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Metodologia do Ensino de Ciências - Livro

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3 
 
 
Erenice Farias Lima 
Fabius Bonnet 
Hipácia Rocha Lima 
 
 
 
 
 
 
METODOLOGIA DO ENSINO DE 
CIÊNCIAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1ª edição 
2017 
 
4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
Sumário 
 
Palavra do Professor autor 
Sobre os autores 
Ambientação à disciplina 
Trocando ideias com os autores 
Problematizando 
 
UNIDADE I - CONHECIMENTO CIENTÍFICO E COTIDIANO 
As transformações científicas 
A vida cotidiana 
O senso comum 
O senso crítico 
O método científico 
 
UNIDADE II - ASPECTOS DE METODOLOGIA E ENSINO DE CIÊNCIAS 
Breve histórico do ensino de ciências no Brasil 
Parâmetros curriculares nacionais de ciências 
Tendências e métodos no ensino de ciências 
Alfabetização científica 
Ensino de ciências na educação infantil 
Refletindo sobre a formação e papel do educador 
 
UNIDADE III - PRATICANDO CIÊNCIAS 
Os desafios do ensino de ciências 
Planejando as atividades 
Revista Ciência Hoje das Crianças 
Feiras de Ciências 
Visita a Museus, Observatórios e Planetários. 
Experimentos em sala de aula 
Sites educativos 
 
 
 
6 
 
Explicando melhor com a pesquisa 
Leitura Obrigatória 
Pesquisando com a internet 
Saiba mais 
Vendo com os olhos de ver 
Revisando 
Autoavaliação 
Bibliografia 
Bibliografia Web 
Atividades complementares 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
Palavra do Professor autor 
 
 
Caro estudante, 
 
Esse livro nasceu da preocupação em contribuir para a qualidade do ensino 
de ciências e incentivar o aprimoramento da formação de professores. 
 
A disciplina Metodologia do Ensino de Ciências aqui apresentada visa 
simplificar e proporcionar apoio ao conhecimento teórico e prático sobre o ensino de 
ciências, de modo que assegure uma compreensão reflexiva do processo de ensino 
e aprendizagem. E também simultaneamente, possibilite ao professor e ao futuro 
docente criar sua própria prática de ensino diante de contextos históricos e sociais 
específicos. 
 
Este estudo além de facilitar o entendimento dos objetivos, dos conteúdos e 
métodos usados na disciplina ele irá incentivar o uso de novas metodologias. 
Pretendemos despertar nos estudantes a curiosidade e o interesse por descobertas. 
 
 Deve-se reconhecer que a disciplina de ciências não busca unicamente 
estimular as explicações de fenômenos naturais, mas também procura desenvolver 
a capacidade reflexiva dos indivíduos diante do mundo. 
 
Desejamos um bom estudo! 
 
 
 
 
 
 
Os autores. 
 
 
8 
 
Sobre os autores 
 
 
Fabius Bonnet é Mestre em Educação Matemática pela 
Universidade Estadual Paulista-UNESP (1995). Especialista em 
Estatística Aplicada a Meteorologia pela Universidade Federal 
da Paraíba-UFPB (1988). Possui Bacharelado em Matemática 
pela Universidade de Fortaleza - UNIFOR (1987). Atualmente 
Professor Assistente VII do Curso de Matemática da 
Universidade Estadual Vale do Acaraú - UVA em Sobral/Ce. 
 
 
Erenice Farias Lima é Especialista em Didática da Matemática 
e Especialização em História do Brasil. Possui Bacharelado em 
Filosofia pela Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA. 
Licenciada em História pelas Faculdades INTA. Atualmente, 
Professora do Curso de Pedagogia: Presencial/EAD das 
Faculdades INTA. Cursa graduação em matemática na 
Universidade Norte do Paraná, atua principalmente nas 
seguintes áreas: Didática e Filosofia da Matemática, Teoria e Filosofia da História, 
Teoria do Conhecimento, História e Filosofia da Ciência, entre outros interesses. 
 
Hipácia Rocha Lima é especialista em Filosofia Clinica. 
Especialização em Psicanalise (cursando). Possui graduação em 
Filosofia pela Universidade Estadual do Ceará UECE. Atualmente 
é Professora do Estado, ministrando aulas de Filosofia e História 
para estudantes do Ensino Médio e Fundamental. Seus principais 
interesses em pesquisa são nas áreas: Epistemológicas, na 
Filosofia Francesa Contemporânea e em Filosofia da Mente. 
 
 
 
 
9 
 
Ambientação da disciplina 
 
 
Olá, bem-vindo (a)! a disciplina Metodologia do Ensino de Ciências. 
 
Este material traz uma abordagem histórica do método científico mostrando a 
importância da ciência em nosso cotidiano e os fatores que impulsionaram nosso 
atual desenvolvimento científico e tecnológico. 
 
O material apresenta o enfoque pedagógico do ensino de ciências e o 
planejamento, abordando discussões sobre o ensino de ciências nas séries iniciais, 
as metodologias necessárias para aplicação dos conteúdos sugeridos pelos 
Parâmetros Curriculares Nacionais e as orientações para uma aprendizagem 
significativa voltada para a Ciência e a Cidadania. 
 
Organizamos algumas atividades práticas direcionadas para as competências 
e habilidades dos estudantes. Elas estão na forma de experimentos com materiais 
do cotidiano que devem ser realizados com os estudantes. 
 
A todos, excelentes estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
10 
 
Trocando ideias com os autores 
 
 
Caro estudante, propomos a leitura dos livros abaixo para uma melhor 
compreensão dos assuntos que serão estudados. 
 
A primeira indicação é o livro Ensino de ciências: unindo a 
pesquisa e a prática. Como bem aponta sua capa e titulação, 
seu conteúdo traz uma das pesquisas desenvolvidas pelos 
autores durante seus estudos no mestrado e doutorado. A partir 
de suas observações nas escolas, mostram uma visão de 
ensino integrado à sala de aula. 
 
 
CARVALHO, Anna Maria Pessoa de (Org.). Ensino de ciências: unindo a pesquisa 
e a prática. 2. ed. São Paulo: cengage learning, 2009. 
 
Nossa segunda indicação é o livro Ensino de ciências: 
fundamentos e métodos. Uma obra fantástica especialmente 
para os educadores da área de ciências. Neste livro o destaque 
será o ensino, a formação e atuação do professor. A obra está 
apresentada em seis partes distintas que são divididas por 
capítulos. Um instrumento que irá enriquecer a prática docente 
na construção de novas possiblidades de ensino a partir de 
uma construção de sujeitos mais críticos e participativos. 
 
 
ANGOTTI, José André; DELIZOICOV, Demétrio; PERNAMBUCO, Marta Maria. 
Ensino de ciências: fundamentos e métodos. 4. ed. São Paulo: Cortez, 2011. 
 
Guia de estudo: Após a leitura das obras, faça uma reflexão e construa um 
texto sobre a contribuição da pesquisa para a prática do professor de ciências 
em sala de aula. Em seguida poste no ambiente virtual. 
 
11 
 
Problematizando 
 
 
Convidamos você para analisar a hipótese que a competência docente é 
essencial para aprendizagem do estudante. Analise a situação-problema: um 
professor sem ter habilidade e competência para ministrar aulas sobre ciências. 
Diante essa situação, podemos nos perguntar: quais as consequências para os 
estudantes dessa turma? Indique as competências necessárias ao docente para o 
ensino de Ciências. 
 
 
 
Guia de Estudo: A partir dos seus conhecimentos sobre o assunto produza um 
texto apontando as soluções para o problema. Compartilhe suas ideias no 
ambiente virtual com seus colegas através do fórum de debatesda disciplina. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
13 
 
O CONHECIMENTO 
CIENTÍFICO E O 
COTIDIANO 
1 
 
 
CONHECIMENTOS 
 
Conhecer as transformações da ciência e sua relevância para humanidade. 
 
 
HABILIDADES 
 
Identificar a presença do conhecimento científico no cotidiano e suas 
implicações. 
 
 
ATITUDE 
 
Ter uma postura crítica diante do senso comum e da ciência. 
 
 
 
14 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
15 
 
As transformações científicas 
 
A ciência acelerou a vida moderna de maneira tão rápida e natural que nem 
percebemos. Ela ofereceu bens e serviços para satisfazer boa parte de nossas 
necessidades, que nem notamos nas atividades simples do cotidiano a importância 
do conhecimento científico. Antes tarefas que levariam dias, hoje são resolvidas ao 
apertar um botão, como por exemplo, receber um vídeo do outro lado do mundo pelo 
celular. 
 
O mundo globalizado impulsionou o avanço da tecnologia de tal forma que, 
incorporamos na mesma velocidade a ciência em nossa rotina. É fácil perceber que 
a cultura científica nos últimos cinquenta anos transformou a realidade da sociedade 
tão rapidamente, que algumas atividades seriam impossíveis de fazer no passado, 
tais como: a previsão do tempo, pegar o metrô, tomar um antibiótico ou colocar o lixo 
no saco plástico. Seria possível pensar no mundo atual sem plástico? 
 
