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EA D 3 Geração do Conhecimento 1. OBJETIVOS • Apresentar os processos e os facilitadores na geração do conhecimento organizacional. • Compreender o processo de conversão do conhecimento. 2. CONTEÚDOS • Conversão do conhecimento. • Facilitadores. • Estudo de caso I: Indicadores Fapesp. • Estudo de caso II: Guia de fontes do Núcleo de Informa- ção Tecnológica (NIT/Materiais) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). • Estudo de caso III: Roupa com estilo e a preço acessível, a fast fashion. © Gestão do Conhecimento104 3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que você leia as orientações a seguir: 1) Lembre-se de que sua participação pode significar a di- ferença entre apenas ler conteúdos ou transformar co- nhecimentos em qualidade profissional. Por isso, não deixe de interagir com seus colegas de turma e seu tutor. 2) Tenha sempre à mão um caderno de anotações para re- gistrar suas dúvidas e ideias que forem surgindo confor- me o desenvolvimento deste estudo. 3) Sugerimos que você conheça o funcionamento de uma agência de contratação de pessoal, acessando, por exemplo, o site disponível em: <http://www.catho.com. br>. Acesso em: 26 maio 2011. Assim você poderá visu- alizar os principais conhecimentos que um gestor de TI deve possuir. 4) Para conhecer mais sobre as dinâmicas das redes sociais, visite o site da WWF Brasil disponível em: <http://www. wwf.org.br/>. Acesso em: 26 maio 2011. 4. INTRODUÇÃO À UNIDADE No estudo desta unidade, você terá a oportunidade de com- preender o processo de geração do conhecimento no contexto or- ganizacional. Em nosso estudo, é importante que você saiba que o conhe- cimento científico é criado pela aplicação da ciência à observação das organizações, por meio da utilização de métodos científicos (processos sistemáticos de aquisição e tratamento da informação) (MAXIMIANO, 2008). 105 Claretiano - Centro Universitário © U3 – Geração do Conhecimento Dentre os métodos de pesquisa usados nos trabalhos que possuem a organização como objeto de estudo, podemos citar: pesquisa bibliográfica, survey, modelagem, simulação, experimen- tação, estudo de caso, pesquisa-ação etc. Entretanto, o foco desta unidade não será a geração do co- nhecimento científico, pois você terá outras oportunidades de es- tudar essa temática; por ora, vamos enfatizar apenas a geração do conhecimento organizacional. Utilizaremos os trabalhos de Nonaka e Takeushi (1997) e Da- venport e Prusak (1998) como base para abordar a temática da geração do conhecimento organizacional e apresentar a você seus processos e facilitadores. 5. GERAÇÃO DO CONHECIMENTO Segundo Davenport e Prusak (1998, p. 63): Organizações saudáveis geram e usam o conhecimento à medida que interagem com o seu ambiente. Absorvem informações, trans- formam-nas em conhecimento e agem com base em uma combi- nação deste com suas experiências, valores e regras internas. Elas sentem e respondem às contingências do ambiente. Na falta do conhecimento, as organizações não poderiam se organizar nem se manter em funcionamento, pois, da mesma forma que organismos vivos, elas precisam interagir com o ambiente. Como geração do conhecimento, compreendemos o conhe- cimento adquirido e/ou desenvolvido por uma organização. Neste Caderno de Referência de Conteúdo, utilizaremos o conceito de conhecimento tanto como um ato ou processo quanto como um artefato ou coisa. A seguir, apresentamos um quadro com a síntese das tipolo- gias desse conceito, o qual nos ajudará na compreensão, sobretu- do, da geração do conhecimento proposta por Nonaka e Takeushi (1997). © Gestão do Conhecimento106 Quadro 1 Classificação e tipo de conhecimento. CLASSIFICAÇÃO TIPO DESCRIÇÃO Quanto à origem Interno Relacionado aos processos internos, à cultura organizacional e às competências individuais e organizacionais. Externo Provém do ambiente em que a organização está inserida – econômico, político, social/ cultural, tecnológico, mercadológico, entre outros. Quanto à posse Individual Está concentrado em uma única pessoa – difícil disseminação. Coletivo É de domínio de toda a organização – amplamente disseminado em manuais, rotinas e procedimentos. Quanto à forma Tácito É pessoal, subjetivo, específico a um contexto, difícil de externalizar e de comunicar – modelos mentais, insights etc. – e difícil de registrar, de documentar ou de ensinar a outras pessoas. Explícito É passível de codificação, formalização, sistematização e de fácil comunicação – patentes, relatórios etc. podem ser transformados em documentos, roteiros e treinamentos. Por exemplo: artigo, patente, os conteúdos disponibilizados neste Caderno de Referência de Conteúdo, entre outros. Fonte: adaptado de Hoffman (2009). Com esse quadro, percebemos que a empresa, quando direcionada para o conhecimento, precisa contar com a disponibilidade do conhecimento apropriado a quando e onde ele pode ser aplicado, tanto no aproveitamento de oportunidades quanto na superação de ameaças. Atividades para aumentar o conhecimento organizacional Vamos tratar aqui de algumas atividades que as organizações empreendem para aumentar seu estoque de conhecimento organizacional. Entre elas, Davenport e Prusak (1998) citam: 107 Claretiano - Centro Universitário © U3 – Geração do Conhecimento 1) aquisição de conhecimento; 2) aluguel; 3) recursos dirigidos; 4) fusão; 5) adaptação; 6) redes; e 7) criação do conhecimento. A seguir, explicitaremos cada uma dessas atividades mais de- talhadamente. Aquisição de conhecimento A atividade de aquisição é a maneira mais direta e, geral- mente, eficaz de se adquirir conhecimento, cuja compra ocorre por meio da aquisição de uma organização ou da contratação de indivíduos que o possuam. Há vários casos de compra de conhecimento na mídia, por exemplo, o da IBM, que comprou a Lotus, fabricante do aplicativo Lotus Notes (pode-se utilizar o Lotus Notes para programar com- promissos, navegar na web, enviar e receber correio da internet, colaborar com grupos de notícias etc.). As mentes que inventaram o Lotus Notes são mais valio- sas que o software em si, uma vez que elas têm a capacidade de vislumbrar a geração seguinte de software de comunicação e de compartilhamento do conhecimento. Além disso, elas possuem as competências e a experiência de que a IBM precisa para usar o conhecimento dela própria no novo mundo dos aplicativos colabo- rativos. O caso mais recente e bem-sucedido é a compra do Orkut e do Youtube pelo Google. Atualmente, por meio das agências de contratação de pes- soal, é possível ter acesso a uma ampla quantidade de currículos pessoais, com informações sobre os conhecimentos que os indi- víduos possuem e que colocam à disposição da organização. Faça uma visita no site da Catho on-line e visualize os principais conhe- cimentos que um gestor de TI deve possuir. © Gestão do Conhecimento108 Na aquisição de organizações é importante lembrar que bar- reiras culturais e políticas podem impedir a plena aceitação e ab- sorção do conhecimento da empresa adquirida, embora a compra de conhecimento seja a prova do desejo de aumentar o estoque de conhecimento corporativo. Aluguel O conhecimento externo a organização pode ser alugado e fi- nanciado. Um tipo de financiamento de conhecimento que ocorre com frequência é o apoio financeiro que uma empresa ou as agên- cias de fomento públicas como a Fundação de Amparo à Pesquisa do estado de São Paulo (Fapesp) oferece à pesquisa universitária ou institucional. A Universidade como contrapartida compartilha o direito de prioridade no uso comercial dos resultados alcançados (DAVENPORT; PRUSAK, 1998). Por exemplo, no caso