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• Conceito da insuficiência respiratória: incapacidade do sistema respiratório fornecer O2 suficiente para funcionamento do organismo (diminuição na oxigenação) E/OU eliminar CO2 (diminuição na ventilação). A partir daí, podemos já distinguir os tipos, pois ou vai estar relacionado à captação de oxigênio ou com a eliminação de CO2. • Introdução: As causas podem ser pulmonares ou não pulmonares; Na Insuficiência respiratória aguda o pH tende a cair (pH < 7,35) e na crônica o pH tende a compensar. • Critérios da gasometria arterial para insuficiência respiratória: PaO2 < 60 mmHg; PaCO2 > 50mmHg. • Classificação da insuficiência respiratória: Tipo I (hipoxêmica): predomina a baixa de O2 (PaO2 < 60 mmHG) Tipo 2 (hipercánica): predomina o aumento de CO2 (PaCO2 > 50 mmHg). Obs.: em qualquer uma, tem alteração do outro elemento. Ex: na hipercápnica (tipo 2) também há diminuição do O2, mas não é com tanta intensidade. • Insuficiência respiratória tipo I ou hipoxêmica: Fisiologicamente o ar entra pela inspiração, preenche os alvéolos, irriga os vasos e sai o CO2 que será expirado. PaO2 < 60 mmHg PaCO2 normal ou diminuída, já que o indivíduo faz taquipneia (ventilação não comprometida); Alteração da difusão ou da relação ventilação/difusão. Causas: a) Cardiogênicas (PCP > 18 mmHg): ICC (aumenta a pressão no território pulmonar, encharca os alvéolos e tem uma alteração na difusão/passagem de oxigênio para os vasos) b) Não cardiogênica (PCP < 18 mmHg): pneumonias, SDRA, tuberculose. ** Pressão capilar pulmonar (PCP). Mecanismos: 1. Efeito espaço morto (mais frequente) a) Unidade alveolar: ventilação normal + perfusão alterada (tem um problema na circulação e aí o vaso não capta o ar chegando do alvéolo, por isso é como se não estivesse recebendo oxigênio no vaso e assim, denomina-se espaço morto). b) Choque, hipovolemia, tromboembolismo venoso (TEV). 2. Efeito shunt: a) Unidade alveolar: ventilação alterada (o ar tem dificuldade de chegar no alvéolo e por isso não passa para a circulação) + perfusão normal b) A ventilação foi alterada porque os alvéolos preenchidos por líquidos ou por uma atelectasia importante. Isso acontece nas pneumonias, síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA), atelectasia. 3. Alteração da difusão: a) A própria difusão está alterada; b) Tem-se o aumento da espessura da membrana alveolocapilar (tem dificuldade na captação/passagem do oxigênio do alvéolo para o vaso); acúmulo de proteínas; edema intersticial. 4. Hipoxemia circulatória: a) Anemia grave (tem pouca hemoglobina para levar o oxigênio): a fórmula do conteúdo arterial de oxigênio valoriza muito amis a hemoglobina do que a própria PaO2. • Insuficiência respiratória tipo II ou hipercápnica: Conceito: PaO2 reduzida + paCO2 > 50 mmHg; alteração da ventilação alveolar (hipoventilação) e aumento do espaço morto; Causas: intoxicação por barbitúricos (fenobarbital/Gardenal, por ex), doenças neuromusculares (miastenia gravis, trauma raquimedular), AVE, TCE. Diferenciando... • O parâmetro gasométrico que permite diferenciar as insuficiências respiratórias tipo I da tipo II é o gradiente A-a de O2. Para levar a quadro de hipoxemia, a diferença do ar no território alveolar para o território arterial está alta, porque está havendo problema de entrar oxigênio dentro do vaso. Por isso, a D(A-a) O2 está elevada na hipoxêmica e normal na hipercápnica. • Hipoxêmica: cai a PaO2 muito, aí a mecânica ventilatória estando normal o paciente vai aumentar a FR (taquipneico), lavando CO2. Por isso aumenta o pH. • Anamnese e exame físico: Tempo de instalação dos sintomas, tosse, secreção, dor torácica; História de tabagismo (DPOC), asma, trauma; Confusão mental: diaforético, fala entrecortada, cianose, uso de musculatura acessória. Retração de fúrcula, uso de musculatura intercostal, escalenos. • Exames complementares: Raio x de tórax: auxilia na hipótese diagnóstica. Ex: a) Infiltrado localizado sugere pneumonias lobares, massa (neoplasia), tromboembolismo venoso, infarto hemorrágico; b) Infiltrado difuso sugere: síndrome do desconforto respiratório agudo (se não for cardiogênica, com pressão de capilar pulmonar normal), edema agudo de pulmão (causa cardiogênica), infecções