Mas nem sempre foi assim, esse impulso tecnocientífico é uma façanha do 
século XX, sendo possível após grandes descobertas dentro das ciências da 
natureza há séculos atrás, ou seja, quando pesquisa nas áreas de Física, Química e 
Biologia trouxeram uma base de conhecimento para as transformações da nossa 
época. A Física merece destaque com os experimentos no campo do 
eletromagnetismo. Durante décadas, houve incansáveis tentativas de manter a 
corrente elétrica num filamento incandescente, sempre repetindo o fracasso de 
produzir a luz. Até que uma ousada experiência de Thomas Edson conseguiu 
iluminar a cidade de Chicago, foi à invenção da lâmpada. Abrindo caminho definitivo 
para o domínio da eletricidade. Em pouco tempo a lâmpada começou a ser fabricada 
e usada nas residências americanas. (CARVALHO, 2011) 
 
Nossa época é testemunha da extraordinária diversidade de tecnologia 
chegando a vários setores da vida humana. Sempre buscando soluções para os 
problemas das pessoas e da comunidade. As transformações científicas facilitaram 
o diagnóstico e tratamento de doenças, ampliaram o acesso à informação, 
 
16 
 
encurtaram distancias e viabilizaram com um click serviços de bancos, 
supermercados, farmácias e lojas. 
 
Essas tecnologias e inovações são peças fundamentais para mudanças e 
melhorias na sociedade, elas influenciam nossas decisões e buscam incluir cada vez 
mais grupos sociais oferecendo acesso igual a bens e serviços. Afinal o 
conhecimento científico também é uma base para o progresso tecnológico. 
 
Um exemplo interessante sobre as transformações promovidas pela ciência 
está no processo de conservação dos alimentos. O método de pasteurização 
desenvolvido por Louis Pasteur no século XIX eliminava microrganismos com altas 
temperaturas, garantindo a validade estendidas do produto. Com tal descoberta os 
alimentos conseguiram ser acondicionados e higienizados para a comercialização 
nos mercados. O leite foi um dos primeiros produtos a utilizar a técnica de 
pasteurização, chamado de longa vida. Era o início da fabricação de produtos 
industrializados a disposição do consumidor. 
 
As transformações científicas mudaram os valores e os comportamentos da 
sociedade a tal ponto, que, hoje discutimos os limites dessa interferência. 
Repensando os modelos, as práticas de consumo e critérios para a relação do 
homem com a natureza. 
 
Contudo, é a partir do contexto social que a tecnologia encontra as 
motivações para seu empreendedorismo, logo que, são dessas necessidades diárias 
que surgem à interação da ciência com a técnica, do conhecimento com o cotidiano, 
da junção perfeita entre saber e fazer. Apenas assim o homem cria ainda mais 
possibilidades. 
 
A vida cotidiana 
 
A lista de assuntos que trazem a ciência para o nosso cotidiano é enorme, 
são centenas e milhares de informações, recursos e produtos quase impossível de 
enumerar aqui, no entanto, podemos imaginar que ao ler uma bula de um remédio, 
 
17 
 
conversar ao celular ou mudar a cor dos cabelos são atividades que envolvem 
diretamente o conhecimento científico. 
 
Na verdade, são os problemas recorrentes do cotidiano que impulsionam as 
investigações científicas a buscar soluções. Muitas vezes são situações rotineiras 
que apontam certos erros, dificuldades, aborrecimentos ou dilemas na vida diária 
que se tornam fonte de investigação. 
 
Por isso a demanda social também direciona as inovações no saber e suas 
técnicas, criando uma relação estreita entre conhecimento científico e cotidiano. 
Uma conquista científica facilmente notada está presente nas tarefas domésticas, 
como a invenção da máquina de lavar roupas, da geladeira e do fogão elétrico. 
Todas elas representação o papel da ciência e sua utilização na sociedade 
moderna. (BIZZO, 2002) 
 
No passado, a invenção do relógio mecânico no século XIII resolveu muitos 
problemas sobre a padronização do tempo, era importante controlar os intervalos em 
horas e minutos. Porém o invento foi além do seu alcance, conseguiu organizar a 
vida nas cidades ao estabelecer horários de trabalho na vida mercantil. Aos poucos 
as pessoas abandonaram o hábito de orientar-se pelo sino das igrejas e passaram 
acompanhar as horas com os primeiros relógios públicos. 
 
A situação descrita espelha o quanto o tempo foi uma problemática difícil no 
cotidiano há séculos atrás, e como a ciência foi progressivamente avançando e 
resolvendo tal questão. Contexto similar é encontrado atualmente, pois ainda 
buscamos melhorias para a vida moderna mesmo após tantas transformações 
científicas, assim como, continuamos solucionando desafios que atravessam 
gerações com a prática da pesquisa. 
 
Outro exemplo interessante para mencionar aqui, está na psiquiatria. Quando 
no passado a solução para transtornos mentais severos era feita através de 
cirurgias, a chamada Lobotomia, atualmente em desuso. Com o avanço dos 
psicofármacos reduziram drasticamente as crises e internações, proporcionando 
uma vida saudável e normal para os pacientes, descartando por completo a 
 
18 
 
intervenção cirúrgica. Tal mudança foi tão importante para a medicina que ao longo 
dos anos o número de casas de internação caiu significativamente, mostrando que 
os conceitos e tratamentos também precisam evoluir e passar por aprimoramentos 
constantes. 
 
O cotidiano é um grande laboratório de descobertas para o homem, foi o 
primeiro lugar para desenvolver soluções e multiplicar ideias, utilizando apenas 
ferramentas caseiras e as experiências diárias para construiu as invenções. 
 
O senso Comum 
 
Acreditamos que o termo senso comum já evidencia boa parte do seu 
significado, expressa algo habitual ou costumeiro. Por isso mesmo, o senso comum 
faz parte do saber cotidiano, ele é composto por opiniões aceitas pela sociedade e 
determinadas como verdadeiras, elas são adquiridas pela experiência e transmitidas 
de geração após geração. (BIZZO, 2002). Essas opiniões traduzem nossas ideias e 
valoresadmitidos no contexto social e, que, muitas vezes servem para orientar 
nossas escolhas. 
 
Podemos dizer que o senso comum é uma das formas de conhecimento 
construído pelo homem. Ele simboliza uma interpretação resumida dos problemas 
cotidianos, é uma forma de leitura imediata das coisas, apreciando apenas aspectos 
gerais das situações e, assim, precipitando alguns julgamentos. Trazendo essa 
definição para o cenário do nordeste, podemos pensar que os profetas da chuva 
utilizam o senso comum, eles fazem previsões do tempo apenas observando o 
ecossistema, sua experiência no meio rural permite entender a natureza e dar 
palpites sobre o inverno. 
 
A visão de mundo do senso comum também está presente nos costumes 
tradicionais, nas crenças e noções populares. Pelo fato de serem transmitidas 
oralmente, muitas opiniões acabam se transformando em ditados populares, 
provérbios ou mitos e, na maior parte, vão sendo adotadas espontaneamente como 
verdadeiras sem o esforço do questionamento, por exemplo: “Homem que é homem 
 
19 
 
não chora”; “filho de peixe, peixinho é”; “na briga de marido e mulher, ninguém mete 
a colher”; “Deus ajuda, quem cedo madruga”. 
 
Certamente, uma problemática do senso comum seria a facilidade de 
provocar enganos e induz ao erro, pela tendência de concluir rapidamente as ideias. 
Talvez uma explicação dessa urgência esteja na falta de critério para avaliar as 
informações, sem rigor nas investigações e sem um método definido. É possível 
dizer, que a maior diferença entre senso comum e senso crítico seria a ausência de 
um método para investigação. Por exemplo, acreditar que todo brasileiro gosta de 
futebol e carnaval, será? Isso é uma conclusão apressada sem considerar as 
diferenças entre as pessoas. 
 
À primeira vista, a aparência do senso comum sugere uma visão de mundo 
errônea e simples da realidade, algo que devemos levar com reservas, porém 
precisamos ponderar alguns aspectos. Quando a ciência estuda as propriedades 
farmacológicas de uma planta ela tem por base o entendimento popular daquele chá 
curativo, sua análise também parte da receita tradicional do remédio caseiro, ou 
seja, a ciência vai examinar aquela noção popular. 
 
Dessa forma, dois saberes tão distintos, senso comum e ciências, acaba se 
encontrando e convergindo em novos conhecimentos, pois a investigação científica 
começa das demandas cotidianas. Assim, é preciso ter em mente, que a 
simplicidade de um saber não significa necessariamente algo equivocado, mas o 
início de uma nova descoberta. (CARVALHO, 2011). 
 
Não obstante, o senso comum também é uma forma de resolver os 
problemas da vida, ele é capaz de organizar e classificar, ficando interessado nos 
efeitos imediatos daquele problema, sintoma e acontecimento. 
 
O senso crítico 
 
 Traçando um paralelo com a discussão anterior, podemos considerar que o 
senso crítico é uma negação do senso comum, um tipo de relutância a essa forma 
 
20 
 
de pensar, como se desejasse outra maneira de olhar para o mundo. Na prática, o 
senso crítico nasceu em oposição às ideias estabelecidas pelo senso comum. 
(BIZZO, 2002) 
 
Percebemos assim, uma distinção clara entre as duas formas de 
conhecimento. O senso crítico procura saber além da informação imediata, está 
interessado em fazer perguntas e avaliá-las, tendo uma postura imparcial e 
argumentativa, de modo que, consegue aprofundar o assunto e descobrir a verdade 
dos fatos. Existem exemplos claros em nosso cotidiano, como refletir sobre o 
conteúdo de uma propaganda, analisar a letra de uma música, criticar uma 
campanha eleitoral ou questionar os padrões de beleza. 
 
Para ser mais preciso, o senso crítico desconfia das verdades prontas de 
nossa cultura, ele não absorve as ideias tendenciosas do cotidiano, ao contrário, 
muitas vezes observa problemas e obstáculos nas explicações aparentes das 
coisas, permanecendo curioso, racional e duvidoso diante dos casos. 
 
