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Metodologia do Processo de Orientação Escolar

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UNIVERSIDADE POLITÉCNICA – A POLITÉCNICA
Instituto Superior de Humanidades, Ciência e Tecnologias
Psicologia Clinica 
Metodologia do Processo de Orientação Escolar
Amina José Antunis Faustino
Assima Jorge Jardim Cassimo
Fernanda Bacião
Isa Matos Ernesto Romão
Quelimane
2021
Amina José Antunis Faustino
Assima Jorge Jardim Cassimo
Fernanda Bacião
Isa Matos Ernesto Romão
Psicologia Clinica
Metodologia do Processo de Orientação Escolar
Trabalho de pesquisa apresentado ao Instituto Superior de Humanidades, Ciências e Tecnologias de carácter avaliativo para a disciplina de Aconselhamento e Orientação Escolar
´
Docente: MSc. Belgica Leyva V. Harrison
Quelimane
2021
Índice 
1.	Introdução	1
2.	Objectivos	2
2.1.	Objectivos Geral	2
2.2.	Objectivos Específicos	2
3.	Orientação escolar	3
3.1.	Principais Objectivos da Orientação Escolar	5
3.2.	Orientador Escolar	5
3.2.1.	Funções do orientador Escolar	6
4.	Metodologia do Processo de Orientação Escolar	8
4.1.	Metodologia	8
4.1.1.	Triagem	8
4.1.2.	Encontros com a criança	9
4.1.3.	Contacto com a escola	10
4.1.4.	Novos contactos com pais ou responsáveis	11
4.1.5.	Contacto com outros profissionais	13
4.1.6.	Entrevista devolutiva	13
4.1.7.	Acompanhamento	14
5.	Orientação Vocacional e Profissional	14
6.	Conclusão	16
7.	Referências	17
1. Introdução
A Escola é, sem dúvidas, um dos ambientes mais importantes na vida de crianças e adolescentes, afinal, é nesse local que eles passam grande parte do tempo. Por isso, durante esse processo de desenvolvimento, é natural que surjam obstáculos, os quais podem ser contornados por meio da orientação escolar.
Dentro do meio escolar, o orientador educacional desempenha um leque de funções que visam favorecer, cada vez mais, o aprendizado dos alunos. Por isso, a instituição de ensino que valoriza esse processo alcança resultados bastante significativos.
 A Orientação Escolar e Profissional tem, dentre seus objectivos, o auxílio no planeamento de um projecto profissional, visando promover a reflexão sobre possíveis carreiras para um indivíduo com base no levantamento de suas características pessoais e de informações ocupacionais. 
2. Objectivos
2.1. Objectivos Geral
· Compreender e conhecer como é feita a orientação escolar e quais são os métodos usados na orientação dos alunos
2.2. Objectivos Específicos
· Conhecer o papel do orientador escolar;
· Saber os procedimentos usados na orientação vocacional
· Conhecer as funções da orientação escolar
3. Orientação escolar
Para Pimenta (1991), a escola é um ambiente em que se adquire valores, tendo profissionais com uma visão de totalidade sobre a prática coletiva num trabalho orientado na relação professor/aluno, com professores e coordenadores pedagógicos que saibam qualificar o ensino (Bugone, Dalabetha, & Bagnara, 2016). 
O acto de ensinar é complexo por si na medida em que é preciso ensinar numa população desconhecida [...] A presença do Pedagogo na escola é útil porque ele possui um repertório de conhecimentos que pode ajudar a equipe da escola no cumprimento da sua função. Estes conhecimentos precisam estar articulados no processo ensino aprendizagem com objetivos sócios políticos (PIMENTA, 1991, p. 178).
A orientação escolar é um conjunto de ações elaboradas para promover a integração de todas as partes envolvidas nesse processo, de modo a fomentar o desenvolvimento dos alunos em cada um de seus aspectos. Assim, esse processo ultrapassa os limites dos conteúdos curriculares para colaborar, também, com a formação de cidadãos conscientes dos seus direitos e deveres na sociedade (Eleva Plataforma, 2020). 
