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INSTITUTO FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO LICENCIATURA EM QUÍMICA QUÍMICA ORGÂNICA EXPERIMENTAL II Prof° Hildegardo Seibert França TURMA: 2019/1 - 5° período TÍTULO: Preparação de Haleto de Alquila NOME (S): Gabriel Teixeira Malacarne e Thamires Lucia Lube de Melo 1. OBJETIVO: Preparar um haleto de alquila a partir de um álcool terciário. 2. INTRODUÇÃO TEÓRICA: Haletos de alquila são compostos orgânicos em que um ou mais átomos de Hidrogênio do alcano são substituídos por átomos de Flúor, Cloro, Bromo ou Iodo. O método mais comum usado na preparação de haletos é o uso de álcool anidro reagindo com ácido clorídrico, fluorídrico ou iodídrico, em uma reação de substituição nucleofílica. 3. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL: Misture em um funil de separação 15 mL de álcool t-butílico e 35 mL de ácido clorídrico concentrado. Não tampe o funil. Cuidadosamente agite a mistura do funil de separação durante um minuto; tampe o funil e inverta-o cuidadosamente. Durante a agitação do funil, abra a torneira para liberar a pressão. Feche a torneira, tampe o funil, agite-o várias vezes e novamente libere a pressão. Agite o funil durante dois a três minutos, abrindo-a ocasionalmente (para escape). Deixe o funil em repouso até completa separação das fases. Separe as duas fases. A operação da etapa subsequente deve ser conduzida o mais rapidamente possível, pois o cloreto de t-butila é instável em água e em solução de bicarbonato de sódio. Lave a fase orgânica com 25 mL de água; separe as fases e descarte a fase aquosa. Em seguida, lave a fase orgânica com uma porção de 25 mL de bicarbonato de sódio a 5%. Agite o funil (sem tampa) até completa mistura do conteúdo; tampe-o e inverta-o cuidadosamente. Deixe escapar a pressão. Agite abrindo cuidadosamente para liberar a pressão, eventualmente. Agite durante um minuto, vigorosamente. Deixe separar as fases e retire a fase do bicarbonato. Lave a fase orgânica com 25 mL de água e novamente retire a fase aquosa. Transfira a fase orgânica para um Erlenmeyer seco e adicione cloreto de cálcio anidro. Agite ocasionalmente o haleto de alquila com o agente dessecante. Decante o material límpido para um frasco seco. 1 Adicione pedras de ebulição e destile o cloreto de t-butila em aparelhagem seca, usando banho-maria. Colete o haleto em um recipiente com banho de gelo. Pese e calcule o rendimento 4. MATERIAIS E EQUIPAMENTOS: Reagentes: Álcool t-butílico (C4H9OH), ácido clorídrico concentrado (HCl PA), água destilada (H2O). bicarbonato de sódio a 5% (NaHCO3) e cloreto de cálcio anidro (CaCl2). Equipamentos para as extrações (figura 01): haste universal, anel, funil de separação, pipeta graduada e volumétrica, béquer e erlenmeyer. Figura 01: Esquematização de uma extração líquido-líquido. Fonte: Google Imagens Equipamentos para a destilação (figura 02): manta aquecedora, balão de destilação, coluna de fracionamento, condensador, pérolas de vidro erlenmeyer. Figura 02: Esquematização para um destilação simples. Fonte: Engel, 2012. 2 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES: A conversão de alcoóis em haletos de alquila pode ser realizada por diferentes métodos. Para essas transformações, os reagentes tradicionalmente empregados são ácidos inorgânicos (HX) e haletos de ácidos inorgânicos (SOCl2, PCl5, PCl3, POCl3, PBr3, PBr5, SOBr2 e outros) (ANDRADE, 2015). Nesta prática com o objetivo de produzir o haleto cloreto de t-butila utilizou-se o álcool t-butílico e um ácido inorgânico, o ácido clorídrico. Segundo Bruice (2006), um álcool é capaz de sofrer uma reação nucleofílica apenas se houver protonação, ou seja, irá transformar o grupo de partida OH- (base forte) em uma molécula de H2O (base fraca), a qual será suficientemente fraca para ser deslocada por um nucleófilo, uma vez que um grupo de saída forte não pode ser deslocado. Neste sentido, o mecanismo para a reação principal de