Um fato interessante que exemplifica melhor o senso crítico refere-se ao 
período das grandes navegações. No século XVI, os desbravadores do novo mundo, 
como Pedro Alvarez Cabral ou Cristóvão Colombo, desafiavam seu tempo cruzando 
o atlântico atrás de rotas comerciais. No entanto, havia na época muitos relatos de 
monstros e sereias avistados no mar pelos tripulantes. 
 
O medo do desconhecido fazia o homem daquele tempo criar fantasia para 
explicar os perigos da viagem. Em meio às lendas e histórias do imaginário europeu, 
esses conquistadores tiveram uma postura crítica, questionando os relatos e 
refletindo as reais ameaças da empreitada. Do contrário, a história da humanidade 
não seria a mesma, porque foi através das grandes navegações que se comprovou 
a esfericidade da terra e uma grande expansão econômica. 
 
O senso crítico foi um pressuposto essencial para a construção do 
conhecimento científico. Essa atitude reflexiva inaugurou a estrutura crítica que a 
ciência utilizara até hoje como referência de trabalho. (SANTOS, 2005) 
 
 
21 
 
Em termos gerais, o senso crítico é fundamental para a formação de 
pesquisadores, escritores, artistas, professores e cidadãos conscientes na 
sociedade. Qualquer pessoa pode avaliar a credibilidade de um conhecimento ou 
informação fazendo uma reflexão profunda do assunto. Nesse sentido, o senso 
crítico é ideal para estimular o debate e o raciocínio lógico, desenvolvendo 
questionamentos afiados com a atenção cuidadosa. 
 
Um caso interessante para aplicar esses questionamentos está no discurso 
demagogo dos políticos. Com o senso crítico apurado, o cidadão conseguiria 
perceber as mentiras e as falsas promessas, evitando eleger candidatos sem 
compromisso com o povo e exigindo seus direitos. 
 
O despertar crítico e a busca pela verdade são marcas do conhecimento 
científico, elas proporcionaram a capacidade de interferir na realidade e promoveram 
o esclarecimento do homem. Na prática, a postura de perguntar, duvidar e refletir 
sobre nossas experiências cotidianas inspiram as mudanças e as transformações. A 
atitude científica é uma busca criativa para solucionar os problemas rotineiros da 
realidade humana. 
 
Compreendemos que o homem pode fazer uma leitura da realidade de várias 
formas, usando o senso comum, senso crítico, científico, religioso, entre outros. De 
sorte, que esses conhecimentos são apenas maneiras diferentes de relacionar-se 
com o mundo e, por isso, não devemos rivalizar com a pluralidade de saberes e 
entendimentos. 
 
O método científico 
 
Como percebemos no tópico anterior, a inquietação permanente diante dos 
fenômenos do mundo também foi um dos pressupostos do nascimento da ciência. 
As descobertas serviram para preparar o surgimento do método científico e fundar 
os princípios que exigiriam demonstrações claras e concretas. 
 
 
22 
 
O nascimento da ciência formal ou clássica surgiu apenas na modernidade 
durante o século XVI. Após haver uma necessidade de reunir as ferramentas 
astronômicas com a prática da observação e da experimentação. Nessa época, 
muitos astrônomos precisavam entender os movimentos dos planetas e comprovar 
suas descobertas. Para eles, o ideal era conseguir provas incontestáveis das 
informações capturadas pelo telescópio, quanto mais instrumentos, melhor o 
resultado. Assim, ter o auxílio de um método de análise e trabalhar com 
experimentos foi à saída que precisavam. Esse feito é considerado por muitos 
estudiosos como uma verdadeira revolução, porque verdadeiramente inaugurou a 
ciência. 
 
Galileu Galilei foi o primeiro a dar autonomia à ciência, com inovações 
pioneiras na área de físicae astronomia, conduzindo a ciência a dar seus primeiros 
passos. Antes disso, a ciência não era considerada uma área de conhecimento, mas 
um campo dentro da teologia ou metafísica, onde se confiava a ela os estudos sobre 
a Filosofia da Natureza. Galileu inaugurou a ciência moderna quando associou os 
seguintes recursos: instrumento, método e experimentação. 
 
De modo objetivo, o método científico é um conjunto de procedimentos que 
orienta as investigações científicas de acordo com etapas ou níveis, que tem por 
finalidade organizar o processo com um todo. Ele pode ser usado em diferentes 
tipos de pesquisas e com objetivos diferentes, possuindo em geral os seguintes 
passos: observação; hipótese; experimentação e generalização. 
 
A imagem da maçã caindo na cabeça de Newton, resume essa ideia de 
observar e explicar. Nela vemos um fenômeno comum que os nossos sentidos 
básicos não captam a causa da queda. Mas, foi observando e refletindo sobre a 
queda dos objetos, que Newton descobriu que a força gravitacional era a causa dos 
objetos caírem no chão. 
 
 
A importância do método para as pesquisas científicas está em garantir um 
conhecimento seguro e coerente, onde as informações são submetidas a testes em 
diversos níveis de análises. O método científico pode ser aplicado em vários 
 
23 
 
seguimentos da realidade e consegue verificar dados estatísticos, fenômenos da 
natureza, sintomas de doenças, substâncias químicas, matérias-primas, entre 
outras. (CARVALHO, 2011) 
 
 Abaixo, vamos mostrar como se aplicaria o método científico a partir de dois 
casos que aconteceram no Brasil: o acidente com barragem de Fundão em Minas 
Gerais e a epidemia de microcefalia provocada pelo Zika vírus. 
 
Exemplo 1: 
 
“Em novembro de 2015 uma barragem de rejeito de minério da empresa Samarco se 
rompeu em Minas Gerais, causando o maior acidente ambiental do Brasil. A 
enxurrada de lama foi tão forte, que destruiu por completo o distrito de Bento 
Rodrigues. Até hoje não sabemos o impacto real desse acidente” 
 
1- Observar: Coletar e inspecionar os níveis de contaminação do solo, do rio, do 
mar, da vegetação e dos animais. 
2 - Hipótese: Compreender o problema e indicar soluções, no caso, proibir o 
consumo de água e represar a vazão do minério de ferro no solo e na água. 
3 - Experimentar: Elaborar testes com amostras de água e solo em laboratórios, 
fazendo o tratamento químico da água. 
4 - Generalizar: Aplicar a solução nas áreas afetadas, monitorando a qualidade da 
água e da fertilidade do solo. 
 
Exemplo 2: 
 
“O Brasil viveu uma epidemia de microcefalia em 2015 que não apresentava 
explicações aparentes. Até que, os médicos associaram os sintomas do Zika vírus 
com o crescente número de bebês com microcefalia, já que, as respectivas mães 
foram infectadas durante a gestação pela Zika”. 
 
1 - Observar: Analisar as causas que estão por trás dos crescentes casos de 
microcefalia em bebês. 
 
24 
 
2 - Hipótese: Buscar a comprovação da relação entre a infecção do vírus da Zika 
em gestantes e seus filhos com microcefalia. Estudar o comportamento do vírus no 
corpo humano e em gestantes. 
3 - Experimentação: Foi comprovado em laboratórios brasileiros e americanos, que 
o vírus ataca as células cerebrais dos fetos, especificamente, as células troncos 
responsáveis pela formação do cérebro. 
4 - Generalizar: Com a divulgação dos resultados, a orientação em curto prazo foi 
uso de repelente para as gestantes. 
 
De forma simples, foi possível identificar as etapas do método científico 
utilizada na verificação dos problemas. A aplicação do método continuou a mesma 
para os dois casos, contudo em campos diferentes e objetivos distintos, mas sempre 
com eficiência e precisão nas respostas, assegurando a veracidade dos resultados. 
 
O conhecimento científico é uma bússola, fornecendo as explicações mais 
confiáveis, sistematizadas e bem fundamentadas. Costuma-se dizer que é para 
tornar o mundo mais compreensível, que a ciência cumpre o seu papel, 
proporcionando ao ser humano recursos para prevenir situações e compreender 
melhor as leis da natureza. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
25 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
26 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
27 
 
ASPECTOS DE 
METODOLOGIA E ENSINO 
DE CIÊNCIAS 
2 
 
CONHECIMENTOS 
 
Conhecer o processo histórico do ensino e metodologias em ciências 
 
 
HABILIDADES 
 
Identificar as mudanças do ensino de ciências e suas exigências 
 
 
 
ATITUDE 
 
Desenvolver uma postura metodológica crítica sobre a educação em ciências 
 
 
 
 
28 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Breve histórico do ensino de ciências no Brasil 
 
 No século XIX em se tratando de um período moderno da história, a qual 
passava por muitas transições e modificações nos aspectos políticos, econômico, 
social e cultural, é que as disciplinas científicas chegam até a escola secundária no 
cenário brasileiro. Desde então os conteúdos, a forma como são ministrados em 
sala de aula, assim como seu currículo, a postura e formação do professor serão 
caracteristicamente oriundas das ideias do positivismo. 
 
Desenvolvida na França, essa corrente filosófica positivista tinha como 
principal idealizador o sociólogo e filosofo francês Auguste Comte (1798-1857). Em 
linhas gerais o positivismo defendia que o conhecimento verdadeiro e único era o 
das ciências e que também possuía neutralidade. O ensino era oferecido aos 
estudantes. 
Nesse sentido, mostrando que apenas o conhecimento e descobertas 
científicas são definitivos e são produzidos excepcionalmente por grandes gênios, 
esse pensamento influenciou muitos países, inclusive o Brasil, quer seja na 
educação, na arte, na cultura, na música entre outros aspectos da vida em 
sociedade. Um forte exemplo disso está nas páginas da história do nosso país: 
Velha República e o Golpe Militar de 1964. 
 
