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Lesões Logo após a necropsia, as lesões observadas devem ser descritas antes de serem interpretadas e de um diagnóstico ser feito. ● Descrição das lesões deve constar no laudo de necropsia, visando registrar o que foi observado no exame necroscópico. ATENÇÃO: Evite redundâncias - “presença de nódulo de 10 cm de diâmetro, de consistência firme, de superfície irregular e coloração amarelada” ≠ “nódulo de 10 cm de diâmetro, firme, irregular e amarelo” Inicie descrevendo a condição geral da carcaça: ● escore de condição corporal; ● aspecto da pelagem; ● lesões cutâneas; ● lesões de casco; ● aumento de articulações; ● lesões na genitália externa; ● linfonodos superficiais se estiverem aumentados. Exame interno: Descrevendo alterações vistas no subcutâneo, cavidades, vísceras, e etc. Se os órgãos estavam normais macroscopicamente, a frase “ausência de lesões macroscópicas” pode ser usada. ● Órgãos bilaterais, abrir e examinar primeiro o órgão direito, e depois o esquerdo, isso também auxiliará a lembrar qual era o órgão com lesão para descrever. Uma descrição anatômica completa deve conter todos ou a maioria dos recursos a seguir: 1. Localização Específico - lobos cranioventrais do pulmão ≠ pulmão 2. Distribuição Focal: uma área única afetada circundada por tecido normal. Uma única úlcera de 2 cm de diâmetro de abomaso é um exemplo de lesão focal. Ex: Bovino. Abomaso: Na mucosa, área focal, de 2 cm de diâmetro, deprimida e vermelho-escura (úlcera) - Abomasite ulcerativa. Focalmente extensa: alteração focal se estende a uma área mais ampla, pode ser referida como focalmente extensa. ● Uma úlcera abomasal de 15 cm de diâmetro ainda é essencialmente uma lesão focal, mas muito mais extensa que uma úlcera de 2 cm, então é melhor referir àquela como focalmente extensa. Ex: Bovino. Abomaso: Na mucosa, duas áreas focalmente extensas severas, deprimidas, com deposição de material verde-enegrecido e friável (úlcera). Abomasite ulcerativa. Multifocal (ou múltipla): dois ou mais focos afetados no parênquima. ● As áreas múltiplas de infiltração neoplásica de um linfoma no rim de um bovino é um exemplo de distribuição multifocal. No fígado, lesões multifocais são também referidas como aleatórias, porque elas podem ocorrer em qualquer lugar dentro do lóbulo hepático, e resultam de agentes infecciosos alcançando o parênquima hepático aleatoriamente através da circulação, e consequentemente não tem predileção ao centro ou periferia dos lóbulos hepáticos. Quando a lesão ocorre através de todo o parênquima, também pode ser referida como disseminada. Ex: Bovino. Fígado: Na superfície de corte, áreas multifocais aleatórias, leves a moderadas, variando de 5 mm a 3 cm de diâmetro, amarelo-alaranjadas, secas e friáveis, circundadas por delgada cápsula fibrosa (abscesso) - Hepatite abscedativa. Multifocal a coalescente: alterações multifocais podem se tornar mais extensas e coalescerem umas às outras, sendo então denominadas de multifocais a coalescentes. Consequentemente, acabam indicando cronicidade. ● Um exemplo comum em cães e gatos são metástases pulmonares de neoplasias, principalmente carcinomas mamários em fêmeas, onde há a formação de tantos nódulos neoplásicos, que conformem crescem e se expandem, um acaba sobrepondo ao outro. Ex: Felino. Pulmão: Na superfície pleural, e aprofundando na superfície de corte, nódulos multifocais a coalescentes severos variando de até 2 mm de diâmetro cada, amarelo-claro e firmes - Metástase de carcinoma cribiforme de glândula mamária. Miliar: Quando alterações multifocais são