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Análise do Conhecimento das Ciências Atuariais

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1 
Análise do Conhecimento das Ciências Atuariais: Uma Pesquisa Empírica nos Cursos de 
Ciências Contábeis das Instituições de Ensino Superior nas Capitais do Nordeste 
Brasileiro 
 
Autoria: Márcio Costa, Ducineli Régis Botelho de Aquino 
 
RESUMO 
 
Desde a antiguidade os seres humanos temem os infortúnios causados por algo imprevisível, 
então, por meio da ajuda mútua conseguiu-se minorar as perdas e conseqüentemente satisfazer 
as necessidades de segurança do grupo. A prática do mutualismo revelou a essência da 
Ciência Atuarial, que estuda os métodos, tais como, seguros, previdência e planos de 
capitalização, os quais têm tido grande procura por parte da população, fazendo com que as 
instituições que os operacionalizam obtivessem um significativo crescimento nos últimos 
anos. O profissional de Contabilidade não dispunha de conhecimentos específicos desta área 
nos cursos de graduação, o que dificultava seu relacionamento profissional com estas 
instituições. Porém, o Ministério da Educação incluiu no projeto político pedagógico dos 
cursos de graduação em Ciências Contábeis, o ensino da Ciência Atuarial. O presente trabalho 
tem como objetivo principal verificar o nível de aderência desses cursos nas instituições de 
ensino superior nas capitais do nordeste brasileiro à Resolução CNE/CNES 6/2004, quanto ao 
conhecimento das Ciências Atuariais. Verificou-se nas grades curriculares das instituições de 
ensino superior das capitais do Nordeste do País, que apenas 5 (cinco) destas instituições 
(aproximadamente 6% da amostra) oferecem disciplinas relacionadas ao tema. 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
A palavra risco, na língua portuguesa, possui muitos significados, de acordo com o 
Dicionário Aurélio risco é “a possibilidade de perda ou a responsabilidade pelo dano”, quando 
a perda ou o dano pode ser mensurável monetariamente se determina, então, o risco 
econômico ou financeiro. Os seres humanos têm aversão ao risco, principalmente, ao expor a 
si próprio ou o seu patrimônio ao risco econômico, quer seja de perda de renda ou danos 
materiais, conforme Trowbridge (2004, p. 8). 
A sociedade moderna desenvolveu caminhos para minimizar estes riscos, como 
proteção policial, corpo de bombeiros, defesa pessoal, alarmes etc, porém alguns riscos são 
inevitáveis, como, por exemplo, acidentes, terremotos, roubos, que conseqüentemente 
ocasionam alguma perda financeira. Tendo em vista que a maioria das pessoas prefere arcar 
com pequenas perdas certas a grandes perdas, mesmo na incerteza de sua ocorrência, a 
sociedade utilizou métodos de transferir estas grandes perdas individuais para pequenas 
perdas coletivas, formando assim “Sistemas de Segurança Financeira”. 
De acordo com Trowbridge (2004, p. 8) “a Ciência Atuarial tem um relacionamento 
especial com estes Sistemas” (tradução nossa), mais ainda, estes sistemas formam um dos 
alicerces desta Ciência. 
Estes Sistemas englobam uma gama de setores, tais como, Seguros, Previdência, 
Mercado financeiro, ou seja, tudo que envolva risco econômico a Ciência Atuarial irá focar. 
Sendo que, os ramos de maior evidência no Brasil são: seguros e previdência. 
Os seguros são divididos em dois ramos: o ramo vida, que lida com seguro de vida e 
acidentes pessoais, e o ramo não vida, ligado a danos materiais e roubos. Já a previdência se 
divide em previdência social, administrada pelo governo e a previdência complementar, 
administrada por empresas privadas ou entidades sem fins lucrativos. 
2 
De acordo com Póvoas (2000, p. 261), o sistema previdenciário adotado no Brasil 
oferece dois sistemas de previdência suplementar: a previdência privada fechada, também 
conhecida como fundos de pensão, e a previdência privada aberta, seguros e montepios. 
Aquela, porém, tem tido um forte crescimento devido à característica de co-participação das 
empresas e de seus funcionários. 
O Atuário utiliza de métodos como a matemática financeira e estatística para 
operacionalizá-los. Segundo Souza (2002, p. 143): 
 
[O atuário atual está] promovendo pesquisas e estabelecendo planos e 
políticas de investimentos e amortizações e em seguro privado e social, 
calculando probabilidades de eventos, avaliando riscos e fixando prêmios, 
indenizações, benefícios e reservas matemáticas. 
 
Cada vez mais as pessoas sentem necessidade de criar garantias financeiras. Portanto, 
são muitos os produtos oferecidos, seja para garantir a renda quando não puder mais trabalhar, 
ou garantir a sobrevivência de entes queridos caso haja uma fatalidade, ou até mesmo, se 
capitalizar para poder realizar algum projeto de vida, como também proteger um patrimônio 
importante. Por isso a tendência de crescimento destes setores é bastante acentuada, 
principalmente devido a forte insegurança que se tem nos dias atuais, em relação à falta de 
renda ou perda material. 
Observa-se, no gráfico 1, a evolução de prêmiosi diretos pagos a empresas de seguros 
no Brasil nos anos de 1995 até 2003. 
12.985.697.344
15.308.934.739
18.348.197.733
19.465.826.389
20.358.339.570
22.898.810.290
24.211.621.627
23.910.777.068
30.717.420.690
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
A
no
Prêmios diretos
 
