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Equações Diferenciais Parciais-Notas de Aula Curso de Engenharia de Energia Prof. Wesley de Souza Bezerra Capítulo 1 Aula 1-Transformada de Laplace 10 de agosto de 2018 1.1 Introdução A solução de equações diferenciais levam a descrição de fenômenos naturais. Uma ferra- menta importante para se obter tais soluções é a transformada de Laplace, que consiste em re- solver equações diferenciais "transformando-as" em equações algébricas. Neste curso de EDP, vamos primeiramente definir a transformada de Laplace para resolver equações diferenciais em apenas uma variável, e mais adiante aplicaremos estes conceitos às equações diferenciais parciais. Considere a seguinte equação diferencial: d dx y(x) = g(x). (1.1) A relação (1.1) pode ser lida como: a operação de diferenciação representada pelo operador d/dx deve ser efetuada sobre a função y(x) e, o resultado de tal operação é uma outra função chamada de g(x). Considere agora a equação diferencial d2y dx2 − 3dy dx + 2y = x2, (1.2) que na notação "linha" é escrita como y′′ − 3y′ + 2y = x2. Esta equação pode ser escrita como D2y − 3Dy + 2y = x2, (1.3) onde D = d/dx e D2 = d2/dx2 são os operadores de derivadas de ordem 1 e 2 respectiva- mente. Colocando o operadorD em evidência na equação (1.3), temos que (D2−3D+2)y = x2 que por sua vez pode ser reescrita como (D−1)(D−2)y = x2. Numa tentativa desesperada de resolver esta equação diferencial, poderíamos tratar o operador D como um número qualquer, resultando na "solução" y = x2 (D − 1)(D − 2) , (1.4) 1 1.1. INTRODUÇÃO CAPÍTULO 1. AULA 1-TRANSFORMADA DE LAPLACE É claro que a "solução" dada por (1.4) não faz sentido, pois o operadorD não tem nenhuma função à sua frente para que ele possa operar. No entanto, pode-se tirar proveito desta situação, se continuarmos na simplicidade deste raciocínio que a priori não tem sentido matemático. Decompondo a equação (1.4) em frações parciais temos: y = − x 2 (D − 1) + x2 (D − 2) , (1.5) e podemos expandir os coeficientes 1/(D − 1) e 1/(D − 2) em séries de Taylor. Lembrando que para uma dada função f , f(x) = f(0) + f ′(0) x+ 1 2! f ′′(0) x2 + 1 3! f ′′′(0) x3 + · · · , (1.6) então temos: 1 D − 1 = − 1 1−D = −(1 +D +D2 +D3 + · · · ), (1.7) 1 D − 2 = −1 2 1 1−D/2 = −1 2 ( 1 + D 2 + D2 4 + D3 8 + · · · ) . (1.8) Substituindo as expressões (1.7) e (1.8) na "solução" (1.4) temos y(x) = x2 (D − 1)(D − 2) = − x 2 (D − 1) + x2 (D − 2) = (1 +D +D2 +D3 + · · · )x2 − 1 2 ( 1 + D 2 + D2 4 + D3 8 + · · · ) x2 = (x2 +Dx2 +D2x2 + 0)− 1 2 ( x2 + D 2 x2 + D2 4 x2 + 0 ) = (x2 + 2x+ 2)− 1 2 ( x2 + x+ 1 2 ) = x2 2 + 3x 2 + 7 4 . (1.9) Mesmo que com a solução escrita ilicitamente em função do operador D, a expressão (1.9) é uma solução particular da equação diferencial y′′ − 3y′ + 2y = x2. De fato, x2 = d2y dx2 − 3dy dx + 2y = d2 dx2 ( x2 2 + 3x 2 + 7 4 ) − 3 d dx ( x2 2 + 3x 2 + 7 4 ) + 2 ( x2 2 + 3x 2 + 7 4 ) = (1 + 0 + 0)− 3 ( x+ 3 2 + 0 ) + 2 ( x2 2 + 3x 2 + 7 4 ) = 1− 3x− 9 2 + x2 + 3x+ 7 2 = x2, (1.10) Notas de aula:Equações Diferenciais Parciais 2 Wesley de S. Bezerra 1.1. INTRODUÇÃO CAPÍTULO 1. AULA 1-TRANSFORMADA DE LAPLACE e portanto a expressão (1.9) é uma solução da equação diferencial. Pode-se verificar que este processo usado para resolver a equação diferencial (1.2) funciona para outros exemplos. No entanto, não faz sentido usá-lo como uma teoria aplicada a solução de equações diferenciais. O método de solução empregado acima está relacionado com a chamada integral de Laplace. Definição 1.1.1 (Transformada de Laplace) Seja a função f(t) definida para o intervalo 0 ≤ t ≤ ∞, com t e f(t) reais. A transformada de Laplace denotada por L[f(t)] ou por F (s), é definida por L[f(t)] = F (s) = ∫ ∞ 0 e−stf(t) dt, (1.11) se a integral imprópria convergir. Em geral, a transformada de f(t), isto é, F (s) pode ser uma função de variável complexa. EXEMPLO 1. Seja f(t) = 1 para t ≥ 0. Então, L[1] = F (s) = ∫ ∞ 0 e−st dt = lim α→∞ ∫ α 0 e−st dt = lim α→∞ −e −st s ∣∣∣∣∣ α 0 = lim α→∞ [ −e −sα s + e0 s ] = 1 s , para s > 0 e α um número real positivo. EXEMPLO 2. Seja f(t) = eat, para t ≥ 0. Então, L[eat] = F (s) = ∫ ∞ 0 e−steat dt = ∫ ∞ 0 e−(s−a)t dt = lim α→∞ ∫ α 0 e−(s−a)t dt = lim α→∞ −e −(s−a)t s− a ∣∣∣∣∣ α 0 = lim α→∞ [ −e −(s−a)α s− a + e0 s− a ] = 1 s− a , s > a. Notas de aula:Equações Diferenciais Parciais 3 Wesley de S. Bezerra 1.1. INTRODUÇÃO CAPÍTULO 1. AULA 1-TRANSFORMADA DE LAPLACE EXEMPLO 3. Seja f(t) = sen at, para t ≥ 0. Então, L[sen at] = F (s) = ∫ ∞ 0 e−stsen at dt = lim α→∞ ∫ α 0 e−stsen at dt = lim α→∞ [ −e −st cos at a ∣∣∣∣∣ α 0 − s a ∫ α 0 e−st cos at dt ] = lim α→∞ [ −e −sα cos aα a + e0 cos 0 a − s a ∫ α 0 e−st cos at dt ] = 1 a − s a ∫ ∞ 0 e−st cos at dt, onde integramos por partes para obter este resultado. Realizando uma outra integração por partes, F (s) = 1 a − s a lim α→∞ [∫ α 0 e−st cos at dt ] = 1 a − s a lim α→∞ [∫ α 0 e−st cos at dt ] = 1 a − s a lim α→∞ [ e−stsen at a ∣∣∣∣∣ α 0 + s a ∫ α 0 e−stsen at dt ] = 1 a − s a lim α→∞ [ e−sαsen aα a + e0sen 0 a + s a ∫ α 0 e−stsen at dt ] = 1 a − s 2 a2 ∫ ∞ 0 e−stsen at dt, = 1 a − s 2 a2 F (s), e resolvendo para F (s) F (s) = 1 a − s 2 a2 F (s), F (s) ( 1 + s2 a2 ) = 1 a F (s) ( s2 + a2 a2 ) = 1 a F (s) = ( a2 s2 + a2 ) 1 a F (s) = a s2 + a2 , s > 0. Na próxima aula iremos usar a transformada de Laplace para resolver equações diferenciais que envolvem problemas de valores iniciais. Notas de aula:Equações Diferenciais Parciais 4 Wesley de S. Bezerra 1.2. EXERCÍCIOS CAPÍTULO 1. AULA 1-TRANSFORMADA DE LAPLACE 1.2 Exercícios 1. Determine a transformada de Laplace para as seguintes funções: (a) f(t) = t (b) f(t) = t2 (c) f(t) = tn, com n um inteiro positivo. (d) f(t) = cos at, com a uma constante real. (e) f(t) = cosh at, com a uma constante real. (f) f(t) = eatsen bt, com a e b constantes reais. (g) f(t) = teat, com a uma constante real. 2. A função gama é definida por Γ(p+ 1) = ∫ ∞ 0 e−xxp dx. (1.12) (a) Mostre que para p > 0, tem-se Γ(p+ 1) = pΓ(p). (b) Mostre que Γ(1) = 1. (c) Se p = n é um inteiro positivo, mostre que Γ(n+ 1) = n!. (d) Para p > 0, mostre que p(p+ 1)(p+ 2) · · · (p+ n− 1) = Γ(p+ n)/Γ(p). Logo, Γ(p) pode ser determinado para todos os valores positivos de p quando Γ(p) for conhecido. (e) Encontre Γ(3/2) e Γ(11/2) sabendo que Γ(1/2) = √ π. 3. Considere a transformada de Laplace de tp, onde p > −1. (a) Use o problema anterior para mostrar que L[tp] = ∫ ∞ 0 e−sttp dt = 1 sp+1 ∫ ∞ 0 e−xxp dx = Γ(p+ 1) sp+1 , s > 0. (b) Se p = n é um inteiro positivo em (a), mostre que L[tn] = n! sn+1 , s > 0. (c) Mostre que L[t−1/2] = 2√ s ∫ ∞ 0 e−x 2 dx, s > 0. Notas de aula:Equações Diferenciais Parciais 5 Wesley de S. Bezerra Capítulo 2 Aula 2-Solução de EDO’s 17 de agosto de 2018 Nesta aula vamos usar a transformada de Laplace para resolver problemas de valores inici- ais. Para isto, vamos usar a linearidade do operador L para relacionar a derivada de uma função f , isto é, f ′, com a própria função f . 