excessivamente pequenas (menos de 1 mm de diâmetro). ● Focos embólicos no rim de um bovino com nefrite tromboembólica. Cada pequeno foco consiste no acúmulo de neutrófilos e debris celulares (inflamação supurativa) que alcançaram a vasculatura renal secundário a uma septicemia. Ex: Bovino. Rim: Na superfície cortical e aprofundando ao corte, moderada a severa quantidade de áreas multifocais miliares, de até 2 mm de diâmetro, amarelas e friáveis (microabscessos) - Nefrite tromboembólica. Segmentar: similar a uma focal ou focalmente extensa, afeta uma porção de tecido bem definida, mas normalmente ocorre por um problema vascular. ● Infartos renais devido a tromboembolismo. Ex: Bovino. Rim: Na superfície cortical e aprofundando ao corte, área segmentar de 4x3 cm, vermelha e elevada (infarto renal agudo). Infarto renal tromboembólico. Simétricas: Também são uma variação de alterações multifocais ou focalmente extensas, e ocorrem quando áreas afetadas estão associadas com unidades fisiológicas ou anatômicas específicas. ● Casos de insuficiência cardíaca congestiva direita, ocorre congestão hepática das regiões centrolobulares dos lobos hepáticos, causando evidenciação do padrão centrolobular, popularmente chamado de fígado de noz moscada. Ex: Bovino. Fígado: Na superfície de corte, áreas centrolobulares vermelho-arroxeadas (área de congestão) associada a áreas periportais pálidas, severo e difuso (fígado em padrão de noz-moscada) - Endocardite valvar com insuficiência cardíaca congestiva direita. Difusa: São aquelas que afetam virtualmente 100% do tecido. Um padrão difuso pode ser difícil de ser avaliado uma vez que não há um tecido normal para comparar. Nesses casos, até o reconhecimento do órgão pode ser um desafio. ● Hemoglobinúria, em animais com acentuada hemólise intravascular, onde todo o rim adquire coloração vermelho-enegrecida devido à impregnação do tecido pela hemoglobina livre circulante. Ex: Bovino. Rim: Vermelho-enegrecido, severo, difuso (hemoglobinúria) - Babesiose. 3. Cor Vermelho: Indica a presença de sangue ou seus subprodutos. Congestão: babesiose, quando causada pela Babesia bovis, que leva à congestão da substância cinzenta do cérebro, adquirindo coloração vermelho-cereja. Na hora da descrição, a congestão deve ser diferenciada de congestão hipostática, que é uma alteração post mortem e não deve ser descrita. Ex: Bovino. Cérebro: Substância cinzenta vermelho-cereja severo difuso - Babesiose cerebral. Hiperemia: É o aumento do afluxo sanguíneo devido à liberação local de mediadores inflamatórios quando ocorre lesão tecidual, levando a um relaxamento de esfíncteres pré-capilares e diminuição da resistência pré-capilar e consequente expansão do leito vascular. Ex: Bovino. Rúmen: Ao desprender o epitélio, mucosa vermelho vivo severo difuso - Intoxicação por uréia. Hemorragia: Indica que o sangue vazou para fora dos vasos sanguíneos. Se o sangue vaza dentro de uma cavidade corporal ou tecidos subcutâneos, pode coagular e formar um hematoma. Petéquias são áreas de hemorragia de 1-3 mm de diâmetro; Equimoses compreendem áreas de 3mm a 3 cm de diâmetro; Sufusões são áreas maiores que 3 cm. ● Na intoxicação aguda por Pteridium arachnoideum, há um quadro de diátese hemorrágica, com hemorragias de todos os tamanhos em todos os tecidos. ● Já na síndrome jejuno hemorrágico, causada por uma toxina do Clostridium perfringens tipo A, ocorre uma enterite hemorrágica severa no jejuno, com acentuado extravasamento de sangue para o lúmen intestinal. Ex: Bovino. Pulmão: Na superfície pleural, áreas multifocais a coalescentes, severas, vermelhas, achatadas, variando