Gráfico 1 – Total de prêmios diretos pagos as seguradoras 
Fonte: Superintendência de Seguros Privados 
 
O gráfico 1 mostra o crescimento acentuado em prêmios pagos a seguradoras após a 
estabilização da economia nacional, favorecendo o mercado de seguros. No período 
analisado, sem considerar perdas com a inflação, houve um crescimento de 136%, graças aos 
freqüentes aumentos dos prêmios durante todos os períodos, tendo havido apenas uma 
pequena retração em 2002, porém, no ano seguinte o setor obteve um aumento recorde nos 
prêmios pagos, cerca de 28%. 
3 
De acordo com Souza (2002, p. 13), pessoas com baixo poder aquisitivo, após a queda 
da inflação, se viram seduzidas por este mercado e as seguradoras perceberam que seguros de 
baixo valor apresentavam maiores vantagens que seguros de altos valores, aumentando assim 
seu público alvo, com a inclusão das classes de menor poder aquisitivo. 
Assim, criou-se uma nova cultura de consumo e de poupança no País, 
consequentemente, a maior participação das empresas seguradoras, inclusive empresas 
multinacionais, no Produto Interno Bruto (PIB), através de aumento de suas reservas técnicas. 
No entanto, a participação destas empresas no PIB do Brasil ainda é muito baixa 
comparando com países mais industrializados, de acordo com Souza (2002, p. 15) “Até 
mesmo a África do Sul tem 10% do seu PIB vindo do setor segurador.”, enquanto que no 
Brasil, segundo Marques (2003, p. 20), esta área [seguros] representa 3% do PIB, ou seja, 
ainda tem muito a crescer. 
Outro setor que se encontra em forte evidência é o da previdência privada, tendo em 
vista que a previdência social, de acordo com a Associação Brasileira das Entidades Fechadas 
de Previdência Complementar (ABRAPP), (apud Botelho, 2003, p. 19), “[...] não consegue 
suprir as necessidades básicas do trabalhador aposentado e tampouco garantir a proteção da 
qualidade de vida no decorrer de sua inatividade”, sendo necessário complementar sua 
aposentadoria. 
Os fundos de pensão têm forte atuação na economia, sua característica de investimento 
no mercado de capitais e em títulos do governo, para a formação de suas reservas técnicas, 
impulsiona o desenvolvimento da economia, capitalizando a poupança interna de longo prazo. 
De acordo com Brady (2002, p. 24): 
 
[...] o volume de ativos dos fundos de pensão brasileiros hoje é avaliado em 
cerca de R$ 169 bilhões, o que representa cerca de 13% do produto interno 
bruto do país (PIB), disse existir ainda há muito espaço para que estes 
ativos cresçam, até pelo menos 30% do PIB. 
 
Segundo dados do Ministério da Previdência e Assistência Social (2003, p. 4), no final 
de 2003 estes ativos já estavam avaliados em R$ 239 bilhões, aproximadamente 15,8% do 
PIB. Observa-se, no gráfico 2, a seguir, o crescimento dos ativos dos fundosde pensão em 
relação ao PIB brasileiro, de 9,6% em 1996 para 15,8% em dezembro de 2003. 
 
9,6%
10,4% 10,4%
12,9% 13,1%
14,2% 14,0%
15,8%
0,0%
4,0%
8,0%
12,0%
16,0%
20,0%
 19
96
 19
97
 19
98
 19
99
 20
00
 20
01
 20
02
 20
03
 
Gráfico 2 – Crescimento dos ativos nas entidades fechadas de previdência complementar em relação 
ao PIB – 1996-2003 
Fonte: SPC / Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
 
4 
Devido à sua importância, os setores envolvidos com o risco vêm sendo 
regulamentados constantemente, o que, de certa forma, exige maior especialização e 
responsabilidade dos profissionais. De acordo com Oliveira (2002, p. 24) o fato mais recente 
foi: 
 
[...] a exigência por parte da SUSEP da realização de uma avaliação atuarial 
de todas as operações de seguros, previdência privada aberta e de 
capitalização, com a obrigatoriedade [da] publicação de um parecer atuarial 
sobre a avaliação, veio dar um maior destaque ao papel do atuário dentro do 
mercado de seguros, elevando-o quase ao mesmo patamar do parecer da 
auditoria contábil e financeira. 
 
Surge então a necessidade de mais profissionais qualificados para atuar nesta área, 
entretanto existem poucos cursos de especialização no Brasil. O profissional de contabilidade 
está inserido neste contexto, pois segundo Oliveira (2002, p. 25): 
 
[com a avaliação atuarial] os balanços passarão a exibir de maneira mais 
fidedigna a situação econômico-financeira das seguradoras, pois aspectos 
peculiares à operação de seguro, nem sempre captados nas avaliações 
contábeis e financeiras passarão a ser melhor avaliados e mais 
adequadamente dimensionados. 
 
