Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Fontes de dados e tipos de pesquisa APRESENTAÇÃO A efetiva execução de uma pesquisa de marketing depende diretamente dos procedimentos metodológicos adotados. Assim, é necessário saber como é realizada a classificação do estudo. Nesse caso, a classificação básica contém pesquisas exploratórias, descritivas conclusivas e causais conclusivas. Além do mais, para uma investigação resultar em constatações relevantes na tomada de decisão, devem ser utilizados dados confiáveis tanto de fontes primárias como de secundárias, livres de erros potenciais que afetem a validade da pesquisa. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai conhecer os tipos de pesquisa e suas aplicações nas organizações, além de compreender o que são dados primários e secundários e identificar as fontes fundamentais de erros na concepção de uma pesquisa de marketing. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Classificar os tipos de pesquisa e suas aplicações.• Definir dados primários e secundários.• Descrever as principais fontes de erros na concepção de uma pesquisa.• DESAFIO Determinado instituto de pesquisa realizou estudo no qual 65 mil entrevistas por telefone foram efetuadas. Os entrevistadores fizeram até sete tentativas a fim de atingir cada domicílio ao longo de um período de quatro semanas e, depois, até sete para entrevistar um adulto selecionado aleatoriamente. Ao final do projeto, construiu-se a tabela apresentada a seguir, mostrando a incidência de várias características demográficas medidas via telefonema e por sete tentativas Baseando-se nas informações apresentadas, qual é o tipo de erro evidenciado no estudo e a que conclusão é possível chegar acerca do número de tentativas telefônicas? Explique. INFOGRÁFICO A classificação básica das pesquisas em marketing compreende as exploratórias, descritivas conclusivas e causais conclusivas. A primeira é realizada a fim de obter melhor compreensão do mercado. Por sua vez, as demais são executadas para auxiliar o tomador de decisões a determinar, avaliar e selecionar a solução mais adequada em determinada situação. No Infográfico, acompanhe os tipos de fontes de pesquisa e sua aplicabilidade. CONTEÚDO DO LIVRO A concepção da investigação é uma estrutura voltada à realização do projeto de pesquisa de marketing. A partir dela, especificam-se os procedimentos metodológicos necessários para a obtenção das informações detalhadas, objetivando a resolução de problemas nessa área. Leia o capítulo Fontes de dados e tipos de pesquisa, da obra Pesquisa mercadológica, base teórica desta Unidade de Aprendizagem, que aborda os tipos de pesquisa e suas aplicações nas organizações, a diferença entre dados primários e secundários e as principais fontes de erros na concepção de pesquisa de marketing. PESQUISA MERCADOLÓGICA Fabiana Tramontin Bonho Fontes de dados e tipos de pesquisa Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Classificar os tipos de pesquisas e as suas aplicações. Definir dados primários e secundários. Descrever as principais fontes de erros na concepção de uma pesquisa. Introdução A efetiva execução de uma pesquisa de marketing depende diretamente dos procedimentos metodológicos adotados; para isso, é preciso saber classificar o estudo. A classificação básica dos tipos de pesquisa em mar- keting compreende pesquisas exploratórias, descritivas conclusivas e causais conclusivas. A primeira é realizada com o objetivo de obter uma melhor compreensão do mercado, enquanto as demais são executadas para auxiliar o tomador de decisões a determinar, avaliar e selecionar a melhor solução em determinada situação. Além do mais, para uma pesquisa resultar em constatações relevantes a serem usadas para a tomada de decisão, é necessário utilizar dados confiáveis, tanto de fontes primárias quanto de fontes secundárias, livres de erros potenciais que venham a afetar a validade da pesquisa. Neste capítulo, você conhecerá os tipos de pesquisa e suas aplicações nas organizações, compreenderá o que são dados primários e secundários e identificará as principais fontes de erros na concepção de uma pesquisa de marketing. Tipos de pesquisa e suas aplicações A