Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Clara Rosa Muniz Martins Antibioticoterapia Antibióticos beta-lactâmicos - Penicilinas ----------------------------Penicilina ---------------------------- ➢ Histórico A penicilina G ou benzilpenicilina foi descoberta por Alexander Fleming em 1928, ao observar a atividade antimicrobiana exercida por um fungo (Penicillium notatum - atualmente P. chrysogenum) contaminante de uma cultura de Staphylococcus aureus. A substância com ação antimicrobiana produzida por esse fungo foi denominada penicilina. Em 1940 a penicilina começou a ser usada como fármaco e modificou o prognóstico das doenças infecciosas. ➢ Classificação Penicilinas naturais Representantes: Penicilina G (benzetacil) e Penicilina V Espectro: - Infecções simples por bactérias gram-positivas - Estreptococos. - Treponema pallidum - sífiles - Neisseria meningitidis Penicilinas beta-lactamase resistentes Usadas no tratamento de bactérias produtoras de beta-lactamase mais simples → Alguns tipos de beta-lactamases mais fortes ainda irão modificar a estrutura do anel beta - lactâmico deste medicamento. Representantes: Oxacilina e meticilina Espectro: - Staphylococcus aureus produtor de penicilinase Penicilinas de espectro ampliado (aminopenicilina) Representantes: Amoxacilina e ampicilina Esses medicamentos ampliaram a cobertura para bactérias gram-negativas, porém continuam sendo destruídos pela beta-lactamase e, em algumas situações, tem que ser associado com ácido clavulânico. Espectro: - E.coli - Salmonella typhi - Shigella sp Penicilinas de espectro ampliado melhorado É quando se amplia o espectro para conseguir tratar, também, pseudomonas → Atividade antipseudomonas. Representantes: Ticarcilina e piperacilina Também precisam ser associados com inibidor de beta-lactamase para melhorar o espectro. ______________________________________________ De todos esses grupos, os únicos medicamentos que não são quebrados pela beta-lactamase são as penicilinas beta-lactamases resistentes, embora ainda consigam ser destruídas por beta-lactamases mais potentes. --------------------------------------------------------------------- ➢ Farmacocinética - Distribuição: Sua distribuição é ampla, porém se distribuem em baixas concentrações na próstata, sistema nervoso central e intraocular. OBS1: Se a meninge estiver inflamada a penetrabilidade das penicilinas aumentam, fazendo com que esse grupo de medicamento consiga tratar algumas doenças do SNC. 0BS2: A penicilina é neurotóxica e não pode ser aplicada diretamente no SNC (intratecal). - Eliminação: Principalmente renal, não apresenta metabolismo hepático. Filtração glomerular (10%) e secreção tubular (90%) - penicilina G. Em caso de pacientes com doenças renais, tem-se que ajustar a dose. Probenecida: medicamente que compete com a penicilina pela secreção tubular → Aumentando o tempo da penicilina no corpo, sendo em alguns casos um bom tratamento a interação dos dois medicamentos, pois aumenta a concentração de penicilina no corpo. Esse medicamento também compete com a penicilina pela saída do SNC → Ocupando as proteínas transportadoras e impedindo a saída da penicilina. - Meias-vidas pequenas - 30 - 90 min Clara Rosa Muniz Martins A principal diferença das penicilinas naturais (G e V) é a disponibilidade oral e a ação. V → Via oral → Usada principalmente em ação profilática. G → Via parenteral → São mais ativas contra Neisseria meningitidis (não trata a Neisseria gonorrhoeae) e anaeróbicos. ______________________________________________ A penicilina G não pode ser administrada por via oral, tem que ser injetada → Podendo ser de forma EV (endovenosa) ou IM (intramuscular). Endovenosa: Tem duas apresentações: Cristalina e potássica → Não formam depósito e são rapidamente eliminadas do organismo. Intramuscular: