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PREFEITURA MUNICIPAL DE SALVADOR - BA SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE COORDENADORIA DE ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE PROTOCOLO DE ENFERMAGEM NA ATENÇÃO PRIMÁRIA PROTOCOLO DE FERIDAS SALVADOR – BA 2020 PREFEITO Antônio Carlos Peixoto Magalhães Neto SECRETÁRIO MUNICIPAL DE SAÚDE Leonardo Prates SUBSECRETÁRIA MUNICIPAL DE SAÚDE Maria Lucimar Alves de Lira Rocha DIRETORA DE ATENÇÃO À SAÚDE Zaida de Barros Mello COORDENADORA DE ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE Adriana Cerqueira Miranda PRO TO CO LO D E EN FERM AG EM N A ATEN ÇÃO PRIM ÁRIA - FERID A S PREFEITURA MUNICIPAL DE SALVADOR SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE COORDENADORIA DE ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE COORDENADORIA DE ATENÇÃO ESPECIALIZADA EQUIPE TÉCNICA SANDRA MONTANHA GARGUR Enfermeira – Subcoordenadora de Articulação das Redes de Atenção à Saúde – DAS GEÓRGIA NEVES DA SILVA Enfermeira – Técnica da Articulação das Redes de Atenção à Saúde - DAS COLABORADORES FERNANDA OLIVEIRA MARON GILVANIA LIMA NOGUEIRA LUIS HENRIQUE SANTOS FABIANA VANNI DE BRITO DANIELA ALENCAR VALDETE SURLO COMISSÃO DE CURATIVO DA SMS SANDRA MONTANHA GARGUR – DAS/SUBCOORD. REDES GEÓRGIA NEVES – DAS/ART. REDES ATENÇÃO À SAÚDE MARTA O. BIONDI – DS ITAPAGIPE ISABEL CRISTINA C. ALVES – DS CABULA/BEIRU KELLY BRAGA – DS CAJAZEIRAS ANA NERY SANTOS – DS ITAPUÃ TATIANA LUZ – DS PAU DA LIMA FERNANDA M. ESTRELA – DS SUBÚRBIO FERROVIÁRIO NILZA PEREIRA – DS LIBERDADE LELIA SOBRINHO – DS BARRA/RIO VERMELHO GABRIELA CROESY – DS CENTRO HISTÓRICO CAMILLE S. DO NASCIMENTO – DS SÃO CAETANO/VALÉRIA ANDREIA COSTA MEIRELLES – DS BROTAS ANA SHIRLEY MARANHÃO – DS BOCA DO RIO P R O T O CO LO D E EN FER M A G EM N A A T EN ÇÃ O P R IM Á R IA - F E R ID A S SUMÁRIO Apresentação ............................................................................................................................... 05 1 Introdução ................................................................................................................................ 06 2 Objetivos ................................................................................................................................... 07 3 Atribuições ................................................................................................................................ 07 4 Consulta de Enfermagem ........................................................................................................ 09 5 Anatomia e Fisiologia da pele ................................................................................................. 11 6 Classificação das Feridas ......................................................................................................... 11 7 Etiologia das feridas ................................................................................................................. 13 8 Cicatrização .............................................................................................................................. 26 9 Avaliação da pessoa com feridas ............................................................................................ 28 10 Gestão do biofilme em feridas crônicas e infectadas .......................................................... 35 11 Técnicas de curativo .............................................................................................................. 36 12 Desbridamento ....................................................................................................................... 37 13 Cultura com antibiograma .................................................................................................... 38 14 Feridas ortopédicas ................................................................................................................ 