Para que isto ocorra é necessário que o Contador também tenha conhecimento sobre os 
dados fornecidos pelo Atuário, para que possa registrá-los devidamente. No entanto, devido 
ao currículo atual da maioria dos cursos de graduação do Nordeste, o graduado em 
contabilidade não está apto a trabalhar com a complexa contabilidade deste setor, sendo 
necessário um conhecimento de Atuária para que não perca seu campo de atuação para outros 
profissionais que já perceberam a força deste mercado. 
Diante do exposto, o presente trabalho tem como objetivo principal verificar o nível de 
aderência dos cursos de Ciências Contábeis das instituições de ensino superior nas capitais do 
nordeste brasileiro à Resolução CNE/CNES 6/2004, quanto ao conhecimento das Ciências 
Atuariais. 
Este estudo foi baseado em consultas à bibliografia especializada, quais sejam: artigos 
científicos, livros e publicações, sites da Internet, revistas especializadas etc, com o intuito de 
fornecer informações relevantes para elucidar os aspectos teóricos da pesquisa. 
A pesquisa se desdobrou em três partes distintas, primeiramente procurou-se 
fundamentar teoricamente, através do pensamento, história, regulamentação e mercado de 
trabalho, as Ciências Atuariais e seus pontos comuns com as Ciências Contábeis. Na segunda 
parte foi feito uma análise a respeito da diretriz curricular do MEC, que recomenda o ensino 
da Atuária no currículo dos cursos de Ciências Contábeis. Para isto, verificou-se, através de 
um estudo quantitativo, a aplicação da referida diretriz nos cursos de graduação das capitais 
da Região Nordeste do Brasil, durante o ano de 2004. Finalmente, a última parte apresenta as 
considerações finais que permeiam o assunto estudado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
2. REFERENCIAL TEÓRICO 
 
2.1 Princípios básicos da filosofia e da matemática aplicados às Ciências Atuariais 
 
O Utilitarismo como doutrina filosófica considera que, de acordo com a Enciclopédia 
Britânica (apud Reis, 2004, p. 1), “o útil é tudo aquilo que serve a vida e a sua conservação, 
mediante acréscimo de felicidade e bem estar”, e visa à maximização da felicidade para todos. 
Segundo Trowbridge (2004, p. 11), “a maioria dos sistemas econômicos modernos, 
sejam eles capitalistas ou socialistas, se baseiam no princípio filosófico do Utilitarismo” 
(tradução nossa). Sendo também a base dos Sistemas de Segurança Financeira. 
De acordo com Hendriksen e Van Breda (1999, p. 147): 
 
Em sua forma clássica, os utilitaristas dizem que devemos agir de modo a 
maximizar nossa utilidade. Em termos menos rigorosos, devemos 
maximizar nossa felicidade. Em sua forma mais geral, a utilidade de uma 
pessoa pode incluir a preocupação com outras pessoas. 
 
A possibilidade de uma perda ameaçar a felicidade individual fez com que a 
coletividade se organizasse para diminuir esta perda incerta, transferindo-a para pequenas 
perdas certas aos indivíduos de um grupo. 
Administrando o risco garante-se a felicidade individual e a coletiva, conforme os 
princípios do Utilitarismo, tornando-se a base do pensamento das Ciências Atuariais. 
A Matemática Atuarial converte este risco em valores financeiros, utilizando métodos 
estatísticos e a Matemática Financeira para esta finalidade. O postulado científico chamado 
Lei dos Grandes Números é a base desta disciplina. 
Esta lei, de acordo com Caldart (2004, p. 1), “[...] baseia-se no fato de que, 
estatisticamente, quanto maior o grupo, maior a probabilidade de que uma média referente a 
este grupo mantenha-se constante”. 
Sendo assim, é possível calcular de forma mais precisa os acontecimentos 
imprevisíveis, chegando a uma aproximação estatística de acordo com a quantidade de 
indivíduos de um grupo. 
 
 
2.2 História das Ciências Atuariais e fatos relevantes à regulamentação da profissão 
Atuarial no Brasil 
 
Desde a pré-história a humanidade tenta se proteger do risco ajudando uns aos outros, 
formando uma cadeia chamada de mutualismo. Segundo Souza (2002, p. 4), o mutualismo é 
a formação de grupos para constituir uma reserva econômica, dividindo um risco de algo não 
previsto. 
De acordo com Silva A. (1999, p. 33): 
 
O mutualismo está relacionado à união de esforços de muitos em favor de 
alguns elementos do grupo, já que estes, isoladamente, não teriam 
condições de suportar prejuízo de monta. É o sentido mais simples e 
natural da união de esforços. Evidentemente, em cada grupo deve estar 
presente o interesse comum. 
 
Os homens precisavam se manter seguros de animais, de pragas, das adversidades do 
tempo, de outros grupos rivais, para isso formavam grupos com o intuito da própria 
sobrevivência, e somente ajudando uns aos outros é que conseguiram preservar a espécie. 
6 
De acordo com Póvoas (2000, p. 55): 
 
Na parte final da Idade Média, quando já vislumbrava o iluminismo do 
pensamento, era notável o nível do espírito associativo em termos de 
socorros mútuos (montepios, confrarias, misericórdias, associações de artes 
e ofícios), e a solidariedade era uma forma ativa de assistência, quando 
começava a organizar-se em esquemas de mutualismo, sobretudo na forma 
de sociedades mútuas, de formas primitivas de seguro, e de montepios. 
 