Diante disso, a educação e a ciência passaram a ser o espelho dessas ideias, 
disseminando inicialmente pelas lideranças das academias militares e engenharias. 
Resultando assim no objetivo positivista de mostrar que a matemática e as ciências 
exercem funções importantes para a construção do conhecimento empírico da 
natureza e assim levá-lo a moldar o social também. Não precisamos ir tão longe 
basta olharmos nossa bandeira e veremos: Ordem e progresso, assim como o 
ensino técnico. Ambos estão fortemente presentes em nossa vida. 
 
Na historiografia positivista das ciências, temos na sequência hierárquica 
estabelecida principalmente por Comte, a seguinte: de matemática → astronomia → 
física → química → biologia → sociologia. Percebe-se então que a matemática está 
no nível mais elevado da escala de importância para o conhecimento dos 
 
30 
 
fenômenos da natureza. Esse sistema presente na história da educação definiu a 
estrutura do currículo escolar, acadêmico e profissional durante anos. 
 
A prática do ensino de ciências sempre esteve relacionada ao nível de 
desenvolvimento científico de um país, o qual estabelece procedimentos para 
assegurar como tal processo deve ser realizado. Inglaterra, França, Alemanha entre 
outros exemplos constituem nações que, desde seus processos históricos, possuem 
primazias para este desempenho. 
 
A difusão das universidades, dos institutos de desenvolvimento tecnológico e, 
principalmente, a industrializaçãosão grandes aliados para promover o começo e o 
estímulo a participação de muitos indivíduos neste processo. No Brasil, por exemplo, 
em um primeiro momento não apresentava diretrizes voltadas para o ensino de 
Ciências Naturais devido, consequentemente, ao seu pouco grau de andamento 
histórico cientifico. 
 
Somente depois de alguns séculos que houve mudanças, por vários motivos, 
desenvolvidas por brasileiros que buscavam esta evolução como a publicação do 
trabalho de Marta Pernambuco e Fernanda Silva, uma Retomada Histórica do 
Ensino de Ciências, além de grupos de pesquisadores de formação brasileira que 
exerciam tanto influências nas atividades nacionais como também em 
financiamentos de órgãos de países estrangeiros aplicados no país com o Banco 
Mundial (BIRD). 
 
Não deixando de considerar que, obviamente, toda esta transformação de 
valorização científica e tecnológica passou a ser integrado ao modelo de ensino 
tradicional, o qual o professor demostra, nas aulas teóricas, os benefícios 
acometidos a fim de formar indivíduos conhecedores deste processo, apesar de o 
processo educacional ser, em sua maioria, destinado a uma população infantil 
elitizada. 
 
Ao prosseguir dos anos, surgem cada vez mais projetos de ensino para 
treinamento de professores com o objetivo de mantê-los formados com o 
conhecimento necessário e integrá-los aos novos rumos do ensino, por exemplo, 
 
31 
 
centros de formação espelhados em projetos estrangeiros como Introductor Physical 
Science (IPS), Physical Sicence Study Committe (PSSC), de Física, Biological 
Science Curriculum Study (BSCS), de biologia entre outros. (DELIZOICOV, 2011). 
 
 Ao traçarmos uma linha temporal dos eventos que marcaram a história do 
ensino de ciências no Brasil, encontramos resumidamente o seguinte texto 
publicado pela revista Nova Escola, mas que aqui modificamos em forma de 
anagramas com intuito mais didático. Neste link você pode comprovar a linha do 
tempo do ensino de ciências no Brasil, Teoria e prática juntas no processo de 
investigação, mitos pedagógicos, Metodologias mais comuns no ensino de Ciências. 
 
 Como podemos observar o ensino de ciências no Brasil é algo bem recente, 
isso faz com que a educação desse país não possua uma tradição relevante de 
inúmeros avanços, assim como na produção de cientistas. Entretanto, tem se 
preocupado com o ensino, a formação e criação de estabelecimentos que 
demostrem diretamente uma aproximação e familiarização com a ciência. Podemos 
citar projetos, programas, museus, institutos e a própria iniciação científica do 
estudante, os laboratórios na escola e universidades. 
 
Parâmetros Curriculares Nacionais de Ciências 
 
 Como vimos anteriormente à educação em ciências no ensino básico 
brasileiro é algo novo, não tão distante. O estudo da área nas dimensões 
curriculares, docência e do conhecimento científico são fundamentais para a 
organização dos Parâmetros Curriculares Nacionais de Ciências. Como qualquer 
conhecimento humano, as ciências naturais possuem também uma organização de 
conteúdos que sofrem influências e marcam a vida em sociedade. Entendendo que 
as ciências não são isentas, nem descontextualizadas da prática do mundo em 
nossa volta, pois traz consigo ideias e traços da cultura, economia e sociabilidade da 
qual faz parte. 
 
 Hoje se torna cada vez mais generalizada a discussão incessante da devida 
importância das ciências na educação escolar, já que acompanha os passos e 
 
32 
 
alavanca o desenvolvimento do indivíduo em sociedade, enquanto cidadão. 
Questionar opiniões, certas posições tomadas, metodologias de análise e 
interpretação da natureza foram ao longo da história dando corpo ao campo das 
ciências naturais em diversas gerações. Dar-se consequentemente, o que vemos 
todo dia, muitas vezes sem perceber a forte relação entre: ciência, tecnologia e 
sociedade. Sobre a importância de se ensinar ciências no ensino fundamental, 
consta nos PCNs: 
Mostrar a Ciência como um conhecimento que colabora para a 
compreensão do mundo e suas transformações, para reconhecer o 
homem como parte do universo e como indivíduo, é a meta que se 
propõe para o ensino da área na escola fundamental. A apropriação 
de seus conceitos e procedimentos pode contribuir para o 
questionamento do que se vê e ouve, para a ampliação das 
explicações acerca dos fenômenos da natureza, para a compreensão 
e valoração dos modos de intervir na natureza e de utilizar seus 
recursos, para a compreensão dos recursos tecnológicos que 
realizam essas mediações, para a reflexão sobre questões éticas 
implícitas nas relações entre Ciência, Sociedade e Tecnologia. 
(BRASIL, 2000, p.21-22) 
 
 A profunda necessidade de explicar e compreender as relações entre os 
acontecimentos vindos da natureza, que envolvem áreas diversas como: a biologia, 
a física, a química, a astronomia, geociências entre outras; como se justificam as 
regularidades, as eventualidades e frequências na natureza; essas entre outras 
questões demonstram inicialmente o quão o conhecimento científico é importante 
para nossa vida, por exemplo, fazer previsões, produzir instrumentos e resolver 
problemas que estão presentes em nossa vida. 
 
 Neste sentido, tanto a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) os parâmetros 
Curriculares Nacionais (PCNs) como os temas transversais procuram objetivamente 
oferecer um ensino de qualidade que possibilite construir e garantir o respeito à 
diversidade, estabelecendo seus critérios curriculares como uma referência para 
uma aprendizagem significativa dos conteúdos em seus diferentes ciclos temáticos. 
Já que devemos levar em consideração os tantos contextos que os estudantes estão 
imersos. 
Assim, esses parâmetros buscam nortear maneiras mais adequadas ou fáceis 
para os problemas que encontramos na educação brasileira, a fim de tornar a 
desenvolver cada vez mais as capacidades do estudante e como sendo sujeito da 
sua própria formação. E é claro que isso se inicia com as interações entre o 
 
33 
 
professor e com o conhecimento abrangente. Aqui já cabe então citarmos, por 
exemplo, as questões ligadas ao cotidiano dos estudantes, que são também 
marcadas por polêmicas. São elas: ética, meio ambiente, orientação sexual, saúde, 
pluralidade cultural, trabalho e consumo. 
 
 Qual seria então a proposta curricular desses Parâmetros para o ensino de 
ciências naturais? E como apresentar a importância desse estudo para a formação 
do estudante? Continuemos a dizer então que a escola é um espaço aberto para 
aprendizagem formal, mesmo que as crianças já tragam consigo os conhecimentos 
diários de sua realidade vivenciada. Como vimos no capítulo anterior o senso 
comum é importante sim, porém a escola deve ultrapassar isso, possibilitando um 
saber diferenciado e sistematizado, com rigor filosófico e científico. E para que isso 
aconteça é necessária uma preparação pedagógica, é claro, já que não se trata de 
um conhecimento costumeiro. 
 
 Diante disso, as propostas teóricas e metodológicas do ensino de ciências 
devem levar a compreensão de cidadania participativa do âmbito social, político e 
cultural enfatizando sua heterogeneidade e buscando uma sociedade mais 
igualitária e repudiando as injustiças relacionadas à ciência e tecnologia. 
Considerando isso, os Parâmetros Curriculares lançam a ideia de 
interdisciplinaridade e contextualização dos conteúdos a serem tratados na 
educação básica. 
 