do Pré-sal, há ainda muita tecnologia a ser desenvolvida e a necessidade de crescimento de novos conhe- cimentos. Um caminho que a Petrobrasvem adotando há algum tempo é o apoio a universidades. A Petrobras investiu R$ 15,5 milhões na UFSCar no ano de 2010, na construção de um Centro de Pesquisas em Processos e Materiais Avançados para a Indústria de Petróleo e Energia, com previsão de entrega para o final de 2010, sendo destinado para o desenvolvimento de novas tecnologias de extração de petróleo (UFSCar, 2010). A contratação de uma consultoria para um projeto é outro exemplo de aluguel de conhecimento. Embora a fonte de conhe- cimento (consultoria) seja temporária, parte desse conhecimen- to ficará na organização, à disposição do contratante, em algum formato estruturado e codificado. Desse modo, a empresa deverá aprender o máximo possível com o especialista externo. Nesse sentido, podemos citar até mesmo a elaboração des- te livro-texto, uma vez que nós, autores, fomos contratados para 109 Claretiano - Centro Universitário © U3 – Geração do Conhecimento desenvolver este material didático, parte de nosso conhecimento ficará registrada nas unidades de estudo. Recursos dirigidos Um modo de gerar conhecimento em uma organização é for- mar unidades ou grupos para essa finalidade. Departamentos de pesquisa e desenvolvimento (P&D) constituem o exemplo padrão, cujo trabalho é fazer surgir o conhecimento novo e os novos con- ceitos. É preciso dar liberdade aos trabalhadores para explorar ideias sem as limitações impostas pela preocupação com o lucro e as datas limites, tarefa difícil para as organizações com fins lu- crativos. O modelo econômico adotado no passado pelo Brasil privi- legiava mais a importação de tecnologia, ou seja, havia poucos in- vestimentos em P&D, e, mesmo atualmente, as organizações ain- da investem muito pouco. Sinal disso é que muitos pesquisadores brasileiros com doutorado estão atuando principalmente nas uni- versidades públicas e pouquíssimos atuam em centros de pesquisa privados no Brasil. Fusão A fusão é um processo complexo, que reúne pessoas com diferentes perspectivas e competências para trabalhar em um pro- blema ou projeto, obrigando-as a chegar a uma resposta conjun- ta, sempre com base no respeito às diferenças. Essa combinação pode levar a soluções criativas devido ao volume de soluções que pode ser apresentado pelas pessoas de diferentes contextos (DA- VENPORT; PRUSAK, 1998). Reunir pessoas com diferentes competências é uma das con- dições necessárias à criação do conhecimento. Contudo, para ha- ver a fusão criativa, deve existir algum ponto em comum, isto é, as mentes precisam entrar em contato, os grupos precisam desen- © Gestão do Conhecimento110 volver uma linguagem em comum para que possam se entender. É necessário, ainda, haver algum conhecimento compartilhado an- tes de se dar início à colaboração. Além disso, deve haver um investimento de tempo e esfor- ço a fim de propiciar aos membros do grupo o grau suficiente do conhecimento e da linguagem compartilhados, para que possam trabalhar juntos. Uma gestão cuidadosa é essencial para garantir que a contri- buição de diferentes estilos e ideias seja positiva e não se constitua em um mero confronto. Por exemplo, há algum tempo, as empresas Fiat e Chrysler firmaram um acordo para estabelecer uma aliança estratégica glo- bal, que permitiria à Chrysler ter acesso a "plataformas de veícu- los econômicos e urbanos, bem como motores e componentes", o que aceleraria o processo de reestruturação da marca, uma das exigências estabelecidas pelo governo dos Estados Unidos para a liberação de empréstimos. Já a Fiat teria acesso à tecnologia para a construção de carros luxuosos (QUATRO RODAS, 2011). Portanto, interesses e conhecimentos compartilhados po- dem levar as empresas a soluções criativas. Adaptação As crises do meio ambiente atuam como catalisadores de geração do conhecimento. A adaptação ou a morte são o seu des- tino; portanto, as organizações adaptam-se e evoluem. Mudanças externas e internas levam as organizações a se adaptar. Para que entenda bem esse processo de adaptação, va- mos citar um exemplo bem próximo a você: a educação a distância. O Centro Universitário Claretiano iniciou suas atividades com o ensino presencial, e, graças ao avanço tecnológico, está atuando nas duas modalidades. 111 Claretiano - Centro Universitário © U3 – Geração do Conhecimento A modalidade de ensino a distância está em contínua ascen- são em virtude do aumento de cursos e da sua adoção por outras instituições, como a Universidade aberta do Brasil, da qual a Uni- versidade Federal de São Carlos (UFSCar) faz parte. No entanto, o sucesso pode levar à falta de disposição de se adaptar, de identificar desafios e de responder a eles por meio da geração de conhecimento novo. Daí a necessidade de um estímulo de uma crise ou de um período de grande tensão, com o intuito de levar as organizações e as pessoas à mudança de comportamentos, muitas vezes bem solidificados. Redes Nas organizações, o conhecimento também pode ser gerado pelas redes informais, as quais podem se tornar oficializadas com o tempo. Comunidades de possuidores de conhecimento juntam- se motivadas por interesses em comum (propósito unificador), passando a se comunicar e compartilhar conhecimento para resolver problemas em conjunto (inteligência coletiva – temática que será mais bem abordada na Unidade 7). A diversidade de conhecimento dentro da rede potencializa, como no caso da fusão, o volume de informações e de competências e, consequentemente, a geração de conhecimento novo e de inovações. Com a Web 2.0 e suas ferramentas colaborativas, as redes sociais consolidaram-se, as pessoas estão compartilhando e gerando conhecimento como nunca e as organizações começam a perceber todo o seu potencial para alavancar os seus negócios. Criação do conhecimento Como você pode perceber, criar conhecimento não é apenas uma questão de aprender com outros ou adquirir conhecimentos externos. © Gestão do Conhecimento112 O conhecimento deve ser construído por si mesmo, exigindo, muitas vezes, uma interação laboriosa entre os membros da organização. Nonaka e Takeushi (1997), em sua teoria sobre a criação do conhecimento, tornaram-se a maior referência na área. Eles entendem essa criação como a capacidade de uma organização criar um novo conhecimento, difundi-lo e incorporá-lo a produtos, serviços e sistemas (processos e rotinas de trabalho). Mas como criar o conhecimento? A distinção entre conhecimento tácito e explícito é a chave para a compreensão da teoria sobre criação do conhecimento proposta por Nonaka e Takeushi (1997, p. 8): "o conhecimento explícito pode ser facilmente processado por um computador, transmitido eletronicamente ou armazenado em banco de dados". No entanto, a natureza subjetiva do conhecimento tácito dificulta o processamento ou a transmissão do conhecimento adquirido por qualquer método sistemático ou lógico, pois, para que possa ser comunicado e compartilhado dentro da organização, ele terá de ser convertido em palavras ou números, de modo que qualquer pessoa possa compreender. É exatamente durante o tempo em que essa conversão ocorre – de tácito em explícito e, conforme veremos, novamente em tácito – que o conhecimento organizacional é criado. Note que falamos em "conhecimento organizacional"; contudo, quem o cria é o indivíduo. De acordo com Nonaka e Takeushi (1997), o ambiente competitivo e as preferências do cliente mudam constantemente, com isso, o conhecimento existente na organização logo se torna obsoleto; assim, podemos considerar que a criação do conhecimento organizacional é um processo interminável que exige inovação contínua. 