de 1 mm a 3 cm de diâmetro (petéquias e equimoses) - Intoxicação aguda por Pteridium arachnoideum. Urina vermelho escura: Condições que levam à hematúria (sangue total), hemoglobinúria (hemoglobina) e mioglobinúria (mioglobina). A diferenciação deve ser feita de acordo com as outras alterações macroscópicas e confirmadas com análises laboratoriais. Ex: Bovino.Vesícula urinária: Urina severamente vermelho-escura (hemoglobinúria) - Babesiose. Embebição por hemoglobina: é uma alteração post mortem que ocorre nos tecidos ao redor dos vasos e no endotélio vascular, pela tinção por um líquido avermelhado, decorrente da hemólise de eritrócitos nos vasos sanguíneos, manchando os tecidos difusamente de vermelho. Essa mudança é frequentemente mal interpretada como congestão ou hemorragia por um examinador não treinado e não deve ser descrita. Ex: Bovino. Coração: Endocárdio e endotélio da aorta severamente avermelhados difuso por embebição por hemoglobina. Amarelo: Pode ser a cor normal de tecidos, como gordura e queratina, mas também pode sugerir alterações patológicas, como icterícia, edema em cavalos e alguns tipos de inflamação. Embebição por bile: é uma alteração post mortem comumente vista na cápsula do fígado e na serosa do intestino delgado, que permaneceram em contato com a vesícula biliar. Após a morte, há o relaxamento do esfíncter do duodeno e a perda de adesão entre as células, acarretando no extravasamento de bile para o lúmen do duodeno, abomaso e tecidos adjacentes à vesícula biliar. A embebição biliar tinge os tecidos de amarelo ou verde e deve ser diferenciada de icterícia, que é sempre difusa. Não deve ser descrita. Ex: Bovino. Cavidade abdominal: Adjacente à vesícula biliar, área focalmente extensa no omento e serosa dos intestinos amarelada - Embebição por bile. Pseudoicterícia: É ocasionada por uma maior concentração de pigmentos carotenóides, em especial no tecido adiposo dos ruminantes, especialmente das raças Jersey e Guernsey, mas pode ocorrer em qualquer animal que ingere grande quantidade de grãos na dieta. Não deve ser descrita. Ex: Bovino. Cápsula renal adiposa: Gordura peri renal alaranjada severa difusa - Pseudoicterícia. Icterícia: Aumento de bilurribina circulante no sangue (hiperbilirrubinemia) e seu consequente acúmulo dentro dos tecidos. É facilmente observada nas mucosas e na superfície de tecidos ricos em elastina, como o endotélio de artérias (principalmente aorta e artéria pulmonar), tecidos subcutâneos, superfícies articulares e cérebro. As principais causas de hiperbilirrubinemia e icterícia: Hemólise (icterícia pré-hepática); Atividade hepatocelular reduzida com captura; Conjugação e Secreção da bilirrubina prejudicada (icterícia hepática); Bilestase (icterícia pós-hepática) devido a obstrução biliar intra ou extra-hepática. ● Na intoxicação por cobre em ovinos, ocorre um quadro de hemólise severa com consequente hiperbilirrubinemia pré-hepática. Ex: Ovino. Fígado: Superfície capsular e de corte, amarelo-alaranjado severo difuso (icterícia) - Intoxicação crônica por cobre. Edema em cavalos: Pode ser amarelo pois a espécie tem o plasma fisiologicamente amarelo. Gordura: O acúmulo de gordura em órgãos como fígado (lipidose hepática) também tornará sua cor normal em um amarelo pálido ou brilhante difuso. Nesses casos, o parênquima hepático está normalmente edemaciado, gorduroso e friável devido à grande quantidade de gotículas de lipídios dentro dos hepatócitos. Ex: Bovino. Fígado: Na superfície capsular e de corte, amarelo brilhante e untuoso, severo e difuso - Lipidose hepática. Queratina: É fisiologicamente