 Dentro dessa proposta curricular, o ensino de ciências no fundamental é 
apresentado minuciosamente em quatro grandes eixos temáticos: ambiente; ser 
humano e saúde; recursos tecnológicos;terra e universo. Os últimos eixos são 
tratados apenas no terceiro ciclo. Cada eixo traz conceitos variados que favorecem o 
estudante obter uma compreensão geral de ciências. Alguns deles são: tempo, 
espaço, energia, matéria, vida, alimentação, higiene etc. A partir daí as escolas 
desenvolvem dentro de seu projeto pedagógico, qual abordagem será dada e quais 
métodos para o ensino de ciências. De acordo com os PCNs: 
 
Sendo a natureza uma ampla rede de relações entre fenômenos, e o 
ser humano parte integrante e agente de transformação dessa rede, 
são muitos e diversos os conteúdos objetos de estudo da área. Faz-
 
34 
 
se necessário, portanto, o estabelecimento de critérios para a 
seleção dos conteúdos, de acordo com os objetivos gerais da área e 
com os fundamentos apresentados nestes Parâmetros Curriculares 
Nacionais. (BRASIL, 2000, p.33) 
 
 
Para o ensino fundamental, os PCNs apresentam alguns objetivos que devem 
ser alcançados durante os primeiros e segundos ciclos das ciências naturais. 
 
 Como podemos observar na citação acima são inúmeras as possibilidades de 
serem abordados os conteúdos de ciências em sala de aula. As atividades vão 
variando de acordo com seus ciclos, oferecendo situações que constroem noções 
básicas de ciências, complexas ou mais amplas já no primeiro ciclo. Além disso, 
observamos nos objetivos que são destacados os procedimentos, as atitudes e os 
valores humanos que o estudante venha a desenvolver. Tudo isso só pode ocorrer 
se for feito uma organização, um planejamento de um determinado eixo, sem 
esquecer que é nesses ciclos os primeiros contatos da criança com meio ambiente, 
com o corpo, com a tecnologia, recursos naturais e a ciência de modo geral. 
 
Tendências e métodos no ensino de ciências 
 
Em nossa vida sempre esteve e se faz presente a questão da metodologia 
nas mais simples e diversas situações. Quando pensamos em como vamos resolver 
determinado problema, preparar uma receita, conquistar alguém, enfim todas 
exigem um processo, uma técnica, uma análise, objetivos a serem atingidos. Aí vem 
a pergunta: Como? Quando? O que? Para quê? Onde? Em se tratando do ensino de 
ciências diríamos: Como ensinar ciências? E na educação infantil? Existe um 
método eficaz para ensinar e aprender ciências? 
 
A questão do método por ser proveniente da ciência, tornou-se ao longo de 
sua história algo que emite polêmica, criatividade, complexidade, dedicação exigente 
e muita reflexão nos procedimentos que vão ser adotados para uma exausta 
experimentação. Temos que ir, além disso, e compreender que a metodologia é uma 
forma de mudar e não repetir certas tendências docentes que ficam desligadas da 
realidade, da pesquisa, do estudante, sendo apenas verbalistas, passivas e 
 
35 
 
conteudistas. O ensino de ciência não pode se resumir a mera transmissão e 
acumulação de conhecimento, visões deturpadas, mas sim torná-lo atraente e 
significativo para o estudante. E obviamente essa é uma tarefa difícil, porém não 
excludente. 
 
 Os procedimentos do ensino de ciências passaram por muitas transformações 
e inovações ao longo de sua incorporação no ensino fundamental e médio. Nele 
encontramos algumas metodologias adotadas que permaneceram durante décadas 
nos ambientes escolares. As que ficaram bastante conhecidas são os modelos: 
tradicional, tecnicista e investigativa. 
 
O primeiro funcionava na base da decoreba de matérias, sem nenhuma 
reflexão, por isso, é conhecida também como conteudista. As únicas fontes de 
verdade eram o professor e o livro didático, embora sejam bem defasadas, 
infelizmente ainda existem nas práticas docentes. 
 
O segundo tornava o conhecimento mais prático, pois a ideia era reproduzir 
os experimentos científicos de grandes cientistas em sala de aula e nos laboratórios. 
Em meados da década de 70 especialistas no ensino de ciências começaram a 
questionar o papel que o estudante ocupava nesse conhecimento, tem-se aí o 
terceiro modelo. 
 
A partir de então, o estudante se tornou sujeito central da aprendizagem, 
sendo crítico, capaz de dominar e resolver problemas, ao levantar hipóteses, 
observações, pesquisas e investigações, não se restringindo apenas ao livro didático 
e ao professor. 
 
 Os autores Delizoicov e Angotti apontam que nos anos (60 e 70) houve três 
fortes tendências do ensino de ciências, que são: tecnicista, escola novista e ciência 
integrada. A tecnicista recebeu suas caraterísticas da psicologia comportamental. 
Eram aplicados testes com intuito de mostrar as transformações no comportamento 
ao longo dos estudos. A chamada escola novista, possuía também uma 
aproximação com a psicologia, porém voltada para o conteúdo. Valorizava 
excessivamente o método científico em sala de aula, ou seja, as atividades eram 
 
36 
 
experimentais, no qual os estudantes reproduzissem, imitassem os trabalhos 
desenvolvidos pelos cientistas. Isso veio a acarretar ao chamado método da 
redescoberta. Já a ciência integrada procurava fixar a ideia de que o professor de 
ciências bastava saber usar os materiais, aplicar as instruções e pronto, sem 
precisar de um profundo conhecimento do assunto que iria tratar em sala de aula. 
 
 Para compreender melhor e simultaneamente proporcionar um norte sobre 
qual método e técnica adotará para o ensino de ciências na educação fundamental, 
é necessário conhecer dois métodos que são importantes para sua escolha. São 
eles: método da descoberta e o da redescoberta. O seu contexto escolar e social, 
assim como seu perfil definirá sua prática em sala de aula. 
 
O método da descoberta, como próprio nome diz, favorece o estudante a 
descobrir seus próprios caminhos, o mundo ao seu redor sem ou com a intervenção 
direta do professor. A criança passa a fazer corajosamente testes, hipóteses, tomar 
decisões, conclusões, observações, exploração e manipulação dos instrumentos e 
objetos que sejam de forma simples e precisa. A criança é um ser curioso e juntando 
esse método em sala de aula consequentemente favorece a construção do 
conhecimento científico e de conceitos fundamentais. 
 
 Na prática desse método estão inseridos três aspetos que se tornaram 
evidentes nas pesquisas de vários autores em ensino de ciências. São eles: técnica 
da redescoberta, a técnica de projetos e a técnica da resolução de problemas. A 
redescoberta se tornou ferramenta importante para o professor de ciências, ele 
escolhe a temática a ser tratada e experimentada pelos estudantes. Os estudantes 
não sabem os objetivos e nem onde vão chegar com o experimento, porém ao final 
da atividade devem ser capazes de responder isso. O professor apresenta as ideias 
e procedimentos e assim os estudantes vão acompanhando e chegam a uma 
conclusão. 
 
Entretanto a atividade também pode ser feita pelos estudantes, mas é o 
professor que cria as condições para que isso aconteça, ou seja, apresenta os 
materiais que serão utilizados. A experiência a ser desenvolvida cativa os 
estudantes a conclusão correta do experimento. 
 
37 
 
É bastante comum ao falarmos de metodologia de ciências, citar elaboração 
de projetos. A técnica de projeto na educação básica foi primeiramente produzida 
nas séries inicias, mas agora já faz parte do ensino médio também. Esses requerem 
um planejamento, uma ação a ser desenvolvida que segue alguns objetivos que 
devem ser alcançados ao longo do seu processo. É caracteristicamente uma 
atividade escrita, mental e prática ao mesmo tempo, estimulando o estudante a 
pensar algo, projetar, e em seguida executa a sua própria ideia. E como sabemos 
todo projeto requer perguntas básicas: Oque? Por quê? Para quê? E Como? Estas 
deverão ser respondidas ao longo da pesquisa. 
 
 Outra abordagem é a solução de problemas. Essa é uma técnica bem antiga, 
desde o filósofo grego Sócrates (469-399 a.C), quando idealizou o método da 
maiêutica. Que resumidamente era uma forma de aprender através de perguntas e 
respostas, do diálogo, da dialética entre os participantes. Hoje essa é uma 
metodologia bastante usada na prática pedagógica com a finalidade de tornar o 
estudante autônomo em seus pensamentos provocando uma aprendizagem criativa 
desde a infância. No ensino de ciências essa é uma alternativa bem relevante, 
sendo usada pelos professores em sala de aula nas temáticas ou em provas. 
 
A resolução de problemas consiste em apresentar determinado problema de 
ciências para o estudante, e este passa a pensar, enfrentar o questionamento em 
busca de uma solução. Mas não se trata de uma dúvida ou resposta qualquer, o 
procedimento tem que ser científico e deve seguir etapas indispensáveis da 
resolução. Para que isso aconteça o professor mostrará as etapas que norteiam 
esse caminho resolutivo que são: 
 
 
a) compreender o problema c) Executar o plano 
b) Estabelecer um plano d) Fazer a verificação ou o retrospecto 
 
 
São exemplos de alguns problemas para o estudante do ensino fundamental: 
Por que o céu é azul? Por que o arco-íris é colorido? Por que a Lua não cai? Como 
 
38 
 
se forma a nata do leite? Como separar o sal da água do mar? Por que a água 
borbulha quando ferve? 
 
Questões como estas fazem com que o estudante durante a solução de 
problemas busque alternativas rígidas, com teor científico para resolvê-las. 
 
Na educação matemática essa metodologia de resolução de problemas é 
bastante conhecida e utilizada, visto que foi elaborada pelo exímio matemático 
húngaro, George Pólya (1978). E a partir daí outras ciências começaram a aplicar 
em suas pesquisas. 
 
 Para cada passo o professor poderá fazer os seguintes questionamentos que 
orientem os estudantes nesse processo de aprendizagem por resolução de 
problemas. A seguir veja como Polya (1978) distribuiu e facilitou a compreensão do 
que se refere às distintas etapas de trabalho acima. 
 
