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DIREITOS HUMANOS E EDUCAÇÃO

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@advdaianasantos 
 
DIREITOS HUMANOS E EDUCAÇÃO 
 
Daiana Santos do Vale 
 
Os direitos humanos foram conquistados por meio de intensa luta da sociedade ao longo 
da história. A discussão sobre essa temática advém de origens remotas, como a busca da 
liberdade pelos escravos, a adoção do lema “liberdade, igualdade e fraternidade” da Revolução 
Francesa em 1789, e a aprovação da Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) em 
1948, que surgiu após o maior conflito militar sofrido pela humanidade, a Segunda Guerra 
Mundial (1939-1945), que culminou em muitas mortes e fez com que os países aliados, com 
intuito de promoção à paz, se reunissem na Organização das Nações Unidas (ONU) e 
aprovassem um texto composto por direitos universais e inalienáveis. 
No Brasil, a questão dos direitos humanos começou ser discutida no período da ditadura 
militar em que muitos direitos foram violados, e, a partir de então, debates e instrumentos foram 
criados para a reconstrução democrática do país. É a Constituição da República Federativa do 
Brasil de 1988 o principal documento nacional sobre direitos humanos, que seguiu os preceitos 
da DUDH e adotou como fundamentais os direitos a educação, saúde, moradia, alimentação, 
dentre outros. 
De tal modo, o art. 6º da referida Carta Magna descreve a educação como o primeiro 
direito social, o que é essencial para a formação do cidadão e favorecedor do princípio da 
dignidade da pessoa humana. Sendo assim, partindo das motivações para vigência dos direitos 
humanos nos dias atuais, e considerando a educação como um instrumento de desenvolvimento 
social, econômico e cultural para o cidadão, imprescindível se faz esse estudo, com o propósito 
de verificar a incidência dos valores humanos cumulados com os processos educacionais em 
aulas de Linguagens. 
Nessa perspectiva, o art. 205 da Constituição Federal informa: “a educação, direito de 
todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da 
sociedade, visando o pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da 
cidadania e sua qualificação para o trabalho” (BRASIL, 1988), o que direciona para uma 
educação calcada na defesa dos direitos humanos. 
A educação em direitos humanos visa a proteção do indivíduo em sala de aula e bloqueia 
atos preconceituosos e vexatórios como: violência, chantagens, indisciplina, bullying, bem 
 
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como palavras depreciativas em relação ao professor e colegas. Para José Rocha e Denise Rocha 
(2009), 
os fundamentos teóricos e metodológicos para a educação em direitos humanos se 
inserem numa abordagem teórica crítica da educação, considerando que seus objetivos 
adotam uma visão crítica e transformadora dos valores e atitudes, relações e práticas 
sociais. (ROCHA, J; ROCHA, D. 2009, p. 30). 
 
A escola, em específico a sala de aula, é o espaço mais apropriado para discursivização 
sobre os direitos humanos, pois é no ambiente educacional que se promove a mudança na 
sociedade no que tange ao respeito à diversidade e ao desenvolvimento de práticas sociais e 
individuais voltadas para a convivência com o outro. É, também, interacional, já que o professor 
ensina, transmite conhecimentos e o estudante aprende, adquire novas informações. Por meio, 
do dialogismo, “as intervenções dos alunos podem ser classificadas como visando informar ao 
professor o que sabem, dar continuidade à interação e manifestar-se quanto ao que é 
dito/estudado, o que ocorre por intermédio de suas perguntas e de suas respostas”. 
(MATENCIO, 1999, p. 75). 
É por meio dessa interação em sala de aula que se torna possível a redução das relações 
conflituosas, e, a educação em direitos humanos é uma manobra para a cultura da paz e o 
desenvolvimento do cidadão. Nessa mesma ótica, “a sala de aula é, por isso, porta de entrada 
para o domínio público das relações humanas e lugar genuíno de construção de pelo menos uma 
identidade social: a de aluno”. (COELHO, 2011, p. 38) 
Nesse sentido, a Resolução nº 1 de 30 de maio de 2012, estabelece as Diretrizes 
Nacionais para a Educação em Direitos Humanos, e se define como outro marco na legislação 
brasileira que evidencia a educação em direitos humanos “com a finalidade de promover a 
educação para a mudança e a transformação social” (BRASIL, 2012), o que materializa, 
portanto, o ensino das liberdades fundamentais nas instituições de ensino. 
Ressalta-se, ainda, que a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional Lei 9.394/1996 
(LDB) e o Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos (PNEDH) são normas que 
também fazem alusão a educação em direitos humanos como meio de prevenção a violência e 
garantia da igualdade de oportunidades. 
É clarividente que para a efetivação dos direitos humanos em sala de aula, é preciso que 
haja o envolvimento de diversos fatores como: técnicas de ensino-aprendizagem, a troca de 
saberes entre professor/aluno, a teoria conteudista bem como o material didático. Não basta o 
mero conhecimento jurídico sobre direitos humanos “se eles não forem internalizados no 
 
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imaginário social, nas mentalidades individuais e coletivas, de modo sistemático e consistente, 
não construiremos uma cultura dos Direitos Humanos na nossa sociedade. E, neste horizonte, 
os processos educacionais são fundamentais” (CANDAU; SACAVINO, 2013, p. 60). 
Desse modo, faz-se necessário “implementar a educação em direitos humanos na escola 
– nos currículos, nas propostas e nos projetos ou em outros modos pedagógicos e/ou didáticos 
e metodológicos” (FERREIRA, 2017, p. 39), em especial, nas aulas de Linguagens, o que irá 
contribuir para o processo de desenvolvimento individual e coletivo dos alunos, restringindo as 
opressões e exclusões existentes em sala de aula, bem como cooperando para o bom 
desempenho do estudante. Cogente também a articulação das práticas educativas com os 
direitos humanos no material didático e na formação dos professores como cursos, palestras e 
jornadas pedagógicas.

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