113 Claretiano - Centro Universitário © U3 – Geração do Conhecimento A criação do conhecimento organizacional não apenas en- volve diversos dadose informações, como também se trata de um processo altamente individual de autorrenovação organizacional e pessoal. O compromisso pessoal dos trabalhadores e a identifi- cação com a organização e sua missão tornam-se indispensáveis. Nesse sentido, a criação do novo conhecimento envolve tanto ideais quanto ideias. É o que serve de combustível para a inovação. Criar novos conhecimentos não é responsabilidade de poucos eleitos – um especialista em pesquisa e desenvolvimento, planejamento estratégico ou marketing –, mas, sim, de todos na organização. Do conhecimento pessoal ao conhecimento organizacional Embora utilizemos a expressão "criação do conhecimento organizacional", a organização não pode criar conhecimento por si mesma, sem a iniciativa do indivíduo e a interação que ocorre dentro do grupo. O conhecimento pode ser amplificado ou cristalizado em ní- vel de grupo, por meio de discussões, de compartilhamento de experiências e de observação. É, pois, a interação que facilita a transformação do conhecimento individual em organizacional. Há três características-chave na criação do conhecimento, as quais estão relacionadas à transformação do conhecimento tácito em explícito: • Metáfora e analogia: para explicar o inexplicável, deposi- ta-se grande confiança na linguagem figurada (metáfora) e no simbolismo. • Compartilhamento: o conhecimento de um indivíduo deve ser compartilhado com os outros. • Ambiguidade e redundância: nascem novos conheci- mentos à medida que há ambiguidade e redundância de informações e competências. © Gestão do Conhecimento114 A seguir, analisaremos detalhadamente cada uma dessas ca- racterísticas. Metáfora e analogia O uso de metáforas e/ou analogias é uma forma de fazer com que indivíduos, fundamentados em contextos e experiências diferentes, compreendam algo intuitivamente por intermédio da imaginação e dos símbolos. Por meio de metáforas, as pessoas reúnem o que conhecem de novas formas e começam a expressar o que sabem, mas que ainda não são capazes de dizer. Por exemplo, você, como gestor de TI, está encarregado de construir um site que facilite o encontro de pessoas interessadas em se relacionar afetivamente, um web site "romântico e quente" (metáfora). Na construção desse site, você fará uso da metáfora para selecionar cores, imagens, vídeos, sons que irão compor a sua interface gráfica. Uma analogia esclarece as semelhanças e as diferenças en- tre duas ideias ou objetos: é o intermediário entre a imaginação pura e o pensamento lógico. Você poderia, por exemplo, recuperar acontecimentos do passado e, por analogia, tentar se antecipar aos acontecimentos futuros. Compartilhamento O novo conhecimento sempre começa com o indivíduo. Mas como o conhecimento pessoal do indivíduo se transforma em co- nhecimento organizacional valioso para a organização? Por exemplo, o insight de um brilhante pesquisador, ao gerar uma nova patente, ou a experiência de longos anos de um traba- lhador, que resulte em um original processo de inovação. Para ilustrar o compartilhamento, vamos contar um caso que aconteceu em uma gráfica, responsável por colorir embalagens de lápis de cor. Essas embalagens trazem os lápis coloridos estampa- 115 Claretiano - Centro Universitário © U3 – Geração do Conhecimento dos na frente e possuem uma abertura que possibilita às crianças tocá-los. Certa vez, um trabalhador da gráfica observou que o lo- cal da abertura da embalagem era pintado e, depois, recortado. Então, teve um insight e percebeu que não era necessário pintar a área que, no futuro, seria recortada. Com isso, foram economiza- dos vários litros de tinta. Ambiguidade e redundância Segundo Davenport e Prusak (1998), o novo conhecimento nasce do caos, da crise. Redundância e compartilhamento de in- formações sobrepostas, somados à diversidade de competências e aos objetivos estratégicos da organização, permitem aos indivídu- os encontrar soluções não rotineiras. Para isso, múltiplos olhares potencializam múltiplas soluções. A teoria da criação do conhecimento nas organizações de- fendida por Nonaka e Takeushi (1997) envolve, ainda, duas dimen- sões: a epistemológica e a ontológica. • Epistemológica: é a distinção entre conhecimento tácito e explícito, cujo segredo para criação do conhecimento está na mobilização e na conversão do conhecimento tá- cito. • Ontológica: envolve os níveis de entidades criadoras do conhecimento (individual, grupal, organizacional e inte- rorganizacional). A criação do conhecimento organizacional é um processo em espiral, que começa no individual e amplia para comunidades de interação que cruzam fronteiras entre seções, departamentos, divisões e organizações. A Figura 1 apresenta as dimensões epistemológica e ontoló- gica em que ocorre a espiral da criação do conhecimento. Essa es- piral surge quando a interação entre conhecimento tácito e conhe- cimento explícito se eleva, dinamicamente, de um nível ontológico inferior (indivíduo) até níveis mais altos (organização). © Gestão do Conhecimento116 Fonte: Nonaka; Takeushi (1997, p. 83). Figura 1 Espiral de criação do conhecimento organizacional. Os quatro modos de conversão O conhecimento humano é criado e expandido por meio da interação social entre o conhecimento tácito e o conhecimento ex- plícito. Chamamos essa interação de conversão do conhecimento, que é um processo social entre indivíduos. Essa conversão envolve a interação do conhecimento tácito e do conhecimento explícito, gerando quatro modos diferentes de conversão: 1) socialização – de conhecimento tácito em conhecimento tácito; 2) externalização – de conhecimento tácito em conheci- mento explícito; 3) combinação – de conhecimento explícito em conheci- mento explícito; e 4) internalização – de conhecimento explícito para conhe- cimento tácito. 117 Claretiano - Centro Universitário © U3 – Geração do Conhecimento Confira os modos de conversão do conhecimento na Figura 2. Fonte: Nonaka; Takeushi (1997, p. 80). Figura 2 Modos de conversão do conhecimento organizacional. Socialização Dentre os quatro modos diferentes de conversão do conhe- cimento, é importante mencionar, inicialmente, a socialização, que é: [...] o processo de compartilhamento de experiências e, a partir daí, da criação do conhecimento tácito, como modelos mentais ou habilidades técnicas compartilhadas. Um indivíduo pode adquirir conhecimento tácito diretamente de outros, sem usar a linguagem. Por exemplo, os aprendizes trabalham com seus mestres e apren- dem a sua arte através da observação, imitação e prática. (NO- NAKA; TAKEUCHI, 1997, p. 69) No contexto dos negócios, o treinamento prático utiliza basi- camente o mesmo princípio. O segredo para a aquisição do conhe- cimento tácito é a experiência, a observação e a vivência prática. Sem alguma forma de experiência compartilhada, é extremamente difícil uma pessoa projetar-se no processo de raciocínio do outro indivíduo. A mera transferência de informações muitas vezes fará © Gestão do Conhecimento118 pouco sentido se estiver desligada das emoções associadas e dos contextos específicos nos quais as experiências compartilhadas são embutidas. (NONAKA; TAKEUCHI, 1997, p. 69) Você se lembra do exemplo sobre o tempero da comida da sua mãe, apresentado na Unidade 1? Nele, dissemos que dificil- mente sua (seu) esposa(o) aprenderia fazer o mesmo tempero apenas lendo uma receita. No entanto, ela (ele) teria mais chances de absorvê-lo se pudesse acompanhar como a sua mãe cozinha. Outro exemplo interessante