concepção da pesquisa é uma estrutura para a realização do projeto de pes- quisa de marketing. A partir dessa estrutura, são detalhados os procedimentos metodológicos necessários para a obtenção das informações precisas para se resolver problemas de pesquisa em marketing. Um bom planejamento da pesquisa assegura a realização do projeto de forma efi caz e efi ciente, e, para isso, precisamos saber classifi car o estudo. Diferentes tipos de classifi cações (Figura 1) dos tipos de pesquisa têm ido adotados por diversos autores, mas todas se assemelham de alguma maneira. A seguir, apresenta-se a classifi cação básica dos tipos de pesquisa em marketing. Figura 1. Classificação de concepções de pesquisa de marketing. Fonte: Adaptada de Mattar (2008, p. 7). A pesquisa exploratória é considerada uma pesquisa preliminar para de- finir a natureza exata do problema a ser resolvido e obter melhor compreensão do ambiente no qual ele está ocorrendo. Geralmente, é de pequena escala e tende a ser flexível, com os pesquisadores seguindo ideias, dicas e palpites enquanto as restrições de tempo e dinheiro permitirem. Pode ser seguida por outras pesquisas exploratórias ou conclusivas (MCDANIEL; GATES, 2004). Em conformidade com os autores, Mattar (2008) nos diz que a pesquisa exploratória visa prover o pesquisador com maior conhecimento sobre o tema ou o problema de pesquisa em questão. Sendo assim, esse tipo é apropriado para os primeiros estágios da investigação, mas, mesmo quando o pesquisador já tem conhecimento sobre o assunto, a pesquisa exploratória também se faz útil, uma vez que, para um problema de marketing, pode haver inúmeras explicações alternativas, de modo que o pesquisador pode, e deve, tomar conhecimento da maioria delas. Fontes de dados e tipos de pesquisa2 Segundo Malhotra (2013), a pesquisa exploratória pode ser usada para qualquer uma das seguintes finalidades: formular um problema ou defini-lo com mais precisão; identificar cursos alternativos de ação; desenvolver hipóteses; isolar variáveis e relações-chave para testes posteriores; obter informações para desenvolver uma abordagem ao problema; estabelecer prioridades para pesquisas posteriores. Na empresa X, as vendas do produto A estão caindo. Partindo de uma pesquisa exploratória, podemos elencar algumas possíveis explicações para o fato: preço elevado; força de vendas fraca: número de vendedores insuficiente, vendedores desmoti- vados, vendedores mal treinados; propaganda fraca: insuficiente, ineficaz, meios de comunicação utilizados inadequados; promoção de vendas: ausente, fraca, inadequada; ausência do produto nos pontos de venda; problemas com produto: produto em si, marca, embalagem, mau uso do produto, assistência técnica ruim. Assim, a pesquisa exploratória poderá ajudar o pesquisador a saber quais das várias opções se aplicam ao problema de pesquisa e a elencar prioridades (MATTAR, 2008). No que se refere à pesquisa conclusiva, Mattar (2008, p. 13) afirma que ela se caracteriza por “[...] objetivos bem definidos, procedimentos formais, ser bem estruturada e dirigida para a solução de problemas ou avaliação de alternativas de cursos de ação”. Baseia-se em amostras grandes e representa- tivas e é concebida para auxiliar o tomador de decisões a determinar, avaliar e selecionar a melhor solução em determinada situação. Ressalta-se que suas constatações são de natureza conclusiva, pois são usadas como informações para a tomada de decisões gerenciais (MALHOTRA, 2013). As pesquisas conclusivas podem ser descritivas ou causais. De acordo com Samara e Barros (2007), os estudos descritivosprocuram descrever situações de mercado a partir de dados primários — normalmente, caraterísticas ou 3Fontes de dados e tipos de pesquisa funções do mercado — relacionando e confirmando hipóteses levantadas na definição do problema de pesquisa. Diferentemente do que acontece nos estu- dos exploratórios, a elaboração das questões de pesquisa pressupõe profundo conhecimento do problema a ser estudado, enunciado claro do problema e hipóteses específicas. “Os estudos descritivos são conduzidos para responder as perguntas quem, o quê, quando, onde e como” (MCDANIEL; GATES, 2004, p. 33). A pesquisa