amarela, então é esperado que lesões ricas em queratina, como cistos queratínicos e carcinoma de células escamosas sejam amarelos. Ex: Bovino. Linfonodo: Ao corte com áreas multifocais, leves a moderadas, amarelo-ouro, bem demarcadas, deprimidas. Metástase de carcinoma de células escamosas. Fibrina: É uma proteína inflamatória de fase aguda, tendo aspecto fibrilar, friável, filamentoso e amarelo. Bovinos são espécies que apresentam inflamações fibrinosas bastante acentuadas. Ex: Bovino. Saco pericárdico: Entre pericárdio parietal e visceral, deposição de material amarelo, friável, fibrilar e filamentoso, severo difuso - Retículo pericardite traumática. Inflamações granulomatosas ou supurativas: Também se mostram amarelo pálido ou brilhante, como em abscessos e áreas de necrose caseosa, respectivamente. Ex: Bovino. Fígado: Na superfície de corte, nódulos multifocais a coalescentes, aleatórios, severos, de 3 a 7 cm de diâmetro, com delgada cápsula fibrosa, e conteúdo amarelo-claro opaco e seco (abscessos) - Hepatite abscedativa. Sedimentos urinários: Em animais que não podiam urinar antes da morte, pode haver sedimentos que normalmente aparecem como um fluido túrbido, arenoso e amarelado. Preto: É a presença de pigmentos endógenos (melanina), pigmentos exógenos (carbono ou tinta de tecido), sangue digerido no trato gastrointestinal (melena), infecções por fungos pigmentados e pseudomelanose. Melanose: Áreas com deposição fisiológica excessiva de melanina, mais frequentemente no endotélio de artérias de ovelhas, leptomeninges de ovelhas e bovinos, mucosa esofágica de cães, e pulmões de porcos. É uma não lesão que não deve ser descrita no laudo de necropsia. Ex: Bovino. Encéfalo: Áreas multifocais enegrecidas, restritas a meninge (melanose das leptomeninges). Neoplasmas melanocíticos: Neoplasias de melanócitos que produzem melanina e podem ser pretos ou marrom escuro. Antracose: É a inalação de produtos de carbono se depositam nas vias áreas e são drenados aos linfonodos regionais, onde o pigmento manchará permanentemente o tecido. É considerada um achado incidental que ocorre principalmente em cães que vivem em áreas urbanas. Melena: É o sangue digerido no trato gastrointestinal é um achado importante em casos de úlceras gástricas. O sangue que sai das úlceras será digerido quando entrar em contato com enzimas gástricas e será convertido em vermelho escuro e subsequente preto, parecido com piche, que pode estar presente no estômago ou abomaso, intestino ou área perianal. Ex: Bovino: Ao toque retal, conteúdo intestinal severamente enegrecido (melena).Infecção fúngica: Infecção por determinados fungos pigmentados (dematiáceos) podem transformar tecidos afetados em marrom ou preto. Pseudomelanose: É observada como áreas enegrecidas ou esverdeadas, como processo da decomposição após a morte. É a ação das bactérias intestinais decompondo o sangue e formando sulfeto de ferro. Além de ser observada na parede do abdômen e serosa intestinal, também é vista na superfície de órgãos internos em contato com o intestino, como o fígado e rins. Ex: Bovino. Rim: Superfície capsular com áreas focalmente extensas enegrecidas (pseudomelanose). Verde: Inflamação eosinofílica: Miosite eosinofílica em bovinos é caracterizada por áreas verdes dentro do músculo esquelético afetado em locais de injeções. Áreas similares de necrose muscular ocorrem em casos de frangos com miopatia peitoral. Ex: Bovino - Músculo esquelético: Área focal de 6x3 cm esverdeada, circundada por área maior, de 15 cm de diâmetro, amarelo-claro - Local de contaminação por injeção. Infecção por