fornecido por Nonaka e Takeu- shi (1997) relata a construção de uma máquina caseira de fazer pão por uma empresa japonesa. Um dos maiores problemas enfrentados pela empresa esta- va relacionado a como mecanizar o processo de "dar liga" à massa do pão, constituindo, assim, essencialmente, oconhecimento táci- to que os padeiros possuem. O chefe da divisão de desenvolvimento sabia que o melhor pão da região era feito em um determinado hotel. Então, para capturar o conhecimento tácito sobre a "arte de fazer a massa de pão", ele e vários engenheiros se ofereceram como voluntários para trabalhar na padaria do hotel. Contudo, fazer o mesmo pão do padeiro não era tarefa fácil; ninguém conseguia entender por que não conseguiam fazê-lo da mesma forma. Certo dia, porém, eles observaram que o padeiro não estava apenas esticando a massa, mas, também, estava tor- cendo-a – esse era o segredo da fabricação do delicioso pão. Dessa forma, o conhecimento tácito do padeiro foi socializado por meio da observação, da imitação e da prática. A socialização também ocorre entre os responsáveis pelo de- senvolvimento de produto e os clientes. De acordo com Nonaka e Takeuchi (1997, p. 71): As interações com os clientes antes do desenvolvimento do produ- to e após seu lançamento no mercado são, na verdade, um proces- so infinito de compartilhamento do conhecimento tácito e criação de ideias para aperfeiçoamento. 119 Claretiano - Centro Universitário © U3 – Geração do Conhecimento A Lego, por exemplo, famosa por seus módulos de conexões, por meio do seu site e das ferramentas da Web 2.0, proporciona a seus clientes a colaboração e a interação no processo de desenvol- vimento de novos produtos. Assim, uma nova geração de consumi- dores-produtores considera o direito de modificar os produtos que consumiu. Esse consumidor que participa do desenvolvimento do produto é denominado prosumer (TAPSCOTT; WILLIAMS, 2007). Outras formas de compartilhar experiências e de aumentar a confiança mútua entre os participantes são também utilizadas, como o brainstorming, destinado a resoluções de problemas, e os fóruns de diálogo criativo, que são particularmente eficazes no compartilhamento do conhecimento tácito e na criação de uma nova perspectiva. A transferência do conhecimento tácito está diretamente relacionada à vivência prática das pessoas: aprende-se fazendo, observando e dialogando. Externalização A externalização também é um dos modos de conversão do conhecimento, ocorre quando "convertemos" o conhecimento tá- cito em conhecimento explícito. Assim, dos modos de conversão do conhecimento, a exter- nalização é a chave para a criação do conhecimento, pois cria con- ceitos novos e explícitos a partir do conhecimento tácito. E como podemos converter o conhecimento tácito em explí- cito de forma eficiente e eficaz? A resposta está no uso de metáfo- ras, analogias e modelos. Combinação A combinação é a forma por meio da qual o conhecimento explícito se "converte" em conhecimento explícito. Os indivíduos trocam e combinam conhecimentos através de meios como documentos, reuniões, conversas ao telefone ou redes de co- municação computadorizadas. A reconfiguração das informações © Gestão do Conhecimento120 (conhecimentos) existentes através da classificação, do acréscimo, da combinação e da categorização do conhecimento explícito pode levar a novos conhecimentos. (NONAKA; TAKEUCHI, 1997, p. 75) Internalização Para encerrar a exposição dos quatro modos diferentes de se converter o conhecimento, resta-nos exemplificar a internali- zação, que é a responsável pelo processo de conversão do conhe- cimento explícito em conhecimento tácito, estando intimamente relacionada ao "aprender fazendo". Para que o conhecimento explícito se torne tácito, são ne- cessárias a verbalização e a diagramação do conhecimento sob a forma de documentos, manuais ou histórias orais. A documentação ajuda os indivíduos a internalizarem suas experiências, aumentando seu conhecimento tácito. Além disso, documentos ou manuais facilitam a transferência de conhecimen- to explícito para outras pessoas, ajudando-as a vivenciar indireta- mente as experiências dos outros. As FAQs (Frequently Asked Questions) ou "perguntas mais frequentes" são um bom exemplo de como é possível vivenciar as experiências dos outros, ou melhor, as questões levantadas. Outro exemplo de internalização é a aplicação de sistemas que gerenciam as melhores práticas de uma organização. Imagine, por exemplo, um pesquisador que atue em um grupo de pesquisa e tem como intuito maximizar os esforços de pesquisa. Nesse sen- tido, ajuda a desenvolver um sistema que possibilita,, durante um projeto de pesquisa, o registro de todas as atividades realizadas com sucesso, as dificuldades e as soluções encontradas na forma de melhores práticas. Esse sistema também permite a recupera- ção das melhores práticas pelos demais pesquisadores, o que evita o retrabalho da equipe, facilitando, desse modo, a seleção de solu- ções já testadas e aprovadas nos projetos de pesquisa. 121 Claretiano - Centro Universitário © U3 – Geração do Conhecimento Sintetizando: A não ser que se torne explícito, o conhecimento compartilhado não pode ser facilmente alavancado pela organização como um todo. A criação do conhecimento organizacional é uma interação contínua e dinâmica entre o conhecimento tácito e o conhecimen- to explícito (NONAKA; TAKEUCHI, 1997, p. 79). 6. FACILITADORES Neste tópico, veremos as condições capacitadoras da criação do conhecimento organizacional. De acordo com Nonaka e Takeuchi (1997, p. 83): A função da organização no processo de criação do conhecimento é fornecer o contexto apropriado para a facilitação das atividades em grupo e para a criação e acúmulo de conhecimentos em nível individual. Agora, que você conhece os quatro modos de conversão, descreveremos cinco condições que permitem ou promovem esse modo em espiral da criação do conhecimento organizacional: 1) intenção; 2) autonomia; 3) flutuação e caos criativo; 4) redundância; 5) variedade de requisitos. Intenção A criação do conhecimento é direcionada pela intenção or- ganizacional, suas aspirações, missão e metas. Do ponto de vista da criação do conhecimento organizacional, a essência da estratégia está no desenvolvimento da capacidade da organização de adquirir, criar, acumular e explorar o novo co- nhecimento. O elemento mais crítico da estratégia da empresa é a conceitualização de uma visão sobre o tipo de conhecimento que deve ser desenvolvido e a operacionalização desse conhecimento em um sistema gerencial de implementação. [...] © Gestão do Conhecimento122 A intenção organizacional fornece o critério mais importante para julgar a veracidade de um determinado conhecimento. Se não fosse a intenção, não seria possível julgar o valor do conhecimento percebido ou criado. (NONAKA; TAKEUCHI, 1997, p. 83-84) Há algum tempo, um empresário da área tecnológica con- tou-nos que a missão de sua organização é produzir soluções au- tomotivas em injeção eletrônica. Certa vez, ele se deparou com a oportunidade, oferecida por um parceiro de pesquisa, de desenvolver um produto eletrônico para controlar a reza de terços. Fora identificado que, ao rezar, as pessoas com idade acentuada, em virtude de cochilos, possuíam muita facilidade para perder a conta de quantos "pai-nossos" e/ ou quantas "ave-marias" haviam rezado; assim, para evitar o senti- mento de culpa, recomeçavam a reza. O produto materializava-se em um crucifixo com um sensor e algumas luzes que indicavam onde a reza havia parado, e, assim que a pessoa acordasse, pode- ria recomeçar do ponto em que havia parado sem ficar com "dor na consciência". A princípio, esse empresário achou a ideia muito interessan- te, mas a missão da sua empresa era incompatível com o produto. Logo, optou por não desenvolvê-lo, mesmo sabendo de todo o po- tencial de consumo do produto pelos religiosos. Autonomia Todos os membros da organização devem agir de forma au- tônoma conforme as circunstâncias. Ideias originais emanam de indivíduos autônomos. Uma ferramenta poderosa para a criação decircunstâncias nas quais os indivíduos possam agir de forma autônoma é manter a equipe auto-organizada. Sobre esse assunto, para que não fique exaustivo, recupere a definição de autonomia que vimos na Uni- dade 2. 