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Medicina UNEB – Turma XIII P á g i n a | 1 Tratamento da pneumonia O aspecto mais importante a ser considerado na escolha do esquema do tratamento empírico da PAC é gravidade da apresentação clínica inicial, principal determinante do local de tratamento do paciente: ambulatorial, hospitalar ou em unidade de terapia intensiva. Também influenciam de modo significativo nessa escolha a presença de comorbidades e de condições de risco para agentes particulares. Pacientes ambulatoriais→ são tratados com antibióticos escolhidos empiricamente, baseados no patógeno mais provável. o Macrolídeos (azitromicina ou claritromicina): os microrganismos achados em pacientes com PAC não complicada, sem comorbidades importantes e sem uso prévio de antibióticos têm baixa resistência aos macrolídeos. o Penicilinas: A amoxicilina, embora seja efetiva contra o pneumococo, agente etiológico mais importante de PAC, não é efetiva contra os germes atípicos, que são agentes frequentes de PAC em pacientes ambulatoriais. o Fluoroquinolonas respiratórias (levofloxacino, moxifloxacino e gemifloxacino): o seu uso deve ser desencorajado para tratamento da PAC em pacientes sem comorbidades e uso de antibióticos nos últimos 3 meses, para se evitar o desenvolvimento de resistência a esses antibióticos. o Fluoroquinolonas respiratórias: levofloxacino, gemifloxacino, moxifloxacino; o Betalactâmicos (amoxicilina, amoxicilina/clavulanato, cefuroxima) + macrolídeos. A presença de comorbidades significativas ou uso prévio de antibióticos nos últimos 3 meses aumentam a probabilidade de infecção por germes resistentes. Antibióticos da mesma classe dos antibióticos usados previamente devem ser evitados para tratamento de uma nova infecção. Medicina UNEB – Turma XIII P á g i n a | 2 Pacientes internados →o tratamento empírico deve ser instituído baseando-se nos patógenos mais prováveis, tendo em vista as comorbidades e as condições específicas. Se houver isolamento do patógeno, a terapia deve ser direcionada. o Fluoroquinolonas respiratórias. o Betalactâmicos (ceftriaxona, cefotaxima, ampicilina/sulbactan) + macrolídeo. o A monoterapia com macrolídeo pode ser considerada em pacientes jovens, eventualmente internados por outro motivo que não a PAC, com doença não-grave, sem comorbidades importantes e sem fatores de risco para patógenos G-. A recomendação para associação betalactâmico + macrolídeo ou a monoterapia com fluoroquinolona é baseada em estudos retrospectivos que mostraram redução da mortalidade desse esquema em relação ao uso da cefalosporina isolada. A terapia inicial deve ser endovenosa, entretanto certos pacientes sem fatores de risco para PAC grave podem ser tratados por via oral, especialmente com antibióticos com alta biodisponibilidade, como as fluoroquinolonas. o Betalactâmicos + macrolídeos ou fluoroquinolonas respiratórias: o papel da monoterapia com fluoroquinolona respiratória na PAC grave ainda não foi estabelecido. Em um estudo observacional, os pacientes com PAC e choque que foram tratados com terapia combinada (cefalosporina + macrolídeo) tiveram mortalidade menor que os tratados com monoterapia com fluoroquinolona respiratória. Não há estudos que sustentem a segurança do uso de monoterapia com fluoroquinolona em pacientes com PAC grave. Condições de risco específicas → As Pseudomonas spp raramente causam PAC, entretanto, um tratamento antipseudomonas deve ser instituído em algumas situações e estes pacientes não necessariamente precisam de admissão em UTI por conta da PAC: o Vigência de fatores de risco: bronquiectasias, DPOC com frequentes exacerbações. o Uso de antibióticos. o Imunodeprimidos. o Uso prévio de antibiótico de amplo espectro. o Ceftazidima, cefepima, imipenem, meropenem, piperacilina/tazobactam (em monoterapia ou associado a ciprofloxacino 400 mg a cada 8 horas, levofloxacino 750 mg ou amicacina). Raramente pode ser necessária a polimixina (germes multi-resistentes); o Garantir cobertura para Legionella em PAC grave (macrolídeo ou fluoroquinolona). O tratamento da PAC por Pseudomonas spp deve ser de pelo menos 14 dias. No tratamento da Pseudomonas, uma das questões mais controversas é o uso de terapia combinada ou monoterapia. O benefício da terapia combinada seria a ação sinérgica dos antibióticos com melhora do controle das infecções graves, diminuição de indução de resistência e o aumento do espectro enquanto não se tem o perfil de sensibilidade da Pseudomonas. Entretanto, a literatura apresenta dados conflitantes, em que não fica claro o benefício da terapia combinada em relação à monoterapia (exceto com aminoglicosídeos). o Oseltamivir: estudos demonstram que o tratamento, quando instituído precocemente, é efetivo na abreviação dos sintomas (até 48 horas dos sintomas) para casos não-complicados. O impacto deste tratamento em pacientes hospitalizados com pneumonia por Influenza