2.1 Transformada de f ′(t) Até agora não foi dito nada sobre a linearidade dos operadores L (transformada de Laplace) e L−1 (transformada inversa de Laplace), que pode ser útil para simplificar a transformada de algumas funções. Considere a e b constantes, e f e g funções reais que dependem de t. Os operadores L e L−1 tem as seguintes propriedades: 1. L[af(t)] = aL[f(t)] 2. L−1[af(t)] = aL[f(t)] 3. L[f(t) + g(t)] = L[f(t)] + L[g(t)] 4. L−1[f(t) + g(t)] = L−1[f(t)] + L−1[g(t)] Teorema 2.1.1 Suponha que f(t) é contínua e f ′(t) é contínua por pedaços em qualquer inter- valo 0 ≤ t ≤ α. Além disso, suponha que existem constantesK, M e a tais que |f(t)| ≤ Keat para t ≥M . Então, L[f(t)] existe para s > a e, tem-se L[f ′(t)] = sL[f(t)]− f(0), (2.1) que é o mesmo que escrever L[f ′(t)] = sF (s)− f(0). Prova:Podemos escrever a transformada de Laplace de f ′(t) como L[f ′(t)] = ∫ ∞ 0 e−stf ′(t) dt = lim α→∞ ∫ α 0 e−stf ′(t) dt. Mesmo que f ′ tenha pontos de descontinuidade no intervalo 0 ≤ t ≤ α, denotando estes pontos por t1, t2, t3, · · · tn e integrando por partes pode-se escrever 6 2.2. SOLUÇÃO DE PVI’S CAPÍTULO 2. AULA 2-SOLUÇÃO DE EDO’S ∫ α 0 e−stf ′(t) dt =e−stf(t) ∣∣∣∣∣ t1 0 + e−stf(t) ∣∣∣∣∣ t2 t1 + · · ·+ e−stf(t) ∣∣∣∣∣ α tn + s [∫ t1 0 e−stf(t) dt+ ∫ t2 t1 e−stf(t) dt+ · · ·+ ∫ α tn e−stf(t) dt ] . Os termos integrados em t1, t2, · · · , tn se cancelam, pois f é contínua. Portanto, temos L[f ′(t)] = lim α→∞ ∫ α 0 e−stf ′(t) dt = lim α→∞ [ e−sαf(α)− f(0) + s ∫ α 0 e−stf(t) dt ] . = lim α→∞ [ e−sαf(α)− f(0) ] + s lim α→∞ [∫ α 0 e−stf(t) dt ] . = lim α→∞ [ e−sαf(α) ] − f(0) + s [∫ ∞ 0 e−stf(t) dt ] . = lim α→∞ [ e−sαf(α) ] − f(0) + sL[f(t)]. Considerando α ≥ M , tem-se |f(α)| ≤ Keaα e consequentemente |e−sαf(α)| ≤ Ke−(s−a)α e portanto e−sαf(α)→ 0 quando α→∞, sempre que s > a. Assim, temos L[f ′(t)] = sL[f(t)]− f(0), como queríamos demonstrar. Da mesma forma, se f ′ e f ′′ satisfazem as condições do teorema 2.1.1, então a transformada de Laplace de f ′′ existe para s > a e pode ser escrita por L[f ′′(t)] = s2L[f(t)]− sf(0)− f ′(0). (2.2) A verificação da validade da equação 2.2 fica a cargo do leitor. A expressão para a transformada de Laplace da derivada n-ésima f (n)(t) é L[f (n)(t)] = snL[f(t)]− sn−1f(0)− · · · − sf (n−2)(0)− f (n−1)(0). (2.3) Portanto, a transformada de Laplace transforma f ′ em algo que dependa apenas de f , ou seja, "destrói" a derivada da função. Veremos que este método é muito útil na solução de problemas de valores iniciais (PVI’s). 2.2 Solução de PVI’s Vimos que a transformada de Laplace "destrói" as derivadas. Pode-se usar este fato para transformar uma equação diferencial na qual y depende de t, por exemplo, y′′ + y = 0, em uma equação algébrica na qual a solução Y depende da variável s. Neste sentido, resolvendo a equação algébrica para s, isto é, escrevendo a função Y (s), basta efetuar a transformação inversa para obter a solução desejada y(t). Notas de aula:Equações Diferenciais Parciais 7 Wesley de S. Bezerra 2.2. SOLUÇÃO DE PVI’S CAPÍTULO 2. AULA 2-SOLUÇÃO DE EDO’S EXEMPLO 1. Determine a solução da equação diferencial y′′ − y′ − 2y = 0, (2.4) com as condições iniciais y(0) = 1, y′(0) = 0. (2.5) A solução geral dessa equação é y(t) = c1e r1t + c2e r2t. (2.6) e pode ser determinada pelo método do polinômio característico, que neste caso é r2 − r − 2 = (r + 1)(r − 2), (2.7) cuja solução é r1 = −1 e r2 = 2. Substituindo as condições iniciais na solução geral y(t) = c1e −t + c2e 2t, temos: y(0) = 1 = c1 + c2y ′(0) = 0 = −c1 + 2c2, (2.8) e portanto c1 = 2/3 e c2 = 1/3. Assim, a a solução da equação diferencial (2.4) é y(t) = 2 3 e−t + 1 3 e2t. (2.9) Vamos resolver este mesmo problema usando a transformada de Laplace. Para isto, vamos aplicar a transformada de Laplace na equação diferencial (2.4), resultando em L[y′′]− L[y′]− L[2y] = 0 L[y′′]− L[y′]− 2L[y] = 0 s2L[y]− sy(0)− y′(0)− [sL[y]− y(0)]− 2L[y] = 0 (s2 − s− 2)Y (s) + (1− s)y(0)− y′(0) = 0, (s2 − s− 2)Y (s) + (1− s)1− 0 = 0, onde L[y] = Y (s) e no último passo foram substituidos os valores de y(0) = 1 e y′(0) = 0. Portanto, isolando Y (s) temos Y (s) = s− 1 s2 − s− 2 . Além disso, podemos escrever s2 − s− 2 = (s + 1)(s− 2), e então pode-se usar o método de frações parciais para reescrever a transformada de Laplace Y (s): Y (s) = s− 1 s2 − s− 2 = s− 1 (s+ 1)(s− 2) = A s+ 1 + B s− 2 = A(s− 2) +B(s+ 1) (s+ 1)(s− 2) , e portanto s− 1 =A(s− 2) +B(s+ 1) s− 1 =(A+B)s+ (−2A+B), Notas de aula:Equações Diferenciais Parciais 8 Wesley de S. Bezerra 2.2. SOLUÇÃO DE PVI’S CAPÍTULO 2. AULA 2-SOLUÇÃO DE EDO’S tem que ser satisfeita para todo s. Logo, A + B = 1 e −2A + B = −1. Resolvendo, encontramos A = 2/3 e B = 1/3. Portanto, Y (s) = 2 3 1 s+ 1 + 1 3 1 s− 2 Como a transformada de Laplace de eat = 1/(s − a), a inversão de Y (s) para y(t) pode ser realizada identificando que y(t) = L−1[Y (s)] =L−1 [ 2 3 1 s+ 1 ] + L−1 [ 1 3 1 s− 2 ] = 2 3 L−1 [ 1 s+ 1 ] + 1 3 L−1 [ 1 s− 2 ] = 2 3 e−t + 1 3 e2t. O resultado é o mesmo do obtido pelo método anterior. Pelo método da transformada de La- place, resolvemos uma equaç!ao algébrica para Y (s), que é a transformada de uma função y(t) inicialmente desconhecida, enquanto que pelo método do polinômio característico necessita-se obrigatoriamente escrever uma solução geral, dada pela equação (2.6). Além disso, pelo mé- todo da transformada de Laplace não é necessário determinar as constantes de integração c1 e c2, pois as condições iniciais são substituidas diretamente na equação algébrica. Como todos nós sabemos que não existe almoço grátis, a maior desvantagem do método da transformada de Laplace é ter que fazer a inversão da função Y (s). No últimno exemplo, tivemos que manipular a expressão de Y (s) até chegar a funções cuja a inversa é conhecida. EXEMPLO 2. Determine a solução da equação diferencial y′′ + y = sen 2t, (2.10) com condições iniciais dadas por y(0) = 2, y′(0) = 1. (2.11) Calculando a transformada de Laplace da equação diferencial y′′+ y = sen 2t e substituindo as condições iniciais, temos L[y′′] + L[y] = L[sen 2t] s2Y (s)− sy(0)− y′(0) + Y (s) = 2 s2 + 4 s2Y (s)− 2s− 1 + Y (s) = 2 s2 + 4 (s2 + 1)Y (s) = 2 s2 + 4 + 2s+ 1 (s2 + 1)Y (s) = 2 + (s2 + 4)(2s+ 1) s2 + 4 (s2 + 1)Y (s) = 2 + 2s3 + s2 + 8s+ 4 s2 + 4 Y (s) = 2s3 + s2 + 8s+ 6 (s2 + 1)(s2 + 4) . Notas de aula:Equações Diferenciais Parciais 9 Wesley de S. Bezerra 2.3. CONVOLUÇÃO CAPÍTULO 2. AULA 2-SOLUÇÃO DE EDO’S Novamente usaremos as frações parciais para simplificar Y (s), isto é, vamos tentar escrever esta solução da forma Y (s) = Y1(s)+Y2(s)+· · ·+Yn(s), ou seja, uma soma de várias transformadas de Laplace. Então Y (s) = 2s3 + s2 + 8s+ 6 (s2 + 1)(s2 + 4) = As+B s2 + 1 + Cs+D s2 + 4 = (As+B)(s2 + 4) + (Cs+D)(s2 + 1) (s2 + 1)(s2 + 4) . Realizando as multiplicações no numerador temos 2s3 + s2 + 8s+ 6 = As3 + 4As+ 4A+Bs2 + 4B + Cs3 + Cs+Ds2 +D 2s3 + s2 + 8s+ 6 = (A+ C)s3 + (B +D)s2 + (4A+ C)s+ (4B +D). Comparando os coeficientes, A+ C = 2, B +D = 1, 4A+ C = 8, 4B +D = 6. Resolvendo este par de sistemas, A = 2, C = 0, B = 5/3 e D = −2/3, e portanto a transformada Y (s) é dada por Y (s) = 2s3 + s2 + 8s+ 6 (s2 + 1)(s2 + 4) = As+B s2 + 1 + Cs+D s2 + 4 = 2s+ 5/3 s2 + 1 + 0s− 2/3 s2 + 4 = 2s s2 + 1 + 5/3 s2 + 1 − 2/3 s2 + 4 . = Y1(s) + Y2(s) + Y3(s). Portanto, a transformada de Laplace inversa de Y (s), isto