39 15 Coberturas padronizadas pela SMS..................................................................................... 42 16 Referências.............................................................................................................................. 48 17 Apêndices ................................................................................................................................ 50 5 APRESENTAÇÃO A complexidade do tratamento da pessoa com ferida fez com que esse documento fosse avaliado para acompanhar a evolução científico-tecnológica no que se refere às feridas complexas. A implementação do Protocolo de Feridas da Secretaria Municipal da Saúde/SMS visa padronizar as ações relacionadas ao atendimento dos pacientes com feridas, unificando as condutas realizadas pela equipe de enfermagem, sistematizando a assistência no âmbito do atendimento ao usuário com lesões crônicas. Este Protocolo, ao instrumentalizar as ações dos profissionais no manejo de feridas, permite um atendimento integrado, além de qualificar as ações de prevenção, minimizando fatores que retardam a cicatrização e prolongam o tratamento, favorecendo a alta precoce e o retorno do paciente à sociedade. Este protocolo tem vigência 2 anos (2020 a 2021), podendo passar por atualização quando se fizer necessário para adequação aos avanços tecnológicos e científicos e à política de saúde vigentes. 6 1 INTRODUÇÃO Desde o início do século passado, quando a relação entre bactérias e infecção ficou conhecida, várias tentativas de combatê-las quimicamente foram sendo aprimoradas, como as de Joseph Lister (1827-1912), que introduziu a assepsia para limpeza de região de suturas, conseguindo evitar as amputações e reduzir os índices de mortalidade. Entre 1840 e a Segunda Guerra Mundial, o foco para o tratamento de feridas foi o uso de antissépticos e agentes tópicos com ação antimicrobiana e a proteção com cobertura seca. No século XX foi o advento dos antibióticos, utilizados por aplicação local através de pulverização ou por incorporação do material nos próprios curativos, que se tornaram estéreis, fator importante para a cicatrização. Alexandre Fleming (1929) usou penicilinas para tratar infecções e questionou o uso de antissépticos (antimicrobianos) devido à sua toxidade. Na década de 80, surgem as coberturas à base de hidrocolóide. Neste sentido, o cuidado com feridas, estimulado pelo aprimoramento contínuo de tecnologias e práticas inovadoras, principalmente no campo interdisciplinar, vem ocasionando inúmeros questionamentos em relação à eficácia dos produtos utilizados no tratamento de feridas, pois a incidência e a prevalência de úlceras crônicas são ainda extremamente altas, repercutindo em elevados custos financeiros. A avaliação de feridas pelo profissional enfermeiro é de extrema importância, pois permite planejar as intervenções pertinentes ao cuidado adequado com o paciente. Atualmente, uma nova nomenclatura foi inserida para identificar as feridas crônicas - feridas complexas – que, apesar de serem bem conhecidas, desafiam equipes médicas e de enfermagem. Novas tecnologias estão sendo testadas a fim de contribuir para uma melhor assistência nos cuidados ao paciente com feridas. 7 2 OBJETIVOS 2.1 OBJETIVO GERAL Sistematizar o atendimento, com a finalidade de padronizar as ações dos profissionais de Enfermagem na Rede de Atenção Primária no cuidado aos pacientes com feridas do Município de Salvador. 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS Orientar o pacientecom feridas para o auto-cuidado; Prevenir complicações das lesões; Minimizar fatores que retardam a cicatrização e prolongam o tratamento, favorecendo a alta precoce; Reduzir custos; Reduzir a demanda por outras especialidades fortalecendo a Atenção Primária; Orientar o uso adequado dos insumos disponíveis na SMS; Inserir a família no cuidado. 