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1 5º SEMESTRE 2021.2 – UNIFTC GASTROENTEROLOGIA JULIANA OLIVEIRA HEMORRAGIA DIGESTIVA I QUADRO CLÍNICO: ▪ 300.000 internações nos EUA. ▪ Índices de mortalidade: 5% e ocorre principalmente nos pacientes que possuem comorbidades e são idosos. ▪ As manifestações clínicas de quem tem hemorragia digestiva são variáveis, dependendo da história clínica e do exame físico do paciente. ▪ O toque retal é importante, pois, vai trazer a informação de dedo sujo (sugere sangramento digestivo baixo) e dedo limpo. Ângulo de Treitz É um ângulo formado pela flexura duodeno jejunal e quem faz essa flexura é um ligamento de peritônio chamado de ligamento suspensório de Treitz. Os sangramentos ocasionados acima do ângulo de Treitz são indicativos de uma hemorragia digestiva alta. → hematêmese e melena. Pode haver exceções, p.ex. o paciente que tem trânsito intestinal acelerado, de modo que apresenta sangramento digestivo alto e a apresentação clínica como enterorragia. Os sangramentos ocasionados abaixo do ângulo de Treitz são indicativos de uma hemorragia digestiva baixa. → enterorragia e hematoquezia. Pode haver exceções p.ex. o paciente que tem trânsito intestinal lento, de modo que o sangramento se apresenta na forma de melena devido à lentificação. Facilitando o diagnóstico: É necessária uma anamnese bem feita e detalhada para facilitar o diagnóstico, visto que há conhecimento dos fatores abaixo. ▪ Uso de AINE ou warfarina → predispõe úlcera gastroduodenal. ▪ Enxerto aortofemural ou aneurisma → desenvolvimento de fístula aortoentérica. ▪ Hepatopatia crônica → varizes esofagogástricas. ▪ Polipectomia prévia → hemorragia digestiva baixa. ▪ Púrpuras e petéquias → vasculites, leucemia, plaquetopenias. ▪ Ausência de dor abdominal → angiodisplasias. A principal causa de sangramento em pacientes acima de 65 anos, enterorragia na ausência de dor abdominal devido à angiodisplasias. (importante). A causa principal de sangramento digestivo baixo é a doença diverticular. ▪ SIDA → Kaposi, CMV, herpes, fungos, micoabacterioses. ▪ Vômitos ou soluços intensos → síndrome de mallory weiss (laceração do terço distal do esôfago). CLASSIFICAÇÃO: ➔ Hemorragia digestiva alta: ▪ Varicosa ▪ Não varicosa Há sangramento do esôfago, estômago ou duodeno. ➔ Hemorragia digestiva média: É uma classificação mais recente, isso porquê houve o desenvolvimento da enteroscopia (acesso ao intestino delgado). Ocorre entre a papila duodenal maior e a válvula íleo cecal. Há sangramento no duodeno. ➔ Hemorragia digestiva baixa: ▪ Aguda: Hematoquezia (<3 dias) Enterorragia. ▪ Crônica: Episódios persistentes de sangramento. PSOF positivo Há sangramento no cólon, reto ou ânus. HEMORRAGIA DIGESTIVA ALTA ➔ Etiologia: Esses pacientes, 80% das vezes evoluem de forma autolimitada, as EDAs devem ser realizadas dentro de 24h. As hemorragias persistentes correspondem 20% dos casos e, nesse caso, a realização de EDA é de urgência. ➔ Classificação: ▪ Não varicosa: 85% - Doença ulcerosa péptica (55%) - Má formação arteriovenosa (6%) - Mallory- Weiss (5%) - Tumores (4%) - Erosões (4%) - Outras (11%) ▪ Varicosa: 15% - Varizes de esôfago. - Varizes gástricas. - Varizes duodenais. 