Com o tempo, a orientação educacional se tornou mais completa, passando a se preocupar com a formação do aluno como um cidadão, e não só em relação ao seu futuro profissional. Por esse motivo, o orientador precisa estar atento tanto aos alunos quanto ao corpo docente e ao restante da comunidade escolar (Eleva Plataforma, 2020).
Além disso, a orientação escolar é fundamental na mediação de conflitos, para contornar questões de indisciplina e para ajudar a lidar com as limitações de cada aluno em relação ao ritmo de aprendizagem, por exemplo. Assim, a instituição de ensino foca em um desenvolvimento pleno, levando em conta o caráter intelectual, social, político, moral e emocional do estudante (Eleva Plataforma, 2020).
Na prática, os orientadores educacionais mantêm contato frequente com os alunos, dentro e fora da sala de aula, incentivando sua autonomia na vida escolar e a boa convivência entre o grupo. No que se refere aos educadores, os orientadores podem discutir a situação de cada aluno e propor intervenções para melhorar o seu aprendizado (Eleva Plataforma, 2020).
Em relação às famílias, esses profissionais participam das reuniões de pais e também de conversas individuais, — eventualmente requisitadas pelos responsáveis, ou até mesmo pelo colégio. Desse modo, a orientação escolar participa de todos os aspectos que envolvem a experiência estudantil das crianças e dos adolescentes (Eleva Plataforma, 2020).
Para (Tresinari, 2009), a Orientação, hoje, está mobilizada com outros fatores que não apenas é unicamente cuidar e ajudar os "alunos com problemas". Há, portanto, necessidade de se inserir em uma nova abordagem de Orientação, voltada para a "construção" de um cidadão que esteja mais comprometido com seu tempo e sua “gente”. Actualmente, pretende-se trabalhar com o aluno o desenvolvimento do seu processo de cidadania, trabalhando a subjetividade e a intersubjetividade, obtidas através do diálogo nas relações estabelecidas.
Como afirma Ferreira (1993):
É pelo diálogo que os homens, nas condições de indivíduos cidadãos, constroem a inteligibilidade das relações sociais. Trata-se, pois, de eliminar tudo aquilo que possa prejudicar a comunicação entre as pessoas, pois só através dela se pode chegar a um mínimo deconsenso. ( ... ) A cidadania aparece como o resultado da comunicação intersubjetiva, através da qual indivíduos livres concordam em construir e viver numa sociedade melhor (p.17-18).
Grandes partes das crianças que procuram atendimento psicológico são encaminhadas pela escola porque apresentam dificuldades no seu processo de escolarização. O atendimento psicológico tradicional, além de demorado, foca os mecanismos intrapsíquicos e as relações familiares, excluindo processos e práticas escolares que participam da produção e manutenção das dificuldades apresentadas pela criança na escola (Freller, et al., 2001).
Os instrumentos privilegiados são o psicodiagnóstico e a psicoterapia.
Sabe-se que as dificuldades enfrentadas pelas crianças na escola são fenômenos produzidos por uma rede de relações que inclui a escola, a família e a própria criança, em um contexto socioeconômico que engendra uma política educacional específica. Desta forma, todos os segmentos devem ser incluídos no processo de atendimento, apresentando sua versão sobre o problema, refletindo, contextuando e buscando soluções diversas para cada caso (Freller, et al., 2001).
Neste sentido, fez-se necessário desenvolver um modelo de atendimento focal e breve, que ajudasse pais, crianças e escola a problematizar as dificuldades enfrentadas no decorrer do processo de escolarização da criança, buscando alternativas e soluções.
Partimos da ideia de que o atendimento deve priorizar o trabalho com as questões relacionadas aos problemas escolares, assinalando e encaminhando os casos em que a problemática é mais diversificada e complexa. Para tanto, o psicólogo deve se adaptar às necessidades de cada caso, propondo um definição e uma metodologia de trabalho específicos para cada dinâmica e singularidade que se apresente.