é, y(t) é y(t) = L−1[Y (s)] = L−1[Y1(s) + Y2(s) + Y3(s)] = L−1[Y1(s)] + L−1[Y2(s)] + L−1[Y3(s)] = L−1 [ 2s s2 + 1 ] + L−1 [ 5/3 s2 + 1 ] + L−1 [ − 2/3 s2 + 4 ] = 2L−1 [ s s2 + 1 ] + 5 3 L−1 [ 1 s2 + 1 ] − 1 3 L−1 [ 2 s2 + 4 ] = 2 cos t+ 5 3 sen t− 1 3 sen 2t. 2.3 Convolução Teorema 2.3.1 Sejam F (s) = L[f(t)] e G(s) = L[g(t)] para s > a ≥ 0. Então H(s) = F (s)G(s) = L[h(t)], s > a, (2.12) onde h(t) = ∫ t 0 f(t− τ)g(τ) dτ = ∫ t 0 f(τ)g(t− τ) dτ. (2.13) A função h é dita ser a convolução de f e g. Notas de aula:Equações Diferenciais Parciais 10 Wesley de S. Bezerra 2.3. CONVOLUÇÃO CAPÍTULO 2. AULA 2-SOLUÇÃO DE EDO’S O teorema da convolução pode ser útil no caso em que a transformada de Laplace H(s) pode ser identificada como o produto de duas outras transformadas F (s) e G(s) correspon- dentes as funções f(t) e g(t) respectivamente. Não é correto dizer que H(s) é a transformada do produto de f e g, pois a transformada de Laplace não comuta com a multiplicação usual. Neste sentido, h(t) em geral não deve ser igual ao produto f(t)g(t). EXEMPLO 3. Determine a solução da equação diferencial y′′ + y = g(t). (2.14) com condições iniciais dadas por y(0) = 2, y′(0) = 1. (2.15) Essencialmente esta é a mesma equação diferencial do exemplo 2, com as mesmas condições iniciais, mas agora para uma função genéricag(t) do lado direito da igualdade. Calculando a transformada de Laplace da equação diferencial y′′ + y = g(t) e substituindo as condições iniciais temos L[y′′] + L[y] = L[g(t)] s2Y (s)− sy(0)− y′(0) + Y (s) = G(s) s2Y (s)− 2s− 1 + Y (s) = G(s) (s2 + 1)Y (s) = G(s) + 2s+ 1 Y (s) = G(s) (s2 + 1) + 2s+ 1 (s2 + 1) Y (s) = 1 (s2 + 1) G(s) + 2s (s2 + 1) + 1 (s2 + 1) Y (s) = F (s)G(s) + 2s (s2 + 1) + 1 (s2 + 1) . Y (s) = H(s) + Y1(s) + Y2(s), onde escrevemos H(s) = F (s)G(s), com F (s) = 1/(s2 + 1), Y1(s) = 2s/(s2 + 1) e Y2(s) = 1/(s2 + 1). Portanto, a transformada de Laplace inversa de Y (s), isto é, y(t) é y(t) = L−1[Y (s)] = L−1[H(s) + Y2(s) + Y3(s)] = L−1[H(s)] + L−1[Y1(s)] + L−1[Y2(s)] = L−1 [ 1 (s2 + 1) G(s) ] + L−1 [ 2s s2 + 1 ] + L−1 [ 1 s2 + 1 ] = ∫ t 0 f(t− τ)g(τ) dτ + 2L−1 [ s s2 + 1 ] + L−1 [ 1 s2 + 1 ] = ∫ t 0 sen (t− τ)g(τ) dτ + 2 cos t+ sen t. (2.16) Portanto, se um termo não homogêneo g(t) é dado, a integral acima resultante do teorema da convolução 2.3.1 pode ser calculada. Por exemplo, se g(t) = sen 2t como no exemplo 2, usando Notas de aula:Equações Diferenciais Parciais 11 Wesley de S. Bezerra 2.3. CONVOLUÇÃO CAPÍTULO 2. AULA 2-SOLUÇÃO DE EDO’S as identidades trigonométricas sen (t− τ) = sen t cos τ − sen τ cos t e sen 2τ = 2sen τ cos τ temos ∫ t 0 sen (t− τ)g(τ) dτ = ∫ t 0 sen (t− τ)sen 2τ dτ = ∫ t 0 [sen t cos τ − sen τ cos t] sen 2τ dτ = ∫ t 0 [sen t cos τ − sen τ cos t] 2sen τ cos τ dτ = ∫ t 0 sen t cos τ 2sen τ cos τ dτ − ∫ t 0 sen τ cos t 2sen τ cos τ dτ = 2sen t ∫ t 0 cos2 τ sen τ dτ − 2 cos t ∫ t 0 sen2 τ cos τ dτ = 2sen t { −cos 3 τ 3 ∣∣∣∣∣ t 0 } − 2 cos t { sen3 τ 3 ∣∣∣∣∣ t 0 } = 2sen t { −cos 3 t 3 + 1 3 } − 2 cos t { sen3 t 3 − 0 } = −2 3 sen t cos3 t+ 2 3 sen t− 2 3 cos t sen3 t = −2 3 sen t cos t cos2 t+ 2 3 sen t− 2 3 cos t sen t sen2 t = 2 3 sen t− 2 3 { sen t cos t cos2 t+ cos t sen t sen2 t } = 2 3 sen t− 2 3 sen t cos t { cos2 t+ sen2 t } = 2 3 sen t− 2 3 sen t cos t = 2 3 sen t− 1 3 sen 2t. (2.17) Substituindo o resultado da integral de convolução (2.17) na solução (2.16), obtemos o mesmo resultado do exemplo 2. y(t) = = ∫ t 0 sen (t− τ)g(τ) dτ + 2 cos t+ sen t = 2 3 sen t− 1 3 sen 2t+ 2 cos t+ sen t = 5 3 sen t− 1 3 sen 2t+ 2 cos t. Notas de aula:Equações Diferenciais Parciais 12 Wesley de S. Bezerra 2.4. EXERCÍCIOS CAPÍTULO 2. AULA 2-SOLUÇÃO DE EDO’S 2.4 Exercícios 1. Rearranje as equações, e use a tabela de transformadas para identificar a transformada de Laplace inversa para os seguintes problemas: (a) F (s) = 3 s2 + 4 (b) F (s) = 2 s2 + 3s− 4 (c) F (s) = 1− 2s s2 + 4s+ 5 2. Use a transformada de Laplace para resolver as seguintes equações diferenciais com as con- dições iniciais dadas: (a) y′′ − 2y′ + 2y = 0; y(0) = 0, y′(0) = −1 (b) y′′ − 2y′ + 2y = 0; y(0) = 1, y′(0) = 0 (c) y(4) − y = 0; y(0) = 1, y′(0) = 0, y′′(0) = 1, y′′′(0) = 0 3. Expresse a solução do problema de valor inicial em função de uma convolução: (a) y′′ + 2y′ + 2y = sen αt; y(0) = 0, y′(0) = 0 (b) y′′ + ω2y = g(t); y(0) = 0, y′(0) = 1 Notas de aula:Equações Diferenciais Parciais 13 Wesley de S. Bezerra 2.5. RESPOSTAS DOS EXERCÍCIOS CAPÍTULO 2. AULA 2-SOLUÇÃO DE EDO’S 2.5 Respostas dos Exercícios 1. (a) f(t) = 3 2 sen 2t (b) f(t) = 2 5 et − 2 5 e−4t (c) f(t) = −2e−2t cos t+ 5e−2tsen t 2. (a) y = etsen t (b) y = 1 5 (cos t− 2sen t+ 4et cos t− 2etsen t) (c) y = cosh t 3. (a) y = ∫ t 0 e−(t−τ)sen (t− τ) sen ατ dτ (b) y = 1 ω sen ωt+ 1 ω ∫ t 0 sen ω(t− τ) g(τ) dτ Notas de aula:Equações Diferenciais Parciais 14 Wesley de S. Bezerra Capítulo 3 Aula 3-Problemas de valores de contorno 24 de agosto de 2018 Problemas de valor inicial foram resolvidos no capítulo anterior, onde geralmente, a variável t representa o tempo. Os problemas físicos dependem não somente do tempo, mas também de variáveis espaciais x, y e z (em coordenadas retangulares). Nesta aula vamos abordar problemas de valores de contorno no qual uma função y ou T , ou qualquer outra dependa da variável espacial x. Para estes problemas sempre será considerado um domínio finito, por exemplo, 0 ≤ x ≤ L, onde L é um valor real. 3.1 PVC Considere a equação diferencial d2 dx2 T (x) + d dx T (x) + T (x) = g(x), (3.1) definida para o intervalo 0 ≤ x ≤ L, com T (0) = T0, T (L) = T1. (3.2) Neste sentido, se 0 ≤ x ≤ L, para resolver a equação diferencial (3.1) é necessário que T seja especificado nas fronteiras do domínio, isto é, em x = 0 e em x = L, conforme condições (3.2). Essencialmente, primeiro encontramos a solução geral da equação diferencial e depois usamos as condições de contorno para determinar as constantes arbitrárias. Analogamente, se a região na qual deseja-se resolver a equação diferencial é um cilindro, os valores da função T nas fronteiras do cilindro devem ser especificados afim de se obter a solução. Voltaremos ao problema cilindrico quando resolvermos equações diferenciais parciais. É importante classificar os tipos de problemas de valor de contorno que existem. Se g(x) = 0 na equação (3.1) e T0 e T1 também forem nulos nas condições (3.2), então o problema é dito homogêneo. Caso contrário, se um desses valores é não nulo, então o problema é dito não homogêneo. Em geral, problemas de valor inicial apresentam uma única solução, enquanto que os pro- blemas de valores de contorno podem apresentar uma única solução, não apresentar solução, ou ter infinitas soluções. Neste sentido, os problemas de valores de contorno, para equações diferenciais lineares, apresentam aspectos semelhantes a equações algébricas lineares. 