Penicilina G + Benzatina → combinação conhecida como benzetacil → Uma macromolécula que libera lentamente a penicilina do local da injeção IM e promove níveis circulantes de penicilina durante dias → Formação de depósito. Também pode ser aplicada a combinação penicilina G + procaína → procaína provoca vasoconstrição local, diminuindo sua absorção e prolongando o tempo de ação. --------------------------------------------------------------------- ------------------------- Penicilina G --------------------------- - Pobremente absorvida via oral - SNC - 5% da concentração plasmática - Em casos de alteração renal a concentração plasmática da penicilina G aumenta. - 80% da eliminação é por secreção renal, porém é menor em recém nascido. ● Interações medicamentosas - AAS, fenilbutazona e probenecida → Reduzem a secreção tubular da penicilina G - Inativação em soluções com bicarbonato, complexo B e vitamina C. - Penicilina G + Aminoglicosídeos → Sinergismo, são mais potentes juntos → Não podem ser administrados no mesmo soro. - Associação com tetraciclina e cloranfenicol → Antagonismo. Tetraciclina e cloranfenicol são bacteriostáticos → Impedem que a bactéria se divida, desfavorecendo a ação dos beta-lactâmicos. - Penicilina G + probenecida → Atividade antimicrobiana prolongada. ● Usos clínicos - Infecções estreptocóccicas - erisipela e escarlatina - Endocardite enterocóccica - Penicilina + gentamicina - Sepse por pneumococo - Sífilis (primária e neurosífilis) - Uso profilático em infecções estreptocócicas. sífilis, recidivas de febre reumática e em procedimentos cirúrgicos em pacientes com cardiopatia valvar. ● Efeitos adversos - Segura na gravidez e no lactente - Dor → Na aplicação IM - Dor e flebite → Aplicação ED - Mioclonais, parestesia, convulsões, hiper-reflexia e coma → Neurotoxicidade - Superinfecção → Elimina a concorrência, pois elimina e microbiota, fazendo com que possa haver proliferação de bactérias patogênicas. - Reações alérgicas ------------------------- Penicilina V --------------------------- - Absorção oral - Alimentos reduzem seu efeito - Administrar 30 min antes das refeições - Seu uso é limitado em adultos devido à intolerância gástrica que provoca. Crianças toleram bem a droga. - Usos → Amigdalite e profilaxia estreptocócica - Os efeitos alérgicos da penicilina V são os mesmos da penicilina G, sendo muito rara a ocorrência de choque anafilático. --------- Penicilinas beta-lactamases resistentes ---------- - Representante: Oxacilina - São resistentes à penicilinase → São beta-lactamases mais fracas. Clara Rosa Muniz Martins - Trata infecções por estafilococos produtores de beta-lactamase. - Bactérias resistentes a esse grupo de medicamento MRSA - Trata com Vancomicina./ VRSA - estafilococo que a vancomicina não trata - trata-se com quinupristina. - Eliminação por via renal e hepática - Não precisa ajustar a dose em caso de doenças renais, pois vai ter outra via de eliminação. - Reações alérgicas cruzadas com penicilina → Quem é alérgico à penicilina G não pode usar oxacilina. ------------ Penicilinas de espectro ampliada--------------- - Representantes: Amoxacilina e ampicilina - Absorção oral de 30% → Influenciada por alimentação (a ampicilina). A amoxacilina apresenta maior estabilidade na via ora → Biodisponibilidade de 80% → alimentação não interfere com absorção Ampicilina - Preferencialmente aplicada via EV Amoxacilina - oral - biodisponibilidade maior via oral - Bem distribuída - pouco para ossos e próstata - Maior atividade contra shigelose - Ajustar dose em doenças renais - Apresenta circulação entero-hepática → Pode alterar a microbiota intestinal - Em infecções mais graves → Associar a com sulbactam (preferencialmente a ampicilina) ou aminoglicosídeos. Usar amoxacilina preferencialmente com ácido clavulânico. ● Uso