Chlorella spp.: Pode causar áreas verdes devido ao depósito de pigmentos produzidos pelo organismo. Biurato de amônio: Cristais verde claros na vesícula urinaria de cães indicam deposito de biurato de amônio secundário a doenças hepáticas, incluindo shunts portossistêmicos e cirrose. Pseudomelanose: Pode ser verde em estágios iniciais. Não deve ser descrita. Ex: Bovino - Intestino delgado: Serosa verde-escura difusa (pseudomelanose). Translúcido: Transudato: É um ultrafiltrado do plasma sanguíneo, com baixa concentração de proteínas, sendo resultante do aumento da pressão hidrostática ou diminuição da pressão oncótica, denominado de edema. Visto com grande frequência em bovinos com insuficiência cardíaca congestiva por retículo pericardite traumática onde o animal apresenta edemas cavitários,viscerais e subcutâneos com grande quantidade de líquido ou conteúdo gelatinoso transparente, limpo e brilhante. Ex: Bovino - Cólon espiral: Mesocólon moderadamente distendido por material gelatinoso, translúcido e brilhante, difuso (edema). Cistos urinários: são extremamente comuns, podem ser únicos ou múltiplos, pequenos ou grandes, e normalmente não têm mais de 1 cm. Quando há inexistência de um ducto de excreção de um grupo de néfrons, estes continuam produzindo urina que não consegue escoar para a pelve, formando então uma cavitação que irá gradativamente acumulando líquido transparente e claro. São extremamente comuns em rins de bovinos. A menos que comprometam mais de 50% dos rins, não haverá síndrome clínica. Ex: Bovino - Rim: Na superfície capsular, área circular, elevada, repleta de líquido translúcido, de aproximadamente 5 x 6,5 cm. Cistos parasitários: Cistos parasitários, como na cisticercose em ovinos, possuem um líquido translúcido recobrindo o parasita Cysticercus tenuicollis. Ex: Ovino - Cavidade abdominal: Nódulo cístico de 7 cm de diâmetro, ao corte com fina cápsula de tecido conjuntivo, material translúcido, gelatinoso e brilhante, e parasito morfologicamente compatível com Cysticercus tenuicollis. Branco: Falta ou ausência completa de sangue: Mucosas brancas pálidas difusas é um indicativo forte de anemia. Ex: Ovino. Mucosa ocular: Branco porcelana severo difuso - Hemoncose. Gordura: Tecido adiposo e consequentemente neoplasias adipócitos são naturalmente brancos. Intoxicação por Vicia villosa em bovinos: Macroscopicamente observa-se nódulos esbranquiçados na pele, rins, coração e em linfonodos caracterizado por infiltrado inflamatório granulumatoso multifocal nos órgãos acometidos. Necrose muscular: Áreas de necrose podem ser facilmente observadas nos músculos esqueléticos de animais sofrendo de deficiência de vitamina E e selênio, ou na intoxicação por gossipol, ionóforos e Senna occidentalis. Ex: Bovino - Musculatura esquelética do membro posterior direito: Área focalmente extensa brancacenta severa. Fibrose: Perdas teciduais com substituição por tecido conjuntivo fibroso são observadas como áreas únicas ou múltiplas brancas ou através de um órgão todo. Comumente visto em bovinos com fibrose cardíaca pela intoxicação por Ateleia glazioviana, ou com fibrose hepática pela intoxicação por Senecio brasilienses, assim como em aderências entre retículo e diafragma em bovinos com reticulo peritonite ou retículo pericardite traumáticas. Ex: Bovino - Fígado: Na superfície de corte, áreas multifocais severas, milimétricas, brancacentas, firmes e deprimidas (fibrose) - Intoxicação por Senecio brasiliensis. Infiltração neoplásicas: Especialmente em casos de lipoma e linfoma ou outros tumores de células redondas. Ex: Bovino - Abomaso: Na serosa, nódulo