15 3.1. PVC CAPÍTULO 3. AULA 3-PROBLEMAS DE VALORES DE CONTORNO EXEMPLO 1. Determine a solução do problema de valores de contorno y′′(x) + 2y(x) = 0, y(0) = 1, y(π) = 0. (3.3) A solução geral dessa equação é y(x) = c1 cos √ 2 x+ c2 sen √ 2 x. Impondo as condições de contorno dadas temos y(0) = 1 = c1 cos √ 2 0 + c2 sen √ 2 0, 1 = c1 + 0, e portanto c1 = 1. Assim y(π) = 0 = c1 cos √ 2 π + c2 sen √ 2 π 0 = cos √ 2 π + c2 sen √ 2 π, e portanto c2 = − cot √ 2 π. Logo, a solução do problema é y(x) = cos √ 2 x− cot √ 2 π sen √ 2 x, ilustrando o caso em que um PVC não homogêneo tem uma única solução. EXEMPLO 2. Determine a solução do problema de valores de contorno y′′(x) + y(x) = 0, y(0) = 1, y(π) = k. (3.4) A solução geral dessa equação é y(x) = c1 cosx+ c2 sen x. Impondo as condições de contorno dadas temos y(0) = 1 = c1 cos 0 + c2 sen 0, 1 = c1 + 0, e portanto c1 = 1. Assim y(π) = k = c1 cosπ + c2 sen π k = −1 + c2 0, (3.5) e se k 6= −1 as condições de contorno são incompatíveis, não existindo solução para o pro- blema. No entanto, se k = −1, a equação (3.8) é válida para qualquer valor de c2 e as condições de contorno são satisfeitas desde que c1 = 1. Neste caso, é possível uma infinidade de soluções dadas por y(x) = cos x+ c2 sen x, com c2 podendo assumir qualquer valor. Notas de aula:Equações Diferenciais Parciais 16 Wesley de S. Bezerra 3.1. PVC CAPÍTULO 3. AULA 3-PROBLEMAS DE VALORES DE CONTORNO EXEMPLO 3. Determine a solução do problema de valores de contorno y′′(x) + 2y(x) = 0, y(0) = 0, y(π) = 0. (3.6) A solução geral dessa equação é y(x) = c1 cos √ 2 x+ c2 sen √ 2 x. Impondo as condições de contorno dadas temos y(0) = 0 = c1 cos √ 2 0 + c2 sen √ 2 0, 0 = c1 + 0, e portanto c1 = 0. Assim y(π) = 0 = c1 cos √ 2 π + c2sen √ 2 π 0 = 0 + c2sen √ 2 π, e portanto c2 sen √ 2 π = 0. Como sen √ 2 π 6= 0, então c2 = 0 Logo, a única solução é y(x) = 0 para todo x, ilustrando que um problema de valor de contorno homogêneo pode ter somente a solução trivial. EXEMPLO 4. Determine a solução do problema de valores de contorno y′′(x) + y(x) = 0, y(0) = 0, y(π) = 0. (3.7) A solução geral dessa equação é y(x) = c1 cosx+ c2 sen x. Impondo as condições de contorno dadas temos y(0) = 0 = c1 cos 0 + c2 sen 0, 0 = c1 + 0, e portanto c1 = 0. Assim y(π) = 0 = c1 cosπ + c2 sen π 0 = 0 + c2 0,(3.8) e neste caso c2 pode assumir qualquer valor arbitrário desde que c1 = 0, satisfazendo as condições de contorno. Portanto este problema de valores de contorno não homogêneo tem infinitas soluções dadas por y(x) = c2 sen x, com c2 arbitrário. Notas de aula:Equações Diferenciais Parciais 17 Wesley de S. Bezerra 3.2. AUTOVALORES E AUTOFUNÇÕESCAPÍTULO 3. AULA 3-PROBLEMAS DE VALORES DE CONTORNO 3.2 Autovalores e Autofunções Na seção anterior foi ilustrado que problemas de valores de contorno se assemelham a pro- blemas de equações lineares algébricas. Neste sentido, um sistema de equações algébricas dado por Ax = 0, (3.9) é considerado um problema homogêneo enquanto que Ax = b, (3.10) é um problema não homogêneo. Se a matriz A for invertível, o sistema possui uma única solução. Caso A seja singular, o sistema pode não ter solução ou ter uma infinidade de soluções. Agora estamos interessados no problema de autovalores Ax = λx. (3.11) É óbvio que o sistema (3.11) tem solução trivial x = 0 para todo λ, mas para determinados valores de λ chamados de autovalores, existem soluções não nulas chamadas de autovetores. A essência desse problema é a mesma do problema de valores de contorno y′′ + λy = 0, (3.12) com as condições de contorno y(0) = 0, y(π) = 0. (3.13) De fato, a equação (3.12) pode ser reescrita em termos do operador D = d/dx D2y = −λy. (3.14) O operador D2 pode ser escrito como uma matriz e o problema é semelhante ao da expressão (3.11). Vamos analisar o que acontece com o problema de valores de contorno dado pelas (3.12) e (3.13),considerando os casos λ = 0, λ < 0 e λ > 0. Para evitar o aparecimento de raiz quadrada na solução, vamos considerar por conveniência que λ = µ2, reescrevendo a equação (3.12) como y′′ + µ2y = 0. (3.15) Caso 1: λ = 0. Para λ = 0 na equação (3.12), temos y′′ = 0 e a solução geral é dada por y = c1 x+ c2. (3.16) Impondo as condições de contorno (3.13) temos y(0) = 0 = c1 0 + c2 0 = c2. Portanto, como c2 = 0, temos que y(π) = 0 = c1 π resultando em c1 = 0. Logo a unica solução quando λ = 0 é a solução trivial y(x) = 0 para todo x. Notas de aula:Equações Diferenciais Parciais 18 Wesley de S. Bezerra 3.2. AUTOVALORES E AUTOFUNÇÕESCAPÍTULO 3. AULA 3-PROBLEMAS DE VALORES DE CONTORNO Caso 2: λ < 0. Para λ < 0 na equação (3.12), fazemos λ = −µ2, e temos que y′′ − µ2y = 0. Neste caso, a solução geral é dada por y = c1 coshµx+ c2 senh µx. (3.17) Impondo as condições de contorno (3.13) temos y(0) = 0 = c1 coshµ0 + c2 senh µ0 0 = c1 + 0. Portanto, como c1 = 0, temos para a segunda condição que y(π) = 0 = c2 senh µπ resultando em c2 = 0 já que senh µπ 6= 0 desde que µ 6= 0. Logo a unica solução quando λ < 0 é a solução trivial y(x) = 0 para todo x. Caso 3: λ > 0. Para λ > 0 na equação (3.12), fazemos λ = µ2, e temos que y′′ + µ2y = 0. Neste caso, a solução geral é dada por y = c1 cosµx+ c2 sen µx. (3.18) Impondo as condições de contorno (3.13) temos y(0) = 0 = c1 cosµ0 + c2 sen µ0 0 = c1 + 0. Portanto, como c1 = 0, temos para a segunda condição que y(π) = 0 = c2 sen µπ. Como procuramos soluções fora da trivial, devemos escolher os valores de µ para os quais sen µπ = 0. Logo, valores inteiros de µ, sen µπ = 0, e como λ = µ2, os valores permitidos de λ são λ = 1, 4, 9, · · · , n2, · · · , (3.19) com n um número inteiro. Note que a constante c2 nunca está determinada. Por exemplo, podemos tomar c2 = 1, então a solução geral é dada pelas autofunções yn(x) correspondentes aos autovalores λn. y1(x) = sen x, y2(x) = sen 2x, · · · , yn(x) = sen nx, n = 1, 2, 3, · · · . (3.20) Assim, concluímos que o problema de valores de contorno (3.12), (3.13) possui infinitos auto- valores positivos λn = n2 e as respectivas autofunções proporcionais a sen nx Notas de aula:Equações Diferenciais Parciais 19 Wesley de S. Bezerra 3.3. EXERCÍCIOSCAPÍTULO 3. AULA 3-PROBLEMAS DE VALORES DE CONTORNO 3.3 Exercícios 1. Considere o problema de valores de contorno y′′ + λy = 0, (3.21) com as condições de contorno y(0) = 0, y(L) = 0, (3.22) onde L é um ponto de fronteira arbitrário. Fazendo o mesmo procedimento abordado na seção 3.2, determine a solução deste problema para λ = 0, λ < 0 e λ > 0. A solução não trivial pode ser encarada como os modos normais das vibrações estacionárias de uma corda de comprimento L presa em suas extremidades. Esboce o gráfico dessas vibrações para λ = 1, 4, 9 e 16. 