3 ATRIBUIÇÕES 3.1 MÉDICO Avaliar clinicamente o paciente e definir a etiologia da ferida; Prescrever coberturas, soluções ou cremes para curativo das feridas, bem como terapia compressiva e creme hidratante, conforme padronização da SMS; Solicitar, quando necessário, os seguintes exames: hemograma completo, albumina sérica, glicemia jejum e cultura do exsudato com antibiograma e outros; Encaminhar o paciente para avaliação com o cirurgião vascular, quando necessário; Acompanhar a evolução do quadro clínico junto ao especialista e à equipe de enfermagem da Unidade de Saúde; Programar retorno; Encaminhar para Unidade Hospitalar, sempre que necessário. 8 3.2 ENFERMEIRO Fazer admissão/consulta de enfermagem com os pacientes com feridas crônicas, utilizando o Formulário de Consulta de Enfermagem; Prescrever o tipo de curativo padronizado pela SMS, exceto bota de unna; Solicitar, quando necessário, os seguintes exames laboratoriais: hemograma completo, glicemia em jejum, cultura do exsudato com antibiograma, eletroforese de hemoglobina; Executar o curativo; Realizar a triagem das úlceras vasculogênicas; Encaminhar o paciente para avaliação médica, quando necessário; Encaminhar o paciente com doença falciforme para acompanhamento também em Unidades de Referência (ANEXO); Encaminhar o paciente desnutrido para acompanhamento com nutricionista em Unidades de Saúde do Distrito Sanitário; Encaminhar o paciente com Hanseníase para as Unidades de Referência (ANEXO); Encaminhar o paciente para o Programa de Escleroterapia (ANEXO); Capacitar e supervisionar a equipe de enfermagem nos procedimentos de curativo; Registrar a dispensação e o consumo dos curativos especiais, utilizando o Consolidado Mensal de Curativos Especiais e encaminhar para o Distrito Sanitário; Fazer previsão dos produtos de curativo e solicitá-los ao almoxarifado. 3.3 TÉCNICO/AUXILIAR DE ENFERMAGEM Organizar e manter a sala de curativo em condições adequadas para o atendimento; 9 Acolher o paciente, acomodando-o em posição confortável que permita boa visualização da ferida; Explicar ao paciente o procedimento a ser executado e a técnica do soro em jato no primeiro atendimento; Executar o curativo conforme prescrição médica e/ou do enfermeiro e sob a supervisão direta/indireta do enfermeiro; Solicitar a avaliação do enfermeiro ou do médico, quando necessário; Orientar o paciente quanto à data do retorno, cuidados específicos e gerais; Registrar o procedimento executado no prontuário, no Formulário Consulta de Enfermagem e Ficha de Registro diário, caracterizando o aspecto da ferida, queixas do paciente e conduta; Organizar a sala de atendimento; Proceder à sala de atendimento; Fazer a desinfecção de superfície; Solicitar ao almoxarifado produtos de curativo. 4 CONSULTA DE ENFERMAGEM 4.1 PRIMEIRA CONSULTA: Avaliar o paciente com ferida (entrevista e exame físico direcionado); Registrar as informações relativas ao paciente, ao exame clínico e aquelas relacionadas à doença de base e à ferida, utilizando o Formulário Consulta de Enfermagem (apêndice); Informar sobre normas do serviço, esclarecer dúvidas e apresentar o programa ao paciente; Solicitar hemograma, glicemia em jejum, eletroforese de hemoglobina, cultura com antibiograma, quando houver indicação, e desde que não haja resultados com período inferior a seis meses; Definir o tipo de curativo e prescrevê-lo; Prescrever, quando indicado, coberturas, cremes e soluções padronizadas pela SMS; Executar o curativo; 10 Realizar, se necessário, o desbridamento mecânico (desde que seja habilitado); Determinar o período de troca do curativo; Fazer recomendações ao paciente (dieta, higiene, vestuário, repouso, hidratação oral e tópica, troca de curativo, cuidados com a cobertura secundária); Fazer encaminhamento para avaliação médica, quando necessário; Agendar a data de retorno para troca do curativo com o técnico/auxiliar de enfermagem; Agendar a data para reavaliação do enfermeiro, conforme o plano terapêutico de acompanhamento de feridas. 