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Evelyn Barrozo Caetano Lima William Alves Notario Normas e Práticas Contábeis © 2016 by Universidade de Uberaba Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Universidade de Uberaba. Universidade de Uberaba Reitor Marcelo Palmério Pró-Reitor de Educação a Distância Fernando César Marra e Silva Editoração Produção de Materiais Didáticos Capa Toninho Cartoon Edição Universidade de Uberaba Av. Nenê Sabino, 1801 – Bairro Universitário Catalogação elaborada pelo Setor de Referência da Biblioteca Central UNIUBE Evelyn Barrozo Caetano Lima Atualmente curso pós-graduação pela Unicesumar - Centro Uni- versitário Cesumar, em EAD e as Tecnologias Educacionais. Sou especialista em Controladoria e Auditoria, pelo Instituto Paranaen- se de Ensino - IPE; possuo extensão universitária em Metodologia e Didática para o Ensino Superior, pela Faculdade Cidade Verde - FCV, e graduação em Ciências Contábeis pela Universidade Es- tadual de Maringá - UEM. Tenho experiência na área contábil e As- sessoria/Consultoria Empresarial. Fui professor de cursos técnicos oferecidos pelo TECPUC - Cursos Técnicos do Grupo Marista, para os cursos de Administração e Ciências Contábeis, sendo, inclusive, coordenador temporário do curso. Atualmente, sou professor Me- diador, Formador e Conteudista no NEAD - Núcleo de Educação a Distância, da Unicesumar, para o curso de Ciências Contábeis. Também sou professor de cursos preparatórios para concursos públicos, elaborador de questões para concursos públicos, autor de livros e materiais de estudos para graduação e pós-graduação na Unicesumar e sócio-proprietário em um escritório de assessoria contábil para pequenas e médias empresas, além de professor em cursos on-line específicos da área. Link para acesso ao currículo Lattes: <http://lattes.cnpq. br/1203900123287109> Sobre os autores William Alves Notario Sou especialista em Administração Tributária pela Universidade Castelo Branco - RJ (2007). Possuo graduação com Láurea Aca- dêmica em Ciências Contábeis pela Universidade Estadual de Ma- ringá-PR UEM (2006). Atualmente curso pós-graduação em Audi- toria, Contabilidade e Perícia Contábil pela Unicesumar - Centro Universitário Cesumar. Possuo experiência na área contábil e ên- fase como analista fiscal. Atualmente, sou professora conteudista e mediadora do NEAD da Unicesumar - Centro Universitário Ce- sumar e autora de livros e materiais de estudos para graduação e pós-graduação na Unicesumar, além de professora em cursos on-line específicos da área. Link para acesso ao currículo Lattes: http://lattes.cnpq. br/6508272113068133 Evelyn Barrozo Caetano Lima Introdução Introdução ao estudo das S.A. e alterações da lei 6.404/76 Capítulo 1 Este capítulo é dedicado ao estudo das principais características das Sociedades Anônimas, as conhecidas S.A, regidas pela Lei nº 6.404/76. Iremos apresentar sua constituição, conhecer seus principais termos, os órgãos que a regulam e estabelecer uma breve comparação com esse tipo de sociedade e a sociedade limitada. Após apresentar todos os pontos importantes pertinentes às S.A., entraremos no estudo das mudanças na Lei nº 6.404/76, ocorridas com as Leis 11.638/2007 e a Lei 11.941/2009. Essas leis (11.638/2007 e 11.941/2009) causaram profunda mudança na Lei 6.404/76, mais que isso, representam a padronização da Contabilidade brasileira às normas internacionais de Contabilidade. A Lei nº 6.404/76 disciplina as demonstrações contábeis e tem grande importância no cenário da contabilidade no Brasil, daí a relevância e importância do nosso estudo. Com a convergência às normas internacionais, nosso modo de fazer contabilidade mudou! E você precisa saber o que mudou e em que isso afeta as demonstrações contábeis, em especial, o Balanço Patrimonial. Sem dúvidas, o Balanço Patrimonial é uma das principais c2580 Realce c2580 Realce 10 UNIUBE • Aprender as principais características da S.A. • Compreender algumas obrigatoriedades da S.A. • Conhecer as principais mudanças na Lei 6.404/76. 1 . Introdução ao Estudo das S.A. 1.1 Constituição da Sociedade Anônima 1.2 Características da Sociedade Anônima 1.3 Tipos de Sociedade Anônima 1.4 Órgãos da S.A. 1.4.1 Assembleia geral 1.4.2 Conselho de Administração 1.4.3 A Diretoria 1.4.4 Conselho Fiscal 1.5 Demonstrações Contábeis 2. A Nova Lei das S.A. – Lei 11.638/2007 Objetivos Esquema demonstrações dentro da contabilidade, utilizado por todas as empresas e fundamental para indicar se a empresa em questão é ou não rentável, se compensa ou não liberar créditos para ela, dentre outras informações. Além do Balanço, veremos todos os pontos de mudança oriundos das leis. Neste capítulo I, iremos pontuar as alterações e, no capítulo 2, faremos um estudo mais aprofundado. Esperamos que assim você consiga criar uma sequência lógica de raciocínio, e que nossa explanação possa contribuir com a atualização dos seus conhecimentos com a nova contabilidade. UNIUBE 11 Introdução ao estudo das S.A.1.1 Uma sociedade com eventos contábeis pode ser qualquer pessoa física ou jurídica. Conforme nos traz o artigo 981 do código civil de 2002: “celebram contrato de sociedade as pessoas que reciproca- mente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exer- cício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados”. Ou seja, sociedade é a junção de pessoas, com objetivos comuns que dividem os resultados do seu negócio. O código civil tipifica várias formas de sociedade. O nosso objeto de estudo é a Sociedade por ações, também chamada de socie- dade anônima. A sociedade anônima é disciplinada pela Lei 6.404/76, que foi atu- alizada pelas Leis 11.638/2007 e 11.941/2009, e que também tem aplicações dos artigos 1.088 e 1.089 do Código Civil de 2002, nos casos em que a Lei 6.404/76 é omissa. A Lei 6.404/76 é para a contabilidade a base para regulamentar as demonstrações financeiras das sociedades por ações, por isso é tão importante no Brasil. Desde sua criação em 1976, somente em 2007 teve sua primeira alteração. Essa alteração aconteceu para adequar a lei às normas internacionais de contabilidade. RELEMBRANDO A contabilidade é uma ciência social que tem como objeto de estudo o patrimônio, como objetivo, gerar informações acerca desse patrimônio c2580 Realce c2580 Realce c2580 Realce c2580 Realce c2580 Realce 12 UNIUBE e como finalidade, estudar, gerenciar e contabilizar os fatos desse pa- trimônio. Ela evolui conforme muda o comportamento da sociedade. Com a globalização, para facilitar a comunicação, aumentar o nível de confiança nos relatórios produzidos pela contabilidade brasilei- ra, bem como para unificar as normas nas negociações, a contabi- lidade “mudou” e adotou as normas internacionais. Essa mudança é um grande marco para a contabilidade no Brasil, assim como foi a descoberta do método das partidas dobradas, que deu ao Frei Luca Pacioli o título de pai da contabilidade moderna. Importante destacar que, mesmo com a Lei 11.638/2007, foram necessários alguns ajustes para acompanhar as atualizações internacionais. Por isso, surgiram a MP 449, convertida na Lei 11.941/2009, complementado assim as alterações promovidas pela lei 11.638/2007. É sobre essas alterações sofridas na Lei 6.404/76 que iremos tra- tar. Mas, antes de falarmos das alterações, vamos conhecer um pouco mais sobre a sociedade anônima. DICAS Indicamos o site do Conselho Federal de Contabilidade – CFC, que é uma importante fonte para pesquisas na área contábil: <www.cfc. org.br>. Para acompanhar a Lei das S.A., tenha em mãos a Lei 6.404/76. c2580 Realce c2580 Realce c2580 Realce UNIUBE 13 1.1.1 Constituição da sociedade anônima Para serconstituída, a S.A. cumpre algumas formalidades, confor- me o art. 80 da Lei 6.404/76: Art. 80. A constituição da companhia depen- de do cumprimento dos seguintes requisitos preliminares: I - subscrição, pelo menos por 2 (duas) pesso- as, de todas as ações em que se divide o capital social fixado no estatuto; II - realização, como entrada, de 10% (dez por cento), no mínimo, do preço de emissão das ações subscritas em dinheiro; III - depósito, no Banco do Brasil S/A., ou em outro estabelecimento bancário autorizado pela Comissão de Valores Mobiliários, da parte do ca- pital realizado em dinheiro. Parágrafo único. O disposto no número II não se aplica às companhias para as quais a lei exige realização inicial de parte maior do capital social Para ser constituída, portanto, a S.A. precisa ter ao menos duas pessoas. Vale lembrar que há previsão, no novo código civil, de sociedade em que há apenas uma pessoa, o que não é o caso das sociedades anônimas. c2580 Realce c2580 Realce 14 UNIUBE Fonte: Flazingo Photos. A constituição da S.A. pode acontecer por subscrição pública, que consta do art. 82 da lei 6.404/76, ou por subscrição particular art. 88 da referida lei. Na subscrição pública, “depende do prévio registro da emissão na Comissão de Valores Mobiliários, e a subscrição somente poderá ser efetuada com a intermediação de instituição financeira” (art. 82, Lei 6.404/76). Ou seja, nesse tipo de constituição, uma parcela das ações é colocada à venda para o público em geral. Na subscrição particular, “pode fazer-se por deliberação dos subs- critores em assembléia-geral ou por escritura pública, consideran- do-se fundadores todos os subscritores” (art. 88, Lei 6.404/76). Ao contrário da subscrição pública, aqui os fundadores são 100% do- nos do capital, não há divisão com o público. c2580 Realce c2580 Realce c2580 Realce c2580 Realce c2580 Realce UNIUBE 15 1.1.2 Características da Sociedade Anônima As principais características da sociedade anônima estão distribuí- das nos artigos 1º e 3º da lei 6.404/76: Art. 1º A companhia ou sociedade anônima terá o capital dividido em ações, e a responsabilidade dos sócios ou acionistas será