como pneumoncistose e TB miliar. Infiltrado localizado (ex: pneumonia importante) infiltrado difuso (ex: edema agudo de pulmão, SDRA) Tomografia computadorizada: possibilita distinguir densidades superposta em raio-x. A TC helicoidal com infusão de contraste é fundamental para o diagnóstico de TEV. • Conduta: Suplementação de O2 para SatO2 > 90%; Manter via aérea adequada: VNI ou IOT; Tratar causa de base: pneumonia, edema agudo de pulmão, etc Garantir parâmetros hemodinâmicos. EVITAR PRESSÕES DE PICO/PLATÔ MUITO ALTAS • Ventilação não invasiva (VNI): Oferece altos fluxos de O2; Pressão positiva; FiO2 variável; Principais indicações: DPOC exacerbada, pneumonia, edema agudo de pulmão, doenças neuromusculares, asma. Principais CONTRAindicações: parada cardiorrespiratória, instabilidade hemodinâmica*, rebaixamento do nível de consciência, obstrução fixa das vias aéreas, pneumotórax, trauma de face. • Ventilação invasiva: Tratamento padrão para os casos graves de insuficiência respiratória; Necessita de acesso endotraqueal: cânula orotraqueal, traqueostomia, cricotireoidostomia. Oxigenação tecidual normal: 1. PaO2 80 a 100 mmHg 2. FiO2 ar ambiente = 21% 3. Pulmões normais gera relação paO2(80-100) / FiO2 (0,21)> 300. • Síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA): Conceito: condição de insuficiência respiratória aguda causada por lesão inflamatória da barreira alvéolo- capilar com conformação de edema alveolar rico em proteína. Em outras palavras, há insuficiência respiratória com alvéolos inundados dificultando a passagem do oxigênio para o vaso, só que não é causada pela disfunção cardíaca, pois é causada por lesão inflamatória. Classificação de SDRA (classificação de Berlim): 1. Tempo: para se pensar em SDRA tem que ter um tempo de 1 semana entre o início do quadro e o início do fator causal; 2. Radiografia (raio -x) opacidades bilaterais não justificadas por derrame, atelectasia ou nódulos; 3. Origem do edema: insuficiência respiratória não justificada por insuficiência cardíaca (por isso que tem que ter uma pressão capilar-pulmonar normal no paciente) ou sobrecarga volêmica (ressuscitação volêmica na SEPSE de forma desordenada, e aí encharca de volume e dá edema alveolar) 4. Oxigenação (relação PaO2/FiO2) com PEEP ≥ 5 CMH2O: a) Leve: 200-300 mmHg b) Moderada: 100-200 mmHg c) Grave ≤ 100 mmHg Paciente está em insuficiência respiratória aguda, foi para o tubo, está na ventilação mecânica, o tempo fala a favor da SDRA, o raio-x também, a parte clínica também (porque não tem nada que explique). Com tudo isso em mãos, fechamos a SDRA e a classificamos como leve, moderada ou grave de acordo com a relação paO2/FiO2. Principais causas pulmonares: pneumonia, aspiração (ex: pneumonias aspirativas), embolia gordurosa, contusão pulmonar e quase afogamento; Principais causas extrapulmonares: sepse, choque (não necessariamente pela sepse), politrauma, múltiplas transfusões, pancreatite aguda, uso de circulação extracorpórea (ex: na cirurgia cardíaca), overdose de drogas, coagulação intravascular disseminada (CIVD), queimaduras, TCE. Fases (evolução): Fase exsudativa (0 a 7 dias): há quebra da integridade da membrana alveolocapilar, formando um edema edema rico em proteínas, que fica inicialmente nas paredes e vai preenchendo todo o espaço alveolar (encharcando o alvéolo). A persistência do edema vai para a membranahialina. Há lesão nos pneumócitos tipo II, com menor produção do surfactante e atelectasias. Fase proliferativa (7 a 14 dias): organiza-se o processo inflamatório, há proliferação dos pneumócitos tipo II. Fase de resolução/fibrótica (≥ 14 a 21 dias): a maioria dos pacientes que melhora da causa de base (porque tratou a causa base, usou ventilação protetora com volume corrente mais baixo e controla a pressão de platô) e sobrevive a SDRA tem resolução completa da lesão pulmonar. Tratando isso e o paciente tendo sobrevivido o edema vai sendo reabsorvido pelo epitélio, recuperam o alvéolo e volta ao normal. No entanto, em 5% dos casos, no entanto, a fase fibroproliferativa evolui para fibrose permanente, em que há o padrão difuso espessamento parede alveolar e quadros mais graves da insuficiência respiratória.
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