2. Resolva o problema de valores de contorno dado onde y = y(x), v = v(x) e T = T (x) são funções que dependem da variável x: (a) v′′ + 4v = sen x; v(0) = 0, v(π) = 0 (b) T ′′ + 4T = cosx; T ′(0) = 0, T ′(π) = 0 (c) x2y′′ + 3xy′ + y = x2; y(1) = 0, y(e) = 0 3. Encontre os autovalores λn e autofunções yn(x) e un(x): (a) y′′ + λy = 0; y′(0) = 0, y(L) = 0 (b) u′′ + λu = 0; u′(0) = 0, u′(L) = 0 4. O fluxo laminar de um fluido incompressível viscoso em tubo longo com seção circular, simétrico em relação ao eixo e com gradiente de pressão axial constante, é conhecido como fluxo de Poiseuille. A velocidade axial u é uma função apenas da coordenada radial r e satisfaz o problema de valores de contorno d2u dr2 + 1 r du dr = −∆p η0 , u(R) = 0, 0 ≤ r ≤ R, onde R é o raio do tubo, ∆p o gradiente de pressão e η0 o coeficiente de viscosidade do fluido. (a) Determine o perfil de velocidade u(r) e esboce um gráfico do mesmo. (b) Integrando u(r) em uma seção circular, mostre que a taxa total de fluxo Q é dada por Q = πR4∆p 8η0 . Como Q,R e ∆p podem ser medidos, este resultado fornece um modo de se determinar a viscosidade do fluido. (c) Suponha que R está reduzido a 3/4 de seu valor original. Qual a redução correspondente ao fluxo Q. Imagina se sua artéria tem o diâmetro reduzido dessa maneira! Notas de aula:Equações Diferenciais Parciais 20 Wesley de S. Bezerra 3.4. RESPOSTAS DOS EXERCÍCIOSCAPÍTULO 3. AULA 3-PROBLEMAS DE VALORES DE CONTORNO 3.4 Respostas dos Exercícios 1. λn = n2π2 L2 , yn(x) = cn sen nπ L x 2. (a) v(x) = c2 sen 2x+ 1 3 sen x (b) T (x) = c1 cos 2x+ 1 3 cosx (c) y(x) = − 1 9x + lnx 9x (1− e3) + 1 9 x2 3. (a) λn = −[(2n− 1)π/2L]2, yn(x) = cos [ (2n− 1)πx 2L ] (b) λ0 = 0, u0(x) = 1, λn = (nπ/L)2, un(x) = cos (nπx L ) 4. (a) u(r) = ∆p(R2 − r2) 4η0 (b) (c) Q é reduzido a 0,3164 de seu valor original Notas de aula:Equações Diferenciais Parciais 21 Wesley de S. Bezerra Capítulo 4 Aula 4-Séries de Fourier 21 de setembro de 2018 Muitos problemas que envolvem equações diferenciais parciais podem ser resolvidos desde que a solução possa ser expressa como uma combinação linear infinita de senos e cossenos, a qual é chamada de série de Fourier. Nesta aula iremos definir a série de Fourier e exemplificar funções que possam ser escritas desta forma. 4.1 Definição e exemplos Uma série de Fourier de uma função f(x) periódica de período igual a 2L, ou seja, f(x + 2L) = f(x) definida no intervalo [−L,L] é dada por f(x) = a0 2 + ∞∑ m=1 ( am cos mπx L + bm sen mπx L ) (4.1) Se a série de Fourier dada pela expressão (4.1) converge em [−L,L], pode-se determinar os coeficientes am e bm usando as chamadas fórmulas de Euler-Fourier. Para determinar esses coeficientes, primeiramente multiplicamos a equação (4.1) por cosnπx/L, onde n é um inteiro positivo fixo e integramos em relação a x, e, além disso, supomos que a série possa ser integrada termo a termo. O resultado é ∫ L −L f(x)cos nπx L dx = a0 2 ∫ L −L cos nπx L dx+ ∞∑ m=1 am ∫ L −L cos mπx L cos nπx L dx + ∞∑ m=1 bm ∫ L −L sen mπx L cos nπx L dx (4.2) Para avaliar as integrais da expressão (4.2), usamos a ortogonalidade das funções seno e cos- seno, dadas pelas expressões (4.3),(4.4) e (4.5).∫ L −L cos mπx L cos nπx L dx = { 0, se m 6= n, L, se m = n; (4.3) ∫ L −L sen mπx L sen nπx L dx = { 0, se m 6= n, L, se m = n. (4.4) 22 4.1. DEFINIÇÃO E EXEMPLOS CAPÍTULO 4. AULA 4-SÉRIES DE FOURIER ∫ L −L sen mπx L cos nπx L dx = 0, para todos m,n; (4.5) Como n é um valor fixo, pelas relações de ortogonalidade vê-se que todos os termosa direita da equação (4.2) se anulam, com exceção do termo onde m = n no primeiro somatório, resultando em ∫ L −L f(x) cos nπx L dx = Lan, n = 1, 2, 3, ..., (4.6) e para determinar a0 basta integrar a equação (4.1) de −L a L. Neste sentido, os coeficientes an são dados por an = 1 L ∫ L −L f(x) cos nπx L dx, n = 0, 1, 2, 3, .... (4.7) Os coeficientes bn podem ser determinados de forma semelhante, multiplicando a expressão (4.1) por sen nπx/L, integrando-a de −L a L e usando as relações de ortogonoladidade, resultando em bn = 1 L ∫ L −L f(x) sen nπx L dx, n = 1, 2, 3, .... (4.8) Algumas observações: • As fórmulas para os coeficientes de Fourier an e bn são escritos em termos de f . Portanto a dificuldade na determinação desses coefientes dependem da função particular f . • As fórmulas (4.7) e (4.8) dependem apenas do valor de f no intervalo [−L,L]. • Cada um dos termos da série de Fourier é periódico com período 2L e a série converge para todo x sempre que convergir em [−L,L]. Assim, f(x) fica determinada para todo x através de seus valores no intervalo [−L,L]. EXEMPLO 1. Determine a série de Fourier de f(x) = x definida no intervalo [−L,L]. Solução: Para escrever f(x) como uma série de Fourier precisa-se determinar os coeficientes an e bn. a0 = 1 L ∫ L −L f(x) dx = 1 L ∫ L −L x dx = x2 2L ∣∣∣∣∣ L −L = L2 2L − (−L) 2 2L = 0; (4.9) (4.10) Notas de aula:Equações Diferenciais Parciais 23 Wesley de S. Bezerra 4.1. DEFINIÇÃO E EXEMPLOS CAPÍTULO 4. AULA 4-SÉRIES DE FOURIER an = 1 L ∫ L −L f(x) cos nπx L dx = 1 L ∫ L −L x cos nπx L dx = 1 nπ x sen nπx L ∣∣∣∣∣ L −L − 1 nπ ∫ L −L sen nπx L dx = 1 nπ [ L sen nπL L − (−L) sen nπ(−L) L ] + L ( 1 nπ )2 cos nπx L ∣∣∣∣∣ L −L = 1 nπ [ L sen nπL L + L sen nπ(−L) L ] + L ( 1 nπ )2 [ cos nπL L − cos nπ(−L) L ] = 0 + 0 = 0; (4.11) bn = 1 L ∫ L −L f(x) sen nπx L dx = 1 L ∫ L −L x sen nπx L dx = − 1 nπ x cos nπx L ∣∣∣∣∣ L −L + 1 nπ ∫ L −L cos nπx L dx = − 1 nπ [ L cos nπL L − (−L) cos nπ(−L) L ] + L ( 1 nπ )2 sen nπx L ∣∣∣∣∣ L −L = − 1 nπ [ L cos nπL L + L cos nπ(−L) L ] + L ( 1 nπ )2 [ sen nπL L − sen nπ(−L) L ] = − 1 nπ [2L cosnπ] + L ( 1 nπ )2 [2 sen nπ] = − 1 nπ 2L cosnπ. (4.12) Logo, apenas os coeficientes bn são não nulos e, podem ser reescritos como bn = 2L nπ , se n ímpar, −2L nπ , se n par. Portanto, uma forma de escrever a série de Fourier de f(x) é f(x) = 2L π ∞∑ n=1 (−1)(n+1) n sen nπx L , ou f(x) = 2L π ∞∑ n=1 cosnπ n sen nπx L . EXEMPLO 2. Determine a série de Fourier da função f definida abaixo e depois escreva-a para Notas de aula:Equações Diferenciais Parciais 24 Wesley de S. Bezerra 4.1. DEFINIÇÃO E EXEMPLOS CAPÍTULO 4. AULA 4-SÉRIES DE FOURIER L = 3. f(x) = 0, se −L < x < −L/3, 1, se −L/3 < x < L/3, 0, se L/3 < x < L. (4.13) Solução: Os coeficientes da série de Fourier são: a0 = 1 L ∫ L −L f(x) dx = 1 L ∫ −L/3 −L 0 dx+ 1 L ∫ L/3 −L/3 1 dx+ 1 L ∫ L L/3 0 dx = x L ∣∣∣∣∣ L/3 −L/3 = L 3L − (−L) 3L = 2 3 ; (4.14) an = 1 L ∫ L −L f(x) cos nπx L dx = 1 L ∫ L/3 −L 0 cos nπx L dx+ 1 L ∫ L/3 −L/3 1 cos nπx L dx+ 1 L ∫ L L/3 0 cos nπx L dx = 1 L ∫ L/3 −L 0 dx+ 1 L ∫ L/3 −L/3 1 cos nπx L dx+ 1 L ∫ L L/3 0 dx = 1 nπ sen nπx L ∣∣∣∣∣ L/3 −L/3 = 1 nπ [ sen nπL 3L − sen nπ(−L) 3L ] = 1 nπ [ sen nπ 3 + sen nπ 3 ] = 2 nπ sen nπ 3 (4.15) Note que as integrais definidas são nulas quando o valor de f é nulo. Portanto, as integrais de −L a −L/3, e de L/3 a L são nulas. Além disso, para obter an foi usado o fato de que para um Notas de aula:Equações Diferenciais Parciais 25 Wesley de S. Bezerra 4.1. DEFINIÇÃO E EXEMPLOS CAPÍTULO 4. AULA 4-SÉRIES DE FOURIER dado valor real x, tem-se que sen (−x) = −sen x. bn = 1 L ∫ L −L f(x) sen nπx L dx = 1 L ∫ L/3 −L/3 1 sen nπx L dx = − 1 nπ cos nπx L ∣∣∣∣∣ L/3 −L/3 = − 1 nπ [ cos nπL 3L − cos nπ(−L) 3L ] = − 1 nπ [ cos nπ 3 − cos nπ 3 ] = 0, (4.16) onde usamos cos(−x) = cosx. Logo, apenas os coeficientes an são não nulos e, a série de Fourier de f é dada por f(x) = 1 3 + 2 π ∞∑ n=1 sen nπ 3 cos nπx L . Nos exemplos acima, observamos que somente um dos coeficientes é não nulo, a saber, an no caso do exemplo 2 e bn no exemplo 1. Isso ocorre porque a função f dada nesses exemplos ou é par (exemplo 2) ou é ímpar (exemplo 1). Em geral, no caso de a função não ser nem par nem ímpar, tanto an quanto bn não são nulos. Sabe-se que a multiplicação de uma função par com outra função par resulta em uma nova função par. Por outro lado, a multiplicação de uma função ímpar com uma função par resulta em