4.2 CONSULTA SUBSEQUENTE: Avaliar o aspecto do curativo anterior e o aspecto da ferida após utilização da cobertura especial usada; Definir mudança do tipo de cobertura (quando houver necessidade) e registrar a sua dispensação; Registrar a evolução no impresso Consulta de Enfermagem; Repetir exames laboratoriais quando: *Glicemia maior ou igual a 99 mg/dl (glicemia de jejum) *Hemoglobina menor ou igual a 10 mg/dl Encaminhar para avaliação médica precoce, quando houver alterações laboratoriais; Trocar curativo juntamente com o técnico/auxiliar de enfermagem, quando necessário; Agendar retorno para troca do curativo. 4.3 REGISTRO DE ENFERMAGEM: A descrição da ferida e as condutas adotadas qualificam a assistência ao paciente, permitindo um acompanhamento preciso da evolução da ferida por todos os membros da equipe de saúde. Além disso, o registro de enfermagem serve de parâmetro para propor novas 11 condutas e planejamento da alta. É de responsabilidade da equipe de saúde garantir a qualidade e continuidade dos registros, devido às suas implicações assistenciais e legais. O diagnóstico e o tratamento de feridas são processos dinâmicos, que dependem de avaliações sistemáticas do Enfermeiro para a adequada prescrição da cobertura eficaz, o tempo de troca de acordo com o processo cicatricial e avaliação da qualidade da assistência prestada ao usuário. O registro deve ser objetivo e claro, sendo importante que as informações permitam acompanhar a evolução da ferida e possibilitem o planejamento da alta do paciente. 5 ANATOMIA E FISIOLOGIA DA PELE A pele é um órgão complexo, composto por diversos tecidos, tipos celulares e estruturas especializadas. É composta por três camadas: a epiderme (mais externa), a derme (intermediária) e a hipoderme. Este órgão desempenha um grande número de funções vitais, entre elas podemos citar: proteção das estruturas internas, percepção sensorial, termorregulação, excreção, metabolismo e absorção. 6 CLASSIFICAÇÃO DAS FERIDAS A ferida é a descontinuidade da integridade da pele, causada por qualquer tipo de trauma físico, químico, mecânico ou desencadeada por uma afecção clínica. Podem ser classificadas quanto à causa, ao conteúdo microbiano, ao tipo de cicatrização, ao grau de abertura e ao tempo de duração: 6.1 QUANTO ÀS CAUSAS 6.1.1. Feridas cirúrgicas: são provocadas intencionalmente e se dividem em: Incisa: onde não há perda de tecido e as bordas são geralmente fechadas por sutura; Por excisão: onde há remoção de uma área de pele. Ex: área doadora de enxerto. Por cirurgia e procedimentos terapêutico-diagnósticos (cateterismo cardíaco, punção de subclávia, biópsia). 6.1.2 Feridas traumáticas: são aquelas provocadas acidentalmente por agentes: 12 Mecânicos (contenção, perfuração, corte); Químicos (iodo, cosméticos, ácido sulfúrico, etc.); Físicos (frio, calor, radiação). 6.1.3 Feridas ulcerativas: são lesões escavadas, circunscritas na pele, formadas pela morte e expulsão do tecido, resultantes de traumatismo ou doenças relacionadas com o impedimento do suprimentosanguíneo. O termo úlcera de pele representa uma categoria de ferimento que inclui úlceras de decúbito, assim como de estase venosa, arteriais e úlceras diabéticas. 6.2 QUANTO AO CONTEÚDO MICROBIANO 6.2.1 Limpas: condições assépticas, sem microorganismos; 6.2.2 Contaminadas: lesão ocorrida com tempo maior que 6 horas (trauma e atendimento) e sem sinal de infecção; 6.2.3 Infectadas: presença de agente infeccioso no local e lesão com evidência de intensa reação inflamatória e destruição de tecidos, podendo haver pus. 6.3 QUANTO AO TIPO DE CICATRIZAÇÃO 6.3.1 Feridas de cicatrização de primeira intenção: não há perda de tecidos, as bordas da pele ficam justapostas. 6.3.2 Feridas de cicatrização por segunda intenção: houve perda de tecidos e as bordas da pele ficam distantes. A cicatrização é mais lenta do que a de primeira intenção. 6.3.3 Feridas de cicatrização por terceira intenção: é corrigida cirurgicamente após a formação de tecido de granulação, a fim de que apresente melhores resultados funcionais e estéticos. 