Durante muito tempo, o homem pratica o mutualismo, inclusive durante a Idade 
Média, período em que a igreja chegou a proibir o mutualismo por acreditar que somente a 
vontade divina é que poderia ajudar os homens, Souza (2002, p. 5). 
Manes (1989 apud Póvoas, 2000, p. 58) afirma que: 
 
[...] a proibição canônica do empréstimo marítimo com juros, fez com que 
os especialistas se esforçassem por formular o seguro do modo mais oposto 
possível, aquele contrato; para consegui-lo, a obrigação do segurador se 
dissimulava sob a forma de um contrato de compra; o segurador dizia 
comprar ao segurado os objetos que queria segurar, e se confessava devedor 
do preço estipulado, acordando-se que o contrato seria nulo, se tais objetos 
chegassem sãos e salvos ao porto de destino; a indenização pactuada 
revestia no contrato, a forma de preço. 
 
Naquela época já existiam os seguros náuticos, que eram feitos pelos navegadores 
através de empréstimos a banqueiros, aonde estes empréstimos deveriam ser devolvidos 
acrescidos de juros caso a embarcação retornasse sem sofrer danos. 
De acordo com Hendriksen e Van Breda (1999, p. 43), “Ouso de sociedades permitia 
que os riscos da navegação marítima de longo curso fossem compartilhados e que a riqueza 
do capitalista fosse combinada à audácia dos jovens mercadores”. 
A Ciência Atuarial teve sua origem após a falência destes sistemas de seguros do 
século XV que, por não dominarem as técnicas atuariais, apresentavam dificuldades 
financeiras. De acordo com Ramos (2002, p. 7), a partir daí, alguns matemáticos se 
interessaram em estudar estes problemas. 
Conforme Reis (1998, p. 1), em 1693 foi calculada a primeira tabela de mortalidade 
por Sir Edmund Halley, confirmando que os cálculos atuariais remontam ao século XVII, e 
em 1760 se obteve o primeiro prêmio anual calculado baseado em experiência de mortalidade, 
um marco para a Ciência Atuarial. 
No decorrer da história humana a profissão de atuário reuniu diversas funções sem 
nenhuma relação entre elas e com muita diferença em relação à sua função atual. 
Segundo Souza (2002, p. 142), na Roma antiga o atuário tinha as tarefas de fazer os 
discursos no Senado, redigir os atos do Governo, ser cronista dos feitos de guerra, além de 
copista, secretário, tabelião, notário e agrimensor. De acordo com a Enciclopédia Britânica 
(apud Reis, 1998, p. 1), no Império do Oriente os Atuários eram os oficiais responsáveis por 
manter a contabilidade e distribuir os cereais para os soldados. 
Segundo Reis (1998, p.1), o primeiro registro da função moderna do Atuário se dá em 
meados do século XVIII, no Reino Unido, “quando se sentiu a necessidade de atribuir um 
título ao responsável de uma nova organização que vendia seguros de vida”. Porém, a ele era 
dada apenas a função de gestor, enquanto que seu assistente calculava os prêmios, desta 
forma, este assistente foi o primeiro atuário que exerceu a atividade conforme é hoje 
conhecida. 
7 
Segundo Trowbridge (2004, p. 3), no século XIX, mais precisamente em 8 de julho de 
1848, foi fundado o Instituto dos Atuários de Londres e em 1856 a Faculdade de Atuários em 
Edinburgo. 
Trowbridge (2004, p. 3) afirma que na América do Norte a Sociedade Atuarial foi 
fundada em 1889, em 1949 se uniu ao Instituto Americano de Atuários, fundado a quarenta 
anos antes, formando a Sociedade dos Atuários da América do Norte (SOA). Hoje, esta 
Sociedade conta com mais de 17 mil membros associados. 
Em 1850 o Código Comercial Brasileiro já disciplinava o ramo de seguros marítimos, 
segundo Souza (2002, p.8), no início do Século XX o Brasil já contava com mais de 60 
companhias de seguros atuando principalmente neste ramo. 
Póvoas (2000, p.159) afirma que: 
 
A promulgação do Código Comercial Brasileiro desempenhou, no campo 
dos seguros, papel de grande relevo, não apenas dos marítimos, mas de 
todos os outros ramos, na medida em que suas normas, princípios 
institucionais e operacionais foram supletivamente utilizados em outras 
modalidades de seguro; é incontestável que tal regulação deu confiança à 
comunidade, pelo que muitas seguradoras foram constituídas e muitas 
agências de seguradoras estrangeiras, quase todas inglesas, se instalaram, 
[...]. 
 
No entanto, de acordo com Ramos (2002, p.9): 
 
O marco inicial da atividade atuarial, na área de seguros, foi a criação do 
Departamento Nacional de Seguros Privados e Capitalização, através do 
Decreto 24.783 de 14.7.34, o qual contava com uma Divisão Técnica e esta 
com uma Seção Atuarial. 
 
A fundação do Instituto de Resseguros do Brasil (IRB) em 1939 foi de fundamental 
importância para fortalecer as seguradoras nacionais, pois desta forma conseguiu reter no País 
prêmios de resseguros que eram contratados no exterior. 
Entretanto, segundo Póvoas (2000, p. 192), as funções atribuídas ao IRB vão além da 
administração do resseguro. O IRB tinha a função de ser “o catalisador do mercado de 
seguro, para evitar que, por razões da má atuação das seguradoras, o mercado de seguros se 
desestabilizasse”. 
Em 14 de setembro de 1944 foi fundado o Instituto Brasileiro de Atuária (IBA), cujos 
objetivos elencados no seu estatuto são: 
 
Pesquisa, desenvolvimento e aperfeiçoamento da ciência e da tecnologia 
dos fatos aleatórios econômicos, financeiros e biométricos, em todos os 
aspectos e aplicações; colaboração com as instituições de seguro e 
capitalização, Previdência Social e Privada, organizações bancárias e 
congêneres e cooperação com o Estado, no campo de atuação do 
profissional de atuária e na implementação da técnica atuarial. 
 
