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RESUMO DEL RIO, Vicente. Introdução ao Desenho Urbano no Processo de Planejamento. São Paulo: Pini, 1990. Cap 5, p. 66 – 101. Cap 7, p. 112-116. Mariana Soares Novais1 O capítulo 5 relata que existem muitas propostas e discursões metodológicas para o Desenho Urbano que, oferece diferentes dimensões de análise da cidade, porém não tem apenas uma teoria que seja suficiente para que haja a compreensão completa. É um método de analise de diversas disciplinas, pelo fato de que a forma como as pessoas vêm, se sentem, compreendem, utilizam e se apropriam a cidade está diretamente ligada com as suas vivencias. Segundo CANTER (1977) para o ser humano o espaço e a forma só começam a fazer sentindo a partir do momento em que ele faz a junção de: atividade, atributos físicos e concepções, aí sim o espaço começa a fazer sentindo de lugar. O primeiro ponto o autor cita a morfologia urbana, inicia comentando que surgiu por meio de um questionamento das atitudes modernistas em relação as cidades históricas. Para SAMUEL (1986) é o estudo analítico da produção e modificação da forma urbana no tempo, desta forma, estuda o tecido urbano e seus elementos construídos formados por meio da sua evolução, transformação, iteração e dos processos sociais; finaliza apontando que em termos morfológicos a cidade pode ser compreendida com três níveis organizativos básicos: o coletivo, o comunitário e o individual; e expondo lógicas evolutivas e estruturadoras da cidade sendo elas: crescimento, traçado e parcelamento, tipologias dos elementos urbanos e articulações. O segundo ponto mencionado é a analise visual. Nesta esfera, o foco principal e que mais importa para a proposta de metodologia do desenho urbano é a paisagem urbana. Para CULLER (1961), a edificação isolada é uma obra de arquitetura, já o conjunto dela é uma arte de relacionamento, tendo como objetivo a exploração dos efeitos emocionais que é sentindo por meio das experiencias visuais. Ele ainda apresenta três maneiras que o meio ambiente pode gerar respostas emocionais: ótica, considerando experiencias meramente visuais; lugar, tendo haver com a posição em relação a um conjunto de elementos que conforma o ambiente mais 1 Graduanda do curso de Arquitetura, pela Faculdade Santo Agostinho, Vitória da Conquista-BA. E- mail: mari05novais@gmail.com imediato; e o conteúdo, que se refere ao conjunto e significado percebidos durante experiências dos espaços, por meio de elementos. Diante do que foi dito, conclui-se que a analise visual procura um sentindo nas qualidades estéticas urbanas, por meio de relacionamentos e emoções do homem. Em seguida, menciona a percepção do meio ambiente, ela é importante para compreender as unidades selecionadas e para complementar a experiência visual. Essa percepção avançou por meio de conceitos psicológicos. Para o desenho urbano, a finalidade desse estudo é identificar as imagens públicas e da memória coletiva. SAMUELS ET. AL BENTLEY (1985) falam que a percepção da linguagem é determinante na percepção da realidade, podendo sofrer mudanças conforme conhecimentos cotidianos de cada cultura, grupo ou época. Portanto, foi mostrado que a população procura sempre identificar lugares familiares que remetam memorias significativas e que ofereça estabilidade psíquica e social. Por fim, comenta sobre o comportamento ambiental, expondo que acredita que o comportamento pode auxiliar na entender o procedimento geral para o desenho urbano, porém há uma limitação, pois os estudos geralmente são desenvolvidos para espaços limitados, não a nível de área urbana. O autor ainda sugere temas para a investigação do comportamento urbano, sendo eles: sequencias comportamentais, palcos de aço, atividades especificas e territórios. E finaliza citando GEHL (1980: 31) “a vida no interior das edificações e entre as edificações parece ser muito mais essencial e mais relevante do que os próprios espaços e edificações”. O capitulo 7 reforça o que foi dito nos capítulos anteriores, expondo que o desenho urbano é um processo e faz parte de um processo maior, o do planejamento. E que também é uma manifestação política, sendo assim, todas o processo do desenho urbano conta com a participação comunitária. A “conformação de espaços para o uso