ou complicação bacteriana secundária não é conhecido. Medicina UNEB – Turma XIII P á g i n a | 3 o Clindamicina, amoxicilina/clavulanato ou metronidazol (deve ser evitado como monoterapia). A pneumonia aspirativa ocorre quando bactérias da orofaringe chegam às vias aéreas distais e refere-se à infecção pulmonar por bactérias menos virulentas, primariamente anaeróbias que constituem parte da flora normal da orofaringe. A evolução clínica é, em geral, mais indolente com sintomas, arrastando-se por vários dias ou até semanas. Muitos pacientes podem apresentar-se com abscesso pulmonar como a evolução tardia de uma pneumonia aspirativa. A apresentação também pode ser como pneumonia necrotizante ou empiema secundário a fístula broncopulmonar. Os aspectos clínicos característicos de uma pneumonia aspirativa com envolvimento de anaeróbios são: o Sintomas indolentes; o Condições predisponentes à aspiração: doentes portadores de doença neurológica sequelar (AVC, demência e doenças neuromusculares, alcoólatras e portadores de doenças da motilidade esofágica); o Ausência de bacteremia; o Cultura de escarro sem crescimento bacteriano; o Escarro pútrido; o Presença de doença periodontal; o Evidência de necrose pulmonar em radiografia ou tomografia torácica. Critérios para mudança para tratamento VO → Pacientes que necessitam de hospitalização geralmente iniciam o tratamento por via IV. Quando há essas características, pode ocorrer a mudança: o Melhora clínica; o Estabilidade hemodinâmica; o Funcionamento preservado do TGI; o Condições do paciente tomar o antibiótico por VO. Critérios para alta → Se o paciente tiver condições de ingerir a medicação por VO, for seguro fazê-lo e ele estiver clinicamente estável, conforme critérios a seguir, ele poderá receber alta: o Temperatura ≤ 37,8°C; o FC ≤ 100 bpm; o FR ≤ 24 rpm; o PA sistólica ≥ 90 mmHg; o satO2 ≥ 90% ou paO2 ≥ 60 mmHg em ar ambiente; o Capacidade de ingerir a medicação; o Nível de consciência preservado. Duração do tratamento → Os pacientes devem ser tratados por pelo menos 5 dias, e o tratamento não deve ser interrompido antes de o paciente atingir os critérios de estabilidade clínica e estar afebril por 48 ou 72 horas. Tratamentos mais longos podem ser necessários no caso de patógenos menos comuns, como P. aeruginosas e S. aureus. Reposta ao tratamento → Com a antibioticoterapia adequada, alguma melhora do quadro clínico é esperada nas primeiras 48 a 72 horas. Deve-se avaliar o padrão da febre, FR, FC, oxigenação, PA e estado clínico geral. O tempo para resolução do infiltrado pulmonar à radiografia de tórax é variável, podendo geralmente oscilar entre 4 e 12 semanas. A melhora clínica não precisa correr paralelamente à melhora radiológica. Alguns pacientes podem apresentar sequelas radiológicas definitivas,como estrias fibróticas, deformações vasculares ou brônquicas, obliteração de seios costofrênicos e bronquiectasias. Os pacientes que não obtiveram melhora clínica após 72 horas do início do tratamento ou que pioraram nas primeiras 48 horas são considerados como falha terapêutica. Medicina UNEB – Turma XIII P á g i n a | 4 Falha terapêutica →De 6 a 15% dos pacientes internados com PAC não respondem ao tratamento antibiótico inicial e a mortalidade neste grupo é maior. Deve-se tentar estabelecer uma avaliação sistemática para se identificar a etiologia da falha terapêutica destes pacientes. De maneira geral, mudanças na antibioticoterapia antes das primeiras 72 horas devem ser consideradas apenas em pacientes que evoluam com deterioração do quadro clínico e em que não se consiga excluir causa infecciosa. A mudança antes de 72 horas também deve ser considerada quando os resultados das culturas, testes etiológicos ou dados epidemiológicos sugerirem uma etiologia infecciosa alternativa. Prevenção → A vacinação contra pneumococo e Influenza é a principal forma de prevenção contra PAC. Todas as pessoas com 50 anos de idade ou mais, risco aumentado de complicações, contatos intradomiciliares de pessoas de alto risco e profissionais de saúde devem receber anualmente a vacina do vírus inativado da Influenza. A vacinação contra Influenza está associada à diminuição de pneumonia, hospitalização e morte. A vacina pneumocócica é recomendada para pessoas com 65 anos de idade ou mais e para aqueles com risco aumentado de infecção. Pode ser realizada uma segunda dose após pelo menos 5 anos da primeira. A efetividade global para prevenir doença pneumocócica invasiva desta vacina para pessoas com mais de 65 anos de idade gira em torno de 44 a 75%. Fontes: Clínica Médica, USP, vol 2. Resposta inadequada do hospedeiro, ao invés de antibioticoterapia inadequada, é a causa mais comum de não-resposta quando se usa o tratamento antibiótico padrão, portanto deve-se sempre avaliar as comorbidades do paciente como possíveis causas para resposta inadequada.
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