Segundo dados deste Instituto, em dezembro de 2003 existiam 1.309 registros de 
associados, no entanto, 770 de profissionais atuantes. A partir de 2005, para se registrar no 
IBA, será exigido a realização de um exame de suficiência. Esta é uma das exigências da 
Associação Atuarial Internacional (IAA) para melhorar a qualidade dos profissionais. 
De acordo com Ramos (2002, p. 10), o reconhecimento e a regulamentação da 
profissão de atuário percorreram um longo caminho, sendo que a primeira iniciativa foi em 
8 
1958, quando o então Deputado Federal do Rio Grande do Norte, Aluízio Alves, apresenta o 
projeto-de-lei n° 1.250 na Câmara Federal, o qual não logrou êxito. 
Somente em 4 de setembro de 1969, através do Decreto lei nº 806/69, se dá o 
reconhecimento legal da profissão de atuário, cujas capacidades para exercer a profissão são 
dos atuários diplomados através do Decreto 20.158/31; dos bacharéis em Ciências Contábeis e 
Atuariais, através do Decreto-lei 7.988/45; dos bacharéis em Ciências Atuariais diplomados 
através da Lei 1.401/51; dos diplomados em Ciências Atuariais em Universidades ou 
Instituições estrangeiras de ensino superior e aos profissionais em situação regular no país. 
A figura 1 mostra os fatos históricos relacionados com a atuária, desde a antiguidade 
até a regulamentação da profissão de Atuário no Brasil. 
 
 
Figura 1 – Principais fatos históricos relacionados com a atuária até a regulamentação da profissão 
de atuário no Brasil. 
Fonte: Elaboração própria. 
 
A responsabilidade dos profissionais ligados a atuária vem a cada ano se tornando 
maiores, sendo inúmeras as regulamentações que exigem avaliações mais rigorosas das 
entidades que lidem com os mercados de seguros, capitalização, previdência complementar, 
planos de saúde e previdência social, principalmente devido a grande soma de recursos 
empregados neste setor e no sentido de oferecer maiores garantias e transparência aos 
clientes. 
 
 
 
 
 
 
1143 - Primeiras
Associações de
socorros para os
infortúnios do mar,
em Portugal. 
Mutualismo 
Idade 
Média Antiguidade 
47
6 
 
14
53
 
1230 – Papa
Gregório IX
condena o
empréstimo 
marítimo. 
1347 – Em Gênova
primeiro contrato de
seguro devidamente
documentado. 
Idade Moderna
19
29
 
1693 – Construção da
primeira tabela de
mortalidade. 
1760 – Primeiro prêmio
de seguro calculado
baseado em tabela de
mortalidade. 
1848 – Fundado o
Instituto Atuarial de
Londres. 
1850 – Código
comercial Brasileiro
regulamenta seguro
marítimo. 
Idade Contemporânea 
1934 – Criação 
do DNSP. 
1939 – Fundação do
IRB. 
1944 – Fundação do
IBA. 
1969 – Regulamentação
da profissão de Atuário no
Brasil. 
1958 – Primeira 
tentativa, no Brasil, 
de regulamentar a 
profissão de Atuário.
1856 – Fundado a 
Faculdade de Atuários 
de Edinburgo 
9 
2.3 Inter-relacionamento acadêmico e profissional das Ciências Atuariais com as 
Ciências Contábeis 
 
Em 1931, através do Decreto 20.158, foi regulamentado o curso técnico de atuário. 
Vários cursos do ensino comercial proferido por entidades reconhecidas pelo Governo Federal 
foram regulamentados através deste decreto, dentre eles o curso de Guarda-Livros e o curso 
superior de Perito-Contador, que em 23 de agosto de 1939, através do Decreto-Lei 1.535, 
passou a ser denominado como curso de Contador. 
O curso de Atuário e o de Perito-Contador, ambos de duração de 3 anos, apresentavam 
currículos semelhantes nos dois primeiros anos letivos, apenas no último ano havia a 
especialização em cada área do conhecimento.Mesmo assim, das cinco disciplinas ministradas neste período, ainda duas eram 
semelhantes, Estatística e Seminário econômico. As disciplinas específicas do curso de 
Atuário eram: Contabilidade dos seguros, Cálculo atuarial e Legislação de seguros, enquanto 
que, no curso de Perito-Contador eram: Contabilidade industrial e agrícola, Contabilidade 
bancária e História do comércio. 
Vê-se que o Atuário era formado com conhecimentos suficientes para exercer a 
contabilidade na área de seguros, visto que, possuía os conhecimentos básicos de 
contabilidade e específicos da área de seguros, sugerindo uma forte relação com as Ciências 
Contábeis. 
Desta forma, em 1945, através do Decreto-Lei 7.988 foi criado o ensino superior da 
Atuária em conjunto com o de Ciências Contábeis, através de um curso denominado Ciências 
Contábeis e Atuariais. Além de unificar os cursos de Atuário e Contador, este decreto 
assegurou os mesmos direitos dados aos Bacharéis de Ciências Contábeis e Atuariais, aos 
Contadores e Atuários formados durante a vigência do Decreto anterior. 
Portanto, os atuais cursos de Bacharelado em Ciências Contábeis e Bacharelado em 
Ciências Atuariais tiveram, no Brasil, um período de unificação de suas disciplinas, sendo 
desmembrados posteriormente, através da Lei 1.401 de 1951, devido à necessidade de 
especialização em cada área própria do conhecimento. 
Dentre as funções dos atuários citadas na Lei n° 806/69 está: 
 
[...] d) a assinatura, como responsável técnico dos balanços das 
empresas de seguros e de capitalização, das carteiras dessas 
especialidades mantidas por instituições de previdência social e outros 
órgãos oficiais de seguros e resseguros e dos balanços técnicos das 
mutuárias de pecúlios ou sorteios, quando publicados; (grifo nosso). 
 