síntese do haleto de alquila pode ser analisada pela figura 03. Figura 03: Mecanismo de reação de substituição de obtenção do cloreto t-butila Fonte: Autoral O HCl por ser um ácido forte irá se dissociar facilmente, assim os íons H+ irão protonar o oxigênio do álcool terciário, que assim como os secundários sofrem reações do tipo Sn1, ou seja, com formação de carbocátion. Assim, em seguida, a molécula de H2O será dissociada levando a formação de carbocátion estável, que por sua vez será atacado pelo íon cloreto (Cl-) formando o produto de substituição. Dito isso, após iniciar a extração líquido-líquido em um funil de separação, tem-se que a reação é concluída com a separação das fases, obtendo uma fase orgânica superior, referente 3 ao haleto de alquila sintetizado. Após separar as fases, inicia-se o processo de purificação do produto com a adição do bicarbonato de sódio 5%, no qual será responsável eliminar o ácido que pode estar presente. O processo é descrito pela reação abaixo: NaHCO3 (aq) + H+ (aq) → Na+ (aq) + CO2 (g) + H2O (l) Seguidamente da remoção da fase do bicarbonato, adicionou-se água destilada para “lavar” a fase orgânica. Após separar as fases, a fim de garantir uma solução livre de água, acrescentou ao funil o cloreto de cálcio anidro. Este último é um agente secante, ou seja, um sal inorgânico anidro que adquire águas de hidratação quando exposto ao ar úmido ou solução úmida (ENGEL, 2012). É válido ressaltar que o intermediário carbocátion formado na reação Sn1 possui dois destinos possíveis: pode combinar-se com o nucleófilo e formar um produto de substituição ou perder um próton e formar um produto de eliminação. Assim, como último método de purificação efetuou-se uma destilação simples do cloreto t-butila, separando os produtos indesejáveis pela diferença de ponto de ebulição. Neste processo, a solução adicionada ao balão de destilação com menor ponto de ebulição irá vaporizar e condensar, sendo feita a separação. A adição das pérolas de vidro são importantes, pois segundo Engel (2012) irão provocar um fluxo constante de bolhas de ar quando aquecidas, somada a turbulência do meio provocam o rompimento das bolhas maiores. De acordo com Bruice (2006), somente o produto de substituição é obtido, pois qualquer alceno formado em uma reação de eliminação sofrerá uma reação de adição subsequente com o ácido inorgânico para formar mais do produto de substituição. 5.1. Por que o haleto de alquila bruto deve ser cuidadosamente seco com cloreto de cálcio antes da destilação final? O cloreto de cálcio anidro (CaCl2) é uma substância higroscópica, ou seja, tem a capacidade de adsorver umidade. Portanto, a utilização deste sal tem por objetivo participar da reação, apenas para fins de eliminar traços de água presentes na fase orgânica, advindos da reação do Cl- com o carbocátion e do NaHCO3 com o íon H+. CaCl2 (s) + 6 H2O (l) → CaCl2.6H2O (s) 5.2. Por que a solução de bicarbonato de sódio deve ser empregada na purificação do cloreto de t-butila? Por quê não utilizar uma solução de NaOH? 4 O uso do bicarbonato de sódio na solução orgânica presente no funil de separação, serve como uma extração básica para converter impurezas ácidas em seus sais aniônicos correspondentes. Neste caso, referente aos possíveis resquícios de íons H+. NaHCO3 (aq) + H+ (aq) → Na+ (aq) + CO2 (g) + H2O (l) Não é aconselhável utilizar o hidróxido de sódio (NaOH), pois este irá reagir com o cloreto t-butila levando a formação do álcool terc-butílico, como mostra a reação. (CH3)3CCl (aq) + NaOH (aq) → (CH3)3COH (aq) + NaCl (s) 5.3. Apresente o mecanismo de reação para a formação de um provável sub-produto, o isobutileno (2-metil-1-propeno). Figura 03: Mecanismo de reação de eliminação para obtenção do isobutileno Fonte: Autoral 5.4. Como o 2-metil-1-propeno poderia ser removido durante o processo de purificação? O isobutileno e o cloreto t-butila possuem características diferentes, sendo a principal delas o fato de que o primeiro é um gás, logo irá possuir ponto de ebulição menor. Assim, um processo de destilação seria eficaz para a remoção dosubproduto indesejável. 