de 10 cm de diâmetro, macio, ao corte, brancacento, por vezes com áreas de até 5 mm de diâmetro avermelhadas - Leucose enzoótica bovina. Mineralização: Áreas brancas de mineralização podem ser observadas em muitos tecidos diferentes e tem uma superfície de corte de consistência farinácio ou arenoso. Visto em bovinos que consomem plantas calcinogênicas como Solanum malacoxylon, Cestrum diurnum e Nierembergia veitchii, ou no endotélio de grandes artérias de bovinos com paratuberculose (doença de Johne). Ex: Bovino - Coração: No endocárdio da valva bicúspide e da aorta, áreas multifocais de até 1 cm de diâmetro, brancacentas e duras. Hiperplasia linfóide: Comumente vista no baço de bovinos com infecções bacterianas persistentes ou em casos de LEB afetando o órgão, onde há evidenciação da polpa branca do órgão, criando um aspecto chamado de “polpa de sagu” Ex: Bovino - Baço: Na superfície de corte, nódulos multifocais a coalescentes, de até 3 mm de diâmetro, brancacentos, macios e levemente elevados (hiperplasia da polpa branca) - Leucose enzoótica bovina com ruptura esplênica. Quilotórax: Visto quando há rompimento do ducto linfático torácico, e aparece como um fluido branco leitoso na cavidade torácica. Comumente visto em felinos. Marrom: Pode indicar inflamação supurativa, especialmente quando neutrófilos e sangue estão misturados com debris necróticos. Na intoxicação por nitrato/nitrito ocorre a conversão da hemoglobina por metemoglobina, que torna o sangue, e consequentemente os tecidos, em uma coloração marrom-achocolatada. Ex: Bovino - Pulmão: Lobo crânio ventral com área focalmente extensa acastanhada moderada a severa - Intoxicação por nitrato/nitrito. Ex: Bovino - Útero: No lúmen, líquido vermelho acastanhado, opaco e fétido severo, associado a endométrio e carúnculas uterinas com deposição difusa e severa de material amarelo-esverdeadas, por vezes enegrecidas - Endometrite. Azul: As membranas mucosas cianóticas vistas em animais que desenvolveram hipóxia antes da morte são um exemplo clássico de alterações teciduais azuis. 4. Formato e demarcação ● Redondo; ● Retangular; ● Triangular ou irregular. Continue a descrição usando termos como achatado, elevado ou deprimido. Alterações achatadas não podem ser notadas no toque, uma vez que elas não são nem elevadas ou deprimidas, mas no mesmo nível que o tecido normal adjacente. Essas mudanças sugerem um evento recente no qual não houve tempo para inflamação ou cicatrização ocorrerem. ● Exemplos de alteração achatadas incluem equimoses e sufusões no endocárdio e pericárdio de bovinos com morte agônica. Alterações elevadas indicam a presença de algo, como fluido, células inflamatórias, células neoplásicas, etc. Alterações achatadas indicam que algo foi removido do local em particular e normalmente indicam um processo mais crônico no qual tempo suficiente passou para a necrose e cicatrização se desenvolverem. Quanto mais tecido necrótico é removido do local, mais aparecerá. Quando couber, finaliza a descrição com a demarcação da lesão: bem demarcada versus pobremente demarcada. Isso indica o quão facilmente a lesão pode ser vista quando em contraste com o tecido normal adjacente. Infartos renais agudos são bem demarcados, uma vez que eles facilmente contrastam com o parênquima renal adjacente. Alterações pobremente demarcadas podem ser mais difíceis de serem vistas porque não contrastam bem com o tecido adjacente. Normalmente as lesões pouco delimitadas são classicamente observadas no sistema nervoso central (meningoencefalite no cérebro), mas isso não é uma exclusividade do mesmo, sendo muitas vezes observadas em outros locais, como em outros órgãos parenquimatosos (nódulo hepático). 