uma outra função ímpar. Finalmente, a multiplicação de duas funções ímpares resulta em uma nova função par. Portanto, conclui-se que: Se f é uma função par, então a0 = 1 L ∫ L −L f(x)dx = 2 L ∫ L 0 f(x)dx, an = 1 L ∫ L −L f(x) cos nπx L dx = 2 L ∫ L 0 f(x) cos nπx L dx, bn = 1 L ∫ L −L f(x) sen nπx L dx = 0. (4.17) Se f é uma função ímpar, então a0 = 1 L ∫ L −L f(x)dx = 0, an = 1 L ∫ L −L f(x) cos nπx L dx = 0, bn = 1 L ∫ L −L f(x) sen nπx L dx = 2 L ∫ L 0 f(x) sen nπx L dx. (4.18) Notas de aula:Equações Diferenciais Parciais 26 Wesley de S. Bezerra 4.1. DEFINIÇÃO E EXEMPLOS CAPÍTULO 4. AULA 4-SÉRIES DE FOURIER Além disso, dos exemplos 1 e 2, pode-se verificar que a série de Fourier converge para f(x) em todos os pontos em que a função f está definida e converge para [f(x+) + f(x−)]/2 em todos os pontos onde f é descontínua. Neste sentido, pode-se concluir que basta que a função seja seccionalmente contínua para escrevê-la como uma série infinita. Notas de aula:Equações Diferenciais Parciais 27 Wesley de S. Bezerra 4.2. EXERCÍCIOS CAPÍTULO 4. AULA 4-SÉRIES DE FOURIER 4.2 Exercícios 1. esboce o gráfico da função dada e escreva-a como uma série de Fourier: (a) f(x+ 2π) = f(x), onde f(x) = { x, se −π < x < 0, 0, se 0 < x < π. (4.19) (b) f(x+ 2) = f(x), onde f(x) = { x+ 1, se −1 < x < 0, 1− x, se 0 < x < 1. (4.20) (c) f(x+ 2L) = f(x), onde f(x) = { x, se −L < x < 0, 0, se 0 < x < L. (4.21) (d) f(x+ 4) = f(x), onde f(x) = 0, se −2 < x < −1, x, se −1 < x < 1, 0, se 1 < x < 2. (4.22) Notas de aula:Equações Diferenciais Parciais 28 Wesley de S. Bezerra 4.3. RESPOSTAS DOS EXERCÍCIOS CAPÍTULO 4. AULA 4-SÉRIES DE FOURIER 4.3 Respostas dos Exercícios 1. (a) f(x) = −π 4 + ∞∑ n=1 [ 2 cos(2n− 1)x π(2n− 1)2 + (−1)n+1 sen nx n ] (b) f(x) = 1 2 + 4 π2 ∞∑ n=1 cos(2n− 1)πx (2n− 1)2 (c) f(x) = 3L 4 + ∞∑ n=1 [ 2L cos[(2n− 1)πx/L π2(2n− 1)2 + (−1)n+1L sen nπx/L nπ ] (d) f(x) = ∞∑ n=1 [ − 2 nπ cos nπ 2 + ( 2 nπ )2 sen nπ ] sen nπx 2 Notas de aula:Equações Diferenciais Parciais 29 Wesley de S. Bezerra Capítulo 5 Aula 5-Condução de Calor 28 de setembro de 2018 A equação de condução de calor descreve o fenômeno físico de difusão, o qual evolui no tempo e no espaço de acordo com o coeficiente de difusividade do objeto em questão. Logo, devido a essa dependência espacial (x, y, z) e temporal (t), esse fenômeno é matematicamente descrito por uma equação diferencial parcial. Nesta aula iremos usar o método de sepação de variáveis para resolver esta equação. 5.1 Condução de calor em uma barra Considere o problema de condução de calor em uma barra de seção reta uniforme feita de um material homogêneo. Considere também que o eixo coordenado x coincide com o eixo da barra e que as extremidades da barra são fixadas em x = 0 e x = L. Suponha que os lados da barra estão perfeitamente isolados, isto é, não há transmissão de calor radialmente através da superfície. Suponha ainda que as dimensões transversais (y, z) são tão pequenas que a temperatura u pode ser considerada constante em qualquer seção reta da barra. Logo, a temperatura depende apenas da coordenada axial x e do tempo t, ou seja, é dada por uma função de duas variáveis u(x, t). A variação da temperaturana barra é descrita pela equação diferencial parcial ∂ ∂t u(x, t) = α2 ∂2 ∂x2 u(x, t), 0 < x < L, t > 0, (5.1) ou, ut = α 2uxx, 0 < x < L, t > 0, (5.2) onde definimos α2 como sendo a difusividade térmica. As equações (5.1) e (5.2) são equiva- lentes, e estão em diferentes notações. A tabela abaixo mostra os valores da difusidade térmica para alguns materiais. Além disso, vamos considerar a seguinte condição inicial para o pro- blema, ou seja, a distribuição inicial de temperaturatura da barra é (Obs: Este problema deve ter apenas uma condição inicial, pois a E.D.P de calor tem somente a derivada primeira em relação ao tempo.) u(x, 0) = f(x), 0 ≤ x ≤ L, (5.3) 30 5.1. CONDUÇÃO DE CALOR EM UMA BARRACAPÍTULO 5. AULA 5-CONDUÇÃO DE CALOR Tabela 5.1: Difusidade térmica α2 para alguns materiais. Material α2 (mm2/s) Prata 166 Ouro 127 Cobre 111 Alumínio 90 Ferro fundido 12 Tijolo 0,4 Madeira 0,08 onde f(x) é dada. No entanto, para que o problema (5.2, 5.3) seja resolvível, precisamos das condições de contorno, que neste caso, é o valor da temperatura u nas extremidades da barra. Vamos considerar três tipos de condições de contorno distintas. 5.1.1 Condições de contorno de Dirichlet Quando se impõe o valor da solução da equação diferencial ao longo das fronteiras do do- mínio, essas condições são chamadas de condições de contorno de Dirichelet. Para o problema (5.2, 5.3), é o mesmo que considerar que as extremidades da barra são mantidas a temperatura constante, ou seja, essas condições são dadas por u(0, t) = U1, u(L, t) = U2, t > 0. (5.4) Se U1 = U2 = 0, então as condições de Dirichelet são homogêneas, caso contrário são ditas não-homogêneas. Vamos considerar primeiramente o problema com condições de contorno ho- mogêneas. O problema (5.2),(5.3), (5.4) é linear em u visto que só aparece na primeira potência em toda a equação. O método de separação de variáveis consiste em separar o problema em dois outros problemas, um PVI(problema de valor inicial) e um PVC(problema de valores de contorno). Neste sentido, a hipótese é que a solução u(x, t) seja dada pelo produto de outras duas funções, uma dependendo somente de x e outra dependente somente de t. Então podemos escrever u(x, t) = X(x) T (t). (5.5) Impondo a solução (5.5) na equação diferencial (5.2) tem-se ∂ ∂t u(x, t) = α2 ∂2 ∂x2 u(x, t) ∂ ∂t [X(x)T (t)] = α2 ∂2 ∂x2 [X(x)T (t)] X(x) ∂ ∂t T (t) = α2T (t) ∂2 ∂x2 X(x). (5.6) Ocultando a dependência de cada função, isto é, denotando X(x) = X e T (t) = T , e escre- vendo ∂T/∂t = T ′ e ∂2X/∂x2 = X ′′, a equação (5.6) pode ser reescrita como Notas de aula:Equações Diferenciais Parciais 31 Wesley de S. Bezerra 5.1. CONDUÇÃO DE CALOR EM UMA BARRACAPÍTULO 5. AULA 5-CONDUÇÃO DE CALOR XT ′ = α2TX ′′ 1 α2 T ′ T = X ′′ X . (5.7) Assim, o lado esquerdo da equação (5.7) só depende de t e o lado direito só depende de x. Portanto, é preciso que os dois lados da equação sejam iguais a uma mesma constante, senão a igualdade não é satisfeita. Denotando essa constante de separação por −λ temos 1 α2 T ′ T = X ′′ X = −λ resultando em duas equações separadas T ′ + α2λT = 0, (5.8) X ′′ + λX = 0. (5.9) As equações diferenciais (5.8) e (5.9) podem ser resolvidas para qualquer valor de λ. Assim, a solução u(x, t) da equação diferencial parcial é dada pelo produto das soluções das equações (5.8) e (5.9). Impondo as condições de contorno homogêneas na equação (5.5), em x = 0 temos u(0, t) = X(0)T (t) = 0, (5.10) onde T (t) tem que ser diferente de zero, caso contrário u(x, t) seria nulo para todo x e t. Portanto devem ser satisfeitas as seguintes condições: X(0) = 0, X(L) = 0. (5.11) Neste sentido, agora a equação (5.9) é um problema de autovalores, como visto na aula anterior. A solução não trivial é Xn(x) = sen √ λn x = sen nπx L , (5.12) onde os autovalores são λn = n2π2 L2 , n = 1, 2, 3, .... (5.13) A solução da equação de primeira ordem (5.8) é proporcional a uma função exponencial Tn(t) = e −λα2t, (5.14) Substituindo