descritiva é usada para: descrever caraterísticas de grupos relevantes, como consumidores, vendedores, organizações e áreas de mercado; estimar a porcentagem de unidades em uma população específica que exibe um determinado comportamento; determinar as avaliações características de produtos; estabelecer em que grau estão associadas as variáveis de marketing; e fazer previsões específicas. São exemplos de estudos descritivos: estudos de mercado, estudos de participação de mercado, estudos de análise de vendas, estudos de uso de produtos, estudos de imagem, estudos de distribuição, estudos de preços e estudos de propaganda (MALHOTRA, 2013). Com relação aos estudos causais ou explicativos, seu principal objetivo é obter evidencias relativas a relações de causa e efeito. Assim como a pesquisa descritiva, a pesquisa causal requer uma concepção planejada e estruturada. McDaniel e Gates (2004) abordam de modo bem claro os estudos causais, nos quais uma variável é simplesmente um símbolo ou conceito que pode assumir qualquer valor de um conjunto de valores, e o pesquisador investiga se uma variável gera ou determina o valor de outra variável. Desse modo, uma variável dependente é uma variável que seja prevista ou explicada. Já uma variável independente é uma variável que o pesquisador pode, até certo ponto, manipular, modificar ou alterar. Em resumo, em uma pesquisa causal, uma variável independente é a causa presumível da variável dependente, ou seja, temos um efeito presumível. Para Mattar (2008), há diversas situações da prática do marketing em que há necessidade de os gerentes de marketing identificarem relações de causa e efeito entre as variáveis de decisão, tais como: alterações de preço de um pro- duto, escolha do nome para um novo produto, escolha de uma nova embalagem para um produto existente, qual é o melhor perfil para uma equipe de vendas, quais devem ser os resultados de uma nova campanha de propaganda ou de promoção de vendas, quais são as razões de um insucesso de vendas, etc. “No entanto, a atribuição, na prática, da causalidade, ou seja, ter a certeza de que o responsável por isso foi aquilo, não é simples de ser estabelecida” (MATTAR, 2008, p. 20). Veja, a seguir, no Quadro 1, uma síntese das principais diferenças entre a pesquisa exploratória e a conclusiva. Fontes de dados e tipos de pesquisa4 Fonte: Adaptado de Malhotra (2013, p. 59). Exploratória Conclusiva Objetivo Oferecer discernimento e compreensão. Testar hipóteses específicas e examinar relações. Características As informações necessárias são definidas de forma ampla. O processo de pesquisa é simples e não estruturado. A amostra é pequena e não representativa. A análise dos dados primários é qualitativa. As informações necessárias são claramente definidas. O processo de pesquisa é formal e estruturado. A amostra é grande e representativa. A análise dos dados é quantitativa. Constatações/ resultados Não definitivos. Conclusivos. Resultado Geralmente, é seguida por outras pesquisas exploratórias ou conclusivas. As constatações são usadas como dados para a tomada de decisão. Quadro 1. Diferenças entre pesquisa exploratória e pesquisa conclusiva Dados primários e secundários Para o desenvolvimento de uma pesquisa de marketing, o pesquisador deverá coletar dados, que são classifi cados em dois grandes grupos: primários e secundários. Os dados primários são aqueles que não foram antes coletados e que têm o propósito de atender às necessidades específicas da pesquisa em andamento. Já os dados secundários são aqueles que já foram coletados, tabulados, or- denados e, às vezes, até analisados e que estão catalogados à disposição dos interessados (MATTAR, 2008). Malhotra (2013) define os dados primários como aqueles que são originados pelo pesquisador com a finalidade específica de solucionar o problema de pesquisa — pode ser dispendioso e demorado encontrá-los. Já os secundários são dados que foram coletados para objetivos não específicos do problema em pauta e podem ser localizados de forma rápida e barata. 