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CASOS CLÍNICOS Lara Camila | 4º Semestre CASO 1 Paciente 15 anos, sexo feminino, com queixa de “coluna torta” em piora progressiva há 1 ano. Menstrua desde os 13 anos de idade. Nega trauma prévio. Outras perguntas importantes a serem feitas no caso: Sente alguma dor? Rigidez? Limitação dos movimentos? Lembrar: a menstruação é um fator importante devido à maturidade esquelética. O fato de a menina já estar menstruando, indica que há uma estabilidade do crescimento ósseo (o crescimento ósseo está acontecendo, no entanto, a paciente já se encontra fora do pico da curva de crescimento). Portanto, não precisamos mais temer uma progressão ruim do caso. ➢ Hipótese diagnóstica: escoliose A escoliose pode ter como causa posturas viciosas, mas através das fotos é possível observar que a curvatura está muito acentuada. Nesse caso, não temos uma escoliose associada à postura viciosa, mas sim a um componente genético/causa idiopática. Influência genética X Deformidade congênita A deformidade congênita se manifesta aos 2 ou 3 anos de idade; já a influência genética, apesar de estar no DNA da paciente, só se manifesta a partir dos 8 anos de idade. Exame físico direcionado 1- Inspeção 2- Palpação 3- Manobras específicas ou movimentos ativos e passivos; Lembrar: o exame físico deve ser realizado com o paciente despido, utilizando apenas roupas intimas. Na inspeção avaliamos o paciente de frente, de costas, perfil, em decúbito dorsal/ventral, sentado e em pé. Nesse momento, devemos avaliar: 1- Diferença de altura das escápulas; 2- Assimetria dos ombros; 3- Gibosidade 4- Claudicação 5- Diminuição de força 6- Projeção dos seios 7- Ângulo do triangulo que se forma entre o braço e a lateral do tronco; Na palpação é necessário palpar as facetas, verificar se há algum deslizamento (espondilolistese), se há dor intensa à palpação e se existe rigidez. Avaliar, sempre, o ângulo de Cobb. Exames complementares Radiografia panorâmica da coluna em AP e perfil para avaliar o ângulo de Cobb; ➢ Ângulo de Cobb -> a avaliação deve ser feita em plano coronal e utiliza o ápice da vertebra superior e inferior, traçando uma linha perpendicular a cada vertebra e, em seguida, uma linha perpendicular á cada linha da vértebra. Assim, essas linhas se encontrarão e formarão o ângulo de Cobb. Lembrar: a curva da escoliose é tridimensional -> encurta, torce e faz o S. Tratamento O tratamento é cirúrgico quando a curva é a partir de 40º (ângulo de Cobb). Emergência cirúrgica x Urgência cirúrgica Emergência significa que o procedimento vai salvar a vida do paciente e, por isso, esse paciente precisa ser operado em até 6h. Urgência significa que a cirurgia deve ser realizada em até 24h. Ex: casos de perda repentina e aguda de força muscular provocada por uma instabilidade na curva da escoliose; trauma que fez uma espondilolistese que gerou manifestações cirúrgicas etc. CASO 2 Paciente 3 dias de vida, sexo feminino, nascido de parto normal e pélvico. Complicação: retirado a fórceps; Ao exame físico inicial: não movimenta o cotovelo esquerdo e nem a mão esquerda; Fórceps -> é um instrumento utilizado na medicina obstetrícia para auxiliar a retirada de um feto por alguma razão em que a contração natural não é suficiente para o parto; geralmente é utilizado quando o bebê é muito grande ou em casos de parto de risco. Devido ao uso do fórceps, podemos pensar em um tocotraumatismo. No entanto, outras situações também podem causar esse quadro e, por isso é necessário ter informações sobre o pré- natal gestacional. Outras perguntas importantes a serem feitas no caso: a mãe tem histórico de HTLV, sífilis...? Essa criança não movimenta porque não tem força ou não movimenta porque o membro está rígido? Histórico de febre, edema, sinais flogisticos (dor/calor)? Casos semelhantes na família? (Se sim, pensar em algo congênito). HTLV na mãe pode causar diminuição da força na criança; sífilis congênita pode trazer manifestações osteoarticulares no bebê – quando não trata na gestante, passa para o bebê e pode causar osteomielite, neuropatias etc. ➢ Hipótese diagnóstica: lesão do plexo braquial intermediário ou baixo; Paralisia de Erb-Duchenne (C5-C6 lesões altas); Paralisia de Klumpke (lesões baixas); Diagnósticos diferenciais Pseudoparalisia por fratura de clavícula: provoca uma paralisia próxima ao plexo braquial. Portanto, é o primeiro e mais importante diagnóstico diferencial. Para excluir o diagnóstico diferencial, avaliamos o exame físico!!!! Exame físico 1- Inspeção 2- Palpação 3- Manobras Na inspeção, é necessário avaliar: 1- Alteração de partes moles; 2- Saliência no ombro representando desvio de clavícula; 3- Quente/vermelho na região da clavícula? 4- A mão está descamativa? 