123 Claretiano - Centro Universitário © U3 – Geração do Conhecimento Flutuação e caos criativo Nonaka e Takeuchi (1997, p. 89) afirmam que: Se as organizações adotam uma postura aberta em relação aos sinais ambientais, podem explorar a ambigüidade, a redundância ou os ruídos desses sinais para aprimorar seu próprio sistema de conhecimentos. A flutuação e o caos criativo estimulam a interação entre a organização e o ambiente externo. O processo contínuo de questionamento e de reconsidera- ções de premissas existentes por cada membro da organização es- timula a criação de conhecimento organizacional. O caos é gerado quando uma organização enfrenta uma crise real. Por exemplo, um rápido declínio de desempenho em virtude de mudanças nas necessidades do mercado ou de acréscimo significativo de concor- rentes – metas desafiadoras. Quer um exemplo de caos criativo para você? Estipule que deverá alcançar médias altas em todas as disciplinas do seu curso de graduação. Assim, você procurará por soluções que potenciali- zem seu desempenho e que hoje desconhece. Redundância A redundância dá-se com a existência de informações que transcendem as exigências operacionais imediatas dos membros da organização. Refere-se à superposição intencional de informa- ções sobre a organização, ou seja, ao fornecimento de informa- ções de diferentes perspectivas. Além disso, a redundância de informações aumenta o volu- me de informações a serem processadas e pode gerar um proble- ma de sobrecarga de informações. Uma forma possível de lidar com esse lado negativo da re- dundância de informações é esclarecer onde as informações po- dem ser localizadas e onde o conhecimento é armazenado dentro da organização. © Gestão do Conhecimento124 Há várias formas de desenvolver redundância dentro da or- ganização: rodízio de pessoal, reuniões, brainstorming, acesso à base de dados etc. Variedade de requisitos A diversidade interna de uma organização deve correspon- der à variedade e à complexidade do ambiente para permitir que ela enfrente os desafios impostos pelo ambiente e também apro- veite as oportunidades. A combinação de pessoas com diferentes competências pode gerar soluções criativas. As diferenças entre as pessoas im- pedem que o grupo "caia" em soluções rotineiras para problemas. Dessa forma, como o grupo não compartilha de soluções comuns, seus membros precisam desenvolver novas ideias em conjunto ou combinar suas velhas ideias de formas novas. Cinco fases do processo de criação do conhecimento Até aqui, analisamos cada um dos quatro modos de con- versão do conhecimento e as cinco condições capacitadoras que promovem sua criação. Contudo, como se dá a criação do conhe- cimento organizacional? De acordo com Nonaka e Takeushi (1997), a construção de- senvolve-se em cinco fases: 1) compartilhamento do conhecimento tácito; 2) criação de conceitos; 3) justificação de conceitos; 4) construção de um arquétipo; 5) difusão interativa do conhecimento. É possível visualizar todo o processo da criação do conheci- mento analisando a Figura 3. 125 Claretiano - Centro Universitário © U3 – Geração do Conhecimento Fonte: Nonaka; Takeushi (1997, p. 96). Figura 3 Modelo de cinco fases no processo de criação do conhecimento. Primeira fase: compartilhamento do conhecimento tácito O processo de criação do conhecimento começa com o com- partilhamento do conhecimento tácito, que corresponde à socia- lização. Esse conhecimento mantido pelos indivíduos é a base da criação do conhecimento organizacional. Como já dissemos, a dificuldade de comunicação do co- nhecimento tácito, que é adquirido, sobretudo, pela experiência, observação e prática, não é facilmente transmitida em palavras. Torna-se, pois, uma etapa crítica da criação do conhecimento or- ganizacional. Para ser compartilhado, precisamos estabelecer a confiança mútua e um "campo" no qual os indivíduos possam in- teragir uns com os outros por meio de diálogos pessoais. Você se lembra das nossas discussões na Unidade 2? Recupere a discussão a respeito dos espaços de conversação presenciais e da necessida- de da confiança para compartilhar o conhecimento. Nonaka e Takeushi (1997, p. 98) enfatizam que um "cam- po de interação típico é uma equipe auto-organizada, na qual os membros de vários departamentos funcionais trabalham juntos para alcançar uma meta comum". A criação do conhecimento © Gestão do Conhecimento126 organizacional é potencializada pela variedade de requisitos dos membros da equipe, que experimentam a redundância de infor- mações e compartilham suas interpretações da intenção organi- zacional. Nesse sentido, a gerência instala o caos, estabelecendo, por exemplo, metas desafiadoras, e concede aos membros da equipe autonomia para estabelecer suas fronteiras. Com isso, a equipe começa a interagir com o ambiente para buscar e acumular tanto conhecimento tácito quanto explícito. De acordo com Hoffman (2009), as principais condições ca- pacitadoras que envolvem essa primeira fase são: 1) a intenção organizacional; 2) a autonomia dos trabalhadores; 3) a motivação para criatividade; 4) as metas desafiadoras; 5) a interação com o ambiente. Para exemplificar: imagine que você esteja atuando na ges- tão de TI. A sua gerência integrou-o a uma equipe que deverá de- senvolver uma solução para a organização, de baixo custo e mais eficiente do que a utilizada pela organização. Essa é, então, a meta definida (o caos) para você e para a sua equipe. Agora, vocês pre- cisam compartilhar suas experiências sobre essa questão, identi- ficando potenciais soluções dentro da equipe e levantando infor- mações existentes no ambiente da organização para estabelecer as fronteiras do conhecimento atual sobre a problemática (redun- dância de informações). Segunda fase: criação de conceitos A segunda fase do processo de criação do conhecimento corresponde à externalização, em virtude da intensa interação do conhecimento tácito e explícito. O compartilhamento do conhecimento tácito da fase ante- rior é verbalizado em palavras e frases e, finalmente, cristalizado 127 Claretiano - Centro Universitário © U3 – Geração do Conhecimento em conceitos explícitos. A conversão do conhecimento tácito em explícito é facilitada por múltiplos métodos de raciocínio: dedução, indução e abdução, emprego e uso de metáforas e analogias. Os conceitos são criados cooperativamente por meio de diá- logos. Para criá-los, os membros da equipe precisam repensar fun- damentalmente as premissas existentes. Nesse sentido, a varieda- de de requisitos ajuda a equipe fornecendo diferentes ângulos e perspectivas para a análise de um problema. Para Hoffman (2009), as principais condições capacitadoras da segunda fase são: 1) a intenção organizacional; 2) a autonomia dos trabalhadores; 3) a motivação para criatividade; 4) o acesso a grandes volumes de informação; 5) a interação com o ambiente. Como resultado dessa fase, sua equipe externaliza uma solu- ção para o problema, portanto o novo conhecimento só tem valor para a organização se for