6.4 QUANTO AO GRAU DE ABERTURA 6.4.1 Ferida aberta: tem as bordas da pele afastadas; 6.4.2 Ferida fechada: tem as bordas justapostas. 13 6.5 QUANTO AO TEMPO DE DURAÇÃO 6.5.1 Feridas agudas: são as feridas recentes; 6.5.2 Feridas crônicas: têm um tempo de cicatrização maior que o esperado devido a sua etiologia. São feridas que não apresentam a fase de regeneração no tempo esperado, havendo um retardo na cicatrização. 7 ETIOLOGIA DAS FERIDAS 7.1 LESÃO POR PRESSÃO A lesão por pressão pode ser definida como lesão localizada, acometendo pele ou também tecidos subjacentes, usualmente sobre uma proeminência óssea, resultante de pressão, que pode estar associada a cisalhamento e/ou fricção. A lesão por pressão pode estar recoberta por uma escara, assim como pode haver apenas a lesão, sem o tecido necrótico sobre ela. Portanto, o termo escara deve ser utilizado apenas quando houver necrose de coagulação. As áreas do corpo mais acometidas são: região sacra, trocantérica, isquiática, calcânea, cotovelos, escápulas, frontal, orelhas, occipital, maléolos, joelhos, ombros, panturrilhas e punhos. Os fatores de risco são todos aqueles que predispõem o indivíduo a prolongados períodos de isquemia induzida por pressão e que reduzem a capacidade de recuperação tecidual da lesão isquêmica, tais como: idade avançada, hipertensão, diabetes, inconsciência, imobilização, perda de sensibilidade e da função motora comprometendo o mecanismo de mobilização, incontinência urinária ou fecal, deficiências nutricionais, anemias e doenças circulatórias, alto e baixo Índice de Massa Corpórea (IMC). Prevenção As medidas preventivas são: Mudança periódica de posicionamento: o alívio da pressão sobre uma proeminência óssea por 5 minutos a cada 2 horas permite a adequada recuperação do tecido e evita a formação da lesão; Observação de possíveis fatores locais adicionais de risco: evitar umidade local, contato com fezes e/ou urina, tratamento de espasmos musculares e atenção às forças de cisalhamento e de fricção na movimentação; Atenção global ao paciente: avaliação clínica e nutricional 14 A ferramenta utilizada para a avaliação de risco para úlcera por pressão é a Escala de Braden. Escala de Braden Percepção 1-totalmente 2-muito limitado 3-levemente 4-nenhuma sensorial limitado limitado limitação Umidade 1-completamente 2-muito molhado 3-ocasionalmente 4-raramente molhado molhado molhado Atividade 1-acamado 2-confinado à 3-anda 4-anda cadeira ocasionalmente frequentemente Mobilidade 1-totalmente 2-bastante 3-levemente 4-não apresenta imóvel limitado limitado limitações Nutrição 1-muito pobre 2-provavelmente 3-adequada 4-excelente inadequada Fricção e 1-problema 2-problema em 3-nenhum problema cisalhamento potencial Total Risco Brando Risco Moderado Risco Severo 15 a 16 ( ) 12 a 14 ( ) Abaixo de 11 ( ) Adaptação cultural realizada por Profa Drª Maria Helena Larcher Caliri, Profª Drª Vera Lucia Conceição de Gouveia Santos, Drª Maria Helena Santana Mandelbaum, MSN Idevania Geraldina Costa. Classificação das lesões por pressão Lesão por pressão é um dano localizado na pele e/ou tecidos moles subjacentes, geralmente sobre uma proeminência óssea ou relacionada ao uso de dispositivo médico ou a outro artefato. A lesão pode se apresentar em pele íntegra ou como úlcera aberta e pode ser dolorosa. A lesão ocorre como resultado da pressão intensa e/ou prolongada em combinação com o cisalhamento. A tolerância do tecido mole à pressão e ao cisalhamento pode também ser afetada pelo microclima, nutrição, perfusão, comorbidades e pela sua condição. Lesão por pressão estágio 1: pele íntegra com eritema que não embranquece Pele íntegra com área localizada de eritema que não embranquece e que pode parecer diferente em pele de cor escura. Presença de eritema que embranquece ou mudanças na sensibilidade, temperatura ou consistência (endurecimento) podem preceder as mudanças visuais. Mudanças na cor não incluem descoloração púrpura ou castanha; essas podem indicar dano tissular profundo. 