5.5. Água e cloreto de metileno são insolúveis. Em um tubo de ensaio, por exemplo, eles formam duas camadas. Como você poderia proceder experimentalmente para distinguir a camada aquosa da camada orgânica? Suponha que você não disponha dos valores das densidades destas duas substâncias: Segundo Engel (2012), para identificar se uma determinada fase superior é aquosa, basta adicionar algumas gotas de água, se houver a dissolução é a fase aquosa, caso contrário será a 5 fase orgânica. Este procedimento pode ser utilizado para identificar uma suposta fase orgânica, no entanto deve-se adicionar mais solvente, assim esta deverá aumentar de volume, sem a separação de uma nova fase. 5.6. Explique por que o 2-pentanol e o 3-pentanol, ao reagirem com HCl, produzem ambos os produtos 2-cloropentano e 3-cloropentano. Mostre os dois mecanismos: Esse fato pode ser explicado devido à propriedade de rearranjo molecular da cadeia carbônica. Ao reagir o 2-pentanol e o 3-pentanol com HCl serão formados carbocátions secundários que em busca de melhor estabilidade podem sofrer rearranjo, formando um carbocátion terciário, como mostra os mecanismo a seguir. Figura 04: Mecanismo para a reação do 2-pentanol com HCl. Fonte: Autoral Figura 05: Mecanismo para a reação do 3-pentanol com HCl. Fonte: Autoral 6 6. RENDIMENTO: A partir da reação do álcool com o ácido exposta abaixo, é possível calcular o rendimento do haleto de alquila obtido, partindo da estequiometria 1:1 entre produtos e reagentes. C4H9OH (aq) + HCl (aq) → C4H9Cl (aq) + H2O (l) De acordo com a literatura consultada a tabela 01 mostra os dados de densidade e massa molecular encontradas para cada substância envolvida. Tabela 01: Dados dos reagentes para os cálculos Substância Densidade (g/cm3) Massa Molecular (g/mol) C4H9OH 0,78 74,12 HCl 1,18 36,45 Com os dados anteriores, tem-se os seguintes cálculos para descobrir a quantidade de mols envolvidos: Para o álcool Para o ácido 1 𝑚𝐿 𝑑𝑒 𝐶 4 𝐻 9 𝑂𝐻 − 0, 78𝑔 𝑑𝑒 𝐶 4 𝐻 9 𝑂𝐻 15 𝑚𝐿 𝑑𝑒 𝐶 4 𝐻 9 𝑂𝐻 − 𝑋 𝑑𝑒 𝐶 4 𝐻 9 𝑂𝐻 𝑋 = 11, 7𝑔 𝑑𝑒 𝐶 4 𝐻 9 𝑂𝐻 1 𝑚𝑜𝑙 𝑑𝑒 𝐶 4 𝐻 9 𝑂𝐻 − 74, 12𝑔 𝑑𝑒 𝐶 4 𝐻 9 𝑂𝐻 𝑌 𝑚𝑜𝑙 𝑑𝑒 𝐶 4 𝐻 9 𝑂𝐻 − 11, 7 𝑑𝑒 𝐶 4 𝐻 9 𝑂𝐻 𝑌 = 0, 158 𝑚𝑜𝑙 𝑑𝑒 𝐶 4 𝐻 9 𝑂𝐻 1 𝑚𝐿 𝑑𝑒 𝐻𝐶𝑙 − 1, 18 𝑔 𝑑𝑒 𝐻𝐶𝑙 35 𝑚𝐿 𝑑𝑒 𝐻𝐶𝑙 − 𝑍 𝑔 𝑑𝑒 𝐻𝐶𝑙 𝑍 = 41, 3𝑔 𝑑𝑒 𝐻𝐶𝑙 1 𝑚𝑜𝑙 𝑑𝑒 𝐻𝐶𝑙 − 36, 45𝑔 𝑑𝑒 𝐻𝐶𝑙 𝑊 𝑚𝑜𝑙 𝑑𝑒 𝐻𝐶𝑙 − 41, 3𝑔 𝑑𝑒 𝐻𝐶𝑙 𝑊 = 1, 13 𝑚𝑜𝑙 𝑑𝑒 𝐻𝐶𝑙 Por meio dos cálculos pode-se afirmar que o álcool t-butílico é o reagente limitante da reação, dessa forma, como a proporção é 1:1, será formado 0,158mol do haleto de alquila, cloreto t-butila. Por fim, a partir da sua massa molecular, 92,5g/mol, obtém-se a sua quantidade em gramas sintetizada. 1 𝑚𝑜𝑙 𝑑𝑒 𝐶 4 𝐻 9 𝐶𝑙 − 92, 5𝑔 𝑑𝑒 𝐶 4 𝐻 9 𝐶𝑙 0, 158 𝑚𝑜𝑙 𝑑𝑒 𝐶 4 𝐻 9 𝐶𝑙 − 𝐴 𝑑𝑒 𝐶 4 𝐻 9 𝐶𝑙 𝐴 = 14, 615𝑔 𝑑𝑒 𝐶 4 𝐻 9 𝐶𝑙 7 A partir da sua densidade, 0,84g/cm3, são obtidos 17,4mL haleto de alquila, considerando um rendimento de 100%. 7. CONCLUSÃO: Através dos resultados obtidos na prática realizada foi possível compreender os mecanismos de reação do tipo Sn1, assim como o funcionamento de síntese de um haleto de alquila a partir de um álcool terciário e um ácido inorgânico. É válido ressaltar que apesar da prática expor dados de rendimento para 100%, nas reações de obtenção de haletos de alquila haverá perdas, logo, a partir das quantidades utilizadas a obtenção real será um valor menor que 17,mL. 8. REFERÊNCIA: ANDRADE, Vitor Simões Cardoso de; Estudo das reações de alcoóis, dióis e epóxidos utilizando o sistema ácido tri-haloisocianúrico/ trifenilfosfina como reagente de appel. UFRJ, Rio de Janeiro, 2015. BRUICE, Paula Yurkanis. Química orgânica. 4.ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006. ENGEL, Randall G. et al. Química orgânica experimental: técnicas de pequena escala. 3. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2012. 8
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