5Fontes de dados e tipos de pesquisa Logo, de modo claro e resumido, Kotler e Keller (2006, p. 101) reforçam a definição de que “[...] dados secundários são dados que já foram coletados para outra finalidade e podem ser encontrados em algum lugar. Dados primários são dados novos que serão coletados para uma finalidade específica”. No que se refere às fontes básicas dos dados, os secundários podem ser obtidos na própria empresa, em publicações, governos, instituições não gover- namentais e serviços padronizados de informações de marketing. Os dados primários são gerados por meio de pesquisa, pessoas que tenham informações sobre o que está sendo pesquisado e situações similares (MATTAR, 2008). Nesse sentido, Baker (2005) enfatiza que, ao iniciar uma busca de dados secundários, o primeiro lugar a ser consultado é a própria organização. A partir do crescente uso de sistemas de informações gerenciais (SIG), os dados coletados e armazenados pelos departamentos da empresa estarão imediata- mente acessíveis ao pessoal de pesquisa e incluem registros de vendas, análise de desempenho de produto, relatórios de atividades de força de vendas e relatórios de custos de marketing. Assim, se as fontes internas se mostrarem inadequadas ou insuficientes para a resolução do problema, fontes de dados externas deverão ser consultadas. As fontes de dados externas, por sua vez, originam-se de uma variedade de fontes, incluindo registros governamentais, serviços sindicalizados de pesquisa e publicações da indústria (BOONE; KURTZ, 2009). Com relação ao Brasil, Las Casas (2015) apresenta alguns órgãos que fornecem pesquisas e relatórios de forma constante, como, por exemplo, a Gazeta Mercantil e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A Gazeta Mercantil oferece relatórios de diferentes setores para aquisição dos interessados, com destaque para o Atlas do Mercado Brasileiro, que inclui tabelas e gráficos com estatísticas, números da economia, poder de compra de cada estado e municípios, incluindo, também, informações quanto ao potencial de consumo. Já o IBGE, importante fonte de informações brasileiras, realiza oito censos econômicos em setores específicos com intervalos de dez anos. Neste link, você tem acesso às informações dos censos realizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). https://goo.gl/9T6dRH Fontes de dados e tipos de pesquisa6 Os dados primários, coletados para atender às demandas da pesquisa no caso de as fontes secundárias de dados não fornecerem as informações necessárias para o cumprimento dos objetivos da pesquisa, podem ser obtidos por meio de levantamentos, pesquisa por painel/pesquisa consorciada e observação (BAKER, 2005). Levantamento: consiste em entrevistas pessoais, entrevistas por telefone e questionários via correio ou eletrônicos. Os principais fatores a serem considerados ao fazer a escolha por um dos meios de levantamento são a disponibilidade de recursos financeiros, a natureza do problema, as limitações de tempo, o controle de amostra (a capacidade de o método escolhido alcançar a amostra estipu- lada), a quantidade e a qualidade dos dados a coletar. Métodos de levantamento são bons para coletar informações acerca do com- portamento passadoe presente, atitudes e opiniões, variáveis dos entrevistados, conhecimento. Pode-se utilizar mais de um método de levantamento ou até todos eles na execução de uma pesquisa de marketing (BAKER, 2005). Pesquisa por painel/pesquisa consorciada: os dados podem ser co- letados de indivíduos, domicílios, compradores industriais, empresas, etc., e incluem informações referentes ao consumidor e/ou a produtos industriais e auditorias de loja. As fontes de dados são classificadas em seis grupos: dados de consumidor, dados do atacado, dados de avaliação de propaganda, dados do varejo, dados setoriais e dados de mídia (BAKER, 2005). Observação: nos estudos observacionais, os pesquisadores visualizam a conduta dos indivíduos que estão sendo estudados. Os profissionais do marketing consideram a observação uma técnica útil, mas ela pode estar sujeita a grandes doses não confiáveis de subjetividade e viés por parte do observador. No caso da pesquisa de marketing, a observação pode ser usada quando for o único meio para coletar certos tipos de dados e para confirmar resultados obtidos pelos outros métodos (BAKER, 2005; BOONE; KURTZ, 2009). 