5. Tamanho ou volume ● Edema celular; ● Hipertrofia; ● Hiperplasia; ● Infiltração com células inflamatórias ou neoplásicas, etc. É importante lembrar que órgãos em particular são fisiologicamente mais dinâmicos que outros e podem mudar seu tamanho de acordo com sua atividade funcional ou demandas metabólicas em um período de tempo em particular, como o útero e a glândula mamária em fêmeas prenhas e lactantes. “as paredes dos dois ventrículos do coração de um bezerro de um dia de vida possuem a mesma espessura, caracterizando uma hipertrofia concêntrica direita” sem perceber que é um achado normal de coração de fetos e animais recém-nascidos. Ex: Bezerro (feto a termo). Coração: Superfície de corte, miocárdio com espessura semelhante entre ventrículo esquerdo (seta) e direito. É fácil notar se um órgão está aumentado ou diminuído de tamanho se ele é bilateral, e o órgão contralateral está normal, por exemplo rins, testículos, adrenais, etc. Se possível, saber o peso do animal e então pesar os órgãos para ver a proporção auxilia a definir se o órgão está aumentado, diminuído ou com seu tamanho normal/esperado para a raça e espécie.Informe o tamanho em centímetros, de preferência medindo com uma régua. Não utilize termos como grande, enorme ou pequeno, pois esses conceitos de tamanho são subjetivos e variam para cada pessoa. Ex: Bovino. Rim esquerdo: Medindo 16 x 9 x 4 cm, ao corte com pelve dilatada moderada difusa repleta de urina (hidronefrose). Rim direito: Medindo 25 x 16 x 6 cm e com cistos multifocais moderados de 1 a 4 mm de diâmetro, ao corte repletos com urina (cistos urinários) - Hematúria enzoótica bovina com obstrução uretral. Ao se tratar de fluídos, indique uma medida aproximada da quantidade em mililitros ou litros. Evite termos como muito ou pouco. 6. Consistência A consistência reflete a homogeneidade, firmeza, aderência, resistência, densidade e viscosidade do tecido ou órgão. ● É avaliada ao tocar o órgão e a lesão tecidual. Depois de avaliar tudo e salvar seu fragmento fresco e fixado em formol, você deve gastar algum tempo tocando e apertando tecidos normais para sentir sua consistência (que serão seus controles internos para esse parâmetro). Então você deve comparar com tecidos afetados por qualquer processo patológico específico. Avalie todo o órgão, mas principalmente sua superfície de corte. ● A inflamação de glândula mamária e pulmões pode ser identificada através da palpação. Fluídos ou semifluidos: Hemorragia, edema, transudatos e exsudatos. Ex: Bovino. Cavidade abdominal: 40 litros de líquido translúcido amarelado (ascite) - Retículo pericardite traumática. Pastosa, pegajosa ou amorfa: Ocorrem devido a presença de exsudato ou necrose Ex: Bovino. Fígado: Área focal esbranquiçada, encapsulada, de aproximadamente 8 cm de diâmetro, ao corte fluindo material pastoso e esbranquiçado (abscesso) - Hepatite abscedativa. Macio: Cistos, abscessos ou algumas neoplasias (como lipomas e linfomas). Ex: Bovino. Mesentério: Nódulo de 15cm de diâmetro, ao corte, amarelo creme e macio - Leucose enzoótica bovina. Firme: Fibrose e algumas neoplasias. Ex: Bovino. Articulação úmero-radial direita: nódulo de crescimento infiltrativo no subcutâneo, aderido ao tecido ósseo, medindo 25x20cm e, ao corte, amarelo esbranquiçado e intensamente firme - Lechiguana. Duro: Neoplasias ósseas, mineralizações e concrementos. Ex: Bovino (garrote). Rim: Livres na pelve, múltiplos nódulos de até 2 cm de diâmetro, amarelo-claro, irregulares, e duros (urólitos) - Urolitíase. ● você poderia passar isso numa fatia de pão? ● Se sim, é provavelmente pastoso; se não, é provavelmente sólido (macio, firme ou duro). Para descrever a consistência sólida corretamente, compare com o lobo da sua orelha (macio), ponta do nariz (firme) e testa (duro). 