2 5º SEMESTRE 2021.2 – UNIFTC GASTROENTEROLOGIA JULIANA OLIVEIRA ▪ Causas raras: - Septicemia. - Uremia. - Leucemia. - Púrpura. - Hemofilia. - Terapia anticoagulante. - CA de pâncreas. - Corpo estranho. - Queimaduras extensas. - Lesões neurológicas. - 8% causa desconhecidas. ➔ Atendimento inicial: Todo paciente com hemorragia digestiva, deve ser conduzido para a sala vermelha. ▪ Proteção de via aérea dos graves: Prevenção de broncoaspiração (idosos, instabilidade hemodinâmica, Hb <10, DAC). ▪ Acesso à veia periférica e/ou veia profunda (choque): Solução salina imediatamente e hemoconcentrados. ▪ Monitorização de funções vitais. ▪ Coleta de exames laboratoriais. ▪ Coleta da história clínica e exame físico. Necessário perguntar e observar se: 1. Paciente apresenta história previa de HDA? 2. Doenças gastrointestinal conhecida? 3. Faz uso de AINE ou anticoagulante/ 4. Sente dor epigástrica? 5. Fezes escuras? 6. Vômitos com sangue? 7. Paciente descorado? ➔ Critérios de alto risco: ▪ Idade > 60 anos. ▪ Uso de AINEs, antiagregante, anticoagulante. ▪ Comorbidades (hepática, cardíaca, renal). ▪ Creatinina > 1,7 mg/dl ▪ Hospitalizações ▪ Hematêmese ou enterorragia de vulto. ▪ Melena persistente. ▪ Hipotensão ortostática. ▪ PAS < 100mmHg e FC > 100 bpm. ▪ Ressangramento. ▪ Hemotransfussão > 4UI nas últimas 24h e > 8 UI após ressangramento. A meta para quem tem hemorragia digestiva é que se tenha Hb > 7 mg/dl. → Isso não confere alta ao paciente, mas sugere que o paciente está estável. Se o pcte tem doença coronariana, espera-se uma Hb > 9,0 mg/dl. Quantidade PAS FC Perda Pequena: 20% da volemia. Sem repercussão. S/ repercussão. < 1.000 mL. Moderada: 20-40% volemia. 90 – 100 mmHg. 100 bpm 1.000 – 1500 mL. Maciça: maior que 40% da volemia. <90 mmHg 120 bp, Superior a 1.500 mL ➔ Varicosas: É importante lembrar como a irrigação venosa do estômago é interligada. A grande causa de hemorragia digestiva é hipertensão portal e, consequentemente, as principais causas de hipertensão portal são: ▪ Pré- sinusoidal: - Esquistossomose - Trombose da veia esplênica e veia porta. ▪ Sinusoidais: - Cirrose → alto risco de sangramento e infecções. ▪ Pós sinusoidais: - Síndrome Budd Chiari → obstrução das veias supra hepáticas. - Trombose da veia cava inferior → p/ onde as veias supra hepáticas vão. Suspeita de HDA varicosa: Na sala vermelha, o paciente já estabilizado, apresenta um sangramento persistente e a endoscopia precisa ser feita, após realizada, a EDA evidencia que a causa do sangramento é devido a presença de varizes. A proposta terapêutica quando há varizes de esôfago com sinais de um sangramento recente ou em registro de um sangramento ativo é fazer uma ligadura elástica endoscópica (resolve temporariamente, mas cerca de 2 meses depois precisa ser refeita) com ou sem terlipressina. 3 5º SEMESTRE 2021.2 – UNIFTC GASTROENTEROLOGIA JULIANA OLIVEIRA A terlipressina, octreotide e somatostatina são três tipos de medicamentos que são vasoconstrictoras, que são utilizadas para diminuir o volume de sangue que está indo para o trato digestivo, podendo ser mantido de 5 a 6 dias. Essas drogas podem ser associadas com a reposição volêmica e quando necessário, ao ATB profilático. Balão hemostático de sengstaken blackmore: Essa situação ocorre quando estamos perto a perder o paciente, após tentar EDA mais de 2x sem conseguir conter o sangramento, paciente está em constante necessidade de hemoconcentrado e expansão volêmica, tenta-se essamedida com algo que vai salvar a vida do paciente, mas é temporário, de modo que não resolverá o problema por