7Fontes de dados e tipos de pesquisa A seguir, no Quadro 2, apresenta-se um quadro que resume o comparativo entre dados primários e secundários. Fonte: Adaptado de Malhotra (2013, p. 80). Dados primários Dados secundários Finalidade da coleta Para o problema considerado Para outros problemas Processo da coleta Muito trabalhoso Rápido e fácil Custo da coleta Alto Relativamente baixo Tempo da coleta Longo Curto Quadro 2. Comparação de dados primários e secundários O pesquisador pode, em uma mesma pesquisa, reunir dados secundá- rios, primários ou ambos. Geralmente, os pesquisadores iniciam o estudo analisando dados secundários, os quais fornecem um ponto de partida para a pesquisa, a fim de verificar se o problema pode ser resolvido parcial ou totalmente sem o custo de coletar dados primários. Quando os dados neces- sários não existem ou estão ultrapassados, imprecisos, incompletos ou não são confiáveis, o pesquisador deve coletar dados primários. Ressalta-se que a maioria das pesquisas de marketing demanda a coleta de dados primários (KOTLER; KELLER, 2006). Fontes de erros na concepção de uma pesquisa São várias as fontes potenciais de erros que afetam a concepção de pesquisa, mas esses erros podem ser controlados para que se obtenha uma concepção adequada. Os erros que podem ocorrer em pesquisas de marketing são clas- sifi cados em dois tipos: os erros amostrais e os erros não amostrais, como se pode ver no fl uxograma a seguir (Figura 2). “O erro total de uma pesquisa será a soma dos erros não amostrais e do erro amostral: Et = Ena+Ea” (MATTAR, 2008, p. 88). Fontes de dados e tipos de pesquisa8 Figura 2. Fontes potenciais de erro em concepções de pesquisa. Fonte: Adaptada de Malhotra (2013, p. 69). Os erros amostrais ou erro de amostragem aleatória ocorrem única e exclusivamente em função do número da amostra e do processo de seleção dos sujeitos, ou seja, esses erros ocorrem porque a amostra selecionada é uma representação imperfeita da população de interesse. Quanto maior o tamanho da amostra, menores serão os erros amostrais. No que se refere aos erros não amostrais, segundo Mattar (2008), eles não são mensuráveis e tendem a crescer à medida que cresce o tamanho da amostra. Acarretam vieses nos resultados da pesquisa, cabendo apenas ao pesquisador tomar cuidado, durante as várias etapas e fases do processo de pesquisa de marketing, para minimizar as ocorrências. Os erros não amostrais consistem em erros de não resposta e erros de resposta, sendo que os primeiros ocorrem quando algumas pessoas incluídas na amostra não respondem a pesquisa; já os de resposta decorrem de entre- vistados que respondem, mas dão respostas imprecisas ou respostas que são analisadas equivocadamente (MALHOTRA, 2013). 9Fontes de dados e tipos de pesquisa Os erros de resposta podem ser cometidos por pesquisadores, entrevistadores ou entrevistados, conforme deixa claro o fluxograma exposto na Figura 2 e as definições que serão apresentadas a seguir, com base em Malhotra (2013, p. 69-70). De acordo com Zanotta (2018), os entrevistadores são a principal fonte de erro da pesquisa de marketing e não existe, até o momento, uma teoria válida que possa explicar e sanar o problema do erro e a má influência do entrevistador. Um supervisor de campo, no afã de verificar como seus entrevistadores se comportavam em campo e de constatar o que ocorria no momento da entrevista, agia de maneira desmedida. Tendo em mãos o mapa da região em que iam atuar seus entrevistadores e o roteiro que deviam seguir, o supervisor se antecipava ao entrevistador e abordava a dona de casa que seria entrevistada — pois sabia que o entrevistador devia deixar um intervalo de três residências e bater na quarta casa. Então, pedia a ela que o deixasse ficar atrás de algo (um arbusto, por exemplo) para poder observar seu subordinado. Em certa ocasião, percebeu que seu entrevistador estava modificando o conteúdo das perguntas e, em alguns casos, induzindo a respondente a dar determinada resposta. De maneira inopinada, saiu de trás de seu esconderijo e interpelou seu entrevistador sobre sua atitude (ZANOTTA, 2018, p. 113). Erros do pesquisador Erro de substituição de informação: compreendido como a variação entre