Compreender o problema 
a) O que se pede no problema? 
b) Quais os dados e as condições do problema? 
c) É possível fazer uma figura, esquema ou diagrama? 
Elaborar um plano 
a) Que estratégia você irá desenvolver? 
b) Procure organizar os dados em tabelas ou gráficos. 
c) Você se lembra de um problema semelhante que poderá ajudá-lo a resolver este? 
d) Procure resolver o problema por partes. 
Executar o plano 
a) Execute o plano elaborado, verificando-o passo a passo; 
b) Efetue os cálculos indicados no plano; 
c) Execute a estratégia traçada ou outras pensadas, obtendo várias maneiras de 
resolver o mesmo problema. 
Fazer um retrospecto ou verificação 
a) Examine se a solução obtida está correta. 
 
39 
 
b) Existe outra maneira de resolver o problema? 
c) É possível usar o método empregado para resolver outros problemas 
semelhantes? 
 
 Essas ideias mencionadas acima ao serem adotadas em sala de aula são 
importantes, mas o professor precisa saber selecionar as temáticas principalmente 
aquelas bem interessantes, desafiadoras e instigantes para os estudantes 
discutirem. Assim como, fornecer um tempo maior para os estudantes resolverem, 
pensar em como proceder com a situação problema. Tudo isso faz com que os 
estudantes sejam participativos, que possam ser ativos e não apenas passivos na 
produção de saberes. Mostrando que se aprende mais fazendo e não olhando 
alguém ou o professor, o ensino passa a ser investigativo. 
 
Esses métodos e técnicas aqui supracitados tem o propósito de subsidiar o 
professor na hora da tomada de decisão quando for ministrar as aulas de ciências. E 
ainda mostrar que é possível o professor sair do tradicional e ousar com seus 
estudantes no processo de aprendizagem, sendo um incentivador, moderador do 
pensamento e atitude independente do estudante. Isso faz com que o ensino de 
ciências não se limite apenas em experimentos, laboratórios, mas que propicie ao 
estudante uma formação que não seja elementar, ou básica. Em outras palavras 
possa aprimorar suas capacidades de observar o meio que vive, dominando os 
conceitos de espaço, tempo e causalidade. 
 
Em metodologia ou para a prática didática pedagógica Delizoicov (2011) 
propõe que a atividade educativa pode ser desenvolvida em três momentos 
específicos para o ensino de ciências, são eles respectivamente: problematização 
inicial, organização do conhecimento e aplicação do conhecimento. 
 
 No primeiro momento, se dar o desenvolvimento da problematização inicial 
com questionamentos ou situações entre professor e estudantes, a partir da 
realidade e vivências destes. É como se fosse uma sondagem, na prática vão ser 
coletados as opiniões e o conhecimento prévio do estudante em xeque sobre o 
conteúdo a ser abordado. Nesse ínterim o professor implantará dúvidas na turma, 
 
40 
 
mas sem explicar ou respondê-las. Dando seguimento, no segundo momento: 
organização do conhecimento, agora os estudantes passarão a fazer relações, 
conceitos e definições com outras visões sobre o fenômeno e ou situações que 
melhor explicam os problemas levantados. Já no terceiro momento, que é aplicação 
do conhecimento, como bem diz, este refere-se à sistematização e colocar em 
prática o conhecimento que foi adquirido nas etapas anteriores. 
 
Ínterim: Característica do que é interino; provisório, meio-termo. 
 
 O quadro abaixo apresenta esses três momentos pedagógicos de maneira 
sintética, evidenciando as principais atividades que devem ser desenvolvidas em 
cada um deles. Esse pensamento é, na verdade, baseado nas ideias do educador 
Paulo Freire: de momentos pedagógicos. 
 
 
 
Alfabetização científica 
 
 Para enfrentar e compreender os avanços rápidos da ciência, da tecnologia, 
da informação que refletem em nossa vida. A sociedade atual exige cada vez mais 
conhecimento, competências, habilidades e atitudes sejam de estudantes, 
 
41 
 
professores, pais etc. Mas realizar essa tarefa, ainda é uma incógnita, já que 
começa com os resultados insatisfatórios que o ensino brasileiro apresenta. De um 
modo geral, o que vemos são problemas educacionais que continuam a existir na 
escola, na sala de aula, na família entre outros. Como por exemplo: a indisciplina, a 
desmotivação, a violência, evasão, desvalorização do professor. 
 
 Nesse contexto o ensino de ciências naturais em nosso país vem se 
mostrando falho, basta olharmos os índices que são diagnosticados por tantas 
avaliações externas aplicadas nas escolas. Uma importante área é o Programa 
Internacional de Avaliação de Estudantes (Programme for International Student 
Assessment) PISA, que procura examinar estatisticamente o sistema e nível de 
ensino a partir do 8º ano com faixa etária de 15 anos. Atualmente isso é feito com 
diversos países. O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio 
Teixeira - Inep é responsável pelo programa no Brasil, veja o que diz: 
 
As avaliações do Pisa acontecem a cada três anos e abrangem três áreas 
do conhecimento – Leitura, Matemática e Ciências – havendo, a cada 
edição do programa, maior ênfase em cada uma dessas áreas. Em 2000, o 
foco foi em Leitura; em 2003, Matemática; e em 2006, Ciências. O Pisa 
2009 iniciou um novo ciclo do programa, com o foco novamente recaindo 
sobre o domínio de Leitura; em 2012, novamente Matemática; e em 2015, 
Ciências. Em 2015 também foram inclusas as áreasde Competência 
Financeira e Resolução Colaborativa de Problemas. (INEP, 2015) 
 
 Nos dados de 2006 o Brasil obteve mais uma vez um resultado ruim, ficando 
em posição 57º, onde participavam no total (57) países comparados no 
desenvolvimento e aprendizagem do ensino de ciências. É preciso mudar esse 
cenário triste, e isso deve começar logo no início da vida e aprendizagem escolar da 
criança. 
 
 Quando falamos em didática e ensino de ciências, está presente uma 
discussão necessária, a chamada Alfabetização Científica também conhecida pela 
sigla (AC). Essa temática envolve polêmicas, controvérsias entre autores, 
pesquisadores e educadores dessa área. Desde já, nossa intenção não é entrarmos 
em tantos detalhes, isso requer mais tempo, porém pelo menos você adentra a essa 
questão. Infelizmente, ainda é um assunto pouco explorado no meio acadêmico, 
mas não inexistente. De modo que novas práticas pedagógicas são exigidas diante 
 
42 
 
de uma infinidade de conhecimentos, de um mundo que a tecnologia e a ciência 
desafia a todo instante, torna-se continuamente importante estarmos atentos a 
conteúdos relevantes. 
 
 Nos Estados Unidos o termo scientific literacy é utilizado pela primeira vez por 
Paul Hurd ao reformar o ensino de ciências em sua obra datada de (1958). Nós no 
Brasil traduzimos por alfabetização científica. O que seria então, alfabetização 
cientifica? Essa pergunta não é fácil de responder, todavia, faremos uma tentativa 
no decorrer do texto. Há alguns autores que a denominam como letramento 
científico ou de enculturação científica, ou seja, o fato é que existe uma imensidão 
de significado e implicações desse termo para o ensino de ciências. Diante dessa 
pluralidade semântica, há algo comum: o objetivo de capacitar e formar estudantes 
com amplo conhecimento científico e que saibam aplicar nos desdobramentos da 
vida em sociedade. Comecemos por mostrar, já que citamos aqui o PISA, o que este 
programa diz em sua matriz de ciências, ao se preocupar com a formação dos 
estudantes. 
O letramento científico requer não apenas o conhecimento de 
conceitos e teorias da ciência, mas também o conhecimento sobre os 
procedimentos e práticas comuns associadas à investigação 
científica e como eles possibilitam o avanço da ciência. Assim, 
indivíduos que são cientificamente letrados têm o conhecimento das 
principais concepções e ideias que formam a base do pensamento 
científico e tecnológico; de como tal conhecimento foi obtido e do 
grau em que tal conhecimento é justificado por evidência ou 
explicações teóricas. (INEP- PISA, 2015) 
 
Em linhas gerais, o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes - 
PISA defende a ideia de que o estudante letrado cientificamente é capaz de fazer 
correlações entre a ciência, a tecnologia, do mundo natural e da ação humana. Ao 
se tornar um cidadão reflexivo terá competências cientificas como: explicar 
fenômenos, planejar e analisar investigações e interpretar dados. Essas três ideias 
correspondem a três tipos de conhecimento: de conteúdo, procedimental e 
epistemológico. 
 
 Ao longo dos anos de história da alfabetização científica a expressão vai 
ganhando novos significados e papéis, mas que ainda é algo de positivo para o 
ensino de ciências, embora seja às vezes considerada impossível de ocorrer nas 
escolas. O que seria a alfabetização científica na escolarização básica? É possível? 
 
43 
 
Nós aqui defendemos a ideia de que a ciência deve ser apresentada a criança 
desde cedo, num espectro que envolve escola, família e sociedade. A criança em 
seu desenvolvimento é sempre questionadora, observa tudo que a rodeia, é curiosa 
e isso já é uma vantagem. Isso não quer dizer que queiramos formar ou torná-las 
cientistas, mas sim mostrar que com o conhecimento científico temos um olhar 
diferente, não caímos em pseudociências, em falsas informações de divulgação 
científica. 
 