Ao atuário, embora tendo conhecimentos básicos sobre contabilidade, não cabe a 
elaboração e a análise dos relatórios contábeis, funções exclusivas do Contador, porém ele é o 
responsável técnico dos relatórios das empresas que operam com a atividade atuarial no 
Brasil. 
Portanto, os relatórios contábeis destas entidades devem evidenciar com clareza as 
particularidades do ramo. Para isso, o contador deverá ter o conhecimento destas 
particularidades, da perfeita contabilização dos complexos cálculos realizados pelo setor 
atuarial, bem como, das exigências dos órgãos fiscalizadores. 
O Contador deverá estar apto a fornecer informações sobre a situação financeira da 
empresa, para que seja possível ao atuário realizar a análise atuarial exigida pelos órgãos 
regulamentadores, como por exemplo, a análise da margem de solvênciaii e a análise das 
provisões técnicasiii3. 
De acordo com Ferreira (2004, p.15), as avaliações atuariais no Brasil ainda são de 
baixa qualidade, pois “poucos atuários estão capacitados para realizar uma avaliação atuarial 
10 
verdadeiramente compreensiva...”. Entidades de auditoria atuarial independentes, utilizando o 
mesmo modelo adotado na auditoria contábil, poderão melhorar a qualidade destas avaliações. 
De certa forma, os profissionais de contabilidade e da atuária devem unir esforços para 
divulgar as informações necessárias quanto à situação financeira e atuarial destas empresas, 
pois segundo Ferreira (2004, p. 6) “A maior transparência e segurança para a sociedade deve 
ser o catalisador para um crescimento mais acelerado desses mercados”. 
 
 
3 ESTUDO DA INCLUSÃO DO ENSINO DA ATUÁRIA NOS CURSOS DE 
CIÊNCIAS CONTÁBEIS DAS CAPITAIS NORDESTINAS E DA OFERTA DE 
VAGAS DE GRADUAÇÃO NAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR DE 
CIÊNCIAS ATUARIAIS NO BRASIL 
 
Este item trata de um estudo nas estruturas das grades curriculares das faculdades de 
Ciências Contábeis das capitais Nordestinas, o qual se divide em três partes. A primeira parte 
apresenta a resolução do Conselho Nacional de Educação Superior n° 6 de 10 de Março de 
2004, que institui as Diretrizes Curriculares do curso superior de Bacharelado em Ciências 
Contábeis, no que se refere ao ensino da Ciência Atuarial no curso de graduação de Ciências 
Contábeis. 
A citada resolução trata do projeto pedagógico que deverá ser adotado em todas as 
Instituições de Ensino Superior do País, conforme o Art. 2° da citada Resolução: 
 
Art. 2° A organização do curso de que trata esta Resolução se expressa 
através do seu Projeto Pedagógico, abrangendo o perfil do formando, as 
competências e habilidades, os componentes curriculares, os componentes 
curriculares, o estágio curricular supervisionado, as atividades 
complementares, o sistema de avaliação, a monografia, o projeto de 
iniciação científica ou o projeto da atividade como Trabalho de Conclusão 
de Curso – TCC, como componente opcional da instituição, além do regime 
acadêmico de oferta e de outros aspectos que tornem consistente o referido 
projeto pedagógico. 
 
A segunda parte da pesquisa identifica, nas faculdades das capitais da região nordeste 
do Brasil, quais já aplicam as orientações da referida Resolução, inserindo em sua grade 
curricular uma disciplina que introduza o conhecimento de Ciência Atuarial nos cursos de 
graduação em Ciências Contábeis. 
 
 
3.1 A inclusão do ensino de Ciência Atuarial no curso de Graduação em Ciências 
Contábeis. 
 
O Conselho Nacional de Educação (CNE), de acordo com suas atribuições legais, 
aprovou em 10 de março de 2004 a resolução n° 6 da Câmara de Educação Superior (CES), 
que em BRASIL (2004, p. 17), “Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de 
Graduação em Ciências Contábeis, bacharelado, e dá outras providências”. 
De acordo com esta resolução, no Projeto Pedagógico do Curso de Graduação de 
Ciências Contábeis, é referenciado, por diversas descrições, o domínio atuarial, e de seus 
termos. Inclusive nos cursos de pós-graduação, ou subseqüente à graduação, deverá constar 
em seus elementos estruturais, entre outros, segundo BRASIL (2004, p. 17), “... a inserção 
dos indispensáveis domínios da atividade atuarial, ...” (grifo nosso). 
11 
Mais especificamente nos cursos de Graduação em Ciências Contábeis, a resolução 
determina que, no Projeto Pedagógico, para atender as diversas áreas da Contabilidade e de 
acordo com as demandas institucionais e sociais, admite-se constar linhas de formações 
específicas. Portanto, ao contador, além das atividades básicas da contabilidade, poderá ser 
fornecida especialização de acordo com as exigências da sociedade em que se está inserida. 
Porém, de acordo com BRASIL (2004, p. 17), no seu Art. 3°, o curso deve capacitar o 
contador a, dentre outras atividades, ter o domínio atuarial. 
 