15 Lesão por pressão estágio 2: perda da pele em sua espessura parcial com exposição da derme Perda da pele em sua espessura parcial com exposição da derme. O leito da ferida é viável, de coloração rosa ou vermelha, úmido e pode também apresentar-se como uma bolha intacta (preenchida com exsudato seroso) ou rompida. O tecido adiposo e tecidos profundos não são visíveis. Tecido de granulação, esfacelo e escara não estão presentes. Essas lesões geralmente resultam de microclima inadequado e cisalhamento da pele na região da pélvis e no calcâneo. Esse estágio não deve ser usado para descrever as lesões de pele associadas à umidade, incluindo a dermatite associada à incontinência (DAI), a dermatite intertriginosa, a lesão de pele associada a adesivos médicos ou as feridas traumáticas (lesões por fricção, queimaduras, abrasões). Lesão por pressão estágio 3: perda da pele em sua espessura total Perda da pele em sua espessura total na qual a gordura é visível e, frequentemente, tecido de granulação e epíbole (lesão com bordas enroladas) estão presentes. Esfacelo e /ou escara pode estar visível. A profundidade do dano tissular varia conforme a localização anatômica; áreas com adiposidade significativa podem desenvolver lesões profundas. Podem ocorrer descolamento e túneis. Não há exposição de fáscia, músculo, tendão, ligamento, cartilagem e/ou osso. Quando o esfacelo ou escara prejudica a identificação da extensão da perda tissular, deve-se classificá-la como Lesão por Pressão Não Classificável. Lesão por pressão estágio 4: perda da pele em sua espessura total e perda tissular Perda da pele em sua espessura total e perda tissular com exposição ou palpação direta da fáscia, músculo, tendão, ligamento, cartilagem ou osso. Esfacelo e /ou escara pode estar visível. Epíbole (lesão com bordas enroladas), descolamento e/ou túneis ocorrem frequentemente. A profundidade varia conforme a localização anatômica. Quando o esfacelo ou escara prejudica a identificação da extensão da perda tissular, deve-se classificá-la como Lesão por Pressão Não Classificável. Lesão por pressão não classificável: perda da pele em sua espessura total e perda tissular não visível. Perda da pele em sua espessura total e perda tissular na qual a extensão do dano não pode ser confirmada porque está encoberta pelo esfacelo ou escara. Ao ser removido 16 (esfacelo ou escara), Lesão por Pressão em Estágio 3 ou Estágio 4 ficará aparente. Escara estável (isto é, seca, aderente, sem eritema ou flutuação) em membro isquêmico ou no calcâneo não deveser removida. Lesão por pressão tissular profunda: descoloração vermelho escura, marrom ou púrpura, persistente e que não embranquece. Pele intacta ou não, com área localizada e persistente de descoloração vermelha escura, marrom ou púrpura que não embranquece ou separação epidérmica que mostra lesão com leito escurecido ou bolha com exsudato sanguinolento. Dor e mudança na temperatura frequentemente precedem as alterações de coloração da pele. A descoloração pode apresentar-se diferente em pessoas com pele de tonalidade mais escura. Essa lesão resulta de pressão intensa e/ou prolongada e de cisalhamento na interface osso-músculo. A ferida pode evoluir rapidamente e revelar a extensão atual da lesão tissular ou resolver sem perda tissular. Quando tecido necrótico, tecido subcutâneo, tecido de granulação, fáscia, músculo ou outras estruturas subjacentes estão visíveis, isso indica lesão por pressão com perda total de tecido (Lesão por Pressão Não Classificável ou Estágio 3 ou Estágio 4). Não se deve utilizar a categoria Lesão por Pressão Tissular Profunda (LPTP) para descrever condições vasculares, traumáticas, neuropáticas ou dermatológicas. Lesão por pressão relacionada a dispositivo médico Essa terminologia descreve a etiologia da lesão. A lesão por pressão relacionada a dispositivo médico resulta do uso de dispositivos criados e aplicados para fins diagnósticos e terapêuticos. A lesão por pressão resultante geralmente apresenta o padrão ou forma do dispositivo. Essa lesão deve ser categorizada usando o sistema de classificação de lesões por pressão. Lesão por pressão em membranas mucosas A lesão por pressão em membranas mucosas é encontrada quando há histórico de uso de dispositivos médicos no local do dano. Devido à anatomia do tecido, essas lesões não podem ser categorizadas. 