Os jovens estão saindo das escolas sem uma boa formação, é necessário 
reverter esse quadro e repensar o currículo. Ele não deve ser privado de conhecer a 
teoria e a prática de ciências, já que isso lhe auxiliará na compreensão do mundo 
em geral. Ser alfabetizado cientificamente é ser capaz de analisar a natureza, 
respeitar o patrimônio cultural de um país, é saber fundamentar suas opiniões diante 
das demais. Defendemos piamente, portanto, que a alfabetização científica pode e 
deve ser de imediata aplicada na escolarização da criança, mesmo que a esta ainda 
não saiba porventura ler e escrever, mas começa a ver o mundo pela percepção 
favorecendo sua aprendizagem, e avanço na leitura e na fala. 
 
O analfabetismo no Brasil é gritante, e em se tratando de educação científica 
é pior ainda. No qual o índice de conhecimento básico em ciências é zero, e a 
situação pede socorro. 
 
 
O que vemos é Brasil com patamares baixos, estagnados comparados com 
outros países. É claro, que para reverter essas estatísticas é preciso desenvolver um 
bom trabalho com professores, estudantes e gestores sendo cientes de que o 
conhecimento científico não acontece apenas em sala de aula, mas com várias 
outras práticas pedagógicas, como uma feira de ciências, uma aula de campo, 
visitas a museus, observatórios em vários espaços educativos. Tudo é válido 
quando queremos mudar essa realidade. 
 
Alfabetização científica se torna ainda um debate contemporâneo, como linha 
de investigação do ensino de ciências que objetiva principalmente a disseminação 
da ideia de capacidade de ler, escrever e se expressar através do conhecimento 
 
44 
 
científico. E isso deve começar nas séries iniciais do ensino fundamental, aplicando 
do mais simples para o mais complexo conceito, por exemplo, do conteúdo de 
higiene, de alimentação as teorias da física, da química, do universo. Assim, tendo 
essa instrumentação nas ciências naturais, tem-se no futuro um cidadão que cuja 
profissão realiza com satisfação e entende melhor qualquer outra área que venha a 
ter interesse, ao passo que interpreta e age consciente na vida em coletividade. 
 
A importância dar-se também no fato do estudante, ou homem comum 
enquanto ser social ter uma escolaridade científica tecnológica e humana. Com essa 
formação deixam de ser apenas mero espectador do mundo para se tornarem 
sujeitos ativos, possuidores de uma linguagem filosófica e histórica da ciência. 
Resultando numa melhoria na qualidade de vida no pessoal e no social. Então, 
indivíduos alfabetizados cientificamente dialogam coerentemente com os avanços 
que a ciência proporciona em nossa vida. 
 
A ciência é humana, ela não é apenas para cientistas, ou para ficar em 
laboratórios, muito menos tornar qualquer pessoa um gênio da ciência, da história 
da humanidade. Mas sim, proporcionar uma alfabetização e cultura científica para a 
sociedade como um todo. 
 
Ensino de ciências na educação infantil 
 
Todos sabem que a infância é uma etapa muito importante no 
desenvolvimento da criança. Toda criança passa por diversas transformações ao 
logo do seu período de bebê até chegar a sua vida adulta. Todo dia é uma nova 
descoberta, uma nova sensação, um novo sentimento, e a ciência inserida nesse 
processo gera um olhar infantil ainda mais aguçado e trabalhado desde os primeiros 
anos de vida, num estranhamento, no que é desconhecido por ela. Parece que a 
criança já nasce cientista, mas a sociedade lhe retira isso durante a vida escolar, ao 
tornar o ensino muito formal, sem aprimorar suas potencialidades. 
 
E isso deve ser levado em conta pelos educadores e familiares de modo que 
essas descobertas sejam trabalhadas em sala de aula, para que assim a criança45 
 
possa se descobrir ainda mais, principalmente quando relacionado à ciência, todo 
conhecimento que ela vai adquirindo por curiosidade natural de conhecer o mundo, 
o ambiente, deve ser valido e trabalhado em sala de aula. Contudo, defendemos a 
ideia de que é possível abordar ciências na primeira infância. As novas gerações 
devem caminhar no ritmo frenético das transformações científicas e tecnológicas 
favorecendo a compreensão do dinamismo do mundo, do desenvolvimento cognitivo 
e despertando a inteligência da criança. 
 
Um programa de ciências para o ensino infantil não quer dizer que a criança 
irá estudar: teorias, leis, fórmulas, métodos científicos difíceis, mas sim estabelecer 
um primeiro contato, uma protofonia com a ciência. Assim, quando chegar a hora de 
adentrar nesses pontos, ela já estará bem preparada e aprenderá melhor. Nos 
parâmetros curriculares nacionais da educação infantil têm-se esses eixos 
temáticos: movimento, artes visuais, música, linguagem oral e escrita, natureza e 
sociedade, matemática. 
 
A compreensão de que há uma relação entre os fenômenos naturais 
e a vida humana é um importante aprendizado para a criança. A 
partir de questionamentos sobre tais fenômenos, as crianças 
poderão refletir sobre o funcionamento da natureza, seus ciclos e 
ritmos de tempo e sobre a relação que o homem estabelece com ela, 
o que lhes possibilitará, entre outras coisas, ampliar seus 
conhecimentos, rever e reformular as explicações que possuem 
sobre eles. (BRASIL, 2000) 
 
Esses conteúdos devem ser tratados de maneira prática e lúdica pelo 
professor. Acreditamos ser possível trabalharmos de maneira simples, mas 
significativa com as crianças, dando e criando condições para que elas explorem o 
meio em que vivem os animais, as plantas, objetos e se desenvolva o lado social, 
interação com as pessoas e as outras crianças. Apesar de expostas as orientações 
dos PCNs, o ensino de ciências em algumas escolas chega muito tardiamente. 
 
Ao falarmos em educação infantil não podem faltar as ideias de Paulo Freire 
(1921-1997). Seu pensamento influenciou bastante o ensino em vários aspectos 
pedagógicos da escola, da sociedade e do educador. Quem de nós já ouviu falar em 
ação-reflexão, empoderamento, pedagogia bancaria, do oprimido, da libertação etc. 
 
46 
 
Com a educação freireana aplicada ao ensino de ciências da natureza temos um 
conteúdo: ético, político, contextualizado e dialógico. 
. 
Umas das didáticas que podem ser implantadas nesse meio é o famoso 
círculo de cultura e a roda de conversa. Uma vez que considera as crianças como 
seres produtores de cultura, e ao ser valorizado o processo de conscientização é 
determinante para alfabetizá-las. Conjuntamente a isso, a roda de conversa é uma 
maneira e um espaço para serem compartilhadas as opiniões das crianças. 
 
Com a liberdade de se expressar, surgem durante as falas alguns conflitos e 
problematização dos assuntos. Com isso, o professor tem a oportunidade de 
conhecer as vivências e observar o que as crianças já sabem sobre ciências através 
de suas observações dos fenômenos e acontecimentos de seus cotidianos. A partir 
disso pode aproveitar esse pequeno conhecimento para discutir e implementar 
novos conceitos de uma forma bem leve, simples e prazerosa. Desta forma, o 
professor estará contribuindo também para que a criança desenvolva o espirito 
crítico e transformador do mundo. 
 
Ao estabelecer essa relação com a pedagogia freireana e ensino de ciências 
da natureza voltada principalmente para o público infantil objetiva-se uma visão que 
ultrapasse as vigentes apresentações de um ensino conteudista, crítico, 
enciclopédico. E ainda excluir a ideia de que a ciência só se faz ou se ensina se 
estiver em laboratórios bem equipados, ou a fazer grandes experimentos. Em 
síntese, o ensino de ciências não pode ser dado a criança como memorização e 
treino mecânico dos conteúdos que estar aprendendo na escola. Levar a criança a 
conhecer o ser e a natureza, a se tornar autônoma e uma pessoa ética vai muito, 
além disso. 
 
O educador francês Célestin Freinet (1896-1966) lançou uma proposta que 
modernizava a educação nos aspectos: a escola, o ensino e a aprendizagem. 
Chegou a receber elogios de Jean Piaget. Seu pensamento, seus ensinamentos, 
preceitos, revolucionaram na época e ainda continua irreverente ao influenciar 
práticas pedagógicas atuais. Sua vida e obra seriam importantes para traçar seu 
caminho como pensador educacional ao passo que se tornara na década de 20, um 
 
47 
 
professor primário. Ao ministrar aulas para crianças diariamente foi o suficiente para 
experimentar o quão estavam distorcidas as ações nas escolas para a 
aprendizagem desses sujeitos. Veja o que o próprio diz em sua obra Pedagogia do 
bom senso. 
Minha longa experiência dos homens simples, das crianças e dos 
animais persuadiu-me de que as leis da vida são gerais, naturais e 
válidas para todos os seres. Foi à escolástica que complicou 
perigosamente o conhecimento dessas leis, fazendo-nos crer que o 
comportamento dos indivíduos não obedece senão a dados 
misteriosos, cuja paternidade é reivindicada por uma ciência 
pretensiosa, numa espécie de reduto a que a gente do povo, 
inclusive os professores primários, não tem acesso. (FREINET, 2004, 
p.09) 
 
É através de sua prática e técnica com seus estudantes, que Freinet cria uma 
nova modalidade de ensino: a aula passeio, que hoje alguns professores chamam 
de aula das descobertas, ou aula a campo. Ele observou que as crianças não 
estavam felizes em sala de aula, não gostavam de estar ali, e que a escola era muito 
formal e rígida, sem levar em consideração a afetividade. Assim, percebeu que o 
que chamava a atenção delas estava fora da escola, num jardim, nas plantas, nos 
animais, no céu, enfim em tudo na natureza. Por isso, a ideia da aula passeio é 
justamente levar os estudantes a aquisição de conhecimentos ao ar livre. Além 
dessa técnica foram desenvolvidas por ele: imprensa na escola, fichário de consulta, 
livro da vida, plano de trabalho e o texto livre etc. 
 