[...] Art. 3° O curso de graduação em Ciências Contábeis deve ensejar 
condições para que o contabilista esteja capacitado a compreender as 
questões científicas, técnicas, sociais, econômicas e financeiras em âmbito 
nacional e internacional nos diferentes modelos de organização, 
assegurando o pleno domínio das responsabilidades funcionais envolvendo 
apurações, auditorias, perícias, arbitragens, domínio atuarial e de 
quantificações de informações financeiras, patrimoniais e governamentais, 
com a plena utilização de inovações tecnológicas, revelando capacidade 
crítico-analítica para avaliar as implicações organizacionais com o advento 
da tecnologia da informação. (grifo nosso) 
 
O artigo 4° da mesma resolução exige que os cursos de graduação em Ciências 
Contábeis, entre as competências e habilidades mínimas, devem possibilitar a execução da 
atividade profissional, expressando o domínio das funções contábeis, incluindo as atividades 
atuariais, para que seja viabilizado aos usuários das informações contábeis o amplo 
cumprimento de suas atividades no que se refere ao exercício inerente ao gerenciamento, 
controle e prestação de contas de sua gestão à sociedade. 
Finalmente, o artigo 5° da citada resolução reforça a aplicação do ensino da Ciência 
Atuarial, determinando que, entre os conteúdos de Formação Profissional, o projeto 
pedagógico deverá contemplar: 
 
[...] estudos específicosatinentes às Teorias da Contabilidade, incluindo 
domínio das atividades atuariais e de quantificações de informações 
financeiras, patrimoniais, governamentais e não governamentais, de 
auditorias, perícias, arbitragens e controladoria, com suas aplicações 
peculiares ao setor público e privado; 
 
 
3.2 A aplicação da resolução CNE/CES n°6, quanto a inserção do ensino das Ciências 
Atuariais no Currículo dos cursos de graduação em Ciências Contábeis, nas 
faculdades das capitais da região Nordeste do Brasil. 
 
Conforme se verifica na tabela 1, a quantidade de cursos de graduação em Ciências 
Contábeis, em todas as instituições dos estados da região Nordeste do Brasil, é de 145 e os 
cursos nas suas Capitais totalizam 79. Portanto o percentual dos cursos pesquisados é de 
54,48% de todos os cursos oferecidos naquela Região. 
Vale ressaltar que o estado da Bahia apresentou um alto índice de interiorização de 
seus cursos, por ser o maior estado em termos territoriais da região Nordeste, o que, de certa 
forma, afetou o índice da amostra, apresentando um percentual de 37,84% de cursos de 
graduação em Ciências Contábeis pesquisados em sua Capital em relação aos cursos de todo o 
estado. 
Outro fato que deve ser ressaltado é o caso do Rio Grande do Norte, que, apesar de ser 
um dos menores estados da Região, oferece cursos de graduação em Ciências Contábeis, 
12 
através de, na maioria dos casos, extensões de diversas faculdades, públicas ou privadas, pelo 
interior do estado. Sendo assim, seu índice de cursos na capital se aproxima do caso da 
Bahia, totalizando 40% de cursos oferecidos em relação ao interior do estado. 
 
População Amostra 
UF 
Total de cursos de 
graduação em 
Ciências Contábeis 
em todo o estado 
Faculdades de 
Ciências 
Contábeis nas 
Capitais 
% 
AL 7 6 85,71% 
BA 37 14 37,84% 
CE 18 13 72,22% 
MA 11 7 63,64% 
PB 11 7 63,64% 
PE 21 11 52,38% 
PI 20 11 55,00% 
RN 15 6 40,00% 
SE 5 4 80,00% 
Total 145 79 54,48% 
Tabela 1 – Espaço amostral em relação a todos os cursos de 
graduação em ciências contábeis da região 
nordeste do Brasil. 
Fonte: Elaboração própria. 
 
Dessa maneira, através de pesquisa nos sites da internet destas instituições, verificou-
se, dentre as faculdades pesquisadas, quais instituições publicavam sua grade curricular na 
rede mundial de computadores. Assim sendo, verificou-se que, de acordo com a tabela 2, a 
quantidade de instituições que detalharam suas grades curriculares na internet somam 41 
(representando 51,90% da amostra total). 
Vale ressaltar que das instituições das capitais nordestinas do Brasil, as que se 
encontram na cidade de Maceió, capital do estado de Alagoas, apenas 1 (representando 
16,57% da amostra total) publicou detalhadamente a grade curricular do seu curso de 
graduação em Ciências Contábeis. 
 
Município UF 
Cursos de graduação 
em Ciências 
Contábeis nas 
Capitais Nordestinas
Grade 
curricular 
publicada na 
INTERNET 
% 
Maceió AL 6 1 16,67% 
Salvador BA 14 9 64,29% 
Fortaleza CE 13 6 46,15% 
São Luís MA 7 4 57,14% 
João Pessoa PB 7 4 57,14% 
Recife PE 11 6 54,55% 
Teresina PI 11 4 36,36% 
Natal RN 6 4 66,67% 
Aracajú SE 4 3 75,00% 
Total 79 41 51,90% 
13 
Tabela 2 – Publicação na internet das grades curriculares dos cursos de 
graduação em ciências contábeis das capitais nordestinas. 
Fonte: Elaboração própria. 
 