as informações necessárias para o problema de pesquisa e as informações buscadas pelo pesquisador. Exemplo: em vez de obter informações sobre a escolha de uma nova marca pelo consumidor (problema de pesquisa), o pesquisador obtém informações sobre as preferências do consumidor. Erro de mensuração: é definido como a variação entre as informações buscadas e as geradas pelo processo de mensuração empregado pelo pes- quisador. Exemplo: ao procurar medir preferências de consumidor, o pes- quisador utiliza uma escala que mede percepções em vez de preferências. Erro na definição da população: é a variação entre a população real rele- vante para o problema em questão e a população definida pelo pesquisador. Erro no arcabouço amostral: é a variação entre a população definida pelo pesquisador e a população inferida a partir da amostra utilizada. Exemplo: uma lista telefônica empregada para gerar uma relação de Fontes de dados e tipos de pesquisa10 números de telefones não representa, com precisão, a população de consumidores em potencial, uma vez que há números que não constam na lista, telefones desligados e novos telefones ainda não incluídos nela. Erro na análise dos dados: refere-se aos que ocorrem quando os dados brutos dos questionários são transformados em constatações de pesquisa. Exemplo: é usado procedimento estatístico inadequado, resultando em interpretações incorretas. Erros do entrevistador Erro na seleção dos entrevistados: ocorre quando os entrevistadores selecionam indivíduos que não estão de acordo com as especificações da amostra ou que se enquadram de maneira incoerente a ela. Exemplo: em uma pesquisa sobre fumantes, é selecionado para entrevista um não fumante. Erro de questionamento: são erros cometidos ao se fazer perguntas aos entrevistados ou por não investigar quando se necessita de mais informações. Exemplo: ao fazer as perguntas, o entrevistador não usa exatamente a pergunta formulada e predeterminada. Erro de registro: ocorre devido a erros na escuta, na interpretação e no registro das respostas dadas pelos sujeitos pesquisados. Exemplo: o entrevistado indica uma resposta neutra, mas o entrevistador interpreta, de modo equivocado, como uma resposta negativa. Erro proposital: refere-se a quando o pesquisador inventa respostas para parte da entrevista ou para toda ela. Exemplo: o pesquisador não faz as perguntas relativas a uma situação de endividamento do en- trevistado e preenche as respostas, posteriormente, com base em sua avaliação pessoal.Erros dos entrevistados Erro por incapacidade: ocorre quando o entrevistado não consegue dar respostas precisas devido, por exemplo, à falta de familiaridade com o tema, fadiga, tédio, lembrança incorreta, formato ou conteúdo da pergunta. Exemplo: o entrevistado não consegue lembrar a marca do último amaciante de roupas que comprou. Erro por má vontade: compreende a falta de disposição do entrevistado em fornecer as informações precisas. O entrevistado pode, então, respon- der de forma incorreta intencionalmente para dar respostas socialmente aceitáveis, para evitar embaraços ou para agradar o entrevistador. 11Fontes de dados e tipos de pesquisa BAKER, M. J. (Org.). Administração de marketing: um livro inovador e definitivo para estudantes e profissionais. 5. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. BOONE, L. E.; KURTZ, D. L. Marketing contemporâneo. São Paulo: Cengage Learning, 2009. KOTLER, P.; KELLER, K. L. Administração de marketing: a bíblia do marketing. 12. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006. LAS CASAS, A. L. Administração de marketing: conceitos, planejamento e aplicações à realidade brasileira. São Paulo: Atlas, 2015. MALHOTRA, N. K. Pesquisa de marketing: uma orientação ampliada. 6. ed. Porto Alegre: Bookman, 2013. MATTAR, F. N. Pesquisa de marketing: edição compacta. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2008. MCDANIEL, C.; GATES, R. Pesquisa de marketing. São Paulo: Thomson, 2004. SAMARA, B. S.; BARROS, J. C. Pesquisa de marketing: conceitos e metodologia. 