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Direito das Coisas - aula 5

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Prof. Doutor Ronnie Herbert Barros Soares
Da propriedade em geral
Conceito: Trata-se do mais completo dos direitos subjetivos, a matriz dos direitos reais e o núcleo do direito das coisas. O art. 1.228 do CC não oferece uma definição de propriedade, apenas enunciando os poderes do proprietário.	
Elementos Constitutivos	
A) direito de usar (jus utendi);
B) direito de gozar ou usufruir (jus fruendi);
C) direito de dispor da coisa (jus abutendi;
D) direito de reaver a coisa (rei vindicatio).
Ação Reivindicatória	
Pressupostos:
A) a titularidade do domínio, pelo autor, da área reivindicada;
B) a individuação da coisa;
C) a posse injusta do réu (desprovido de título).
Natureza jurídica: Tem caráter essencialmente dominial e por isso só pode ser utilizada pelo proprietário, por quem tenha jus in re. É, portanto, ação real que compete ao senhor da coisa.
Ação Reivindicatória	
Legitimidade ativa:
- Compete a reivindicatória ao senhor da coisa, ao titular do domínio;
- não se exige que a propriedade seja plena. Mesmo a limitada, como ocorre nos direitos reais sobre coisas alheias e na resolúvel, autoriza a sua propositura;
- cada condômino pode, individualmente, reivindicar de terceiro a totalidade do imóvel (CC, art. 1.314);
- o compromissário comprador, que pagou todas as prestações, possui todos os direitos elementares do proprietário e dispõe, assim, de título para embasar ação reivindicatória. 
Ação Reivindicatória
Legitimidade Passiva: 
 a ação deve ser endereçada contra quem está na posse ou detém a coisa, sem título ou suporte jurídico;
a boa-fé não impede a caracterização da injustiça da posse, para fins de reivindicatória;
ao possuidor direto, citado para a ação, incumbe a nomeação à autoria do proprietário (CPC, art. 338).
Outros meios de defesa da propriedade
Ação negatória: é cabível quando o domínio do autor, por um ato injusto, esteja sofrendo alguma restrição por alguém que se julgue com um direito de servidão sobre o imóvel.
Ação de dano infecto: Tem caráter preventivo e cominatório, como o interdito proibitório, e pode ser oposta quando haja fundado receio de perigo iminente, em razão de ruína do prédio vizinho ou vício na sua construção (CC, art. 1.280). Cabe também nos casos de mau uso da propriedade vizinha.
Caracteres do direito de propriedade
A) é exclusivo (no condomínio, recai sobre a parte ideal);
B) é ilimitado (pleno) ou absoluto;
C) é irrevogável ou perpétuo: não se extingue pelo não uso.
Evolução do direito de propriedade	
A) No direito romano: tinha caráter individualista;
B) na Idade Média: passou por uma fase peculiar, com dualidade de sujeitos (o dono e o que explorava economicamente o imóvel, pagando ao primeiro pelo seu uso);
C) após a Revolução Francesa: assumiu feição marcadamente individualista;
D) na atualidade, desempenha uma função social: deve ser exercido em consonância com as suas finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam preservadas a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas (CC, art. 1.228; CF, art. 5º, XXIII).
Fundamento Jurídico	
A) teoria da ocupação: é a mais antiga. Vislumbra o direito de propriedade na ocupação das coisas, quando não pertenciam a ninguém (res nullius);
B) teoria da especificação: apoia-se no trabalho. Inspirou os regimes socialistas;
C) teoria da lei (de Montesquieu): sustenta que a propriedade é instituição do direito positivo, ou seja, existe porque a lei a criou e a garante;
D) teoria da natureza humana: prega que a propriedade é inerente à natureza humana. Não deriva do Estado e de suas leis, mas antecede-lhes, como direito natural. É a que conta com o maior número de adeptos, especialmente a Igreja Católica.
Da Descoberta	
Descoberta é o achado de coisa perdida por seu dono. Descobridor é a pessoa que a encontra. “Quem quer que ache coisa alheia perdida há de restituí-la ao dono ou legítimo possuidor” (CC, art. 1.233). “Não o conhecendo, o descobridor fará por encontrá-lo, e, se não o encontrar, entregará a coisa achada à autoridade competente” (parágrafo único).
Aquisição da propriedade Imóvel – Modos de Aquisição
Hipóteses legais (CC, arts. 1.239/ 1.259 e 1.784):
A) Usucapião;
B) Registro do título de transferência no Registro do Imóvel;
C) Acessão;
D) Direito Hereditário.
Aquisição da propriedade Imóvel – Modos de Aquisição
Quanto à sua procedência:
A) originária: não há transmissão de um sujeito para outro, como ocorre na acessão natural e na usucapião;
B) derivada: a aquisição resulta de uma relação negocial entre o anterior proprietário e o adquirente.

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