3.1. Principais Objectivos da Orientação Escolar
De forma mais directa, é possível determinar que um dos principais objectivos da orientação escolar é auxiliar o aluno a se adaptar ao meio que o cerca. Assim, esse processo dá o suporte necessário para ele se reconhecer como um indivíduo que faz parte de um coletivo (Eleva Plataforma, 2020).
Por conseguinte, o estudanterecebe o apoio que precisa para superar dificuldades de aprendizagem, melhorando seus resultados escolares e construindo o caminho rumo à continuação dos estudos. Enquanto isso, ele também ganha consciência de si mesmo e do lugar que ocupa na sociedade (Eleva Plataforma, 2020).
3.2. Orientador Escolar
Orientador Escolar (OE) é o profissional que actua em vários contextos e situações referentes à prática pedagógica educativa, a qual precisa ser colaborativa e participativa, adequada às funções da escola para se constituir num trabalho interativo entre professores, estudantes, pais e comunidade escolar baseado na ética e no diálogo, respeitando diversidade a social e cultural (Bugone, Dalabetha, & Bagnara, 2016).
Na escola o OE é um dos profissionais da equipe de gestão, que trabalha diretamente com os estudantes, ajudando-os em seu desenvolvimento pessoal em parceria com os professores, para que se possa compreender o comportamento dos estudantes e agir de maneira adequada com relação a estes comportamentos. Também, tem como função ajudar na organização e desenvolvimento do projeto político pedagógico com os estudantes e comunidade, orientando, ouvindo e dialogando com pais e responsáveis (Bugone, Dalabetha, & Bagnara, 2016).
De acordo com o exposto, é interessante refletir sobre o que Souza (2010, p. 13) citando Martins (1984), destaca: 
O Orientador ao elaborar seu planeamento precisa detectar quais são as reais perspectivas da família em relação à programação que a escola e o serviço de orientação educacional vão oferecer ao educando, neste sentido deve-se levantar dados de quais as reais possibilidades de assistência e participação dos pais na vida escolar dos filhos. 
Dito isso, é importante que o OE construa um elo de ligação entre a escola e a família, sempre ouvindo o que a família tem a dizer, fazendo com que ela se sinta acolhida e compreendida, que ela possa participar das decisões da escola, e assim, partindo da realidade dos estudantes, planejar suas intervenções de forma adequada para cada situação, levando em consideração que nenhuma família é igual a outra (Freller, et al., 2001).
3.2.1. Funções do orientador Escolar 
a) Coordenar o processo de sondagem de aptidões interesses e habilidades do educando. Esse processo não é tarefa exclusiva do Orientador Educacional mas é por ele coordenado, é um trabalho de importante relevância, uma vez que viabiliza o diagnóstico geral dos educandos, ressaltando que se entende a sondagem de aptidões como a exploração de características não só quanto às aptidões, mas incluindo também os interesses e características físicas, sociais e emocionais. Esse processo pode ser realizado de forma individual, grupal, por amostragem para tabulação. 
b) Coordenar o processo de informação educacional e profissional. Aqui se faz de grande relevância que o Orientador Educacional colete, pesquise e busque o máximo de informações possíveis sobre o aluno, a comunidade e o mundo do trabalho articulando tais informações de forma contextualizadas. Tendo sempre em vista a autonomia do educando no processo de escolha. 
c) Sistematizar o processo de coleta, registro e intercâmbio de informações necessário ao conhecimento global do educando. É fundamental que o Orientador Educacional tenha todos os registros do desenvolvimento do seu trabalho, assim como os resultados de forma sistemática e continua, e que sejam organizados por série, turno e ano, de cada aluno. Ao passar de um ano para outro é importante que todos esses dados sejam tabulados para arquivo uma vez que o processo de ensino e aprendizagem não é realizado de forma fragmentada e sim continua. A tabulação da coleta de dados é fator importantíssimo no acompanhamento do Orientador Educacional aos alunos uma vez que possibilita a organização e obtenção de dados concretos da realidade escolar. 