externalizado e comunicado. Terceira fase: justificação de conceitos Quando novos conceitos são criados, eles precisam ser justi- ficados em algum momento no processo. Essa justificação envolve o processo de determinação, no qual se afirma que os conceitos recém-criados valem realmente a pena para a organização e a so- ciedade. É uma espécie de filtro. Nesta fase, a organização deve verificar se a intenção orga- nizacional continua intacta e certificar-se de que os conceitos que estão sendo gerados atendem às necessidades da sociedade. Esse processo de filtragem deve ocorrerlogo após a criação do conceito. Para as organizações com fins lucrativos, os processos de fil- tragem, além da intenção organizacional, envolvem, normalmen- te, custo, margem de lucro e grau de contribuição de um produto © Gestão do Conhecimento128 para o crescimento da empresa. Segundo Hoffman (2009), as principais condições capacita- doras da terceira fase são: 1) a intenção organizacional; 2) a autonomia dos trabalhadores; 3) a motivação para criatividade; 4) o acesso a grandes volumes de informação. Quarta fase: construção de um arquétipo Um conceito justificado é transformado em algo tangível, ou melhor, em um arquétipo, que pode assumir a forma de um pro- tótipo. O processo de desenvolvimento de um novo produto e de um mecanismo ou modelo operacional (no caso de serviço ou ino- vação organizacional) são exemplos de arquétipo. Portanto os conceitos justificados são transformados em ar- quétipos, e com isso, também são explícitos; essa fase é semelhan- te à combinação. Exatamente como um arquiteto constrói uma maquete antes de iniciar uma construção, os membros da organização engajam- -se na elaboração de um protótipo do produto ou de um modelo de sistema. Essa construção de um protótipo pode ser complexa, e a cooperação dinâmica entre vários departamentos dentro da organização é indispensável. Tanto a variedade de requisitos (com- petências) quanto a redundância de informações facilitam esse processo. A intenção organizacional serve, pois, para promover a coo- peração interpessoal e interdepartamental. Na visão de Hoffman (2009), as principais condições capaci- tadoras da quarta fase são: 1) a intenção organizacional; 129 Claretiano - Centro Universitário © U3 – Geração do Conhecimento 2) a reflexão coletiva; 3) a disposição para enfrentar uma variedade de situações; 4) o acesso a grandes volumes de informação. Vamos apresentar mais uma fase para interar esse exemplo: você e sua equipe precisam construir um protótipo da solução, por exemplo, uma solução computacional, que exige o desenvolvimento de um protótipo e de alguns testes, buscando nivelar o conhecimen- to, analisar seu desempenho e potencializar a solução encontrada. Quinta fase: Difusão interativa do conhecimento A criação do conhecimento organizacional é um processo in- terminável que se atualiza continuamente, ou seja, ela não termina na quinta fase. O novo conceito, que foi criado, justificado e transformado em arquétipo, passa para um novo ciclo de criação de conhecimento e um nível ontológico diferente. Esse processo interativo e em espiral, que chamamos difusão interativa do conhecimento, ocorre tanto dentro da organização quanto entre as organizações. O conhecimento criado por uma unidade organizacional pode mobilizar outras unidades. Por exemplo, a "produção enxuta" ou "sistema Toyota de produção", reconhecido pela sua eficiência operacional na produção de carros, foi lançado pelos japoneses e rapidamente copiado pelas montadoras do mundo inteiro – esse é um exemplo claro de disseminação do conhecimento entre organi- zações. As principais condições capacitadoras da quinta fase, de acor- do com Hoffman (2009), são: 1) a intenção organizacional; © Gestão do Conhecimento130 2) a autonomia; 3) a disposição para enfrentar uma variedade de situações; 4) o acesso a grandes volumes de informação. Finalizando a exemplificação, imagine que a solução propos- ta pela sua equipe de trabalho conseguiu atingir as metas estipu- ladas. Sua disseminação pela organização poderá fazer com que outras unidades organizacionais (departamentos) utilizem essa solução. É importante frisar que a criação do conhecimento não se dá apenas em cinco fases; pode ser necessário executá-las mais de uma vez, até que ele seja realmente institucionalizado na organi- zação. O que isso significa? Imagine que sua solução de TI ainda não tenha alcançado o ponto ótimo de desempenho. Seriam necessá- rias, então, novas reflexões, ou seja, executar novamente as cinco fases do processo de criação do conhecimento, até um ponto em que a solução encontrada seja a melhor para a organização e a sociedade. As conversões do conhecimento entre esses dois formatos (tácito e explícito) constituem a essência da abordagem teórica da criação do conhecimento apresentada por Nonaka e Takeushi (1997). O Quadro 2 apresenta uma síntese dos modos de conversão e de seus facilitadores. 131 Claretiano - Centro Universitário © U3 – Geração do Conhecimento Quadro 2 Modos de conversão do conhecimento e seus facilita- dores. MODOS DESCRIÇÃO INDICADORES OU FACILITADORES SO CI A LI ZA ÇÃ O Conversão de parte do conhecimento tácito de um indivíduo no conhecimento tácito de outro indivíduo. − Ocorre diálogo frequente e comunicação face a face. − Brainstorming, insights e intuição são valorizados, disseminados e analisados (discutidos) sob várias perspectivas (por grupos heterogêneos e equipes auto-organizadas). − Valoriza o trabalho do tipo mestre aprendiz: observação, imitação e prática acompanhada por um tutor. − Há compartilhamento de experiências e modelos mentais via trabalho em equipe, redes e comunidades de prática (formação espontânea e informal entre indivíduos experientes em determinados temas). EX TE RN A LI ZA ÇÃ O Conversão de parte do conhecimento tácito do indivíduo em algum tipo de conhecimento explícito. − Representação simbólica do conhecimento por meio de modelos, conceitos, hipóteses etc., construídos por meio de metáforas, analogias, dedução, indução, fazendo uso de toda a riqueza da linguagem figurada para tentar externalizar a maior fração possível do conhecimento tácito. − Descrição de parte do conhecimento tácito, por meio de planilhas, textos, imagens, figuras e regras. − Relatos orais e filmes – contar estórias – registrar uma determinada vivência. CO M BI N AÇ ÃO Conversão de algum tipo de conhecimento explícito gerado por um indivíduo ou grupo para agregá-lo ao conhecimento explícito da organização. − Processamento de informações e conhecimentos explícitos. − Uso de protótipos/modelos. − Agrupamentos (classificações e sumarização do conhecimento). © Gestão do Conhecimento132 MODOS DESCRIÇÃO INDICADORES OU FACILITADORES IN TE RN A LI ZA ÇÃ O Conversão de partes do conhecimento explícito da organização em conhecimento tácito do indivíduo. − Leitura, visualização e estudo individual de documentos de diferentes formatos (texto, imagens, vídeo etc.) e conteúdos. − Prática individual (aprender fazendo). − Reinterpretar e reexperimentar vivências e práticas (lições aprendidas). Fonte: Silva (2008, p. 148). 