4. ed. São Paulo: Pearson, 2007. ZANOTTA, E. B. Pesquisa de marketing: foco na de�nição do problema e sua resolução. São Paulo: Atlas, 2018. Fontes de dados e tipos de pesquisa12 DICA DO PROFESSOR Para o desenvolvimento de uma pesquisa de marketing, o pesquisador deverá coletar dados. Estes são classificados em dois grandes grupos: primários e secundários. No vídeo da Dica do Professor, você vai conhecer os cuidados que devem ser tomados na utilização de dados secundários em pesquisa de marketing. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) A concepção da investigação é uma estrutura voltada à realização do projeto de pesquisa de marketing. A partir dela, detalham-se os procedimentos metodológicos necessários para a obtenção das informações precisas com foco na resolução de problemas de pesquisa em marketing. Com isso, é fundamental saber classificar o estudo. Assinale a alternativa que contém os tipos básicos de pesquisa em marketing. A) Exploratórias e descritivas. B) Conclusivas e causais. C) Causais e descritivas. D) Exploratórias e conclusivas. E) Descritivas e conclusivas. Dados secundários consistem nos que já foram coletados com foco em outra finalidade e podem ser encontrados em determinado lugar. Por sua vez, dados primários são novos e coletados para um objetivo específico. Nesse sentido, em que 2) fonte podem ser obtidos os dados primários? A) Entrevistas com pessoas que detêm conhecimento sobre a temática. B) Publicações na Internet. C) Dados da própria empresa. D) Instituições não governamentais. E) Governo. 3) São várias as fontes potenciais de erros que afetam a validade e originalidade de uma pesquisa em marketing. Os erros ocorridos classificam-se em amostrais e não amostrais. O que pode ser considerado como erro de ordem amostral? A) Falta de disposição do entrevistado em fornecer informações precisas. B) Amostra selecionada é uma representação imperfeita da população de interesse. C) Erros cometidos ao se fazer as perguntas ao entrevistado. D) Pessoas incluídas na amostra não respondem a pesquisa. E) Variação entre a população definida pelo pesquisador e a inferida a partir da lista amostral utilizada. Com base nas fontes potenciais de erro em concepções de pesquisa abordadas por 4) Malhotra (2012), assinale a alternativa que apresenta apenas erros do pesquisador, derivados das falhas decorrentes de entrevistados que respondem, mas de modo impreciso ou cujas respostas são analisadas equivocadamente. A) Erro de questionamento, proposital e de mensuração. B) Erro na definição da população, no arcabouço amostral e por incapacidade. C) Erro na análise dos dados, de registro e de questionamento. D) Erro de mensuração, por má vontade e de seleção dos entrevistados. E) Erro de substituição de informações, na análise dos dados e de definição da população. 5) Caracterizada por apresentar objetivos bem definidos, procedimentos formais, ser bem estruturada e dirigida para a solução de problemas ou avaliação de alternativas de cursos de ação. Essa definição corresponde a qual tipo de pesquisa? A) Descritiva. B) Conclusiva. C) Exploratória. D) Causal. E) Explicativa. NA PRÁTICA Determinado projeto de pesquisa de marketing pode incluir mais de um tipo de concepção. Para compreender essa afirmação, acompanhe o caso do banco Dinheiro na mão que, por meio de pesquisas exploratórias, descritivas e causais, lançou novo produto no mercado. SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Dados primários e secundários O vídeo aborda a diferença entre dados primários e secundários, o benefício em utilizar cada tipo de dado e exemplos de onde encontrá-los. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Pesquisas de marketing O vídeo discute a realidade da pesquisa de marketing brasileira, tendo como foco principal uma discussão acerca dos métodos de coletas de dados, os quais correspondem à fonte primária. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Pesquisa experimental em marketing O artigo enfatiza a pesquisa do tipo causal conclusiva, evidenciando não somente a relação entre duas variáveis de causa e efeito, mas também como elas ocorrem. Além disso, serve como guia na condução de experimentos para pesquisadores iniciantes e oferece novas perspectivas de pesquisa causal a investigadores mais experientes. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
Compartilhar