d) Sistematizar o processo de acompanhamento dos alunos encaminhados a outros especialistas aqueles que exigirem assistência especial. Este processo de acompanhamento é responsabilidade coletiva de todos os educadores. Toda a escola deve oferecer um clima propício ao desenvolvimento do aluno como pessoa. Quanto ao Orientador Educacional cabe sistematizar o processo de acompanhamento que é feito por todos.
e) Promover atendimento ao professor, ao aluno e a família, individualmente e ou em grupo, aplicando técnicas adequadas; Nesse sentido o Orientador Educacional deve ter muito cuidado, de que sua prática seja vista de forma isolada da dinâmica escolar e sua função confundida com a de psicólogo ou aconselhador. Portanto deverá primar pelos trabalhos coletivos e interdisciplinares.
f) Coordenar o processo de escolha, acompanhamento e orientação de representantes de classe e de professores orientadores de turmas; Durante o processo de escolha, é fundamental que o Orientador realize um trabalho de conscientização sobre as atribuições dos representantes de turmas e do professor Orientador, registrando todo o processo e formalizando-o. Vale ressaltar que o acompanhamento deverá ser realizado durante todo o ano letivo, a fim de subsidiar a atuação dos mesmos assim como verificar se a respectiva actuação corresponde ao perfil pré-estabelecido.
4. Metodologia do Processo de Orientação Escolar
4.1. Metodologia
Não havendo um procedimento-padrão para o atendimento de todos os casos, o psicólogo deve estruturar o seu trabalho tendo como parâmetros os seguintes objetivos:
· Escutar as versões apresentadas pelos diversos personagens envolvidos no problema;
· Proporcionar a circulação dessas informações, facilitando a comunicação entre os diversos personagens;
· Facilitar a utilização, por pais, professores e alunos, de dados e informações para reapresentar e refletir sobre suas questões, que antes apareciam de forma sintomática, sem encontrar registro no código linguístico; e permitir que as questões envolvidas nas dificuldades enfrentadas no processo escolar de uma determinada criança possam ser expressas, problematizadas, simbolizadas e elaboradas; 
· Propiciar para a criança oportunidade para expressar, formular e se apropriar de suas questões, falando e conversando abertamente sobre os problemas que enfrenta, sobre suas angústias e defesas (outros canais, além da palavra, também são considerados instrumentos valiosos de expressão, simbolização, reorganização, abertura de novos sentidos, de questões fundamentais para a criança; isso facilita a transformação da angústia em pensamento, na relação com o outro, de forma criativa);
· Apresentar aos pais, criança e escola, ideias sobre a problemática apresentada, recortes insuspeitos, orientação para a vida cotidiana.
· Potencializar à Escola a assunção de seu papel, o uso de seus recursos para lidar com a criança e o conhecimento do que a problemática apresentada revela do funcionamento escolar e do que deve ser mudado para o benefício da qualidade de ensino.
4.1.1. Triagem
Em grupo ou individualmente, os pais ou responsáveis pelas crianças/adolescentes com queixa escolar são convidados a apresentar sua versão do que está acontecendo e do processo que culminou em seu encontro connosco. Contam brevemente a história pessoal e escolar de seu filho – ilustrada por seu material escolar, que sempre pedimos que tragam - assim como falam sobre as preocupações e dificuldades que enfrentam (Freller, et al., 2001).
Mais que uma simples apresentação, já se trata de um momento de elaboração, pois colocamos perguntas que interferem na composição do quadro que se desenha e refletimos conjuntamente sobre o que se apresenta, como entender e quais práticas e procedimentos poderiam/deveriam ser experimentados, mudados ou suprimidos (Freller, et al., 2001).
