduzir eritromicina via oral na dose de 40mg/kg/dia dividida de seis em seis horas; cefalexina 30 a 50mg/kg/dia dividida em quatro tomadas Dermatite de fralda Dermatite de contato por irritação primária, caracterizada por irritação na pele, causada pelo contato com a urina e as fezes retidas pelas fraldas. As lesões variam de eritematosas exsudativas a eritemato-papulosas e descamativas nas áreas convexas da região delimitada pelas fraldas. Freqüentemente surge infecção secundária por Candida ou por bactérias como Bacillos faecallis, Proteus, Pseudomonas, Staphylococcus e Streptococcus O uso da fralda ocasiona aumento da temperatura e da umidade local, com conseqüente maceração da pele que se Julia Paris Malaco – ambulatório pediatria torna mais susceptível à irritação ocasionada pelo contato da urina e das fezes com a pele da região coberta pelas fraldas. Tratamento: cuidados higiênicos, troca freqüente de fraldas ou retirada das mesmas. Limpeza da região e aplicação de pasta de óxido de zinco ou pasta d’água nas trocas de fraldas. Nos casos mais agudos uso de cremes à base de hidrocortisona; e nistatina ou antimicóticos imidazólicos na suspeita de contaminação por Candida. Medidas de controle: higiene adequada dos bebês e troca rotineira de fraldas Molusco contagioso Doença viral, freqüente na infância, principalmente, em crianças atópicas. Consiste de pápulas, lisas, brilhantes, de cor rósea ou da pele normal, apresentando depressão central característica (pápula umbilicada). Localizam-se de preferência nas axilas, face lateral do tronco, regiões genitais, perianal e face. Vírus do gênero Poxvirus. Modo de transmissão: contato direto (sexual ou não) com pessoas contaminadas. Auto inoculação. Tratamento: curetagem ou expressão manual ou com pinça das lesões, seguida de pincelagem com tinturas de iodo. Verrux 1 x dia. Ácido Fusídico 2 x dia. Medidas de controle: informar quanto à etiologia e à natureza benigna da doença; orientar para evitar traumas, coçaduras e tratamentos intempestivos devido autoinoculação; evitar contato pele a pele, principalmente entre crianças; e incentivar outros familiares e contatos extradomiciliares com quadro semelhante para uma consulta médica. Pitiriase versicolor Micose superficial extremamente comum, mais freqüente nas regiões quentes e úmidas. Caracteriza-se por manchas hipocrômicas, eritematosas ou acastanhadas, com descamação fina (furfurácea) que aparecem mais freqüentemente no pescoço, tórax e raízes dos membros superiores. A descamação fica mais evidente ao se passar a unha na lesão (sinal da unha) ou realizar estiramento da pele lesional (sinal de Zileri). É causada pelo fungo Malassezia spp. Modo de transmissão: parece haver predisposição constitucional do indivíduo. Admite-se que o fungo seja comensal da epiderme e as lesões apareçam por esta prédisposição constitucional. Transmissão pessoa-a-pessoa não é freqüente. Tratamento: há que tratar a pele e o couro cabeludo. Sulfeto de Selênio sob a forma de xampu por 30 dias, enxaguar após 5 minutos, o mesmo é também aplicado na pele; ou, associado a antimicóticos tópicos, cetoconazol creme 2 a 3 vezes ao dia, até o desaparecimento das lesões. A opção de uso sistêmico é o Cetoconazol, 15mg/kg/dia por 10 dias e no adulto Cetoconazol - 200mg/dia, por 10 dias. Escabiose Parasitose da pele causada por um ácaro cuja penetração deixa lesões em forma de vesículas, pápulas ou pequenos sulcos, nos quais ele deposita seus ovos. As áreas preferenciais da pele onde se visualizam essas lesões são: regiões interdigitais, punhos (face anterior), axilas (pregas anteriores), região periumbilical, sulco interglúteo. Podem também ocorrer no couro cabeludo, nas palmas e plantas. O prurido é intenso e, caracteristicamente, maior durante a noite, por ser o período de reprodução e deposição de ovos. Etiologia: Sarcoptes scabiei. Modo de transmissão: contato direto com doentes, roupa de cama de doente, relações sexuais. O ácaro pode perfurar e penetrar na pele em, aproximadamente, 2,5 minutos. Os doentes com sarna norueguesa são altamente Julia Paris Malaco – ambulatório pediatria infectantes, possuindo grande quantidade do ácaro nas escamas da pele. Período de transmissibilidade: durante todo o período de doença. São necessários, geralmente, dois ciclos de tratamento, com intervalo de uma semana. Diagnóstico: clínico e/ou com visualização do ácaro à microscopia pelo raspado ou biópsia de pele. Tratamento: o Ivermectina, dose única, VO, obedecendo a escala de peso corporal (15 a 24 kg - 1/ 2 comprimido; 25 a 35 kg- 1 comprimido; 36 a 50 kg - 1 1/2 comprimidos; 51 a 65kg - 2 comprimidos; 65 a 79 kg - 2 1/2 comprimidos; 80 kg ou mais, 3 comprimidos ou 200 mg/kg), a dose pode ser repetida após uma semana. o Permetrima a 5% em creme, uma aplicação à noite, por 6 noites, ou deltametrina, em loções e shampoos, uso diário por 7 a 10 dias. o Enxofre a 10% diluído em petrolatum deve ser usado em mulheres grávidas e crianças abaixo de 2 anos de idade. o Pode-se usar anti-histamínicos sedantes (dexclorfeniramina, prometazina), para alívio do prurido. o Havendo infecção secundária, utiliza-se antibioticoterapia sistêmica. Evitar a iatrogenia utilizando o escabicida