limitada ao preço de emissão das ações subscritas ou adquiridas. [...] Art. 3º A sociedade será designada por denomina- ção acompanhada das expressões “companhia” ou “sociedade anônima”, expressas por exten- so ou abreviadamente, mas vedada a utilização da primeira ao final. § 1º O nome do fundador, acionista, ou pessoa que por qualquer outro modo tenha concorri- do para o êxito da empresa, poderá figurar na denominação. § 2º Se a denominação for idêntica ou semelhan- te a de companhia já existente, assistirá à prejudi- cada o direito de requerer a modificação, por via administrativa (artigo 97) ou em juízo, e deman- dar as perdas e danos resultantes. (grifos nosso) Isso nos mostra que, na sociedade anônima, tudo gira em torno das ações, já que seu capital social é dividido por ações e os sócios têm sua responsabilidade limitada ao seu preço. c2580 Realce c2580 Realce c2580 Realce 16 UNIUBE IMPORTANTE! Chamamos a atenção para o detalhe tratado ao final do artigo 3º “mas vedada à utilização da primeira ao final”, ou seja, conforme a lei, a palavra Cia. ou companhia não pode ser utilizada no final da denominação. Como exemplo de denominação pode-se ter: Evelyn Caetano S.A. ou Cia Evelyn Caetano e não Evelyn Caetano Cia. 1.1.3 Tipos de Sociedade Anônima Vimos a constituição e as características das S.A, veremos agora os tipos de S.A. previstos na Lei 6.404/76. As S.A. podem ser de capital aberto ou de capital fechado. São companhias de capital aberto quando os valores de suas ações são negociados no mercado de valores mobiliários (bolsa de valo- res), ao passo que as compainhas de capital fechado não contam com essa negociação. Vejamos o artigo 4º da Lei 6.404/76: “Para os efeitos desta Lei, a companhia é aberta ou fechada conforme os valores mobiliários de sua emissão estejam ou não admitidos à negociação no mercado de valores mobiliários”. c2580 Realce c2580 Realce UNIUBE 17 Parada obrigatória Você conhece a CVM? A Comissão de Valores Mobiliários disciplina todos os assuntos pertinentes ao mercado de va- lores mobiliários e a sua atuação. Ela tem amplos poderes para normalizar e fiscalizar. As negociações na bolsa de valores só são realizadas com empresas registradas e autorizadas pela CVM. É um importante órgão sem o qual não há movimentação no mercado de ações. Além das sociedades de capital aberto e fechado, temos também a sociedade de capital autorizado. Na verdade, o capital autorizado “tanto se aplica à S.A. de capital aberto como à de capital fechado” (MONTOTO, 2015, p. 510). Nesse tipo de sociedade, há a possibi- lidade de aumento de capital sem necessidade de reforma estatu- tária, conforme art. 168 da Lei 6.404/76: Capital Autorizado Art. 168. O estatuto pode conter autorização para aumento do capital social independentemente de reforma estatutária. § 1º A autorização deverá especificar: a) o limite de aumento, em valor do capital ou em número de ações, e as espécies e classes das ações que poderão ser emitidas; b) o órgão competente para deliberar sobre as emissões, que poderá ser a assembléia-geral ou o conselho de administração; c) as condições a que estiverem sujeitas as emissões; c2580 Realce c2580 Realce c2580 Realce 18 UNIUBE d) os casos ou as condições em que os acionistas terão direito de preferência para subscrição, ou de inexistência desse direito (artigo 172). § 2º O limite de autorização, quando fixado em valor do capital social, será anualmente corrigido pela assembléia-geral ordinária, com base nos mesmos índices adotados na correção do capital social. § 3º O estatuto pode prever que a companhia, dentro do limite de capital autorizado, e de acor- do com plano aprovado pela assembléia-geral, outorgue opção de compra de ações a seus ad- ministradores ou empregados, ou a pessoas na- turais que prestem serviços à companhia ou a so- ciedade sob seu controle. Portanto, quando há autorização em Assembleia para que haja au- mento de capital, até o valor autorizado, e ainda não há sócios definidos, temos um caso de capital autorizado. Saiba mais Indicamos o site da CVM, <http:www.cvm.gov.br>, nele há, entre outras informações, toda a legislação pertinente ao mercado de ações e as últimas notícias importantes para o investidor/negocia- dor. Acesse! c2580 Realce UNIUBE 19 1.1.4 Órgãos da S.A. São órgãos da S.A.: • Assembleia geral • Conselho de Administração • Diretoria • Conselho Fiscal 1.1.4.1 Assembleia geral A Assembleia geral é a reunião dos acionistas, que pode ser con- vocada por sessão ordinária ou extraordinária. Sua previsão consta dos artigos 121 e 126 da lei 6.404/76. Art. 121. A assembléia-geral, convocada e ins- talada de acordo com a lei e o estatuto, tem poderes para decidir todos os negócios re- lativos ao objeto da companhia e tomar as re- soluções que julgar convenientes à sua defesa e desenvolvimento. Art. 126. As pessoas presentes à assembleia de- verão provar a sua qualidade de acionista, ob- servadas as seguintes normas: I - os titulares de ações nominativas exibirão, se exigido, documento hábil de sua identidade; I - os titulares de ações nominativas exibirão, se exigido, documento hábil de sua identidade; c2580 Realce c2580 Realce c2580 Realce 20 UNIUBE III - os titulares de ações ao portador exibirão os respectivos certificados, ou documento de depó- sito nos termos do número II; IV - os titulares de ações escriturais ou em cus- tódia nos termos do artigo 41, além do documento de identidade, exibirão, ou depositarão na compa- nhia, se o estatuto o exigir, comprovante expedido pela instituição financeira depositária. A Assembleia geral por sessão ordinária, de acordo com o art. 132 da lei 6.404/79, deve acontecer nos quatro primeiros meses doano, com a função de aprovar as contas dos administradores, vo- tar as demonstrações financeiras, destinar os lucros e distribuir os dividendos e eleger, se necessário, os administradores e membros do seu conselho fiscal. A Assembleia geral por sessão extraordinária, consta do art. 135 da lei 6.404/79, é convocada a qualquer momento com a função de tratar sobre a reforma do estatuto ou qualquer outro assunto. 1.1.4.2 Conselho de Administração O Conselho de Administração é formado por três membros eleitos pela Assembleia Geral, tem a função de representar os sócios e é obrigatório para as S.A. de capital aberto e de capital autorizado. Art. 140. O conselho de administração será com- posto por, no mínimo, 3 (três) membros, eleitos pela assembléia-geral e por ela destituíveis a qualquer tempo, devendo o estatuto estabelecer: c2580 Realce c2580 Realce c2580 Realce UNIUBE 21 I - o número de conselheiros, ou o máximo e míni- mo permitidos, e o processo de escolha e substi- tuição do presidente do conselho pela assembléia ou pelo próprio conselho; (Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001) II - o modo de substituição dos conselheiros; III - o prazo de gestão, que não poderá ser supe- rior a 3 (três) anos, permitida a reeleição; 1.1.4.3 A Diretoria A Diretoria da S.A. é formada por ao menos duas pessoas eleitas pelo Conselho de Administração: Art. 143. A Diretoria será composta por 2 (dois) ou mais diretores, eleitos e destituíveis a qual- quer tempo pelo conselho de administração, ou, se inexistente, pela assembléia-geral, devendo o estatuto estabelecer: I - o número de diretores, ou o máximo e o mínimo permitidos; II - o modo de sua substituição; III - o prazo de gestão, que não será superior a 3 (três) anos, permitida a reeleição; IV - as atribuições e poderes de cada diretor. São, portanto, os diretores que administram a sociedade. c2580 Realce c2580 Realce 22 UNIUBE 1.1.4.4 Conselho Fiscal A existência do Conselho Fiscal é facultativa e uma das suas prin- cipais funções é fiscalizar os administradores. Art. 161. A companhia terá um conselho fiscal e o estatuto disporá sobre seu funcionamento, de modo permanente ou nos exercícios sociais em que for instalado a pedido de acionistas. § 1º O conselho fiscal será composto de, no mí- nimo, 3 (três) e, no máximo, 5 (cinco) membros, e suplentes em igual número, acionistas ou não, eleitos pela assembléia-geral. § 2º O conselho fiscal, quando o funcionamento não for permanente, será instalado pela assem- bléia-geral a pedido de acionistas que represen- tem, no mínimo, 0,1 (um décimo) das ações com direito a voto, ou 5% (cinco por cento) das ações sem direito a voto, e cada período de seu funcio- namento terminará na primeira assembléia-geral ordinária após a sua instalação. § 3º O pedido de funcionamento do conselho fis- cal, ainda que a matéria não conste do anúncio de convocação, poderá ser formulado em qualquer assembléia-geral, que elegerá os seus membros. Tendo visto os órgãos da S.A., veremos agora os tipos de ações existentes. Vale destacar que, em consonância ao artigo 20 da Lei 6.404/76, todas as ações são nominativas (contém os nomes). As ações, por natureza, podem ser ordinárias ou preferenciais. As ordinárias são aquelas que dão direito a voto, já as preferenciais dão preferência na distribuição dos dividendos, mas não dão direito a voto. c2580 Realce c2580 Realce c2580 Realce c2580 Realce c2580 Realce c2580 Realce UNIUBE 23 Art. 15. As ações, conforme a natureza dos direi- tos ou vantagens que confiram a seus titulares, são ordinárias, preferenciais, ou de fruição. § 1º As ações ordinárias da companhia fechada e as ações preferenciais da companhia aberta e fechada poderão ser de uma ou mais classes. § 2o O número de ações preferenciais sem di- reito a voto, ou sujeitas a restrição no exercício desse direito, não pode ultrapassar 50% (cin- qüenta por cento) do total das ações emitidas. (Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001) [...] Art. 17. As preferências ou vantagens das ações preferenciais podem consistir: (Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001) I - em