7. Tempo O tempo de evolução não é uma característica morfológica, porém no exame macroscópico, frequentemente é possível estimar se a lesão é recente ou se existe há algum tempo. A idade da lesão pode ser subjetiva e sua determinação exata depende do histórico clínico, observações macroscópicas e experiência profissional. Entretanto, a idade da lesão é mais útil para diagnóstico do que para a descrição em si. Os termos aplicados para essa classificação são comumente agudo, subagudo e crônico. Alguns achados macroscópicos podem indicar se o processo é agudo ou se ocorreu cronicidade. Alterações vistas em processo agudo incluem hiperemia, hemorragia e fibrina, por exemplo. Ex: Bovino (garrote). Coração: Pericárdio: Severa deposição de material fibrilar, amarelado, filamentoso e friável (fibrina). Miocárdio: Área focalmente extensa, enegrecida, de aproximadamente 7 cm (hemorragia). Áreas multifocais de 2 cm de diâmetro brancacentas - Miosite clostridial. Já em quadros crônicos pode ser vista proliferação de células e tecidos com aumento de volume parcial ou difuso de um órgão e deposição de tecido conjuntivo fibroso (fibrose), tecido ósseo (hiperostose), ou células neoplásicas. Ex: Bovino. Base da língua: nódulo ulcerado de aproximadamente 10 cm de superfície irregular, firme, acastanhado na superfície e amarelado na base, obstruindo parcialmente a laringe. Circundando a área, múltiplas formação nodulares de aproximadamente 0,5cm de vermelho-escuras - Carcinoma de células escamosas na intoxicação crônica por Pteridium arachnoideum. 8. Recursos extras Recursos extras não são sempre facilmente avaliados, e incluem aspectos como peso, som e odor. Pesar o órgão ajudará a confirmar seus achados se as alterações são sutis. Assim como medir as paredes dos ventrículos em casos de hipertrofia cardíaca leve a moderada. Enquanto você deve ter certeza que algo é maior e mais pesado que o normal, outras alterações podem ser muito sutis para serem notadas e precisarão de mais evidências para confirmação. Odor é um parâmetro mais difícil de ser descrito uma vez que pode ser subjetivo e propenso a viés de confirmação, mas podem ser identificados por comparação com cheiros identificáveis ou associados com doenças próprias. Alguns odores que você pode encontrar são: ● Manteiga rançosa: em doenças causadas por Clostridium chaouvei em bovinos e Clostridium septicum em suínos e equinos. ● Cidra de maçã: odor fermentativo distinto associado com grandes coágulos no estômago como resultado de úlceras gástricas. ● Amônia: na intoxicação por uréia quando o rúmen é aberto. ● Amêndoas: no conteúdo ruminal de casos de intoxicação por ácido cianídrico em ruminantes. ● Ácido lático: odor fermentativo no conteúdo ruminal observado na acidose ruminal por sobrecarga de grãos. ● Miíase, gangrenas, feridas contaminadas e podridão de cascos: também possuem odores pútridos. O som pode indicar a presença de gás, como visto em casos de miosite clostridial em bovinos. Ex: Bovino. Músculo esquelético: Severamente vermelho enegrecido difuso, seco, com odor adocicado e bolhas de ar - Miosite clostridial. Patente, dilatado, obstruído, obliterado, estreitado, diverticulado, com ramos, comunicativo e tortuoso são termos que podem ser usados para descrever estruturas tubulares.
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