Quando em grupo, convidamos todos a participarem da discussão de cada caso, fazendo perguntas, refletindo conjuntamente e sugerindo recursos. Os grupos têm-se mostrado bastante ricos, pois ocorrem identificações, atos de solidariedade e discussões de temas comuns. Apesar de acontecer em um único encontro, a triagem proporciona momentos significativos e agilizao funcionamento (Freller, et al., 2001).
Desse momento em diante, diferentes caminhos podem ser tomados:
a) Dado o caráter já elaborativo e de orientação da triagem tal qual a realizamos, é relativamente comum haver casos que se encerram nesse momento inicial, pois os pais mudam sua visão da situação, sentem-se orientados ou percebem que a situação não é tão grave quanto imaginavam.
b) Procede-se ao encaminhamento para outros processos/serviços que não a Orientação em Queixa Escolar: fona audiologia, aulas particulares, psicoterapia e outros. Sempre nos responsabilizamos pelo encaminhamento feito e acompanhamos periodicamente o que acontece por um ano. Ficamos à disposição para o caso de o encaminhamento não ser bem-sucedido.
c) Recorre-se à Orientação em Queixa Escolar
Caso o caminho escolhido tenha sido este último, os passos seguintes são:
4.1.2. Encontros com a criança
Segundo (Freller, et al., 2001), propomos desde o início uma situação em que ela possa colocar-se como um ser pensante, ativo e criativo. Assim, conversamos claramente sobre o que está acontecendo, procuramos conhecer a sua versão sobre o motivo de estar ali e oportunar o afloramento de seu olhar à situação que está vivendo. 
Embora não haja uma padronização da conduta, já que consideramos cada caso em sua singularidade, alguns procedimentos é corrente: análise e discussão, juntamente com a criança, de seu material escolar; elaboração de uma retrospectiva de seu percurso escolar; o pedido de que nos a aspectos quaisquer (Freller, et al., 2001).
Procuramos oferecer-lhe um espaço em que possa esboçar gestos espontâneos e interagir com a cultura de forma significativa e pessoal. Valorizamos essa experiência como potencialmente capaz de propiciar à criança um movimento no sentido de seu desenvolvimento e da superação da problemática em questão (Freller, et al., 2001).
Nestes encontros, frequentemente é utilizado material lúdico e gráfico, que facilita a comunicação e permite o reconhecimento de habilidades diversas, como memória, concentração, coordenação motora e cognição. Embora esse processo com a criança não seja previamente definido em um número fixo de encontros, ele nunca acontece em menos de dois e não costuma passar de quatro, sem contar a entrevista devolutiva.
4.1.3. Contacto com a escola
A entrevista com a professora mostra-se imprescindível em situações relacionadas a queixas escolares. De acordo com as possibilidades do profissional e com as circunstâncias de cada caso, é importante que se realize uma observação em sala de aula, antes da entrevista com a professora, para se verificar aspectos como a dinâmica de funcionamento do grupo, didática utilizada, relacionamento adulto-criança e criança-criança, vocabulário empregado pela professora, interesse, motivação, etc. Na avaliação psicológica de uma criança, o posicionamento desta no grupo, o relacionamento com a professora e atitudes diante das tarefas propostas merecem uma maior atenção (Silva, Ribeiro, & Marçal, 2004).
Após a observação, o psicólogo tem alguns elementos para auxiliá-lo no entendimento do caso, considerando as formas de inserção da criança no contexto escolar e também a conduta da professora em relação à criança. Pode-se, então, verificar a coerência entre aquilo que foi observado e as respostas dadas pela docente na entrevista (Silva, Ribeiro, & Marçal, 2004).
O conteúdo a ser abordado na entrevista depende do tipo de queixa que se pretende investigar. É importante permitir à professora falar livremente sobre a criança que está sendo avaliada e as intervenções no fluxo narrativo devem ocorrer se for necessário esclarecer e/ou aprofundar questões que não estejam muito claras e para introduzir tópicos ainda não mencionados, mas que se mostrem fundamentais para a compreensão de toda a situação.