prioridade na distribuição de dividendo, fixo ou mínimo;(Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001) (grifos nossos). Para visualizar a estrutura da S.A., podemos ter suas caracterís- ticas dispostas em forma de tabela, comparando esse tipo de so- ciedade à sociedade limitada – LTDA. muito usada, conforme nos apresenta Montoto (2015, p. 506): 24 UNIUBE Tabela 1: Sociedade por ações versus sociedade limitada CARACTERÍSTICAS SOCIEDADE ANÔNIMA SOCIEDADE LIMITADA CAPITAL (subdividido) Ações Quotas RECOMPRA DE CAPITAL Ações em tesouraria Quotas liberadas NOME EMPRESARIAL Denominação Firma (razão social) ou denominação QUALIFICAÇÃO DOS SÓCIOS Acionistas Quotistas QUALIDADE DA SOCIEDADE De capital De pessoas DOCUMENTO DE CONSTITUIÇÃO Estatuto Contrato social LEGISLAÇÃO Lei nº 6.404/76 Artigos 1.052 e outros do Código Comercial RESPONSABILIDADE DOS SÓCIOS Limitadas ao valor das ações Solidária e limitada ao valor do capital social DISTRIBUIÇÃO DOS RESULTADOS Dividendos Dividendos Fonte: adaptada Montoto (2015, p.506) 1.1.5 Demonstrações Contábeis Conforme consta da lei 6.404/76, temos quais são as demonstra- ções contábeis obrigatórias para as empresas: Art. 176. Ao fim de cada exercício social, a direto- ria fará elaborar, com base na escrituração mer- cantil da companhia, as seguintes demonstrações financeiras, que deverão exprimir com clareza a situação do patrimônio da companhia e as muta- ções ocorridas no exercício: c2580 Realce UNIUBE 25 I - balanço patrimonial; II - demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados; III - demonstração do resultado do exercício; e IV – demonstração dos fluxos de caixa; e (Redação dada pela Lei nº 11.638,de 2007) V – se companhia aberta, demonstração do valor adicionado. (Incluído pela Lei nº 11.638,de 2007) § 1º As demonstrações de cada exercício serão publicadas com a indicação dos valores cor- respondentes das demonstrações do exercício anterior. 1.2 a nova lei das S.A. – LEI 11.638/2007 Agora que conhecemos os principais aspectos de uma S.A., va- mos estudar quais foram as mudanças ocorridas com as Leis 11.941/2009 e 11.638/2007. O Balanço Patrimonial foi o mais afetado com as alterações trazi- das pelas Leis. O Balanço Patrimonial é uma demonstração con- tábil que apresenta informações resumidas de um dado momento, faz parte da estática patrimonial. A obrigação da empresa em ter que elaborar o Balanço Patrimonial encontra previsão legal no artigo 176 da Lei 6.404/76. Pois bem, an- tes das Leis (quando mencionar as Leis, entenda Lei 11.941/2009 e 11.638/2007), o Balanço era assim composto: c2580 Realce c2580 Realce c2580 Realce c2580 Realce c2580 Realce c2580 Realce c2580 Realce 26 UNIUBE Tabela 2: BALANÇO PATRIMONIAL – Lei 6.404/76 (antes das alterações) ATIVO PASSIVO Ativo Circulante Passivo Circulante Ativo realizável em longo prazo Passivo exigível em lon- go prazo (PELP) Ativo Permanente Resultado de exercícios futuros Investimento Imobilizado Diferido Patrimônio Líquido Capital social Reserva de capital Reserva de reavaliação Reservas de lucros Lucros ou Prejuízos acumulados Fonte: a autora Tabela 3: BALANÇO PATRIMONIAL – Lei 11.638/07 ATIVO PASSIVO Ativo Circulante (AC) Passivo Circulante (PC) Ativo não Circulante (ANC) Ativo realizável em longo prazo Investimentos Imobilizado Intangível Diferido Passivo Não Circulante (PNC) Passivo exigível em lon- go prazo (PELP) Receita diferida (-) custo com a receita diferida Patrimônio Líquido Capital social Reservas de capital (-) ações em tesouraria Ajustes de avaliação patrimonial Reservas de lucros Prejuízos acumulados Fonte: os autores UNIUBE 27 Na segunda tabela do Balanço Patrimonial, destacamos em subli- nhado e negrito todas as contas e estruturas de grupos que foramafetados com a alteração da Lei 6.404/76. Vamos ver agora o que mudou em outras demonstrações: • A DFC – Demonstração do Fluxo de Caixa se tornou obriga- tória. Exceção de obrigatoriedade para empresas de capital fechado com patrimônio líquido menor que R$2.000.000,00. • A DVA – Demonstração do Valor adicionado se tornou obriga- tória para a Cia. de capital aberto. • Na DRE – Demonstração do Resultado do Exercício, a Lei só considera como participações as que não se caracterizarem como despesa. Também tivemos uma nova forma de avaliação do Investimento em Coligadas e Controladas, em que, para ser considerada coligada, a sociedade investidora precisa apenas ter influência significativa, isto é, ser titular de 20% (vinte por cento) ou mais do capital votante. Parada para reflexão Queremos evoluir, mas somos resistentes à mudança. Hoje estamos aprendendo sobre as mudanças sofridas pela contabilidade. Seria possível evoluir sem mudar? Veremos no próximo capítulo as mudanças destacadas no ba- lanço patrimonial. Antes disso, é fundamental também destacar- mos que hoje temos na Contabilidade o CPC, que é o Comitê de Pronunciamentos Contábeis. Ele foi criado em 2005 para ser o c2580 Realce c2580 Realce c2580 Realce c2580 Realce c2580 Realce 28 UNIUBE único órgão responsável por emitir os pronunciamentos contábeis. Dentre outros motivos, isso aconteceu pela necessidade, conforme elenca Padoveze (2012, p.124), de: • convergência internacional das normas contábeis; • centralização na emissão de normas contábeis; • representação das instituições nacionais interessadas em eventos internacionais. Nossa ciência caminha a passos largos para evolução. O fato de estarmos nos adequando às normas internacionais de contabilida- de é a maior prova disso. SINTETIZANDO A Contabilidade Comercial (empresas privadas) é normatizada pela Lei 6.404/76. A Sociedade Anônima é uma modalidade de socieda- de que pode ter capital aberto ou fechado. Conhecer as características da S.A é fator importante para poder entender o tipo de sociedade que estamos tratando. Quando das convergências das Normas Brasileiras às Normas Internacionais de Contabilidade, foi criada a Lei 11.638/2007 para regulamentar isso, e também o Comitê de Pronunciamentos Contábeis elaborou o CPC – 13, que trata da Adoção Inicial da Lei nº 11.638/07 e da Medida Provisória 449/08 (convertida depois na Lei 11.941/2009). c2580 Realce c2580 Realce UNIUBE 29 As Leis indicadas provocaram mudanças de estrutura, avaliação e critérios para mensuração e formas de elaborar as demonstrações contábeis. E para a prática contábil tais mudanças precisam ser estudadas. Ampliando o conhecimento Seguem algumas partes que consideramos importantes do CPC – 13 para sua leitura, mas destacamos a importância do conheci- mento da íntegra do pronunciamento. Comitê de pronunciamentos contábeis PRONUNCIAMENTO TÉCNICO CPC 13 Adoção Inicial da Lei nº 11.638/07 e da Medida Provisória no 449/08 [...] Objetivo 5. Este Pronunciamento tem por objetivo assegurar que as primei- ras demonstrações contábeis elaboradas de acordo com as novas práticas contábeis adotadas no Brasil, bem como as demonstra- ções contábeis intermediárias, que se refiram à parte do CPC_13 3 período coberto por essas demonstrações contábeis, contenham informações que: (a) proporcionem um ponto de partida adequado para a contabilidade 30 UNIUBE de acordo com as novas práticas contábeis adotadas no Brasil; (b) sejam transparentes para os usuários; (c) possam ser geradas a um custo que não supere os benefícios para os usuários. As informações intermediárias prestadas pelas entidades para fins de cumprimento de normas de órgãos regu- ladores, como, por exemplo, Informações Trimestrais – ITR ou Informações Financeiras Trimestrais – IFT, estão fora do escopo deste Pronunciamento, uma vez que os órgãos reguladores já emi- tiram ou poderão emitir normas e orientações específicas. 6. Práticas contábeis adotadas no Brasil é uma terminologia que abrange a legislação societária brasileira, os Pronunciamentos, as Orientações e as Interpretações emitidos pelo CPC homologados pelos órgãos reguladores, e práticas adotadas pelas entidades em assuntos não regulados, desde que atendam ao Pronunciamento Conceitual Básico Estrutura Conceitual para a Elaboração e Apresentação das Demonstrações Contábeis emitido por este Comitê e, por conseguinte, em consonância com as normas contá- beis internacionais. Alcance 7. A entidade deve aplicar este Pronunciamento: (a) em suas primeiras demonstrações contábeis elaboradas de acordo com as novas práticas contábeis adotadas no Brasil; e (b) em todas as demonstrações contábeis intermediárias, se hou- ver, relacionadas a período que faça parte de suas primeiras de- monstrações contábeis elaboradas de acordo com as novas práti- cas contábeis adotadas no Brasil. UNIUBE 31 Práticas contábeis e o balanço patrimonial inicial de acordo com a Lei nº. 11.638/07 e Medida Provisória nº 449/08 10. A entidade deve elaborar balanço patrimonial inicial na data de transição para as novas práticas contábeis adotadas no Brasil, que é o ponto de partida para sua contabilidade de acordo com a Lei nº 11.638/07 e Medida Provisória nº 449/08. Esse balanço patrimonial inicial deve ser elaborado de acordo com os termos deste Pronunciamento. Por exemplo: para uma entidade que tem seu exercício social coincidente com o ano-calendário, a data-base das primeiras demonstrações contábeis elaboradas de acordo com as novas práticas contábeis adotadas no Brasil é 31 de dezembro de 2008. Nesse caso, a data de transição dependerá da opção feita pela entidade, constante dos itens 3 e 4, considerando que: (a) se optar por seguir estritamente o § 1º do art. 186 da Lei nº 6.404/76, a data de transição será a abertura em 1º de janeiro de 2008 ou o encerramento em 31 de dezembro de 2007; (b) se optar por reapresentar cifras comparativas ajustadas con- forme a norma “Práticas Contábeis, Mudanças nas Estimativas Contábeis e Correção de Erros”, a data de transição será o início do exercício mais antigo apresentado, ou seja, a abertura em 1º de janeiro de 2007 ou o encerramento em 31 de dezembro de 2006. 