da amoxacilina - Infecções das vias aéreas superiores Sinusites, otites, bronquite crônica (S. pyogenes, S. pneumoniae, H. influenzae, M. catarrhalis) Em alguns casos associar com clavulanato para aumentar o espectro. - Infecções do trato urinário não complicadas - E. coli - Infecção por salmonella - febre tifoide. ● Uso da ampicilina - Perfil de uso é o mesmo - Usado mais para infecções hospitalares, pois é de uso parenteral - Emgeral tem uso parecido com a amoxacilina ------ Penicilinas de espectro ampliada melhorado ----- - Únicas penicilinas que tratam pseudomonas Principais representantes: Ticarcilina e piperacilina - De todas as penicilinas, a piperacilina apresenta um espectro mais amplo. - Não absorvidas via oral - Excreção renal - Ajustar dose em casos de doença renal grave. Também apresenta eliminação hepática, porém menos significante. Por isso que se a doença renal for leve não precisa ajustar a dose, pois a excreção hepática consegue compensar. - Tentar resguardar o uso dessas medicações para casos mais específicos, pois elas apresentam resistência crescente. - Tratam: Infecções sistêmicas graves - Efeitos adversos: Hemorragia e neurotoxicidade - Como esses antibióticos não apresentam resistência a beta-lactamase, têm que ser prescritos com Clavulanato, no caso da ticarcilina. Para ser administrado com a piperacilina, escolhe-se o inibidor de beta-lactamase - Tazobactam. (Piperacilina + tazobactam → Mais amplo espectro entre as penicilinas). ● Uso: - Infecções hospitalares - P. aeruginosa, Acinetobacter, Serratia, Klebsiella e Proteus indol-positivos, infecções intra-abdominais cirúrgicas. Além da penicilina de espectro ampliado melhorado, as pseudomonas podem ser tratadas com cefalosporina anti-pseudomonas. ______________________________________________ ➢ Efeitos adversos das penicilinas 1. Reação de hipersensibilidade - Geralmente a reação alérgica se dá devido ao anel beta-lactâmico → Por isso ocorre reação cruzada (pois é um composto presente em todos os medicamentos do grupo beta-lactâmico, se tiver alergia a um vai ter a todos os representantes desse grupo.) - Causa mais comum de alergia à fármacos. - Sintomas: Erupção urticariforme, febre, broncoespasmo, vasculite, doença do soro, dermatite esfoliativa, Síndrome de Stevens-Johnson (choque anafilático). ➔ Beta-lactâmico que apresenta menor chance de apresentar alergia cruzada → Aztreonam O aztreonam é um monobactâmico → Não tem os dois anéis, apenas o beta-lactâmico. → O anel tiazolidínico, anel que não está presente, é o mais associado a crises alérgicas. Clara Rosa Muniz Martins 2. Nefrite intersticial - O corpo produz anticorpos contra o fármaco que ataca o néfron. - O medicamento não ataca de forma direta o rim, mas sim os anticorpos. 3. Dor e reações inflamatórias no local da aplicação 4. Náuseas e vômitos 5. Diarreia - Por causa da diminuição da microbiota intestinal ocasionada pelo uso do medicamento. ➢ Interações medicamentosas 1. Daines - São nefrotóxicos, fazendo com que os beta-lactâmicas possam acumular no corpo, uma vez que são eliminados via renal. 2. Álcool - O álcool é gastrotóxico, nefrotóxico e imunodepressor. - Alguns antibióticos podem promover o efeito dissulfiram → Impede que o álcool seja metabolizado fazendo com que ele se acumule no organismo de forma tóxica (aldeído). 3. Aminoglicosídeos - Potencializam o efeito dos beta-lactâmicos → São sinérgicos. Exemplos: Gentamicina e amicacina. 4. Anticoncepcionais orais - Alguns anticoncepcionais dependem da microbiota para serem absorvidos e alguns antibióticos eliminam essa microbiota, dificultando a absorção dos anticoncepcionais orais → Reduzindo eficácia do anticoncepcional. 5. Probenecida - Compete com a penicilina pela secreção renal → Aumenta concentração de penicilina no corpo.
Compartilhar