social” traz necessariamente um compromisso ideológico pois lida com imagens futuras da sociedade (SAMPAIO 1986: 40). SANTOS (1986, 1988), faz uma metáfora dizendo que a cidade é como se fosse um “jogo de cartas” e para que haja jogo, deve existir clareza dos papeis e respeito pelas regras da parte dos autores sociais. Sendo o papel definido pela capacidade profissional e, por ser um jogo democrático, pressupõe também a divulgação do trabalho e das regras no que diz respeito á promoção de qualidade físico-ambiental. Essa metáfora mostra que para ter um projeto social da cidade que todos almejam só se é possível se as regras forem bem definidas e respeitadas. O autor menciona que no Brasil a implantação do desenho urbano tem que analisar duas áreas fundamentais. A primeira, dentro da estrutura administrativa governamental, principalmente a nível municipal e a segunda, é a implementação do desenho urbano no campo acadêmico. Acredita também que o desenho urbano tem que ser expressar na pós graduação, tendo enfoque na arquiteta e urbanismo como programa especifico, gerando uma titulação, ou como área de concentração dentro de uma titulação existente. O autor ainda deixa claro que, na qualidade do ensino do desenho urbano e sua pratica profissional, a qualidade físico-ambiental deve ser tratada como processo e suas dimensões de análise e atuação devem ser multidisciplinares. Neste capitulo, é identificado temáticas importantes que se adequa a lista de preocupação do desenho urbano, sendo destaque como objetivos físico-ambiental. Esses pontos podem se enquadrar na gestão pública de qualquer cidade do Brasil. A primeira temática: a imagem da cidade, expõe que o processo de desenvolvimento pode influenciar a imagem das cidades, na sua identidade e na imaginação da população. O segundo ponto fala sobre a visualidade, sendo uma das características mais presente na qualidade de vida, ela é o jogo do urbano dos cheios e vazios, das percepções dos espaços abertos e das vistas. O terceiro, é sobre as identidades locais, falando que o homem precisa identificar em um território um grupo social parecido com a sua residência. A quarta temática, é sobre as relações com o ambiente natural, alertando que por mais que tenha tido um desenvolvimento da tecnologia, a relação das cidades com o meio ambiente é mais preocupante do que no passado, seja a nível de poluição ou das próprias técnicas construtivas. O quinto tema aborda as relações com as arquiteturas atuais, relatando que esta questão tem reflexo do próprio desenvolvimento da arquitetura no Brasil, que tem pouco tempo que percebeu a importância do contexto construído na conformação do novo objeto a se inserir. A sexta, discursa as relações morfológicas, tema que resulta no respeito as logicas socioespaciais preexistentes em uma certa morfologia, as relações morfológicas, vai além das relações históricas simples e consiste em estudar o modo de vida das comunidades e seus rebatimentos urbanos. A sétima aborda os espaços públicos, tendo relação com a educação social da população e dos seus dirigentes, abrange desde o nível de comportamento ao de detalhamento do mobiliário urbano. E, em fim, a última temática é sobre a variedade de acontecimentos, tendo a crença, herdada do modernismo, na monofuncionalidade que ainda se pretende em muitas áreas urbanas brasileiras. A variedade é qualidade a ser promovida dos usos formais das edificações, espaços e nos temporários e expressões espontâneas, pois uma cidade só é socialmente forte com uma misturasocial e de usos. Todos esses pontos mencionados neste parágrafo, é resumida em um só: a imagem da cidade. Pois a imagem é o símbolo, identidade, caráter, personalidade e possibilidade. Este capitulo apontou caminhos novos e férteis em busca de uma cidade melhor, com mais qualidade. Está é a ideia básica do Desenho urbano que está presente em todos os aspectos físico-ambientais vivenciados no cotidiano. Para SANTOS (1988: 15) é aí que está a “verdadeira tarefa acadêmica”. E finaliza dizendo que, por mais que os cidadãos tenham visões distintas do urbano, a base da urbanidade e civilidade, adentrado no designer, deve sempre ter base “na esperança de que nossa potencialidade criativa transforme a vida urbana e seus espaços em fontes de prazer e liberdade”.