Ao pensarmos o ensino de ciências infantil a partir da pedagogia fertilizante 
de Freinet, constatamos muitas possibilidades que o professor pode vir a fazer e 
testar em sala de aula com seus estudantes. Na educação francesa são utilizados 
os chamados cantinhos de Freinet na pré-escola. Trata-se de criar e possibilitar 
ambientes divertidos e caraterísticos da temática a ser estudada pelos estudantes. A 
sala de aula ganha uma configuração melhor para aprendizagem, que iria de um 
ateliê até mesmo uma incorporação de laboratório de ciências. 
 
Na prática do professor da disciplina isso pode se estender para organizações 
e criação de feiras, de hortas, visita a planetários, exposições, enfim, dependendo 
de sua região, da realidade que estão inseridos, o professor e o estudante, é na 
escola que são feitas as escolhas didáticas a serem exploradas. É preciso desde já 
 
48 
 
nos orientar e praticarmos a pedagogia do bom senso, do trabalho e da cooperação. 
Atualmente no Brasil existem alguns colégios e professores da educação infantil, 
fundamental e médio que utilizam as metodologias de Freinet. 
 
 O biólogo e epistemólogo suíço Jean Piaget (1896-1980) também é referência 
incontestável para a educação. Desenvolveu uma teoria do conhecimento a partir de 
observações cientificas a chamada epistemologia genética, que deu título a uma de 
suas obras. Elaborou quatro estágios importantes para o desenvolvimento cognitivo 
da criança, são eles: sensório-motor, pré-operatório, operações concretas, 
operações formais. 
 
Embora estejam expostosaqui de maneira bem simplificada, os estágios são 
estudados com mais detalhes em outra disciplina: psicologia da aprendizagem. 
Nosso intuito é como aplicar esse pensamento em ensino de ciências na educação 
infantil. Mesmo fazendo parte da corrente teórica e metodológica do construtivismo, 
às vezes criticada, essas fases piagetianas merecem ser respeitadas e efetivadas 
no planejamento estratégico de ensino. Já que a ação educativa deve ser hoje 
pautada na investigação e construção do conhecimento, e não simples transmissão 
de conteúdo sem vida. 
 
Piaget (2012) mostra como a inteligência da criança vai se desenvolvendo 
conforme sua idade e interação ativa da mesma com o ambiente. Assim, passa a 
construir e organizar seu próprio conhecimento no cotidiano. Essas ideias vêm 
contribuindo bastante para uma educação científica. O professor de posse desses 
estágios piagetianos pode tornar a aprendizagem e a aula de ciências mais efetiva 
na hora de apresentar os conteúdos. Deve respeitar e observar o tempo e como vai 
ensinar determinada temática. Quando sabe explorar bem cada etapa da criança, 
estimula sua capacidade de criar novos conceitos, além de proporcionar o 
protagonismo do educando no processo de descobrimento de si e do mundo. 
 
É importante também, o educador estar ciente que todos somos diferentes, 
que mesmo passando por esses estágios comuns, cada um de nós tem limitações, 
reações e pensamentos que convergem ou se assemelham com o do outro. 
Organizar o ensino de ciências de acordo com as circunstâncias, compreendendo os 
 
49 
 
problemas: sócio, psico, econômico-políticos do contexto cultural que estão 
inseridos. 
 
Em outras palavras, o processo de aprendizagem é a união de vários fatores, 
por isso é multifatorial. Observe a soma abaixo desse processo: 
 
Sócio + psico + econômico + político = aprendizagem satisfatória 
 
De certa forma, o professor sabendo desses aspectos acima, fica mais fácil 
saber que conceitos já estão formados no estudante. Nesse caso faz-se necessário 
uma atenção e cautela com a criança no momento em que for ministrar o conteúdo 
de ciências se já é adequado, se estão prontas para conhecer novos conceitos. A 
partir disso, o estudante pode relacionar o que previamente já sabe com o que estar 
por aprender, com equilíbrio e eficácia, gerando uma boa aprendizagem. 
 
Refletindo sobre a formação e papel do educador 
 
 Em qualquer que seja a área de ensino que o professor atue, é necessário 
sempre uma boa formação ética, política e científica. No Brasil sabemos que essa 
realidade ainda estar a desejar, pois o sistema educacional não prioriza isso, nem 
escolas com qualidade, nem estudantes com nível satisfatório de conhecimento e 
aprendizagem. Um país que valoriza a educação favorece desde o início da 
escolaridade um futuro profissional qualificado para exercer seu trabalho, no nosso 
caso, o de educador. Então, os problemas que o país enfrenta com corrupção, 
violência, intolerância etc. Vem da raiz das coisas, dos fundamentos e de como é 
oferecido o ensino aos jovens. 
 
 Atualmente existe no Brasil o programa Ciências sem Fronteiras, que objetiva 
promover e consolidar a expansão e internacionalização da tecnologia, ciência e 
inovação, gerando as relações de intercambio e competividade do país com o 
exterior. (Governo Federal). Mas quem pode participar: estudantes de graduação e 
pós-graduação das áreas contempladas é uma maneira ainda restrita, porém é um 
passo útil, de possibilitar um conhecimento científico para o público alvo. Outra 
 
50 
 
estratégia criada também é o PARFOR - Plano Nacional de Formação de 
Professores da Educação Básica veja: 
 
A intenção é formar, nos próximos cinco anos, 330 mil professores 
que atuam na educação básica e ainda não são graduados. De 
acordo com o Educa censo 2007, cerca de 600 mil professores em 
exercício na educação básica pública não possuem graduação ou 
atuam em áreas diferentes das licenciaturas em que se formaram. 
(Brasil, 1996) 
 
 O PARFOR é uma forma de possibilitar ao professor um curso superior que 
ele não possui na área que está ministrando aula. Sabemos que isso é bastante 
comum nas escolas brasileiras, o professor se torna responsável por disciplinas que 
não condiz com sua formação, como por exemplo, tem graduação em matemática e 
vai dar aula de português, e vice-versa. Ou para aqueles que desejam continuar e 
elevar o currículo profissional no ensino básico. É uma ótima oportunidade para o 
professor melhorar sua formação e prática na sala de aula. 
 
Não somente as formações continuadas auxiliam o professor no 
enriquecimento significativo de seus conhecimentos, mas também a participação em 
congressos, simpósios, cursos de aperfeiçoamento e extensão e feiras científicas. 
Os autores e pesquisadores em metodologia e ensino de ciências Delizoicov e 
Angotti (2011, p.19) ao abordarem a questão do perfil do professor para a disciplina 
comentam o seguinte, observe: 
 
A nosso ver, é imprescindível a sua formação em Ciências Naturais, 
o que significa estar habilitado através de um curso de licenciatura 
plena em Biologia, Química ou Física. Os cursos de licenciatura 
plena, mesmo com as suas deficiências e ainda que necessitem de 
maior atenção para o ensino de 1ª a 4ª series, capacitam 
minimamente para a atuação profissional no campo pedagógico e 
didático. Isto ocorre paralela ou posteriormente à formação básica de 
conhecimentos em ciências, concentrada na área de formação 
especifica do professor. Ao trabalhar a disciplina o professor deverá 
realizar deverá realizar um esforço para efetivar a perspectiva 
interdisciplinar. Professores formados por outros cursos de 
licenciatura, mesmo quando especialistas em educação, didática 
psicologia da educação e outras áreas, para além dos aspectos 
legais, seriam muito prejudicados ao assumirem o compromisso de 
lecionar esta disciplina e desenvolvê-la satisfatoriamente. 
 
 
51 
 
Ensinar ciências é divertido, prazeroso e ao mesmo tempo desafiante. O 
professor deve estar atento às temáticas que precisam ser desenvolvidas de acordo 
com os parâmetros curriculares nacionais de ciências, assim como acompanhar as 
informações sobre a área, a fim de compreender as questões atuais e poder levar 
isso a sala de aula. Questões como: desenvolvimento e ambiente sustentável, 
fracionamento do consumo de energia e água, alimentação saudável, coleta 
educativa de lixo etc. Dão direcionamento para o estudante perceber e dar a devida 
importância ao planeta que vive. 
 
 Esses novos valores devem ser implantados desde a educação infantil, para 
que assim possamos contribuir em prol de uma nação que visem o desenvolvimento 
sustentável do planeta e que a união do conhecimento delas nessa perspectiva 
traga soluções futuras para o ambiente. 
 
O educador deve aproveitar todo conhecimento que a criança leva para sala 
de aula e não repreender dizendo que está errado, mas sim aperfeiçoar. Desse 
modo é possível formar cidadãos com visões futuras para estabelecer um melhor 
desenvolvimento e uma melhor condição para a sociedade. 
 
 Muitas funções acompanham o educador em ciências, uma delas é o 
questionamento. São as perguntas que movem o mundo científico e filosófico e não 
as respostas. Gerar conflitos, indagações aos estudantes despertar nele o desejo de 
fazer descobertas, de saber algo, é pontapé inicial de um bom ensino. Não é só 
conhecer tantas teorias já prontas, ou simplesmente conhecer quem descobriu o quê 
na ciência, como meras informações. Educar em ciências tem outro significado: 
fazer o estudante gostar de ciências e este saber expressa a importância desta

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