λn = n2π2/L2, e multiplicando as soluções T (t) e X(x) obtemos a solução fun- damental un(x, t). un(x, t) = e −n2π2α2t/L2 sen nπx L . (5.15) As soluções fundamentais (5.15) satisfazem a equação diferencial parcial e as condições de contorno homogêneas para todo n inteiro positivo. Como todos os un(x, t) são soluções do Notas de aula:Equações Diferenciais Parciais 32 Wesley de S. Bezerra 5.1. CONDUÇÃO DE CALOR EM UMA BARRACAPÍTULO 5. AULA 5-CONDUÇÃO DE CALOR problema, então é razoável supor que uma combinação linear destas funções formem a solução geral u(x, t). Portanto u(x, t) = ∞∑ n=1 cnun(x, t) = ∞∑ n=1 cne −n2π2α2t/L2 sen nπx L , (5.16) onde os coeficientes cn serão determinados. Impondo a condição inicial, temos u(x, 0) = f(x) = ∞∑ n=1 cn sen nπx L , (5.17) ou seja, é uma série de Fourier em senos, na qual os coeficientes são dados por cn = 2 L ∫ L 0 f(x) sen nπx L (5.18) Assim, determinando os coeficientes cn obtem-se a solução geral da equação de condução de calor. EXEMPLO 1. Determine a temperatura u(x, t) em uma barra de metal com 50 cm de compri- mento, com sua superfície lateral isolada, inicialmente com temperatura uniforme de 20oC em toda a barra e com extremidades mantidas a 0oC para t > 0. Solução: A temperatura u(x, t) satisfaz o problema de condução de calor com L = 50 e f(x) = 20, ou seja, podemos escrever E.D.P ut = α2uxx, 0 < x < L, t > 0, (5.19) C.C. u(0, t) = 0, u(50, t) = 0 0 < x < 50, t > 0, (5.20) C.I. u(x, 0) = 20, 0 < x < 50. (5.21) Assim, a solução geral u(x, t) é u(x, t) = ∞∑ n=1 cne −n2π2α2t/L2 sen nπx L = ∞∑ n=1 cne −n2π2α2t/2500 sen nπx 50 . (5.22) Calculando os coeficientes cn obtemos cn = 2 L ∫ L 0 f(x) sen nπx L = 2 50 ∫ 50 0 20 sen nπx 50 = 2 · 20 50 ∫ 50 0 sen nπx 50 = 40 50 ( − 50 nπ cos nπx 50 ) ∣∣∣∣∣ 50 0 = 40 nπ (− cosnπ + cos 0) = 40 nπ (1− cosnπ) . (5.23) Notas de aula:Equações Diferenciais Parciais 33 Wesley de S. Bezerra 5.1. CONDUÇÃO DE CALOR EM UMA BARRACAPÍTULO 5. AULA 5-CONDUÇÃO DE CALOR Logo, na expressão (5.23), temos que 40 nπ (1− cosnπ) = { 80/nπ, se n ímpar, 0, se n par. (5.24) Logo, a temperatura na barra é u(x, t) = ∞∑ n=1,3,5,... 80 nπ e−n 2π2α2t/2500 sen nπx 50 = 80 π ∞∑ n=1,3,5,... 1 n e−n 2π2α2t/2500 sen nπx 50 . (5.25) Agora, vamos considerar a situação em que as temperaturas nas extremidades da barra U1 6= U2 6= 0, isto é, condições de contorno não homogêneas para a temperatura u. Assim, E.D.P ut = α2uxx, 0 < x < L, t > 0, (5.26) C.C. u(0, t) = U1, u(L, t) = U2 0 < x < L, t > 0, (5.27) C.I. u(x, 0) = f(x), 0 < x < 50. (5.28) Devido ao fator exponencial na solução geral do problema de condução de calor, pode-se garantir que lim t→∞ u(x, t) = 0. (5.29) Assim, pode-se considerar que a solução geral do problema não homogêneo é dada pela soma de uma solução estacionária uss(x) mais a solução transiente utr(x, t). Como uss(x) tem de satisfazer a equação de calor, u′′ss(x) = 0, 0 ≤ x ≤ L, (5.30) levando em conta que a dependência temporal não existe para o estado estacionário. A solução da equação (5.30), com as condições de contorno não homogêneas, isto é, uss(0) = U1 e uss(L) = U2 é uss(x) = (U2 − U1) x L + U1. (5.31) Então podemos escrever a solução geral como u(x, t) = uss(x) + utr(x, t). (5.32) Substituindo u(x, t) dado pela (5.32) na equação diferencial parcial temos ∂u ∂t = α2 ∂2u ∂x2 ∂ ∂t (uss + utr) = α 2 ∂ 2 ∂x2 (uss + utr). ∂ ∂t (utr) = α 2 ∂ 2 ∂x2 (utr), (5.33) Notas de aula:Equações Diferenciais Parciais 34 Wesley de S. Bezerra 5.1. CONDUÇÃO DE CALOR EM UMA BARRACAPÍTULO 5. AULA 5-CONDUÇÃO DE CALOR visto que ∂2uss/∂x2 = 0 e ∂uss/∂t = 0. Assim, a equação (5.33) pode ser resolvida levando em conta as condições de contorno e inicial e a equação (5.32) utr(0, t) = u(0, t)− uss(0) = U1 − U1 = 0, utr(L, t) = u(L, t)− uss(L) = U2 − U2 = 0, utr(x, 0) = u(x, 0)− uss(x) = f(x)− uss(x), onde uss(x) é dado pela (5.31). Neste sentido, o problema transiente é equivalente ao problemahomogêneo. Logo, a solução geral é u(x, t) = (U2 − U1) x L + U1 + ∞∑ n=1 cne −n2π2α2t/L2 sen nπx L , (5.34) onde cn = 2 L ∫ L 0 [ f(x)− (U2 − U1) x L − U1 ] sen nπx L (5.35) EXEMPLO 2. Encontre a temperatura de estado estacionário e o problema de valores de con- torno para o estado transiente considerando o seguinte problema de condução de calor em uma barra: E.D.P ut = uxx, 0 < x < 30, t > 0, (5.36) C.C. u(0, t) = 20, u(30, t) = 50 0 < x < 30, t > 0, (5.37) C.I. u(x, 0) = 60− 2x, 0 < x < 30. (5.38) Solução: A temperatura u(x, t) no estado estacionário satisfaz u′′ss(x) = 0 e as CC’s uss(0) = 20 e uss(30) = 50. Logo, uss(x) = 20 + x. Além disso, a solução transiente satisfaz utr(0, t) = 0, utr(L, t) = 0, utr(x, 0) = u(x, 0)− uss(x) = 60− 2x− (20 + x) = 40− 3x. Portanto, u(x, t) = 20 + x+ ∞∑ n=1 cne −n2π2t/L2 sen nπx L , (5.39) onde cn = 2 L ∫ L 0 [40− 3x] sen nπx L (5.40) Notas de aula:Equações Diferenciais Parciais 35 Wesley de S. Bezerra 5.2. EXERCÍCIOS CAPÍTULO 5. AULA 5-CONDUÇÃO DE CALOR 5.2 Exercícios 1. Considere o problema de condução de calor em uma barra de comprimento L. São chamadas de condições de contorno de Neumann aquelas impostas sobre a derivada da temperatura na extremidade da barra. Fisicamente, se ∂u(0, t)/∂x = ∂u(L, t)/∂x = 0, isto significa que a barra tem suas extremidades isoladas. Encontre a solução dos seguintes problemas de condução de calor: (a) E.D.P ut = α2uxx, 0 < x < L, t > 0, (5.41) C.C. ∂ ∂x u(0, t) = 0, ∂ ∂x u(L, t) = 0 0 < x < L, t > 0, (5.42) C.I. u(x, 0) = f(x), 0 < x < L. (5.43) (b) E.D.P ut = 2uxx, 0 < x < 20, t > 0, (5.44) C.C. u(0, t) = 0, u(20, t) = 100 0 < x < 20, t > 0, (5.45) C.I. u(x, 0) = 10, 0 < x < 20. (5.46) Notas de aula:Equações Diferenciais Parciais 36 Wesley de S. Bezerra Capítulo 6 Aula 6-Equação de onda 05 de outubro de 2018 A equação de onda descreve o fenômeno físico de vibrações, por exemplo em uma corda de violino ou em um cabo de força. Essas vibrações evoluem no tempo e no espaço de acordo com a frequência de oscilação natural ou imposta ao problema em questão. Assim como o fenômeno de difusão de calor, as vibrações de uma corda também são descritas por uma equação diferencial parcial. Vamos resolver esta equação de forma similar ao problema de calor, ou seja, pelo método de separação de variáveis. 