17 7.2 ÚLCERA VENOSA As lesões ulceradas em membros inferiores apresentam diversas etiologias, surgindo em pacientes com diabetes, insuficiência venosa, insuficiência arterial ou por contato prolongado com superfície rígida. A úlcera venosa é uma ferida de forma irregular e superficial, podendo tornar-se profunda, com bordas bem definidas, comumente apresentando exsudato amarelado. O leito da úlcera pode apresentar tecido necrótico ou exposição de tendões. Podem ser únicas ou múltiplas e de tamanhos e localizações variáveis e, em geral, ocorrem na porção distal dos membros inferiores. Há edema nos membros inferiores, com piora ao final do dia e melhora com elevação do membro. Achado frequente nos pacientes com úlceras venosas é a hiperpigmentação da pele nos membros inferiores, devido ao extravasamento de eritrócitos com resultante depósito de hemossiderina nos macrófagos, e estímulo à produção de melanina e à pigmentação marrom na pele. Uma das principais medidas é a manutenção da ferida limpa. A limpeza da úlcera se faz com jato de NaCl 0,9% para diminuir a sensação de ardência. Há indicação de terapia compressiva com bota de Unna ou terapias com bandagens elásticas. 7.3 ÚLCERA ARTERIAL É produzida pela desnutrição cutânea devido a uma insuficiência arterial e tem como resultado a isquemia, caracterizando-se por extremidade fria e escura. Observa-se palidez e retardo no retorno da cor após a elevação do membro. A pele apresenta atrofia, perda de pelo, diminuição ou ausência das pulsações das artérias do pé e dor severa aumentada com a elevação das pernas. A úlcera caracteriza-se por bordas cortadas a pique, irregular, localizada nos tornozelos, maléolos e extremidades digitais (perna, calcanhar, dorso do pé e/ou artelho). A prevenção consiste: Elevação da cabeceira da cama em 20 cm; Proteção contra traumatismos no membro afetado; Evitar ou recuperar atrofias musculares; Cuidado com as unhas e unha encravada; Pesquisar e tratar micoses; Reduzir e manter controle de triglicérides e colesterol; Controlar hipertensão arterial e o diabetes; Reduzir o uso de cafeína e tabaco. 18 7.4 ÚLCERAS FALCÊMICAS Em geral, as úlceras falcêmicas são rasas, com bordas sobrelevadas. É comum apresentarem, na base, exsudação e material necrótico. Sua etiologia pode ser: traumática (por contusões ou picadas de insetos) ou espontânea (por hipóxia tissular decorrente de crises vaso-oclusivas crônicas). O tamanho é variável, com margem definida, bordas em relevo e base com tecido de granulação. São únicas ou múltiplas, resistentes à terapia, e ocorrem durante meses ou anos. É possível que o tecido ao redor da ferida, no início de sua formação, mostre-se de aspecto saudável. Com o tempo, devido à manutenção das úlceras, a pele torna- se hiperpigmentada, com perda do tecido celular subcutâneo e dos folículos pilosos. Pode ocorrer sintomatologia dolorosa, de adenite inguinal e celulite reativa. Os principais mecanismos da fisiopatologia são: a obstrução dos vasos (vaso-oclusão) pelas hemácias falcizadas (o que aumenta a pressão hidrostática capilar e venosa); a alteração da concentração de hemoglobina; a inibição do óxido nítrico; fatores genéticos. A ausência de cicatrização ocorre em até 60% dos casos, frequentemente com evolução arrastada por meses e até anos e geralmente associada a lesões maiores. As medidas educativas devem ser tomadas no sentido de prevenir úlceras de perna em todos os pacientes, como: Utilização de sapatos e meias de algodão; Usar repelentes para prevenir picadas de insetos; Hidratante para evitar esfoliação e escarificação da pele; Não utilizar as veias dos pés como acesso venoso e pronto tratamento de pequenos traumas; Quando há presença de edema ou úlceras prévias, deve-se orientar o uso de meias elásticas acima dos joelhos e manter as pernas elevadas sempre que possível e restringir o sal durante o verão. A abordagem terapêutica utilizada para as úlceras de membros inferiores na anemia falciforme é semelhante à de pacientes com úlceras de outras etiologias. 