11. A entidade deve utilizar as mesmas práticas contábeis tanto no balanço patrimonial de encerramento do exercício em que as no- vas práticas contábeis introduzidas pela Lei nº 11.638/07 e Medida Provisória nº 449/08 forem implementadas (no exemplo do item 10, em 31 de dezembro de 2008), como no balanço inicial de tran- sição. Assim, essas práticas contábeis utilizadas devem cumprir com todos os requisitos deste e dos demais Pronunciamentos que estiverem em vigor na data de autorização para conclusão de suas 32 UNIUBE primeiras demonstrações contábeis elaboradas de acordo com a Lei nº 11.638/07 e Medida Provisória nº 449/08. 12. Como regra geral e, observado o descrito no item 13 a seguir, o presente Pronunciamento requer que a entidade cumpra a Lei nº 11.638/07 e Medida Provisória nº 449/08 na data da autorização para encerramento de suas primeiras demonstrações contábeis sob a vigência dessa Lei. Assim, no balanço patrimonial CPC_13 5 elaborado na data de transição, este Pronunciamento requer que a entidade: (a) reconheça todos os ativos e passivos, cujo reconhecimento é exigido pela Lei nº. 11.638/07 e Medida Provisória nº 449/08; (b) não reconheça itens como ativos ou passivos, se a Lei nº 11.638/07 e Medida Provisória nº 449/08 não permitirem tal reco- nhecimento; e (c) aplique a nova prática contábil brasileira com atendimento inte- gral à Lei nº. 11.638/07 e Medida Provisória nº 449/08. Fonte: Comitê… (s./d.) Considerações finais Em nosso estudo, vimos as principais características das Sociedades Anônimas, tais como a necessidade de ter ao menos duas pessoas para que possa ser constituída. Além disso, uma S.A. tem o seu o capital dividido em ações, e a responsabilidade dos sócios ou acionistasé limitada a essas UNIUBE 33 ações. Sendo que as ações podem ser ordinárias, quando dão di- reito a voto, e preferencias, quando dão preferência à distribuição dos dividendos. A Comissão de Valores Mobiliários – CVM é o órgão responsável por regular e normatizar o mercado de ações. As empresas devem seguir e obedecer às normas, além de terem que se registrar para poder negociar no balcão do mercado de ações. Ao compararmos uma S.A. a uma empresa LTDA., vimos que a principal diferença é que, enquanto na S.A. tudo gira em torno das ações, na LTDA., os sócios têm responsabilidade solidária e limita- da ao valor do capital social, ou seja, tudo gira em torno do capital social. Dentre as principais mudanças na Lei nº 6.404/76, provocadas pe- las Leis 11.638/2007 e a Lei 11.941/2009, o Balanço Patrimonial foi a demonstração mais afetada. Listamos as mudanças sofridas nas obrigatoriedades da DFC – Demonstração do Fluxo de Caixa bem como na Demonstração do Valor Adicionado – DVA que se tornaram obrigatórias para a Cia. de capital aberto. Vimos a estrutura antes das mudanças trazidas pela Lei 11.638/2007 e após a lei no Balanço Patrimonial. Algumas contas foram exclu- ídas, outras incluídas e há uma nova forma de elencar as contas. Com isso finalizamos nossos estudos introdutórios das mudanças. No próximo capítulo, trabalharemos as contas alteradas que com- põem o Balanço Patrimonial. Evelyn Barrozo Caetano Lima Introdução A nova lei das S.A. após a lei 11.638/07 Capítulo 2 Neste capítulo, dando continuidade ao capítulo I, iremos elencar as contas mais afetadas no Balanço Patrimonial pelas mudanças trazidas pelas leis 11.638/2007 e 11.941/2009. Essas leis (11.638/2007 e 11.941/2009) causaram profunda mudança na lei 6.404/76, pois a Contabilidade brasileira precisava se adequar às normas internacionais de Contabilidade, deixando tudo nos moldes do padrão internacional. Veremos a nova classificação dos grupos considerados em circulante e não circulante, tanto do ativo quanto do passivo. Apresentaremos as mudanças de ajuste a valor presente para as operações em longo prazo, do ativo e do passivo. Conheceremos as regras para que um item seja considerado um ativo intangível e veremos quais contas são classificadas como tal. Veremos que o subgrupo diferido no ativo não existe mais e qual o tratamento que foi dado aos saldos e contas que o formavam. Estudaremos ainda que o grupo REF – resultado de exercícios futuros classificado no passivo deixou de existir, assim, apresentaremos sua nova alocação. Acerca do patrimônio liquido, falaremos da extinção das contas reservas de avaliação e lucros acumulados. Este capítulo está recheado de informações importantes, vamos conhecer? c2580 Realce • Conhecer as mudanças trazidas pela Lei 11.638/07. • Entender as novas classificações trazidas pela Lei 11.638/07. 1 Grupos, subgrupos e contas na nova lei das S.A. 1.1 Circulante e não circulante 1.2 Mudanças no Ativo 1.2.1 Realizável em longo prazo 1.2.2 Ativo Permanente 1.2.3 Intangível 1.2.4 Ativo Diferido 1.3 Mudanças no Passivo 1.3.1 Exigível em longo prazo 1.3.2 Resultado de exercícios futuros - REF 1.4 Mudanças no Patrimônio Líquido 1.4.1 Reservas de reavaliação 1.4.2 Lucros ou prejuízos acumulados Objetivos Esquema Grupos, subgrupos e contas na nova lei das S.A.2.1 Iremos agora iniciar nossas análises das contas que sofreram alte- ração em virtude das mudanças sofridas pela Lei 6.404/76 em ra- zão Lei 11.638/2007. Trouxemos novamente a estrutura do Balanço Patrimonial, antes e a após as mudanças na Lei 6.404/76: UNIUBE 37 DICAS Faça a leitura da Lei 11.638/2007, que é o assunto principal desse capítulo. Quadro 1: BALANÇO PATRIMONIAL – Lei 6.404/76 (antes das alterações) ATIVO PASSIVO Ativo Circulante Passivo Circulante Ativo realizável em longo prazo Passivo exigível em lon- go prazo (PELP) Ativo Permanente Resultado de exercícios futuros Investimento Imobilizado Diferido Patrimônio Líquido Capital social Reserva de capital Reserva de reavaliação Reservas de lucros Lucros ou Prejuízos acumulados Fonte: a autora Quadro 2: BALANÇO PATRIMONIAL – Lei 11.638/07 ATIVO PASSIVO Ativo Circulante (AC) Passivo Circulante (PC) Ativo não Circulante (ANC) Ativo realizável em longo prazo Investimentos Imobilizado Intangível Diferido Passivo Não Circulante (PNC) Passivo exigível em longo prazo (PELP) Receita diferida (-) custo com a receita diferida Patrimônio Líquido Capital social Reservas de capital (-) ações em tesouraria Ajustes de avaliação patrimonial Reservas de lucros Prejuízos acumulados Fonte: a autora 38 UNIUBE Podemos observar que o ATIVO foi dividido em dois grupos: circu- lante e não circulante. Antes, tínhamos três grupos: ativo circulante, realizável em longo prazo e permanente. 2.1.1 Circulante e não circulante Antes, a classificação em circulante ou não circulante era baseada no curso do exercício. Com a alteração dada pela Lei 11.638/07, temos como limite até doze meses da data do balanço. A nova classificação em não circulante trouxe também uma nova maneira de alocarmos os valores no curto e no longo prazo. Primeiramente, vamos entender o que são os períodos definidos em AC e PC e os em ANC e PNC. Para isso, vamos utilizar a expli- cação de Montoto (2015, p. 149): As contas classificadas no Ativo Circulante (AC) são aquelas que serão realizadas até o final do exercício social seguinte ao da data do fechamen- to do balanço (até 365 dias da data do fechamen- to do balanço). As classificadas no subgrupo Ativo realizável a longo prazo do Ativo não Circulante são os direitos que poderão ser realizados ou recebidos depois do exercício social seguinte. O mesmo conceito se aplica para as contas agrupa- das no Passivo Circulante (PC) e no Passivo não Circulante (PNC). Não há associação entre o curto prazo e longo prazo ao ano ca- lendário, “curto prazo são os direitos e obrigações que temos a realizar ou a pagar no exercício seguinte, tendo em vista a data do levantamento das demonstrações” (MONTOTO, 2015, p.147). No Art. 179 da lei 6.404/76, temos que no ativo circulante serão clas- sificadas as disponibilidades, os direitos realizáveis no curso do c2580 Realce c2580 Realce c2580 Realce c2580 Realce c2580 Realce UNIUBE 39 exercício social subsequente e as aplicações de recursos em des- pesas do exercício seguinte. E o parágrafo único explica que o ciclo operacional da empresa que for maior que o exercício social, a clas- sificação no circulante ou longo prazo terá por base o prazo desse ciclo. Exemplo: a empresa tem um ciclo operacional de abril de X1 a abril de X2. Como o exercício social considera o ano civil (de Janeiro a Dezembro), nesse caso, a empresa vai considerar o período de abril a abril (seu ciclo operacional) para classificar em circulante e não circulante, e não abril a dezembro (exercício social). Há também no CPC 26(R1) o item 69 que distingue o Passivo Circulante e o Não Circulante: O passivo deve ser classificado como circulante quando satisfizer qualquer dos seguintes critérios: (a) espera-se que seja liquidado durante o ciclo operacional normal da entidade; (b) está mantido essencialmente para a finalidade de ser negociado; (c) deve ser liquidado no período de até doze meses após a data do balanço; Veremos a seguir as mudanças destacadas no Ativo. 