completo. Semelhante a uma sonda vesical, possui três saídas, a introdução é feita pelo nariz do paciente, ao chegar no estômago o balão gástrico é insuflado e tracionado para baixo, de modo que esse balão intra gástrico inflado se aloque no fundo do estômago, pois, se o sangramento estiver sendo causado por varizes de fundo gástrico, é possível fazer a hemostasia mecânica dessas varizes e depois o balão esofágico é insuflado. O balão precisa ser mantido tracionado, pois, se não houver tração o balão intragástrico não faz pressão no fundo do estômago. Essa medida pode ser feita por 24h no máximo, com 36h precisa ser retirado. Garante uma hemostasia em 60 a 90% das vezes e é indicado em casos de sangramento refratário ou severo. É necessário realizar tratamento definito após desinsuflação, que é chamado de TIPS. TIPS: Consiste na descompressão do sistema porta sem cirurgia. É um procedimento radiológico percutâneo, que consiste em estabelecer uma comunicação intra-hepática entre um ramo da veia porta e a veia cava inferior. Há indicação para esse procedimento quando os tratamentos farmacológicos e endoscópicos falharam desencadeando um ressangramento. - Child C < 14. - Child B com sangramento. - Ascite refratária. Tratamento clínico da HDA varicosa: ▪ Profilaxia primária da HDA varicosa (Baveno VI): - Sem varizes: Não há indicação formal de betabloqueador. - Varizes de fino calibre: Indicação de betabloqueador não seletivo (BBNS), se sinais da cor vermelha ou Child C. - Varizes de médio ou grosso calibre: Betabloqueador não seletivo ou ligadura elástica das VE. - Betabloqueador: Propanolol, Nadolol ou Carvedilol. ▪ Profilaxia secundária da HDA varicosa (Baveno VI): - Ligadura elástica VE e betabloqueador não seletivo. - Falha na combinação LE + BBNS → TIPS. Obs: Cirrose descompensada → Contra indicado BBNS Ascite refratária → cautela com BBNS. ➔ Não varicosa: ▪ Úlcera gástrica e duodenal: É a principal causa de hemorragia digestiva alta não varicosa. A úlcera duodenal é mais frequente que a gástrica. 4 5º SEMESTRE 2021.2 – UNIFTC GASTROENTEROLOGIA JULIANA OLIVEIRA Erosão acomete apenas a mucosa e as úlceras acometem a submucosa. Causas de úlceras pépticas: Diagnóstico endoscópico: As úlceras malignas possuem um formato irregular, seu fundo é necrótico e suas bordas são endurecidas. Complicações: - Sangramentos (15-20%) - Perfurações (5%) São mais comuns na pequena curvatura e parede anterior do bulbo. Esse quadro tende a cessar espontaneamente. SEMPRE ao entrar no estômago do paciente com úlcera devemos fazer biópsia para analisar a presença ou não de H. Pylori. ▪ Mallory Weiss: Normalmente o sangramento de Mallory Weiss ou ele é relacionado ao etilismo com vômitos frequentes ou devido à forço colocada, ou também em pacientes que possuem a hiperêmese gravídica ou soluços crônicos, podendo desenvolver essas lacerações. Cessa espontaneamente. ▪ LAMGD (lesão aguda de mucosa gastro duodenal): - 5 a 25% dos pacientes no CTI. - Profilaxia: Método não farmacológico mais eficaz é a nutrição entera. - Profilaxia: IBP se tornaram a droga de escolha. - Tem-se múltiplas lesões hemorrágias, puntiformes e erosões superficiais. Fisiopatologia: Há quebra da barreira mucosa, consequentemente há a concetração cítrica de H+ na submucosa que ocasiona uma alteração do fluxo sanguíneo e a isquemia da mucosa.
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