7. ESTUDO DE CASO I: INDICADORES FAPESP A elaboração de indicadores a partir de publicações científi- cas e tecnológicas é um exemplo importante da geração de conhe- cimento explícito a partir de conhecimento explícito. A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) publica regularmente o estudo intitulado Indicadores de Ciência, Tecnologia e Inovação em São Paulo, que analisa o avanço da Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I) no estado e no país sob diversos aspectos, incluindo a formação de recursos humanos, o volume de recursos financeiros investidos, o número de pessoas dedicadas às atividades de CT&I e outros. Um destaque do estudo da Fapesp é justamente a elaboração de indicadores a partir das publicações científicas e tecnológicas. Tais publicações estão entre os resultados mais palpáveis dessas atividades de CT&I e incluem artigos, patentes, teses e disserta- ções, relatórios e outros. Elas representam a externalização do co- nhecimento presente nas descobertas feitas pelos pesquisadores. Os indicadores são dados quantitativos elaborados a partir da contagem de um grande número de publicações. Como as pu- blicações são resultado da atividade de CT&I, ao se contarem as publicações, épossível avaliar a situação atual e as tendências de evolução da CT&I. 133 Claretiano - Centro Universitário © U3 – Geração do Conhecimento Portanto, os indicadores são informação de alto valor agre- gado e de grande poder de síntese. Eles não são provenientes de uma publicação em particular, e, sim, expressam um conhecimen- to que surge da análise de todo o conjunto de publicações utiliza- do em sua elaboração. Esses indicadores de publicação dividem-se em três famílias: • Indicadores de produção: que revelam características dos resultados de pesquisa e são construídos pela contagem de número de publicações por ano, instituição, país, área do conhecimento etc. • Indicadores de citação: baseiam-se na contagem das cita- ções recebidas por ano, publicação, instituição, país etc. Eles refletem o impacto das publicações na comunidade científica. • Indicadores de ligação: são baseados em ocorrências de autorias, de citações e de palavras em uma mesma publi- cação para o mapeamento de conhecimento e de redes. São úteis para a análise de colaborações científicas, redes de relacionamento e mapeamento do conhecimento. A Figura 4 apresenta um exemplo de indicador de rede de re- lacionamento de instituições atuantes na área de nanotecnologia no Brasil, em que cada ponto representa uma instituição. Observe que o tamanho do ponto é proporcional ao número de publicações da instituição em nanotecnologia e os traços que conectam os pontos representam as colaborações entre as insti- tuições, sendo mais finos ou grossos de acordo com o número de publicações que as instituições ligadas têm em colaboração. A Fi- gura 4 foi elaborada com base em um conjunto de 519 publicações sem, no entanto, estar presente em nenhuma delas. A elaboração da Figura 4 é um exemplo de geração de co- nhecimento explícito (presente na própria figura) a partir de co- nhecimento explícito (presente nas publicações). © Gestão do Conhecimento134 Figura 4 Rede de relacionamento de instituições atuantes na área de nanotecnologia no Brasil. As contagens de publicações são feitas com o uso de softwa- res desenvolvidos especificamente para esse fim. A matéria-prima para o uso desses softwares são os registros bibliográficos dispo- níveis em bases de dados de publicações e patentes, como Web of Science, Scopus, SciELO, Derwent Innovations Index, entre outras. Em sua maioria, os registros bibliográficos contêm informa- ções, como título, autores, instituição e país de origem dos auto- res, assunto da publicação, ano de publicação e outros que são úteis para a elaboração dos indicadores. Com a publicação do estudo contemplando indicadores, o intuito da Fapesp é oferecer subsídios para as ações de pesquisadores, empresários e gestores de políticas de Ciência, 135 Claretiano - Centro Universitário © U3 – Geração do Conhecimento Tecnologia e Inovação, otimizando o aproveitamento da capacidade científica do país para ampliar a geração de inovações tecnológicas e o desempenho do setor empresarial em atividades de pesquisa e desenvolvimento. 8. ESTUDO DE CASO II: GUIA DE FONTES NIT/MATE- RIAIS O Núcleo de Informação Tecnológica (NIT/Materiais) da Uni- versidade Federal de São Carlos (UFSCar) é formado por uma equi- pe multidisciplinar composta de engenheiros, especialistas em informação e analistas de sistemas, além de um corpo de pesqui- sadores e técnicos da UFSCar e outros consultores. Esse núcleo atua em projetos de capacitação, desenvolvi- mento de materiais, de produtos e de processos, diagnóstico de custos, estudos setoriais, informação estratégica, inovação tec- nológica, monitoramento tecnológico, planejamento estratégico, sistemas de qualidade e outras áreas de competência associadas à competitividade e à tomada de decisão empresarial. Além disso, realiza atendimentos a pequenas, médias e grandes empresas, de forma individual ou em programas multiempresariais, envolven- do-se em vários tipos diferentes de projetos. Dada a falta de um fluxo eficiente de informações e de me- canismos que facilitassem a harmonia das relações entre os co- laboradores do NIT/Materiais, todo conhecimento produzido a respeito das fontes de informações usadas durante o desenvolvi- mento e a condução dos projetos ficava disperso em vários depó- sitos individuais. Ou seja, cada colaborador mantinha seu próprio repertório de fontes. Com isso, o compartilhamento e o aprendizado dentro do NIT/Materiais e sua competitividade eram prejudicados. Por ser uma instituição tecnológica com dinâmica de trabalho voltada ao conhecimento, buscou-se desenvolver e aplicar uma ferramenta © Gestão do Conhecimento136 que propiciasse a gestão da sua memória organizacional, relacio- nada, a princípio, com a necessidade de compartilhamento do co- nhecimento pertinente às várias fontes de informações utilizadas pelos seus colaboradores. A solução técnica para o problema foi o desenvolvimento e a aplicação de uma ferramenta desenvolvida com tecnologia da informação, com o objetivo de fornecer referências às fontes de informações pertinentes aos projetos desenvolvidos pela organi- zação, enfatizando a externalização e o compartilhamento do co- nhecimento dentro da organização. Denominada Guia de Fontes, essa ferramenta foi desenvolvi- da para atender às necessidades do NIT/Materiais, tais como: ar- mazenar e proporcionar a rápida localização de fontes de informa- ção selecionadas; facilitar a externalização e o compartilhamento de conhecimentos; evitar duplicidade de esforços na aquisição de informações e organizar as fontes de informação utilizadas nos vá- rios projetos realizados pelo núcleo. Dessa forma, a ferramenta consolidou-se para a organização como um mecanismo para o compartilhamento de conhecimento so- bre as melhores fontes de informações para o assunto pesquisado. 9. ESTUDO DE CASO III: ROUPA COM ESTILO E A PREÇO ACESSÍVEL, A FAST FASHION O fenômeno da moda rápida (em inglês, fast fashion) atingiu a Europa e agora o Brasil. Fast fashion é uma moda que dura pou- co, principalmente na vitrine. Os lojistas se abastecem de novidades semanalmente, dada a produção rápida e contínua de novidades. Trabalham com esto- que pequeno e muita diversidade de modelos, criando a sensação de que você precisa comprar a roupa já, porque ela vai acabar. E acaba mesmo! 