2.1.2 MUDANÇAS NO ATIVO 2.1.2.1 Realizável em longo prazo O grupo ativo realizável em longo prazo deixou de existir como grupo e agora é um subgrupo dentro do grupo não circulante. Ele c2580 Realce c2580 Realce c2580 Realce 40 UNIUBE é composto pelos subgrupos de contas: créditos e valores, investi- mentos temporários em longo prazo e despesas antecipadas. Nas contas de longo prazo, o artigo 183 da Lei 6.404/76 está com a nova redação dada pela Lei 11.638/07, no inciso VIII: “os elemen- tos do ativo decorrentes de operações de longo prazo serão ajus- tados a valor presente, sendoos demais ajustados quando houver efeito relevante”. Temos aqui a figura do ajuste a valor presente. O Pronunciamento Técnico CPC 12 – Ajuste a Valor presente, no item 21 diz: 21. Os elementos integrantes do ativo e do pas- sivo decorrentes de operações de longo prazo, ou de curto prazo quando houver efeito relevante, devem ser ajustados a valor presente com base em taxas de desconto que reflitam as melhores avaliações do mercado quanto ao valor do dinhei- ro no tempo e os riscos específicos do ativo e do passivo em suas datas originais. (grifos nossos). Para se adequar a esses ajustes, criou-se a conta: juros a apropriar ou encargos/receitas financeiras a transcorrer, que é uma conta retificadora. Em suma, esse processo de ajustar ao valor presente serve para que operações a prazo sejam diferenciadas das operações à vista, fazendo com que os juros presentes em operações a prazo sejam de fato tratados como resultado financeiro, daí termos o valor do dinheiro no tempo. O ajuste do valor presente ocorre no início da transação. Vejamos um exemplo adaptado, tratado no Manual de Contabilidade Societária. Em uma venda de mercadorias em longo prazo, o desconto relativo ao valor presente deverá ser registrado no mesmo momento em c2580 Realce c2580 Realce UNIUBE 41 que for reconhecida a receita de vendas. Vamos admitir que essa venda fosse ao valor de R$10.000,00 para ser recebida daqui a 14 meses, e que a taxa de juros da operação, conhecida, seja de 2% ao mês. Os registros contábeis são os seguintes: Pela venda: Débito: contas a receber em longo prazo (não circulante) Crédito: receita de vendas (DRE)................................R$10.000,00 Registro do ajuste a valor presente no momento da venda: Débito: receita de vendas (DRE) Crédito: A.V.P. – receita financeira comercial a apropriar (reduto- ra das contas a receber em longo prazo)........................................ R$2.421,25 Para encontrar os R$2.421,25, recorremos à calculadora HP12C 10.000,00 em FV 2 em i 14 em n; PV = 7.578,75 Portanto, fazendo R$10.000,00 – R$7.578,75 = R$2.421,25. Representando no Balanço Patrimonial, ficaria assim: Ativo não circulante Contas a receber longo prazo .................................R$10.000,00 A.V.P. – receita financeira comercial a apropriar.......(R$2.421,25) A receita financeira comercial será apropriada mês a mês no re- sultado do período usando a mesma taxa de 2%. Não ocorre a 42 UNIUBE apropriação linear dos R$2.421,25, e sim um recálculo do valor presente das contas a receber em cada mês. Assim, no segundo mês, o valor presente será R$7.730,32, ou seja, 2% sobre o sal- do líquido de R$7.578,75 = R$151,57 e, assim, sucessivamente. Contabilizando, temos: Débito: A.V.P. – receita financeira comercial a apropriar Crédito: receita financeira comercial (DRE)......................R$ 151,57 Parada para reflexão Ajustar ao valor presente representa um ganho para de- monstrar os resultados. Você concorda que os juros de operação realizada a prazo devem mesmo ser destacados e diferenciados de operações que não tenham esses juros? 2.1.2.2 Ativo Permanente O grupo ativo permanente deixou de existir e, no seu lugar, além de termos o ativo realizável em longo prazo, temos uma nova classifi- cação de subgrupo o intangível. 2.1.2.3 Intangível No intangível, conforme artigo 179, inciso VI, da lei 6.404/76, temos: “os direitos que tenham por objeto bens incorpóreos destinados à c2580 Realce UNIUBE 43 manutenção da companhia ou exercidos com essa finalidade, in- clusive o fundo de comércio adquirido”. Além do tratamento na Lei 6.404/76, há o CPC 04 (R1), que traz a definição, identificação e mensuração do intangível. Como definição para o ativo intangível, o item 8 do CPC 04 (R1) traz que: “é um ativo não monetário iden- tificável sem substância física”. Sua identificação consta do item 12 do mesmo CPC: 12. Um ativo satisfaz o critério de identificação, em termos de definição de um ativo intangível, quando: (a) for separável, ou seja, puder ser separado da entidade e vendido, transferido, licenciado, alugado ou trocado, individualmente ou junto com um contrato, ativo ou passivo relacionado, inde- pendente da intenção de uso pela entidade; ou (b) resultar de direitos contratuais ou outros direitos legais, independentemente de tais di- reitos serem transferíveis ou separáveis da entidade ou de outros direitos e obrigações. (grifo nosso). Para sua mensuração, devemos observar o item 21 do CPC 04 (R1): 21. Um ativo intangível deve ser reconhecido ape- nas se: (a) for provável que os benefícios econômicos futuros esperados atribuíveis ao ativo serão ge- rados em favor da entidade; e (b) o custo do ativo possa ser mensurado com confiabilidade. (grifos nossos). c2580 Realce c2580 Realce c2580 Realce 44 UNIUBE Parada obrigatória O CPC 04 (R1) é um Pronunciamento Técnico que trata especificamente do Ativo Intangível. No seu item 12, trata dos benefícios econômicos futuros gerados por ativo intan- gível que podem incluir a receita da venda de produtos ou serviços, redução de custos ou outros benefícios resultantes do uso do ativo pela entidade. Por exemplo, o uso da propriedade intelectual em um processo de produção pode reduzir os custos de produção fu- turos em vez de aumentar as receitas futuras. Como exemplo, Montoto (2015, p. 158) explica o “caso de uma concessão de telefonia celular. Sem a concessão, a empresa não existiria na região, estado ou município”. E o que se espera é que gerem benefícios econômicos futuros. No ativo intangível, temos as seguintes contas: marcas, softwares, licenças e franquias, receitas, protótipos, gastos com desenvolvi- mento, direitos autorais (IUDÍCIBUS et al., 2010, p. 265). IMPORTANTE Fundo de comércio (artigo 179, VI, da lei 6.404/76) é o ágio por expectativa de rentabilidade futura (Goodwill). Isto é, o goodwill é denominado na lei 6.404/76 de fundo de comércio. c2580 Realce c2580 Realce UNIUBE 45 2.1.2.4 Ativo Diferido A conta ativo diferido deixou de existir, podendo, conforme o artigo 299-A da lei 11.941/2009, os valores existentes nessa conta ser reclassificados em outro grupo de conta (imobilizado ou intangível), ficando neles até seu término. Vale destacar que o CPC 13, no seu item 20, diz que, caso não seja possível a reclassificação, os itens devem ser baixados “mediante o registro do valor contra lucros ou prejuízos acumulados, líquido dos efeitos fiscais, nos termos do item 55 ou mantidos nesse grupo até sua completa amortização, sujeito à análise sobre recuperação”. RELEMBRANDO No ativo diferido eram classificadas conforme o antigo item V do art. 179 da 6.404/76: “as aplicações de recursos em despesas que contribuirão para a formação do resultado de mais de um exercí- cio social, inclusive os juros pagos ou creditados aos acionistas durante o período que anteceder o início das operações sociais”. Podemos citar como exemplo: gastos com implantação e pré-ope- racionais, pesquisa e desenvolvimento de produtos etc. 2.1.3 MUDANÇAS NO PASSIVO 2.1.3.1 Exigível em longo prazo O grupo exigível em longo prazo deixou de ser grupo pela lei 11.941/2009, ficando as obrigações classificadas no Passivo não circulante. c2580 Realce c2580 Realce c2580 Realce c2580 Realce 46 UNIUBE As observações tratadas quando falamos de circulante e não circu- lante já contemplam o passivo não circulante, por isso, não iremos acrescentar novamente aqui. 2.1.3.2 Resultado de exercícios futuros - REF A conta resultado de exercícios futuros (passivo) foi extinta pela alteração dada pela lei 11.638/07. Nessa conta, eram classifica- dos os valores recebidos que, em hipótese alguma, seriam devol- vidos pela empresa, o maior exemplo eram os aluguéis recebidos antecipadamente. 2.1.4 MUDANÇAS NO PATRIMÔNIO LÍQUIDO 2.1.4.1 Reservas de reavaliação A conta reservas de reavaliação deixou de existir. Como não po- dem mais serfeitos lançamentos nessa conta, foi criada a conta Ajustes de Avaliação Patrimonial: com o objetivo de contabilizar variações positivas e negativas de instrumentos financeiros ativos e passivos que não terão suas variações lançadas contra resultado e demais ajustes ativos e passi- vos que não se caracterizem como reavaliações (MONTOTO, 2015, p. 500). c2580 Realce c2580 Realce UNIUBE 47 Saiba mais Na web, veja o Pronunciamento Técnico CPC 13 acessando <http:// static.cpc.mediagroup.com.br/Documentos/223_CPC_13.pdf>, ob- serve que os item 38 ao 41 tratam da conta reservas de avaliação. 2.1.4.2 Lucros ou prejuízos acumulados A conta Lucros Acumulados teve sua extinção do Balanço Patrimonial em função da Lei 11.638/2007. É importante observar- mos que a alteração trazida pela Lei quer dizer que não temos mais essa conta demonstrada no Balanço Patrimonial, mas essa conta continua existente para a contabilidade. Conforme o art. 202, § 6º, da lei 6.404/76, “os lucros não destina- dos nos termos dos arts. 193 a 197 deverão ser distribuídos como dividendos.” Portanto, a contabilidade deve manter a conta Lucros Acumulados e contabilizar seu saldo mensalmente para distribuir os lucros ao final de período, mas, no Balanço, essa conta tem sempre saldo zero ou será prejuízo acumulado. SINTETIZANDO... Devido ao processo de convergência das Normas Brasileiras às Normas Internacionais de Contabilidade, foi criada a lei 11.638/2007 para regulamentar essa fase de transição e adequar as operações contábeis. c2580 Realce c2580 Realce 48 UNIUBE Com isso, o principal demonstrativo contábil afetado foi o balanço patrimonial. Neste capítulo, estudamos as mudanças ocorridas em sua estru- tura, apontando as principais alterações e trazendo a forma como ficou. AMPLIANDO O CONHECIMENTO Dada a relevância do Ajuste a Valor Presente, trazemos os princi- pais pontos do Pronunciamento Técnico CPC 12 - Ajuste a valor presente: COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS PRONUNCIAMENTO TÉCNICO CPC 12 Ajuste a Valor Presente Objetivo 1. O objetivo deste Pronunciamento é estabelecer os requisitos bá- sicos