5- O dedo tem dobrinhas ou é liso? Na palpação, devemos palpar a clavícula e se ela der uma ressalva e a criança chorar, há uma fratura. Na lesão do plexo braquial a criança não sentirá dor à palpação. É necessário realizar movimentos passivos no bebê e testes para avaliar os reflexos primitivos esperados em crianças de até 3 meses de vida. 1- Reflexo de pressão plantar ou palmar: o examinador posiciona o dedo na palma da mão da criança e, como resposta, a criança flexiona os dedos. A ausência do reflexo de pressão plantar ou palmar podem indicar gravidade neurológica ou perda da função. 2- Reflexo de Moro: simula uma situação de perigo para o bebê; nesse momento, espera-se que os músculos do braço do bebê reajam de forma protetora. Se o bebê tiver alteração no braço, esse reflexo estará ausente. 3- Sinal de Tinel: percurte o nervo mediano; confirma lesão do plexo braquial. Alguns bebês manifestam o reflexo de Moro juntamente com o sinal de Tinel positivo, pois se assustam com o reflexo da percussão. A criança tem lesão em C7, C8 e T1; C7 – Tronco médio: afeta o fascículo posterior – nervo radial comprometido. C8 T1 – Tronco inferior: afeta o fascículo posterior e medial – nervo mediano e ulnar comprometidos. Lesão de plexo braquial baixa indica prognóstico ruim, no entanto, tem uma funcionalidade boa. Isso porque tem movimentos na mão que não são causados apenas pelos nervos radial e mediano, mas também pelo músculo cutâneo. CASO 03 Paciente 62 anos, sexo masculino, queda ao descer de passeio de cerca de 50cm de altura. Não consegue realizar a flexão do ombro direito. Relata dor intensa em região clavicular direita. Outras perguntas importantes a serem feitas no caso: caracterizar a dor, sinal de melhora ou piora, há histórico de lesão anterior? Paciente é hipertenso, diabético, faz uso de alguma medicação? Como o paciente é idoso, deve-se analisar diversas comorbidades em relação à queda: neuropatia diabética? Síncope? Labirintite? ➢ Hipótese diagnóstica: luxação acromioclavicular (LAC) Exame físico 1- Inspeção 2- Palpação 3- Manobras Na inspeção avaliamos os dois ombros do paciente analisando: 1- Assimetria? 2- Contorno ósseo 3- Há ferimentos/escoriações? 4- Fratura exposta? Na palpação, devemos palpar a escápula, clavícula, arcos costais (devido ao trauma, pode haver fratura de costela associada). Lembrar: como a clavícula está próxima ao plexo braquial, poderia ter tido uma lesão de plexo. Por isso, obrigatoriamente, deve ser feita uma avaliação neuromuscular do braço (pede para o paciente abrir os dedos + fechar os dedos + sinal do positivo. Assim, avaliamos todo o plexo braquial). Apesar de o paciente relatar que não consegue fazer flexão do lado direito, o médico deve realizar para distinguir se o pacientenão consegue fazer a flexão devido à perda de força muscular ou devido à dor intensa. Tratamento: cirúrgico Considerações importantes • A dor da LAC é devido ao hematoma que se forma no local, não necessariamente tem a ver com a estrutura óssea ou com a ação da gravidade. • A luxação do paciente é grau 5; os casos de atletas já são cirúrgicos a partir do grau 3 devido á overuse, mas em pessoas não atletas o caso só é cirúrgico a partir do grau 4. CASO 4 Paciente, 41 anos, militar, com dor lombar irradiada para a perna e pé direito após esforço físico de carregar peso. Relata parestesia principalmente em pé direito. Outras perguntas importantes a serem feitas no caso: durante a vida militar realizada atividades de impacto que afetavam a coluna ou alguma atividade da vida diária? Qual a evolução dessa dor? Quais as características da dor? Possui algum histórico de trauma? Histórico de doenças? Algum fator genético na família? Possui alguma comorbidade? Paciente tabagista? Medicação de uso contínuo? História de contato com pessoas que tiveram tuberculose? Além disso, é importante definir se a causa é metabólica, inflamatória, infecciosa, neurológica ou traumática. ➢ Hipótese diagnóstica: hérnia de disco em nível L4-L5 e L5-S1 Nível de gravidade: protusão discal -> abaulamento -> hérnia discal protusa - > hérnia discal extrusa -> hérnia discal sequestrada (contida x não contida). A hérnia de L5-S1 é extrusa (invade 50% ou mais); a hérnia de L4-L5 é protusa, porque a base dela é maior que a altura e, assim não invade tanto. Exames complementares Radiografia; RM (para planejamento cirúrgico); TC (em histórico de traumas, pois vê melhor o osso que a RM); O indicado é tratar o paciente sem exame complementar (tratar a dor + fisioterapia) e no retorno, avaliar se precisa de uma RM/TC ou não. Tratamento: conservador (fisioterapia e RPG); Lembrar: o tratamento de hérnia de disco só é cirúrgico se for caso de urgência cirúrgica associada à incontinência urinária ou fecal. OBS: A paciente apresenta uma hérnia de disco com protusão posterior. Por isso, o tratamento de extensão é o mais adequado, pois o de flexão da lombar irá reduzir o espaço anterior do disco, aumentar o posterior e, assim, o núcleo será empurrado para a parte posterior.
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