137 Claretiano - Centro Universitário © U3 – Geração do Conhecimento Este fenômeno foi importado, pelas grandes lojas de varejo brasileiras, por exemplo, C&A, Renner, Riachuelo, Marisa e Hering, e de marcas da Europa, como a Zara e a H&M. Todas essas organi- zações são exemplos de lojas que aderiram ao fast fashion. Para dar certo, o modelo fast fashion requer coleções com- pactas, modelos novos o tempo todo e retirar das araras o que não vende e repor o que vende. As empresas que operam com a fast fashion possuem uma característica em comum, qual seja, estoques reduzidos, nos quais nem todos os números e tamanhos estão disponíveis na coleção, nem todas as cores e estampas exis- tem para cada um dos produtos. O modelo fast fashion é a salvação de pequenas lojas se- gundo Enrico Cietta, professor da Universidade Católica de Milão. Em 1998, uma pesquisa da Universidade de Stanford mostrou que 78% do faturamento das lojas vinham das liquidações. De acor- do com Cietta (ver E-Referências), com a fast fashion as pequenas lojas, abasteciam-se duas vezes por ano, quando eram lançadas as coleções primavera-verão e outono-inverno. Investiam alto, em grande volume de mercadoria. O preço colocado para as roupas também era alto. Mas o lojista vendia mesmo no fim da estação, quando precisava renovar o estoque, nas liquidações. Isso quebra qualquer tipo de planejamento financeiro. O consultor Alberto Serrentino, sócio-sênior da consultoria Gouvêa de Souza & MD, lembra que, pelo modelo de gestão eu- ropeu fast fashion, os produtos passama ser desenvolvidos por temas − em vez de coleções. Assim, o planejamento não é para meses, mas para semanas ou dias. Na italiana Motivi, conta ele, há temas novos a cada quinzena, com reposição semanal. A britânica Top Shop organiza o sortimento a partir do estilo de uso (formal, casual etc.) e renova temas dentro de cada grupo. Segundo Ser- rentino (RIBEIRO; RIBEIRO, 2007), "O importante é captar desejos do consumidor e conseguir levar isso para a produção". © Gestão do Conhecimento138 Para criar novos conceitos em moda de forma rápida, é pre- ciso um trabalho coletivo. Algumas iniciativas compreendem es- tudantes de moda que saem às ruas das metrópoles registrando (fotografando) hábitos de consumo, estilos, comportamentos e personagens interessantes que encontram, trocam as informações por intermédio de ferramentas baseadas no ambiente web. As informações compartilhadas por eles são analisadas por experts em moda, que conseguem, de forma rápida, identificar as tendências do mercado consumidor e desenvolver novos produ- tos (vestuário e calçados). Tal procedimento agiliza o processo de criação e disponibilização de produtos ao consumidor, diminuindo drasticamente o ciclo de vida do produto, principalmente sua fase de criação. Para tanto, as empresas buscam velocidade. A sueca Hennes & Mauritz (H&M) tem 21 escritórios de produção na Europa e na Ásia, com 500 pessoas coordenando 900 fornecedores. O tempo entre concepção e produto nas lojas é de três a quatro semanas. Para se ter ideia, a Arezzo, um dos ícones do fast fashion brasileiro, precisa de 45 dias. Na Zara, um modelo de sucesso, são incríveis 15 dias, seu centro criativo localizado na Espanha, tem 300 pessoas, entre designers e caçadores de tendências. Antes, as confecções copiavam, por exemplo, as roupas do desfile do Ar- mani. Hoje a moda tem de se adaptar ao que acontece no mundo, do cinema às ruas. O cliente foi incluído nesse círculo criativo de criação de novos conceitos para a moda. Este caso foi construído a partir das referências: Portal de Branding (2010), Fashion Bubbles (2012) e Estadão (2010). 10. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS A seguir, responda às questões propostas a fim de conferir seu desempenho no estudo desta unidade: 1) Qual é a diferença entre aquisição e criação do conhecimento? 2) Cite e descreva brevemente um exemplo para cada um dos processos de conversão do conhecimento: (1) socialização – de conhecimento tácito em 139 Claretiano - Centro Universitário © U3 – Geração do Conhecimento conhecimento tácito; (2) externalização – de conhecimento tácito em co- nhecimento explícito; (3) combinação – de conhecimento explícito em co- nhecimento explícito; e (4) internalização – de conhecimento explícito para conhecimento tácito. 3) Cite e descreva brevemente as cinco fases do processo de criação do conhe- cimento, de acordo com Nonaka e Takeushi. 4) Cite e descreva brevemente as condições capacitadoras para a criação do conhecimento organizacional. 5) Aponte alguns facilitadores para a criação do conhecimento. 6) Descreva as formas de aquisição de conhecimento pela organização 7) Qual é a vantagem da redundância de informações para a criação do conhe- cimento? 8) Como a organização pode incentivar o compartilhamento de informações e conhecimento? 11. CONSIDERAÇÕES Nesta unidade, foi possível compreender que a organização que deseja lidar de forma dinâmica com as mudanças no ambiente, como um organismo vivo e atuante, precisa criar informação e conhecimentos, e não apenas processá-los de forma eficiente. Além disso, vimos que os membros da organização não podem ser passivos, mas, sim, agentes ativos da inovação e comprometidos com a organização. A criação do conhecimento possibilita à organização se recriar, destruindo o sistema de conhecimento existente e encontrando novas formas de pensar e fazer as coisas, viabilizando novas oportunidades de atuação. A visão de Nonaka e Takeushi (1997) abrange o processo de aprendizagem com ênfase na criação do conhecimento, baseado na conversão do conhecimento tácito, que envolve diferentes aspectos: modos de conversão (interação entre conhecimento tácito e explícito em diferentes níveis); condições capacitadoras da criação do conhecimento, ou seja, ações que deveriam ser implementadas pelas organizações que desejam criar o novo conhecimento; e as fases do processo de criação do conhecimento. © Gestão do Conhecimento140 Concluímos esta unidade considerando que a presença do trabalho em equipe, como uma prática, é um dos fatores mais importantes que define uma organização qualificada e criadora de conhecimento nos dias de hoje. Isso ocorre porque o trabalho em equipe "propicia um contexto compartilhado, onde os indivíduos podem interagir e se engajar num constante diálogo" (NONAKA; TAKEUSHI, 1997, p. 98). 12. E-REFERÊNCIAS Sites pesquisados ESTADÃO.COM.BR. Roupa com estilo e a preço acessível, a fast fashion salvou o pequeno lojista. Entrevista com Enrico Cietta, economista italiano. 19 set. 2010. Disponível em: <http://www.estadao.com.br/>. Acesso: 19 mar. 2012. PORTAL DE BRANDING. Homepage. Disponível em: <http://www.portaldebranding.com/ v1/>. Acesso em: 10 out. 2010. QUATRO RODAS. Fiat compra 35 das ações da Chrysler. Disponível em: <http:// quatrorodas.abril.com.br/noticias/142494_p.shtml>. Acesso em: 10 fev. 2010. RIBEIRO, E.; RIBEIRO, F. Lojas brasileiras adotam "fast fashion" criado na Europa. Fashion Bubbles, 02 maio 2007. Disponível em: <http://www.fashionbubbles.com/negocios-tech- cia/lojas-brasileiras-adotam-fast-fashion-criado-na-europa/>. Acesso em: mar. 2012. UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS (UFSCar). Homepage. Disponível em: <http:// www.ufscar.br>. Acesso em: 10 fev. 2010. 13. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DAVENPORT, T. H.; PRUSAK, L. Conhecimento empresarial: como as organizações gerenciam seu capital intelectual. Tradução de Lenke Peres. Rio de Janeiro: Campus, 1998. HOFFMANN, W. A. M. Gestão do Conhecimento: desafios de aprender. São Carlos: Compacta, 2009. MAXIMIANO, A. C. A. Teoria geral da Administração: da revolução urbana à revolução digital. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2008. NONAKA, I.; TAKEUCHI, H. Criação de conhecimento na empresa: como as empresas japonesas geram a dinâmica da inovação. Rio de Janeiro: Campus, 1997. SILVA, S. L. Reflexões sobre a aprendizagem organizacional e a Gestão do Conhecimento nas organizações empresariais. In: HOFFMANN, W. A. M.; FURNIVAL, A. C. (Org.). Olhar: ciência, tecnologia e sociedade. São Carlos: Josette Monzani, 2008. TAPSCOTT, D.; WILLIAMS, A. D. Wikinomics: como a colaboração em massa pode mudar o seu negócio. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2007.
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