a serem observados quando da apuração do Ajuste a Valor Presente de elementos do ativo e do passivo quando da elabo- ração de demonstrações contábeis, dirimindo algumas questões controversas advindas de tal procedimento, do tipo: (a) se a adoção do ajuste a valor presente é aplicável tão-somente a fluxos de caixa contratados ou se porventura seria aplicada tam- bém a fluxos de caixa estimados ou esperados; UNIUBE 49 (b) em que situações é requerida a adoção do ajuste a valor pre- sente de ativos e passivos, se no momento de registro inicial de ativos e passivos, se na mudança da base de avaliação de ativos e passivos, ou se em ambos os momentos; (c) se passivos não contratuais, como aqueles decorrentes de obri- gações não formalizadas ou legais, são alcançados pelo ajuste a valor presente; (d) qual a taxa apropriada de desconto para um ativo ou um passi- vo e quais os cuidados necessários para se evitarem distorções de cômputo e viés; (e) qual o método de alocação de descontos (juros) recomendado; (f) se o ajuste a valor presente deve ser efetivado líquido de efeitos fiscais. [...] Mensuração Diretrizes gerais 7. A questão mais relevante para a aplicação do conceito de valor presente, nos moldes de Pronunciamento baseado em princípios como este, não é a enumeração minuciosa de quais ativos ou passi- vos são abarcados pela norma, mas o estabelecimento de diretrizes gerais e de metas a serem alcançadas. Nesse sentido, como diretriz geral a ser observada, ativos, passivos e situações que apresenta- rem uma ou mais das características abaixo devem estar sujeitos aos procedimentos de mensuração tratados neste Pronunciamento: (a) transação que dá origem a um ativo, a um passivo, a uma re- ceita ou a uma despesa (conforme definidos no Pronunciamento 50 UNIUBE Conceitual Básico Estrutura Conceitual para a Elaboração e Apresentação das Demonstrações Contábeis deste CPC) ou outra mutação do patrimônio líquido cuja contrapartida é um ativo ou um passivo com liquidação financeira (recebimento ou pagamento) em data diferente da data do reconhecimento desses elementos; (b) reconhecimento periódico de mudanças de valor, utilidade ou substância de ativos ou passivos similares emprega método de alo- cação de descontos; (c) conjunto particular de fluxos de caixa estimados claramente as- sociado a um ativo ou a um passivo; 8. Em termos de meta a ser alcançada, ao se aplicar o conceito de valor presente deve-se associar tal procedimento à mensura- ção de ativos e passivos levando-se em consideração o valor do dinheiro no tempo e as incertezas a eles associados. Desse modo, as informações prestadas possibilitam a análise e a tomada de decisões econômicas que resultam na melhor avaliação e aloca- ção de recursos escassos. Para tanto, diferenças econômicas en- tre ativos e passivos precisam ser refletidas adequadamente pela Contabilidade a fim de que os agentes econômicos possam definir com menor margem de erro os prêmios requeridos em contraparti- da aos riscos assumidos. 9. Ativos e passivos monetários com juros implícitos ou explícitos embutidos devem ser mensurados pelo seu valor presente quando do seu reconhecimento inicial, por ser este o valor de custo origi- nal dentro da filosofia de valor justo (fair value). Por isso, quando aplicável, o custo de ativos não monetários deve ser ajustado em contrapartida; ou então a conta de receita, despesa ou outra con- forme a situação. A esse respeito, uma vez ajustado o item não monetário, não deve mais ser submetido a ajustes subseqüentes UNIUBE 51 no que respeita à figura de juros embutidos. Ressalte-se que nem todo ativo ou passivo não-monetário está sujeito ao efeito do ajuste a valor presente; por exemplo, um item não monetário que, pela sua natureza, não está sujeito ao ajuste a valor presente é o adian- tamento em dinheiro para recebimento ou pagamento em bens e serviços. [...] Efeitos fiscais 29. Para fins de desconto a valor presente de ativos e passivos, a taxa a ser aplicada não deve ser líquida de efeitos fiscais, e, sim, antes dos impostos. 30. No tocante às diferenças temporárias observadas entre a base contábil e fiscal de ativos e passivos ajustados a valor presente, es- sas diferenças temporárias devem receber o tratamento requerido pelas regras contábeis vigentes para reconhecimento e mensura- ção de imposto de renda e contribuição social diferidos. Fonte: Comitê… (s./d.) 52 UNIUBE Considerações finais Neste capítulo, vimos as contas mais afetadas no Balanço Patrimonial ocorridas na lei 6.404/76, mudanças que foram promo- vidas pelas leis 11.638/2007 e 11.941/2009. Aprendemos que os grupos circulante e não circulante são classi- ficados conforme o ciclo operacional da empresa, sendo de curto prazo aquele cuja extensão é de até 12 meses do fechamento dos demonstrativos e de longo prazo aquele cujo período se prolonga para além dos 12 meses da data de fechamento dos demonstra- tivos. Sendo esse entendimento aplicado para o ativo e também para o passivo. Por meio de um exemplo prático, vimos as operações do realizável em longo prazo ajustadas a valor presente. O grupo de contas do intangível que foi criado serve para classificar operações como: marcas, softwares, licenças e franquias, ou seja, bens incorpóreos. Os saldos das contas do extinto grupo do ativo diferido têm previ- são legal para que sejam reclassificados em contas do imobilizado ou do novo grupo de intangível. No patrimônio líquido, a mudança de maior relevância sem dúvi- das ocorreu na conta Lucros acumulados, que não pode figurar no Balanço Patrimonial, mas a conta continua existindo. Esperamos assim ter cumprido nosso objetivo de atualizar seus conhecimentos acerca das principais mudanças sofridas pela Lei nº 6.404/76, pois precisamos estar conscientes para bemexercer a função de contador. c2580 Realce c2580 Realce c2580 Realce William Alves Notario Introdução O novo código civil e a contabilidade - parte 1 Capítulo 3 A lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002, revogou o antigo Código Civil e parte do Código Comercial Brasileiro, tendo nesse Novo Código Civil uma consolidação das normas do direito civil e comercial. O principal reflexo dessa nova legislação foi o aumento significativo das responsabilidades do profissional contábil perante as sociedades empresárias, bem como perante os sócios e administradores, por exemplo, podendo o contabilista responder criminalmente e com bens próprios, em casos específicos, se comprovadamente houver falha, seja de maneira dolosa, seja de maneira culposa. Em face dessa “nova” realidade, o presente trabalho tem o objetivo de abordar os principais pontos de influência nas rotinas do profissional contábil, por exemplo, nas constituições de novas empresas, dando embasamento para que o contabilista possa orientar os empresários da melhor forma. Vale lembrar que os temas abordados neste capítulo foram os que julgamos mais importantes e cotidianos na profissão contábil, uma vez que a referida legislação é extensa e complexa ao seu modo, ou seja, os estudos, reflexos e influências desse Novo Código Civil na Contabilidade devem ser profundamente analisados pelos estudantes. • Apresentar o Novo Código Civil. • Compreender as principais alterações no Código Civil para os contabilistas. • Identificar as principais influências do Novo Código Civil na profissão contábil. 3.1. O Código Civil Brasileiro 3.2. A Contabilidade e o Profissional Contábil 3.2.1 A Contabilidade 3.2.2 O Profissional Contábil 3.3. O Novo Código Civil e a Contabilidade 3.3.1 Responsabilidade do Contabilista 3.3.2 Empresário 3.3.3 Sociedades 3.3.3.1 Sociedade Não Personificada 3.3.3.1.1 Sociedade em Comum 3.3.3.1.2 Sociedade em Conta de Participação 3.3.3.2 Sociedade Personificada 3.3.3.2.1 Sociedade Simples/Cooperativa 3.3.3.2.2 Sociedade em Nome Coletivo Objetivos Esquema Sendo assim, este capítulo abordará a evolução do Código Civil e suas abrangências no mundo dos negócios, tendo em vista que as sociedades empresárias e os empresários são os principais elementos desse cenário. Na sequência, abordaremos a importante e significativa evolução do profissional contábil, necessária e quase que um “divisor de águas” nos dias atuais. E, por fim, buscamos ligar as duas vertentes evolutivas e os seus reflexos, por exemplo, na execução dos trabalhos desse profissional contábil. UNIUBE 55 O código civil brasileiro3.1 Ao comentarmos sobre o Novo Código Civil Brasileiro, certamente nos vem à mente que, para existir o novo, deve ter existido o velho. Pois bem, o atual Código Civil Brasileiro está em vigor desde 11 de janeiro de 2003, após a sua publicação oficial em 10 de janeiro de 2002, através da lei nº 10.406, sancionada pelo então Presidente da República, o Sr. Fernando Henrique Cardoso. Esse período de espera, segundo os juristas da época, foi necessário para uma maior compreensão das complexas e árduas mudanças e instituições. Até essa data, ou seja, anterior à publicação da referida lei nº 10.406, existia o Código Civil de 1916, o qual, diante dos signifi- cativos avanços tecnológicos, sociais e científicos, viu-se cair em desuso a passos largos, uma vez que as mudanças aconteciam de maneira rápida e já involuntárias. Esse Código vigorou por quase 100 anos, e vale lembrar aqui a sua importância junto à sociedade da época, em tempos difíceis de legislar e, até mesmo, de fazê-lo cumprir-se. 3.3.3.2.3 Sociedade em Comandita Simples 3.3.3.2.4 Sociedade Limitada 3.3.3.2.4.1 Regência supletiva pela Lei das S/A 3.3.3.2.4.2 Aumento e redução do capital social 3.3.3.2.4.3 Deliberação dos sócios 3.3.3.2.4.4 Administradores 3.3.3.2.4.5 Termo de Posse 3.3.3.2.4.6 Conselho Fiscal 3.3.3.2.4.7 Reunião 3.3.3.2.4.8 Assembleia 3.3.3.2.4.9 Registro no livro de atas 56 UNIUBE E para a dura missão de refazer o Código Civil, foram eleitos