Cabe ressaltar que a entrevista é apenas um dos instrumentos para a compreensão da situação que está sendo investigada, necessitando ser complementada, de acordo com cada caso específico, com observações e pareceres de outros profissionais que porventura estejam envolvidos no caso.
Para (Freller, et al., 2001), nossa abordagem sempre leva em conta a natureza escolar da queixa, ao invés de deixá-la de lado e partir para explorar conflitos intrapsíquicos e familiares, como ocorre nas abordagens psicológicas tradicionais. Assim, priorizamos o contato – pessoal, sempre que possível, ou pelo telefone - com professores, coordenador pedagógico e/ou diretor para conhecermos suas versões a respeito da história pessoal e escolar daquele aluno, das dificuldades enfrentadas, das tentativas realizadas pelo professor para lidar com as questões observadas, além da dinâmica institucional da escola.
Procuramos nesta conversa não só colher dados, mas trabalhar junto à escola a ideia de que o problema enfrentado pela criança é também um problema da instituição, a qual, por isso pode e deve implicar-se na situação em questão, assim como na busca de melhores soluções. Colocamo-nos como parceiros nesta busca, portadores de mais uma das versões existentes sobre a situação. Deste trabalho em conjunto resultam sugestões e orientações ao professor e à escola sobre como têm exercido e podem exercer seu papel nesta trama (Freller, et al., 2001).
Em geral este processo acontece em dois ou três contatos.
4.1.4. Novos contactos com pais ou responsáveis
A entrevista com pais ou responsáveis faz parte de todo processo avaliativo da criança, independentemente do tipo de encaminhamento. É essencial por propiciar o entendimento do desenvolvimento como um processo global e permitir compreender dialeticamente o impacto e o sentido da queixa na dinâmica familiar e suas inter-relações com a escola. Além de se utilizar um roteiro de anamnese que procure contemplar os diversos aspectos do desenvolvimento infantil, é fundamental entender o modo de funcionamento da família, a inserção da criança neste contexto e o significado da escolarização para esse grupo (Silva, Ribeiro, & Marçal, 2004).
Sendo assim, o entrevistador deve estar atento a algumas questões, como: de que forma a família traz a queixa e como esta é relatada; qual o sentido da dificuldade apresentada; que causas são atribuídas ao “problema” (se sentem-se culpados ou dão outras explicações); as relações estabelecidas com a escola, em especial com a professora da criança; como abordam o processo de escolarização da criança e quais as expectativas em relação ao trabalho do psicólogo (Silva, Ribeiro, & Marçal, 2004).
A observação e a compreensão destes pontos permitem a visualização da estrutura desta família, de como a queixa é recebida e se é ou não assimilada e o(s) papel(éis) atribuído(s) a cada membro do grupo. Essa entrevista pode ser realizada em mais de um encontro, dependendo das informações levantadas pelo profissional (Freller, et al., 2001).
Atentar para o discurso utilizado pela família é muito importante, pois é pela sua leitura que podemos entender o caso. Por exemplo, quanto à funcionalidade do não aprender para a família, Fernández (1990) afirma que existem crianças que apresentam um mau rendimento escolar para conseguir certa legitimidade. Isso pode ser constatado em falas como: Meu filho se parece comigo, pois assim como eu, não consegue aprender na escola, Será como o pai, caminhoneiro (Silva, Ribeiro, & Marçal, 2004).
Para (Silva, Ribeiro, & Marçal, 2004), afirmam que momento da entrevista deve ser um espaço em que a família possa ser ouvida, podendo ter condições de sentir-se acolhida em suas ansiedades, angústias, raivas, medos etc., pois somente assim poderá ter confiança para mostrar-se, expondo questões que são singulares ao seu contexto de vida. Ressalta-se, porém, que em várias situações, a criança é cuidada pela avó, que por diversos motivos (como dificuldades de locomoção, por exemplo) nem sempre pode comparecer ao encontro marcado pelo psicólogo. Houve ocasiões em que foi preciso que o estagiário de psicologia fosse à casa da criança, para entrevistar a avó.