Sendo assim, foram analisadas as grades curriculares das 41 instituições 
(representando 51,90% da amostra) no sentido de verificar a aplicação da resolução CNE/CES 
n° 6/2004 em relação ao ensino da Ciência Atuarial, nos cursos de graduação em Ciências 
Contábeis das capitais Nordestinas. Verificou-se que, somente duas instituições, a 
Universidade Salgado de Oliveira (UNIVERSO), de Recife-PE, e a Faculdade Natalense para 
o Desenvolvimento do Rio Grande do Norte (FARN), em Natal-RN, possuem, entre suas 
disciplinas, uma específica sobre a Atuária. 
No entanto, outras disciplinas relacionadas à Ciência Atuarial foram encontradas em 
três instituições de ensino, 2 (duas) em Salvador-BA e 1 (uma) em Recife-PE. As disciplinas, 
embora específicas da Contabilidade de instituições de Seguros e Previdência, fornecem 
princípios e termos básicos da Ciência Atuarial ao estudante de Ciências Contábeis. 
Vale ressaltar que a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) já publicou em seu 
site da Internet a proposta de sua nova grade curricular, que prevê a inserção do ensino da 
Ciência Atuarial em seu curso de graduação em Ciências Contábeis. 
Sendo assim, de acordo com o gráfico 3, apenas 6% da amostra apresentaram, em suas 
grades curriculares, disciplinas voltadas ao estudo da Ciência Atuarial. Apesar da pequena 
representação, os números demonstram que algumas instituições já se interessaram em aplicar 
as diretrizes do CNE e atualizaram seus cursos. 
Desta forma, tornam-se pioneiras no ensino da Ciência Atuarial em cursos de 
graduação em Ciências Contábeis, sendo este um importante diferencial para os profissionais 
de contabilidade formados por estas instituições. 
48%
46% 6%
Cursos das Capitais sem grade
curricular publicada na Internet
Cursos das capitais com grade
curricular publicada na Internet e que
não oferecem disciplina relacionada a
Atuária
Cursos que oferecem disciplinas
relacionadas com a Ciência Atuárial
 
Gráfico 3 – Ensino da atuária nos cursos de graduação em ciências contábeis nas instituições de ensino 
superior das capitais do nordeste brasileiro. 
Fonte: Elaboração própria. 
 
Portanto, as futuras implementações de disciplinas relacionadas com a Ciência 
Atuarial deverão abrir mais espaço no mercado de trabalho para os profissionais que desejem 
ministrar sobre o tema. Para isso é importante o conhecimento aprimorado nas Ciências 
Atuariais e da Contabilidade de Instituições de Seguro e Previdência. 
14 
 
 
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
As instituições que administram os riscos têm crescido de forma espantosa nos últimos 
anos, auferindo lucros altíssimos e influenciando sobremaneira na economia do país, no caso 
dos fundos de pensão o valor de seus ativos representam 15,8% do PIB, com a tendência de 
crescimento para os próximos anos. Daí a existência de uma forte regulamentação sobre o 
setor, e de uma fiscalização rígida nos últimos tempos, exigindo que os profissionais ligados à 
área estejam sempre atualizados. 
Foi de fundamental importância a criação de um curso específico para estudar a 
ciência que trata destas instituições, porém, a suspensão completa do ensino das Ciências 
Atuariais nos cursos de graduação em Ciências Contábeis no Brasil, após a desagregação dos 
cursos, em 1951, prejudicou o ensino e a relação intrínseca destas duas áreas de 
conhecimento. 
Portanto, após estudos que iniciaram em 1997, relacionados aos projetos político 
pedagógicos dos cursos de graduação no Brasil, o Ministério da Educação e Cultura, através 
da resolução CNE/CES 6/2004, entre outras orientações, salientou, em diversos artigos, a 
importância do domínio atuarial nos cursos de graduação de Ciências Contábeis em todo o 
país. 
No entanto, apenas 5 (cinco) faculdades das capitais nordestinas se adaptaram a esta 
recomendação, visto que o prazo ainda é curto para as devidas adequações curriculares. 
Porém, estas instituições de ensino superior já se anteciparam às demais, e estão oferecendo 
aos seus estudantes um diferencial importantíssimo para a colocação do profissional de 
Contabilidade no mercado de trabalho. 
É, portanto, de fundamental importância o conhecimento da Ciência Atuarial para os 
Contadores, pois, o mercado de trabalho desta área do conhecimento encontra-se em forte 
expansão e necessita de profissionais bem qualificados para poderem atender as necessidades, 
financeiras e fiscais do setor. 
Desta forma, para os profissionais que se especializam na Contabilidade das 
instituições de seguros, previdência e capitalização, existe uma grande possibilidade de 
ingressar em uma carreira bastante promissora. 
 
 
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Paulo, v. 21, n. 278, p. 23-4, nov. 2002. 
15 
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i Parcelas pagas às seguradoras referente ao contrato de seguro. 
ii Relação entre os planos vendidos e a capacidade de pagar as apólices. 
iii Reservas econômicas para garantir a solvência da companhia.

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