repetidas vezes. Medidas de controle: tratamento do doente; lavar as roupas de banho e de cama com água quente (pelo menos a 55°C); buscar casos na família ou nos residentes do mesmo domicílio do doente e tratá-los o mais breve possível. A escabiose, raramente, vem como caso isolado, por esse motivo tratar as pessoas que tiveram contato cutâneo com o doente Tinha corporis Micose superficial que compromete a epiderme da face, tronco e membros. Freqüente em crianças. Caracteriza-se pelo surgimento de lesões pápulo-vesiculosas, de crescimento centrífugo e descamação central e posteriormente também na periferia da lesão. Podem ser isoladas ou múltiplas, por vezes confluentes. Estas manifestações são acompanhadas de prurido. Causada por espécies dos gêneros Tricophyton, Microsporum e Epidermophyton. Reservatório: animais (cães e gatos) e humanos. Modo de transmissão: contatos com animais e pessoa a pessoa por contato direto ou indireto através de objetos contaminados. Diagnóstico: clínico, epidemiológico e laboratorial. Tratamento: respondem bem a antimicóticos tópicos. Nos casos rebeldes ou extensos, tratamento oral com Griseofulvina na dose de 10 a 20mg/kg de peso durante 30 dias. Outra opção é a Terbinafina na dose de 250mg/dia, se acima de 40kg; 125mg/dia se entre 20-40kg; e 62,5 mg/dia se abaixo de 20 kg, por 15 dias. Medidas de controle: lavagem adequada de roupas pessoais, de banho e de cama com água quente ou passar a roupa com ferro quente. Limpeza de banheiros coletivos com fungicidas. Identificação e tratamento de animais domésticos infectantes Tinha do couro cabeludo Micose superficial que atinge o couro cabeludo caracterizada por lesões eritematosas, escamosas e alopecia tonsurante. Inicia-se com pequena lesão eritematosa, escamosa, folicular. O quadro é de evolução crônica com o surgimento de tonsura. A lesão pode ser única ou múltipla. É rara no adulto, acomete principalmente as crianças. Causada por espécies de Tricophyton ou Microsporum. Modo de transmissão: de animais contaminados para o homem, de pessoa a pessoa, por contato direto ou indireto através de máquina de cortar cabelo e artigos de toucador. Tratamento: Griseofulvina: 15mg/kg de peso/dia, por um período de 30 a 60 dias ou Julia Paris Malaco – ambulatório pediatria até a regressão das lesões. Terbinafina nas seguintes doses: em crianças abaixo de 20kg é de 62,5mg por dia (metade de um comprimido de 125mg); de 20 a 40 kg um comprimido de 125mg ao dia; e acima de 40kg, 250mg por dia. Como medida complementar, antifúngicos locais. No Kerion Celsi, utilizar compressas de permaganato de potássio 1:40.000 e Griseofulvina oral. Larva migrans Erupção linear, serpiginosa, eritematosa, discretamente elevada, e muito pruriginosa conseqüente do deslocamento da larva na pele. As áreas mais afetadas são pés, pernas e nádegas. Algumas vezes observa-se quadro eritemato- papuloso que dificulta o diagnóstico. Etiologia: larvas das espécies Ancylostoma caninum, Ancylostoma brasiliensis e Strongiloides stercoralis. Modo de transmissão: adquirida pelo contato da pele com solo contaminado por fezes de animais. pode ocorrer em surtos em creches, escolas. Freqüente em praias. Diagnóstico: clínico e epidemiológico. Tratamento: uma ou poucas lesões: usa-se a pomada de Tiabendazol a 5% três vezes ao dia, durante 10 dias. Muitas lesões: usar o tiabendazol sistêmico na dose de 25mg/kg de peso, duas vezes ao dia, 5 a 7 dias. Albendazol 400mg/dia em dose única ou repetido durante três dias consecutivos. Ivermectina na dose única de 200mg/kg. Medidas de controle: proibir cães e gatos em praias. Evitar áreas arenosas, sombreadas e úmidas. Nas escolas e creches, as areias para diversão devem ser protegidas contra os dejetos de cães e gatos. Doença de lyme Zoonose causada por espiroqueta transmitida por carrapato, caracterizada por lesão cutânea iniciada por uma pequena mácula ou pápula vermelha que aumenta lentamente, tomando uma forma anular. Em geral é única podendo ser múltipla e é denominada de eritema crônico migratório. Quando atinge 5 cm, é importante para a suspeita diagnóstica e alerta à vigilância epidemiológica. Manifestações gerais, como mal-estar, febre, cefaléia, rigidez de nuca, mialgias, artralgias migratórias e linfadenopatias, podem durar várias semanas ou mais, quando não é instituído tratamento. Semanas ou meses após o início do eritema crônico migratório, podem surgir manifestações neurológicas precoces, como: meningite asséptica, neurites de pares craneanos, paralisia facial, coréia, ataxia cerebelosa, radiculoneurite, motora ou sensitiva, mielite e encefalite. Etiologia: Borrelia burgdorferi. Modo de transmissão: adesão dos carrapatos à pele e sucção de sangue por 24 horas ou mais. Período de incubação: o aparecimento do eritema crônico migratório varia de 3 a 32 dias após a exposição aos carrapatos. Se não houver a lesão cutânea na fase inicial, ainda assim a doença sistêmica pode se manifestar anos mais tarde. Diagnóstico: clínico, epidemiológico e laboratorial. Tratamento: Em crianças, 50mg/kg/dia, VO, de amoxicilina fracionada em 4 vezes ao dia. Em indivíduos alérgicos, usar eritromicina ou cefuroxima.
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