4.1.5. Contacto com outros profissionais
Contatamosmédicos, fona audiólogos, psicopedagogos ou outros profissionais que estiveram ou estão envolvidos no caso (Freller, et al., 2001).
4.1.6. Entrevista devolutiva
Considera-se que a entrevista devolutiva deve ser vista como uma oportunidade de comunicação com a criança, a família e a escola. Pode ter um alcance por bastante tempo após sua realização, de acordo com a elaboração das pessoas envolvidas sobre o que foi vivenciado. Mesmo após o término da avaliação, novas situações, relacionadas à queixa, podem ser experienciadas sob uma outra perspectiva.
Nessa ocasião, existe a oportunidade de reflexão sobre o caso e sobre a própria experiência de avaliação psicológica. Não raras vezes, pais, professoras e crianças chegam até a atingir uma profunda compreensão sobre a origem dos conflitos e dificuldades que estão enfrentando, podendo pensar, junto com o profissional, em alternativas que possam ajudá-las.
Para (Silva, Ribeiro, & Marçal, 2004), na devolutiva com a professora, as informações mais relevantes sobre a criança e sua família somente são apresentadas quando relacionadas às questões da escolarização. Não há necessidade de se revelarem certos pormenores que dizem respeito à intimidade daquele grupo familiar e que só serviriam para expor injustificadamente o aluno. É necessário que sejam enfocados os pontos em que a escola pode colaborar com a criança no seu desenvolvimento pessoal, incluindo os fatores cognitivos, os emocionais e os referentes ao processo de socialização. As questões pedagógicas, que forem relacionadas aos aspectos psicológicos, também merecem ser abordadas: podem estar vinculadas tanto às dificuldades apresentadas pelo aluno como à superação das mesmas.
Na devolutiva com os pais ou responsáveis, também são abordadas as questões mais importantes verificadas na avaliação com a criança, observações na escola e entrevistas com a professora. Os pais são chamados a refletir sobre o entrelaçamento de questões que acabam gerando uma determinada dificuldade para a criança, e sobre a importância do meio em que vive para o seu desenvolvimento. A criança também participa da entrevista devolutiva, acompanhada ou não pela família, de acordo com cada caso. É importante que a criança tenha a oportunidade de participar desse processo, sendo considerada como ativa em todas as situações. É fundamental que, amparados pelo entrevistador, os indivíduos possam encontrar soluções para os seus desafios pessoais com o máximo de autonomia e sintam que as soluções para os seus problemas lhes pertencem, porque quanto mais isso ocorrer, menor é o risco de idealização do psicólogo (Silva, Ribeiro, & Marçal, 2004).
Por fim, é na entrevista devolutiva que se discutem os encaminhamentos para o caso, buscando contemplar as necessidades da criança e as possibilidades disponíveis e concretas de ajuda. Procura-se envolver sistematicamente a família e a escola em alternativas que possam efetivamente colaborar nesse processo, considerando que o ambiente tem sempre um papel fundamental no desenvolvimento psicológico humano (Silva, Ribeiro, & Marçal, 2004).
4.1.7. Acompanhamento
Procuramos acompanhar a evolução do caso, solicitando que nos sejam dados retornos e colocamos nossa disponibilidade em retomar o atendimento se efeitos benéficos não se produzirem.
5. Orientação Vocacional e Profissional
A orientação vocacional e profissional é uma especialidade que busca dar resposta às indecisões que surgem em adolescentes, jovens e adultos quanto ao sentido a dar à sua carreira académica e/ou profissional (Bengo, 2017). 
Trata-se de uma área que procura dar resposta às necessidades identificadas pelo indivíduo, fazendo uma avaliação que permita analisar seus interesses ou motivações, por um lado e, por outro, suas aptidões, ou seja, aquilo para que tem mais facilidade em aprender (Bengo, 2017).
A Orientação Profissional fornece subsídios que facilitam a realização de uma escolha consciente posteriormente ao Ensino Médio, ajudando o estudante a encontrar uma identidade pessoal e profissional (Araújo, Freire, & Almeida, 2019).