juris- tas renomados, os quais, mesmo diante de críticas, não se ame- drontaram. Após inúmeras idas e vindas, considerando as modi- ficações propostas pelas comissões avaliativas, o documento de lei foi aprovado pela Câmara dos deputados, em 1983. Entretanto, em razão dos processos da redemocratização do país e da elabo- ração da Constituição Federal, os trabalhos foram interrompidos e caídos no esquecimento da comissão. Mais tarde, em 2001, o projeto foi retomado, aprovado, diversas emendas foram criadas objetivando adequar o documento à nova realidade, e sancionado pelo Presidente da República. Reflita O Código Civil de 1916 tinha 1.807 artigos, curtos e com poucos parágrafos, contra 2.046 do Novo Código Civil, que conta ainda com textos mais longos e bem elaborados. O Código Civil de 1916 era um tanto quanto conservador, por exem- plo, nas regras sobre a família. O Novo Código Civil tem uma estrutura robusta e que, certamente, rende longas horas de estudos para os interessados. Conta com duas partes, a primeira é chamada de Parte Geral e a segunda, de Parte Especial, as quais detalham de maneira satisfatória todos os conteúdos que se julgam importantes para o bom convívio dos cidadãos brasileiros, por meio dos seus livros. A seguir, apresen- ta-se um esquema para entendermos melhor tais partes e seus conteúdos. UNIUBE 57 Quadro 3: quadro resumo do novo código civil PARTE GERAL Livro I: Das Pessoas Livro II: Dos Bens Livro III: Dos Fatos Jurídicos PARTE ESPECIAL Livro I: Do Direito das Obrigações Livro II: Do Direito de Empresa Livro III: Do Direito das Coisas Livro IV: Do Direito de Família Livro V: Do Direito das Sucessões Livro Complementar: Das Disposições Finais e Transitórias Fonte: o autor. É importante observar que esse último livro, o qual chamamos de Livro Complementar, existe para disciplinar questões genéricas da aplicabilidade do Código Civil, bem como as questões relativas à fase de transição entre o antigo e novo Código Civil. Por sua vez, a parte geral, que é composta por três livros, versa sobre as Pessoas (naturais e jurídicas), sobre os Bens (quanto à classificação) e dos Fatos Jurídicos (negócios jurídicos, atos jurídi- cos lícitos e ilícitos e da prova). Já a parte especial é composta por cinco livros que contemplam o Direito das Obrigações (modalida- des, transmissões, quitação e extinção das obrigações, inadimple- mento, contratos em geral, espécies de contratos, atos unilaterais, títulos de créditos, responsabilidade civil e preferências e privilé- gios creditórios), sobre o Direito de Empresa (do empresário, da sociedade, do estabelecimento, dos institutos das coisas), sobre o Direito das Coisas (posse, direitos reais, propriedade, superfície, 58 UNIUBE servidões, usufruto, uso, habitação, direito do promitente compra- dor, penhor, hipoteca e da anticrese), sobre o Direito de Família (direito pessoal, direito patrimonial, da união estável, da tutela e da curatela), e sobre Sucessões (sucessões em geral, sucessão legítima, sucessão testamentária, inventário e partilha). De fato, temos aqui um bombardeio de informações importantes, sobre o que já foi dito anteriormente, conteúdos relativos ao bom convívio dos indivíduos em sociedade. Entretanto, vamos nos ater essencialmente aos conteúdos ligados às atividades empresariais e/ou comerciais, principalmente aquelas em que temos o exercício da função do profissional contábil. Nesse sentido, por exemplo, temos o Direito de Empresas, um dos livros específicos e que regula toda e qualquer forma de empresa no país, bem como seus meios de funcionamento e a sua compo- sição societária. Temos, ainda, as definições sobre os contratos, o que de fato é muito importante no meio empresarial, uma vez que as prestações e contratações de serviços no mundo dos negócios são contínuas. Definitivamente, o Código Civil é um documento muito importante e oportunoà nossa vida, tendo em vista que a sua utilização pela sociedade é comum e cotidiana. UNIUBE 59 3.2 A contabilidade e o profissional contábil 3.2.1 A contabilidade Fonte: Pixabay Como já deve estar instituído em sua mente, a contabilidade é uma ciência social que se dedica ao estudo do patrimônio e suas mu- tações, tendo como objetivo gerar informações para a tomada de decisões aos seus usuários, sejam eles internos, sejam eles exter- nos. Nesse sentido, Marion (2009, p. 28) afirma que: A Contabilidade é o instrumento que fornece o má- ximo de informações úteis para a tomada de deci- sões dentro e fora da empresa. Ela é muito antiga e sempre existiu para auxiliar as pessoas a toma- rem decisões. Com o passar do tempo, o governo começa a utilizar-se dela para arrecadar impostos e a torna obrigatória para a maioria das empresas. É nesse sentido que vamos trabalhar, ou seja, sendo a contabilidade uma ciência antiga, de maneira nenhuma fugiu da participação do processo de evolução e mudanças resultantes do Novo Código Civil. 60 UNIUBE A contabilidade pode ser aplicada, de um modo geral, para todas as empresas ou, ainda, particularizada em alguns segmentos um tanto quanto específicos, por exemplo: • Contabilidade Comercial. • Contabilidade Industrial. • Contabilidade Pública. • Contabilidade Bancária. • Contabilidade Hospitalar. • Contabilidade Agropecuária. • Contabilidade Securitária. • Contabilidade Imobiliária. Independentemente desses ou de outros segmentos aos quais a contabilidade pode ser aplicada e cumprir seu papel, todos estão sob os ordenamentos do Código Civil, o que nos retorna ao estudo principal desse capítulo. IMPORTANTE! A contabilidade pode ser feita e mantida para pessoa física ou pes- soa jurídica. Considera-se pessoa, juridicamente falando, todo o ser capaz de direitos e obrigações. Quando se faz contabilidade para a pessoa física (embora não seja muito comum) ou pessoa jurídica, essa pessoa é denominada entidade contábil. UNIUBE 61 3.2.2 O profissional contábil Usualmente, chama-se de técnico em contabilidade aquele que cursou contabilidade em nível técnico, também conhecido como ensino médio. Após o término do curso superior, ou 3º grau, o pro- fissional é conhecido então como contador ou bacharel em Ciências Contábeis. Ambos os profissionais podem ser chamados de conta- bilistas, é essa a nomenclatura que o Novo Código Civil faz uso, por exemplo, em seu Artigo nº 1.182. Toda e qualquer organização, visando ao lucro ou não, utiliza re- cursos diversos, por exemplo, pessoas, materiais, equipamentos e área física, entre outros. Dentre esses recursos, alguns podem ser emprestados, alugados, comprados à vista ou financiados, e para poder trabalhar com todas essas situações, as pessoas ligadas a essas organizações precisam constantemente estar informadas a respeito dos montantes dos recursos envolvidos e utilizados, da situação da dívida contraída e dos resultados econômicos obtidos com a utilização desses recursos (CHING et al., 2010). Atualmente, o profissional contábil deixou de ser meramente um gerador de informações para os usuários, ou mais que isso, era conhecido antes como o “darfista”, remetendo ao DARF, um do- cumento/guia de recolhimento das empresas aos cofres públicos. Tratando-se da profissão contábil, mais do que emprego garantido, podemos apostar em bons salários e/ou honorários, acima até de muitas profissões renomadas e clássicas. O importante papel desse profissional é reforçado em tempos de crise, tempos que estamos vivendo atualmente no Brasil. Nesse sentido, tendo como base os dados reais da empresa, o contador pode ser um parceiro e tanto nas informações gerenciais. 62 UNIUBE Parada obrigatória Hoje se espera que o contador esteja em constante evolu- ção e adaptação aos cenários econômicos, além de todos aqueles requisitos utópicos almejados em um profissional perfeito. Não é mais possível sobreviver nos dias atuais com métodos e sistemas antigos, como eram conhecidos e traba- lhavam nossos colegas de profissão no passado! Seguramente, podemos afirmar que estamos diante de uma nova etapa da profissão contábil, uma vez que as mudanças de funções, trabalho e reconhecimento estão sendo cada vez mais significati- vas. Pode-se dizer que a fase mecânica deu lugar à fase técnica, a qual, por sua vez, está cedendo lugar à fase da informação. Essas transições afetam diretamente as contratações e as demissões! Não é necessário muito esforço para encontrar, ultimamente, nas pesquisas de mercado de reconhecidas fontes, que a contabilida- de é uma das profissões mais promissoras dos últimos e próximos tempos. Mas essa contabilidade citada nas pesquisas é uma nova contabi- lidade, um novo profissional contábil, que domina as informações de mercado internacional, tem uma visão geral da gestão da sua ou de outra empresa para a qual presta serviços, além de ter uma grande visão de negócios. Entendemos que a contabilidade é uma das únicas áreas que gera um leque imenso de oportunidades de atuação profissional, permi- tindo diversas outras áreas de especialização. No entanto, o em- basamento deve estar, seguramente, em dois pilares importantes e principais: UNIUBE 63 • Capacidade técnica; • Comportamento ético. Em outras palavras, apesar das inúmeras vantagens e pontos fa- voráveis ao desempenho profissional do contabilista, não existem segredos para a obtenção do sucesso, nesta ou em outra área, a não ser o desenvolvimento equilibrado desses itens: a competên- cia e a ética. Relembrando As informações geradas pela contabilidade devem proporcionar aos seus usuários base segura às suas decisões, pela compreen- são do estado em que se encontra a entidade, seu desempenho, sua evolução, riscos e oportunidades que oferece. Atualmente, espera-se que o contador esteja constantemente em mudanças, pois, além de diversos aspectos importantes nas espe- cializações da profissão contábil, dificilmente um contador à moda antiga consegue se adaptar ou até sobreviver no momento atual mantendo a mesma postura e desempenho. O mundo dos negó- cios é um grande filtro! O contador atual deve se apresentar como um intérprete, além de ser quem apura dos dados e informações econômicas e financei- ras. Muito além do que apenas elaborar as demonstrações e rela- tórios contábeis, é preciso fazer com o que os gestores (usuários das informações) os entendam. 