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Júlia Figueirêdo – HM VI SONDAGEM VESICAL E CISTOSTOMIA POR PUNÇÃO: O cateterismo ou sondagem vesical pode ser definido como a inserção de um cateter na bexiga, seja por via uretral ou suprapúbica (procedimento que passa a ser definido como cistostomia). O sistema urinário apresenta, em sua porção inferior, diferenças anatômicas entre os sexos, principalmente no que diz respeito à extensão da uretra. É válido ressaltar que todo o trato excretor é estéril, com exceção do entorno do óstio externo da uretra, colonizado por bactérias residentes no períneo. Comparação anatômica entre os sexos feminino e masculino Os equipamentos usados com maior frequência são as sondas de Foley (duas ou três vias, empregadas na sondagem de demora) e a sonda de Nelaton (empregadas para alívio imediato). Sonda de Foley com três vias, normalmente usada com calibre entre 14 e 18 Fr Sonda de Nelaton (cloreto de polivinil) É possível diferenciar os tipos de cateterismo uretral em duas categorias, levando em consideração principalmente o tempo de manutenção da sonda: Sondagem de alívio: a ser utilizada somente em situações temporárias, corresponde ao esvaziamento completo da bexiga (alivia a retenção); Sondagem de demora: tem como finalidade a drenagem contínua, com permanência da sonda de Foley. O esvaziamento vesical é gradual, possibilitando melhor monitorização do débito urinário. o Não deve ser mantida fechada e sua troca é recomendada a cada 15 a 20 dias, evitando o desenvolvimento de infecções. INDICAÇÕES E CONTRAINDICAÇÕES: As indicações para a realização do cateterismo vesical abrangem tanto processos diagnósticos quanto terapêuticos, a saber: Monitoramento do débito urinário; Esvaziamento vesical pré ou pós- operatório; Retenção urinária; Pacientes inconscientes; Instilações medicamentosas ou de contraste; Avaliação de estudo urodinâmico; Análise do resíduo urinário; Coleta de urina asséptica ara exames; Júlia Figueirêdo – HM VI Cateterismo intermitente em bexiga neurogênica; Certos quadros de incontinência urinária. Quanto às contraindicações, não há nenhum impeditivo, mas sim situações limitantes, como alterações anatômicas uretrais (fístulas, estenoses ou deformidades) que tornam necessária a presença de um especialista para fazer o cateterismo, evitando lesões. Quando a inserção da sonda é impossibilitada (ex.: pela sutura da uretra) ou ocorrem dificuldades técnicas, a cistostomia é recomendada. PREPARO E TÉCNICA: A montagem da bandeja de procedimentos para os cateterismos de alívio e demora, e a cistostomia são bastante semelhantes, contando com: Luvas (procedimento e cirúrgica); Campos estéreis; Gaze; Antisséptico (Clorexidina ou PVPI); Lidocaína gel a 2%; Seringas; Sonda (de Foley ou Nelaton); Água destilada; Bolsa coletora de urina. Bandeja para realização de sondagem de alívio Material usado na sondagem vesical de demora SONDAGEM VESICAL: Ainda que a realização do procedimento apresente variações entre os sexos masculino e feminino, de modo geral, a sequência de procedimentos é descrita por: 1. Explicar o procedimento ao paciente; 2. Colocar o paciente em posição adequada (ginecológica ou decúbito dorsal); 3. Calçar luvas (procedimento para assepsia, depois trocar para luvas estéreis); 4. Realizar assepsia da região genital e perineal, colocando campos estéreis no local; 5. Identificar o meato uretral e injetar lidocaína gel a 2% com uma seringa (10 mL em mulheres e 20 mL em homens); Na população masculina, manter a uretra ocluída para promover a absorção do analgésico pela mucosa. 6. Testar o balão (se sonda de Foley) com a injeção de 20 mL de água destilada; Júlia Figueirêdo – HM VI Balão íntegro após teste da sonda 7. Iniciar a introdução da sonda de forma delicada, até obter refluxo de urina; Homens devem ter o pênis colocado em posição perpendicular ao corpo, minimizando a curvatura da porção bulbar. Posicionamento adequado do pênis para a colocação do cateter vesical 8. Inflar o balão e tracionar a sonda até sentir resistência (colo vesical); Posicionamento do cateter com balão tracionado sobre o colo vesical 9. Instalar o sistema coletor de urina. CISTOSTOMIA: Os procedimentos associados à realização da cistostomia são: 1. Explicar o procedimento ao paciente; 2. Colocar o paciente em decúbito dorsal; 3. Proceder com a tricotomia da área suprapúbica; 4. Realizar a assepsia do local; 5. Infiltrar a região de punção (5 cm acima da sínfise púbica) com lidocaína líquida a 2%; 6. Realizar uma incisão de 1 cm no sítio previamente demarcado; 7. Certificar-se (com a palpação e punção com agulha fina) que a bexiga tem a distensão adequada; 8. Introduzir o trocanter apropriado até sua penetração na bexiga; 9. Retirar o mandril do trocanter, observando o retorno de urina, e introduzir a sonda; 10. Inflar o balão do cateter e remover o trocanter; 11. Tracionar a sonda até obter resistência; Posicionamento adequado da sonda após a cistostomia 12. Fixação da sonda com sutura e uma “bailarina”; 13. Conectar o sistema coletor; 14. Realizar curativo no sítio de punção. Passo-a-passo da cistostomia COMPLICAÇÕES ASSOCIADAS AO CATETERISMO VESICAL: Uma vez que o cateterismo vesical (por sonda ou cistostomia) representa um Júlia Figueirêdo – HM VI procedimento invasivo, a ocorrência de complicações não é incomum. Em sua maioria, esses desfechos são leves, não causando sequelas, porém lesões mais graves podem acontecer, evoluindo para estenose. Outro importante foco de atenção deve ser a contaminação bacteriana (e consequentes infecções). Os eventos mais comuns dentre as complicações são: Irritações na mucosa uretral; o A lubrificação da uretra com 20 mL de lidocaína gel 2% pode evitar a fricção entre a sonda e a mucosa. Lesão uretral; Hemorragia; Infecção urinária. o Pode ser evitada a partir da antibioticoprofilaxia (nitrofurantoína, sulfametoxazol/trimetropin e quinolona) diária em baixas doses, mantida até a retirada da sonda.
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