6.1 E.D.P de onda Considere que uma corda de comprimento L é colocada em movimento, de maneira que ela vibre em um plano vertical. Vamos denotqar por u(x, t) o deslocamento vertical da corda. Desprezando as forças de atrito, como a resistência do ar e levando em conta uma amplitude de movimento pequena o suficiente para linearizar o problema, o movimento da corda é descrito por ∂2u ∂t2 = a2 ∂2u ∂x2 , 0 < x < L, t > 0, (6.1) onde definimos a como sendo a velocidade de propagação da onda. Para descrever completa- mente este problema, precisamos especificar duas condições iniciais e duas condições de con- torno. Considerando que a corda tem as duas extremidades presas, e impondo um deslocamento inicial não nulo temos u(0, t) = 0, u(L, t) = 0, t > 0, (6.2) u(x, 0) = f(x), ∂ ∂t u(x, 0) = 0, 0 ≤ x ≤ L. (6.3) Da mesma forma que foi usado na solução da equação de calor, o método de separação de variáveis aplica-se na solução da equação de onda. Neste sentido, a hipótese é que a solução u(x, t) seja dada pelo produto de outras duas funções, uma dependendo somente de x e outra dependente somente de t. Então podemos escrever u(x, t) = X(x) T (t). (6.4) 37 6.1. E.D.P DE ONDA CAPÍTULO 6. AULA 6-EQUAÇÃO DE ONDA Impondo a solução (6.4) na equação diferencial (6.1) tem-se ∂2 ∂t2 u(x, t) = a2 ∂2 ∂x2 u(x, t) ∂2 ∂t2 [X(x)T (t)] = a2 ∂2 ∂x2 [X(x)T (t)] X(x) ∂2 ∂t2 T (t) = a2T (t) ∂2 ∂x2 X(x). (6.5) Ocultando a dependência de cada função, isto é, denotando X(x) = X e T (t) = T , e escre- vendo ∂2T/∂t2 = T ′′ e ∂2X/∂x2 = X ′′, a equação (6.5) pode ser reescrita como XT ′′ = a2TX ′′ 1 a2 T ′′ T = X ′′ X . (6.6) Assim, o lado esquerdo da equação (6.6) só depende de t e o lado direito só depende de x. Portanto, é preciso que os dois lados da equação sejam iguais a uma mesma constante, senão a igualdade não é satisfeita. Denotando essa constante de separação por −λ temos 1 a2 T ′′ T = X ′′ X = −λ resultando em duas equações separadas T ′′ + a2λT = 0, (6.7) X ′′ + λX = 0. (6.8) As equações diferenciais (6.7) e (6.8) podem ser resolvidas para qualquer valor de λ. Assim, a solução u(x, t) da equação diferencial parcial é dada pelo produto das soluções das equações (6.7) e (6.8). Impondo as condições de contorno homogêneas na equação (6.4), em x = 0 temos u(0, t) = X(0)T (t) = 0, (6.9) onde T (t) tem que ser diferente de zero, caso contrário u(x, t) seria nulo para todo x e t. Portanto devem ser satisfeitas as seguintes condições: X(0) = 0, X(L) = 0. (6.10) Neste sentido, agora a equação (6.8) é um problema de autovalores, como visto anteriormente. A solução não trivial é Xn(x) = Cnsen √ λn x = sen nπx L , (6.11) onde os autovalores são Notas de aula:Equações Diferenciais Parciais 38 Wesley de S. Bezerra 6.1. E.D.P DE ONDA CAPÍTULO 6. AULA 6-EQUAÇÃO DE ONDA λn = n2π2 L2 , n = 1, 2, 3, .... (6.12) A solução geral da equação no tempo (6.7) é T (t) = k1 cos nπat L + k2 sen nπat L (6.13) A solução da equação no tempo (6.7) é obtida impondo as condições iniciais na solução geral (6.13) e o resultado é Tn(t) = kn cos nπat L , (6.14) Multiplicando as soluções T (t) e X(x), e fazendo Cnkn = cn, obtemos a solução fundamental un(x, t). un(x, t) = cn cos nπat L sen nπx L . (6.15) As soluções fundamentais (6.15) satisfazem a equação diferencial parcial e as condições de contorno homogêneas para todo n inteiro positivo. Como todos os un(x, t) são soluções do problema, então é razoável supor que uma combinação linear destas funções formem a solução geral u(x, t). Portanto u(x, t) = ∞∑ n=1 cnun(x, t) = ∞∑ n=1 cn cos nπat L sen nπx L , (6.16) onde os coeficientes cn serão determinados. Impondo a condição inicial, temos u(x, 0) = f(x) = ∞∑ n=1 cn sen nπx L , (6.17) ou seja, é uma série de Fourier em senos, na qual os coeficientes são dados por cn = 2 L ∫ L 0 f(x) sen nπx L dx (6.18) Assim, determinando os coeficientes cn obtem-se a solução geral da equação de condução de calor. A quantidade nπa/L é a frequência natural de oscilação do chamado modo normal n. Além disso, o período espacial 2L/n é chamado de comprimento de onda do modo normal n. EXEMPLO 1. Determine o deslocamento u(x, t) em uma corda vibrante de comprimento L = 30, velocidade de propagação da onda igual a a = 2 , com suas extremidades fixas, velocidade inicial da posição inicial nula e deslocamento inicial dado por u(x, 0) = f(x) = { x/10, se 0 ≤ x ≤ 10 , (30− x)/20, se 10 ≤ x ≤ 30 . (6.19) Solução: Notas de aula:Equações Diferenciais Parciais 39 Wesley de S. Bezerra 6.1. E.D.P DE ONDA CAPÍTULO 6. AULA 6-EQUAÇÃO DE ONDA O deslocamento u(x, t) satisfaz a equação de onda com L = 30, a2 = 4 e u(x, 0) = f(x), ou seja, podemos escrever E.D.P utt = 4uxx, 0 < x < 30, t > 0, (6.20) C.C. u(0, t) = 0, u(30, t) = 0 t > 0, (6.21) C.I. u(x, 0) = 20, ut(x, 0) = 0 0 < x < 30. (6.22) Assim, a solução geral u(x, t) é u(x, t) = ∞∑ n=1 cn cos nπat L sen nπx L = ∞∑ n=1 cn cos 2nπt 30 sen nπx 30 . (6.23) Calculando os coeficientes cn obtemos cn = 2 L ∫ L 0 f(x) sen nπx L dx = 2 30 ∫ 30 0 f(x) sen nπx 30 dx = 2 30 ∫ 10 0 x 10 sen nπx 30 dx+ 2 30 ∫ 30 10 30− x 20 sen nπx 30 dx = 2 30 ∫ 10 0 x 10 sen nπx 30 dx+ 2 30 ∫ 30 10 30 20 sen nπx 30 dx− 2 30 ∫ 30 10 x 20 sen nπx 30 dx = I1 + I2 − I3, (6.24) onde definimos I1 = 2 30 ∫ 10 0 x 10 sen nπx 30 dx, I2 = 2 30 ∫ 30 10 30 20 sen nπx 30 dx, I3 = 2 30 ∫ 30 10 x 20 sen nπx 30 dx. Calculando as integrais acima, tem-se Notas de aula:Equações Diferenciais Parciais 40 Wesley de S. Bezerra 6.1. E.D.P DE ONDA CAPÍTULO 6. AULA 6-EQUAÇÃO DE ONDA I1 = 2 30 ∫ 10 0 x10 sen nπx 30 dx = 2 300 ∫ 10 0 x sen nπx 30 dx = 2 300 −x 30nπ cos nπx30 ∣∣∣∣∣ 10 0 + 30 nπ ∫ 10 0 cos nπx 30 dx = 2 300 { −300 nπ cos nπ 3 + 900 (nπ)2 sen nπ 3 } = − 2 nπ cos nπ 3 + 6 (nπ)2 sen nπ 3 . (6.25) I2 = 2 30 ∫ 30 10 30 20 sen nπx 30 dx = − 3 nπ cosnπ + 3 nπ cos nπ 3 . (6.26) I3 = 2 30 ∫ 30 10 x 20 sen nπx 30 dx = 3 nπ cosnπ − 1 nπ cos nπ 3 + 3 (nπ)2 sen nπ 3 . (6.27) Logo, somando os resultados das integrais (6.25), (6.26) e (6.27), temos que cn = 9 (nπ)2 sen nπ 3 . (6.28) Portanto, o deslocamento da corda é dado por u(x, t) = ∞∑ n=1 cn cos 2nπt 30 sen nπx 30 = 9 π2 ∞∑ n=1 1 n2 sen nπ 3 cos 2nπt 30 sen nπx 30 (6.29) Notas de aula:Equações Diferenciais Parciais 41 Wesley de S. Bezerra 6.2. EXERCÍCIOS CAPÍTULO 6. AULA 6-EQUAÇÃO DE ONDA 6.2 Exercícios 1. Determine a solução do seguinte problema: E.D.P utt = a2uxx, 0 < x < L, t > 0, (6.30) C.C. u(0, t) = 0, u(L, t) = 0 0 < x < L, t > 0, (6.31) C.I. u(x, 0) = 0, ut(x, 0) = g(x) 0 < x < L. (6.32) 2. Mostre que a equação de onda (6.30) pode ser reduzida a forma uζη = 0 pela mudança de variáveis ζ = x− at, η = x+ at. Depois mostre que u(x, t) pode ser escrita como u(x, t) = φ(x− at) + ψ(x+ at), (6.33) onde φ e ψ são funções arbitrárias. 3. O movimento de uma membrana circular elástica, como um tamborim, é determinado pela equação de onda bidimensional em coordenadas polares urr + 1 r ur + 1 r2 uθθ = a −2utt (6.34) Supondo que a solução u(r, θ, t) = R(r)Θ(θ)T (t), encontre as equações diferenciais ordinárias correspondentes a R(r), Θ(θ) e T (t). Notas de aula:Equações Diferenciais Parciais 42 Wesley de S. Bezerra 6.3. RESPOSTAS DOS EXERCÍCIOS CAPÍTULO 6. AULA 6-EQUAÇÃO DE ONDA 6.3 Respostas dos Exercícios 1. u(x, t) = ∞∑ n=1 kn sen nπat L sen nπx L , kn = 2 nπa ∫ L 0 g(x) sen nπx L dx. 2. Escreva as derivadas parciais nas novas variáveis e aplique na equação de onda. 3. r2R′′ + rR′ + (λ2r2 − µ2)R = 0 Θ′′ + µ2Θ = 0. T ′′ + λ2a2T = 0. Notas de aula:Equações Diferenciais Parciais 43 Wesley de S. Bezerra Aula 1-Transformada de Laplace Introdução Exercícios Aula 2-Solução de EDO's Transformada de f'(t) Solução de PVI's Convolução Exercícios Respostas dos Exercícios Aula 3-Problemas de valores de contorno PVC Autovalores e Autofunções Exercícios Respostas dos Exercícios Aula 4-Séries de Fourier Definição e exemplos Exercícios Respostas dos Exercícios Aula 5-Condução de Calor Condução de calor em uma barra Condições de contorno de Dirichlet Exercícios Aula 6-Equação de onda E.D.P de onda Exercícios Respostas dos Exercícios
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