64 UNIUBE Outro grande paradigma que deve ser quebrado é a figura dos con- tadores mais antigos, fechados, de difícil comunicação, uma vez que o profissional contábil atual deve ser um importante e grande comunicador dentro das entidades. Essa comunicação é de extre- ma importância, pois esse novo profissional contábil deve estar em total sintonia com todas as áreas da entidade, por exemplo, finan- ceiro, compras, vendas, produção etc. Entre tantos outros pontos a serem discutidos, podemos perceber que o profissional contábil tem ao seu lado as excelentes opor- tunidades de mercado, baixo índice de desemprego, novas chan- ces sendo criadas e, na maioria das vezes, retorno financeiro confortável. Por outro lado, dificilmente uma profissão caminhará tão próxima à corrupção quanto a contabilidade. Por isso, precisa-se das insti- tuições de ensino e dos órgãos reguladores um maior programa e empenho de conscientização dos profissionais, trabalhando o lado ético do indivíduo e da profissão, a qual conta com o seu Código de Ética específico. 3.3 O novo código civil e a contabilidade Conforme vimos nos trechos anteriores, o profissional contábil teve sua evolução histórica, sofreu e sofre adaptações ao mercado de trabalho de igual modo ao Código Civil, que, em sua renovação, contribuiu para tais modificações nas rotinas e exigências feitas aos contabilistas. Veremos, a seguir, os principais reflexos do Novo Código Civil na profissão contábil. UNIUBE 65 3.3.1 Responsabilidade do contabilista Vale lembrarque o profissional contábil tem suas funções e normas regidas por órgãos e diretrizes específicas, por exemplo, o Código de Ética, criada pela Resolução CFC nº 803/96, posteriormente al- terada pela Resolução CFC nº 1.307/2010. Porém, com o Novo Código Civil, algumas mudanças significativas vieram à tona para os profissionais contábeis. Com o Novo Código Civil, a responsabilidade do contabilista foi severa- mente ampliada sobre a escrituração contábil das sociedades empre- sárias ou dos empresários, podendo ele responder, pessoal e solidaria- mente, perante a empresa e terceiros, inclusive com o patrimônio social. Saiba mais Leia no Código Penal, no Artigo nº 18, incisos I e II, sobre os tipos de crimes nos quais o contabilista pode ser enquadrado diante do Novo Código Civil. Sendo assim, o contabilista que agir de modo antiético sabe, ou de- veria saber, exatamente, a gravidade do ato que está praticando e seus efeitos. Portanto, inicialmente, não caberá ao contabilista qual- quer recurso ou alegar que não tinha conhecimento da sua responsa- bilidade solidária junto aos fatos incorridos na entidade empresarial. Outra informação importante é que, mediante o que rege o Novo Código Civil, quem vai poder exigir a responsabilidade dos contabi- listas é seu contratante ou o seu credor. 66 UNIUBE Imagine uma situação, por exemplo, de uma empresa que é autu- ada por uma fiscalização da Receita Federal ou Estadual, na qual não houve o pagamento da multa, o que poderá acarretar em uma execução judicial, em que serão utilizados pelo credor, nesse caso, o Fisco, os meios legais e os coercitivos para o recebimento do crédito. Provavelmente, é nessa fase em que será constatado se houve falha do contabilista, objetivando determinar se ele agiu com culpa ou dolo. Agindo com culpa, responderá pessoalmente perante seu contratante, ao qual é reservado o direito de ação de reembolso daquilo que pagou, a título de penalidade, por culpa do profissional da contabilidade. Da mesma forma que, se for constatado erro em caráter doloso, o credor, no nosso exemplo o Fisco, poderá exigir o crédito tributário também do contabilista, executando inclusive seu patrimônio pes- soal, caso a devedora principal não quite o débito. Isso nos leva a concluir que, de qualquer forma, o contabilista será severamente penalizado em qualquer uma das situações, tendo em vista que, diante do Novo Código Civil, praticamente nada po- derá ser alegado a seu favor. 3.3.1.1 O contrato de prestação de serviços Com base nas diversas alterações propostas pelo Novo Código Civil, os contabilistas devem (não que antes não deviam) tomar toda e qualquer cautela junto aos seus contratantes, uma vez que a responsabilidade por possíveis erros ou fraudes serão comparti- lhadas entre eles, contratante e contratado. UNIUBE 67 Dentre as demais cautelas previstas, por exemplo, no Código de Ética Profissional do Contador e também no Novo Código Civil, os trabalhos devem ser acompanhados do contrato de prestação de serviços. Entende-se então que todo e qualquer serviço prestado pelo con- tabilista deve ser registrado em contrato específico, ainda mais se analisarmos o Artigo nº 601 do Novo Código Civil, que traz em sua redação que “não sendo o prestador de serviço contratado para certo e determinado trabalho, entender-se-á que se obrigou a todo e qualquer serviço compatível com as suas forças e condições”. Ora, analisando esse trecho da Lei nº 10.406, de 2002, podemos perceber a importância de firmar um contrato para todos os serviços prestados pelo contabilista, mesmo que tais serviços sejam eventu- ais e esporádicos, por exemplo, a elaboração e entrega da decla- ração do imposto de renda à Receita Federal, que ocorre uma vez ao ano. Com base nesse trecho da legislação, caso não seja firma- do contrato específico para tal serviço, o contador se vê obrigado a acompanhar o seu processamento, e se porventura essa declaração vier a “cair na malha fina”, o profissional contábil deverá fazer as reti- ficações necessárias e responder por qualquer irregularidade. Esse tal contrato de prestação de serviços e suas características devem ser em observância, dentre outros, aos Artigos nº 593 e nº 594, os quais trazem em sua redação que “a prestação de serviço, que não estiver sujeita às leis trabalhistas ou à lei especial, será por ele regida, de sorte que toda a espécie de serviço ou trabalho lícito, material ou imaterial, pode ser contratada mediante retribuição”. Os demais artigos desse capítulo, que legisla sobre o contrato de prestação de serviços, afirma ainda que, caso alguma das partes não saiba ler nem escrever, poderá ser assinado a rogo por duas testemunhas. Temos também que, caso combinação diferente, a 68 UNIUBE remuneração será feita após o término do serviço contratado, lem- brando ainda que, a prestação de serviços não poderá ser contra- tada por mais de quatro anos. Temos ainda que, havendo a morte de qualquer uma das partes, finda-se o contrato de prestação de serviços. Há outras possibi- lidades de término de contrato, por exemplo, por conclusão dos serviços, pela rescisão do contrato respeitando os prazos do aviso prévio, por inadimplemento de qualquer uma das partes ou, ainda, pela impossibilidade da continuação do contrato. 3.3.2 Empresário O Novo Código Civil define sobre empresário em seu Artigo nº 966, trazendo a seguinte redação: “considera-se empresário quem exer- ce profissionalmente atividade econômica organizada para a pro- dução ou a circulação de bens ou de serviços”. Em continuação ao referido artigo, define ainda que não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou ar- tística, ainda que com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa. Com base nesse trecho do novo diploma legal, entende-se aqui o Novo Código Civil, basta exercer profissionalmente atividade eco- nomicamente organizada, com os equipamentos, ferramentas e tudo o mais que possa ser preciso e necessário para determinada atividade para que possa caracterizar o empresário. Analisando ainda o que diz o trecho da legislação, o exercício da profissão intelectual, de natureza científica, literária e/ou artísti- ca não caracteriza a qualidade de empresário. Dessa forma, por UNIUBE 69 exemplo, os médicos, engenheiros, cantores, artistas, apresenta- dores de rádio e/ou televisão, mesmo que precisem de auxiliares e estrutura para o desempenho de suas funções, não são considera- dos empresários. Agora, caso esses profissionais mencionados anteriormente regis- trem em órgãos públicos competentes a instituição de pessoa ju- rídica, ou seja, constituam empresas, aí, sim, serão considerados empresários. 3.3.3 Sociedades De um modo geral, entende-se sociedade quando, no mínimo, duas ou mais pessoas se unem por contrato, com o mesmo objeti- vo, para criarem uma sociedade empresária, visando explorar qual- quer atividade lícita com o objetivo do lucro. Vale lembrar aqui que existe a possibilidade de uma entidade empresarial ser unipessoal pelo prazo de até cento e oitenta dias. No término desse prazo, deve-se reconstituir o quadro societário ou pode ser transformada no tipo de empresa individual pertinente, em atendimento a deter- minação legal do Artigo nº 1.033, V, da Lei nº 10.406, de 2002. 3.3.3.1 Sociedade não personificada Essa sociedade é aquela constituída sem as formalidades legais, ou seja, sem o registro nos órgãos competentes ou cujos docu- mentos regulatórios não foram registrados nos respectivos órgãos. Como exemplo desse tipo de sociedade, temos as sociedades em comum e em conta de participação. 70 UNIUBE 3.3.3.1.1 Sociedade em comum Essa sociedade é aquela na qual os atos constitutivos ainda não foram submetidos ao registro. Dessa forma, enquanto permanecer nessa condição, será regida pelas normas da sociedade simples. 3.3.3.1.2 Sociedade
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