A educação para a carreira, é uma modalidade de orientação profissional inserida no contexto escolar e desenvolvida de forma sistemática em vários países, com o objetivo de relacionar educação, trabalho e carreira desde a primeira infância. A justificativa para tais programas deve-se às mudanças nas exigências do mundo do trabalho contemporâneo, bem como paradigmas teóricos e, consequentemente, na intervenção na área da orientação de carreira desde as últimas décadas do século passado. (LEVENFUS, 2016, p.41)
Segundo Papalia e Feldman (2013), é no início da vida adulta, aos dezasseis (16) anos, que o adolescente começa a formar sua maturidade psicológica, descobrindo sua própria identidade, adquirindo responsabilidades, estabelecendo novos relacionamentos e tomando decisões independentes. Portando o início da vida adulta é o momento em que os jovens podem se conhecer, descobrindo seus gostos, personalidades e habilidades, assim se autoconhecendo (Araújo, Freire, & Almeida, 2019).
O processo de orientação vocacional e profissional é conduzido através de entrevistas cujo objectivo é recolher informação sobre o historial do indivíduo e, nomeadamente, sobre o seu percurso escolar e/ou profissional (Bengo, 2017).
O restante processo de orientação é realizado em três ou quatro sessões (em alguns casos poderão ser necessárias mais sessões)  onde, através da aplicação de diferentes provas estruturadas, se traça o perfil vocacional do indivíduo (Bengo, 2017).
Para (Bengo, 2017), as avaliações têm por objectivo sondar os interesses do adolescente, jovem ou adulto, o que nos indica as áreas que serão mais motivantes para si, as suas aptidões, ou seja, quais as funções de aprendizagem ou capacidades para desempenhar determinado tipo de tarefas que ele tem mais desenvolvidas. É ainda avaliado o seu perfil cognitivo, que nos indica qual o seu estilo cognitivo preferencial. 
No final do processo de avaliação é entregue um relatório que contém a construção gráfica do perfil do indivíduo, assim como a delineação de um projecto académico e/ou profissional, onde se sugerem cursos, formação e/ou áreas de estudo ou profissionais (Bengo, 2017).
6. Conclusão 
No decorrer desta pesquisa, pode-se perceber que escola e família precisam trabalhar sempre juntas: a família interfere directamente no desenvolvimento dos estudantes na escola, pois é na convivência familiar que o mesmo aprende muitas coisas, e consequentemente carrega-as consigo. Por isso, para que se possa alcançar resultados satisfatórios e formar sujeitos conscientes de seu papel na sociedade é preciso uma parceria entre as duas, uma colaboração mútua. Em contrapartida, a escola precisa potencializar nos estudantes o acesso e a produção do conhecimento, para que o processo de socialização secundária possa ser desenvolvido em sua plenitude. Porém, essa parceria nem sempre existe, dificultando em muitos casos significativamente o trabalho da escola. 
Para que a escola consiga cumprir com seu papel, é muito importante ter um Orientador Escolar actuante, com formação e a preparação exigida para o cargo. Ainda, é necessário que tenha clareza acerca da compreensão de sua função no espaço escolar, assim como, a escola precisa ter clareza sobre o papel e as funções do Orientador Escolar, tendo ele como uma peça significativa, em que sua participação influencia e muito na busca por uma educação escolar e uma escola de qualidade. 
Referências
Araújo, D., Freire, A. O., & Almeida, S. (2019). O PROCESSO DE ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL COM ALUNOS DO ENSINO MÉDIO DE UMA ESCOLA EM FORTALEZA. Fortaleza.
Bengo, D. (2017). Guia Prático de Orientação Vocacional e Profissional. Obtido em 17 de Agosto de 2021, de Academia: https://www.academia.edu/37276328/Guia_Pr%C3%A1tico_de_Orienta%C3%A7%C3%A3o_Vocacional_e_Profissional
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