19 7.5 FERIDAS DIABÉTICAS As feridas de origem diabética decorrem da perda de sensibilidade do membro. Podem estar associadas à doença arterial. O estágio final da doença é a neuropatia diabética, com deformidades nos pés e perda de sensibilidade. As principais características destas feridas são: dor - ausente ou de leve intensidade, bordas com aspecto necrótico e odor fétido, fundo da ferida úmido, podendo sangrar ao toque e escoriação. As complicações da ferida podem levar a situações de risco de perda do membro ou mesmo morte. O tratamento das feridas nos pés de pacientes diabéticos deve ser multidisciplinar, visando o controle do diabetes e das complicações associadas, assim como o controle da isquemia, com redução do risco cardiovascular. A ferida deve ser limpa e o material necrótico, desbridado. A prevenção do desenvolvimento da lesão consiste em orientar o paciente acerca dos seguintes itens: Realizar a higiene dos pés e pernas diariamente com água morna e sabão neutro, enxugando-os com cuidado, principalmente entre os dedos. Não manter os pés imersos em água quente devido à possível incapacidade de diferenciação térmica; Cortar as unhas em ângulo reto, sem aprofundar os cantos; Utilizar calçados protetores, mesmo dentro de casa; Remover calos com a ajuda de um profissional treinado; Inspecionar os pés diariamente e, em caso de lesões, recorrer à Unidade de Saúde; Pacientes acamados devem ter seus calcanhares protegidos e inspecionados pelo menos duas vezes ao dia; Estimular a deambulação; Interrupção do tabaco e controle glicêmico. O Pé Diabético está entre as complicações mais frequentes do Diabetes Mellitus (DM) e suas consequências podem ser dramáticas para a vida do indivíduo, desde feridas crônicas e infecções até amputações de membros inferiores. O exame periódicodos pés propicia a 20 identificação precoce e o tratamento oportuno das alterações encontradas, possibilitando assim a prevenção de um número expressivo de complicações do Pé Diabético. (BRASIL, 2013). Denomina-se Pé Diabético a presença de infecção, ulceração e/ou destruição de tecidos profundos associados a anormalidades neurológicas e a vários graus de doença vascular periférica em pessoas com DM (Grupo de Trabalho Internacional Sobre Pé Diabético, 2001). As alterações de ordem neurológica e vascular em extremidades, provocadas pelo quadro de DM, produzem distorções na anatomia e fisiologia normais dos pés. A alteração do trofismo muscular e da anatomia óssea dos pés provoca o surgimento dos pontos de pressão, enquanto o ressecamento cutâneo prejudica a elasticidade protetora da pele e o prejuízo da circulação local torna a cicatrização mais lenta e ineficaz. Em conjunto, essas alterações aumentam o risco de úlceras nos pés, podendo evoluir para complicações mais graves, como infecções e amputações. (BRASIL, 2013; Grupo De Trabalho Internacional Sobre Pé Diabético, 2001). O Pé Diabético pode ser classificado, segundo sua etiopatogenia, em: •• Neuropático. •• Vascular (também chamado isquêmico). •• Misto (neurovascular ou neuroisquêmico). O pé neuropático é caracterizado pela perda progressiva da sensibilidade. Os sintomas mais frequentes são os formigamentos e a sensação de queimação (que tipicamente melhoram com o exercício). A diminuição da sensibilidade pode apresentar-se como lesões traumáticas indolores ou a partir de relatos, como perder o sapato sem se notar. Já o pé isquêmico caracteriza-se tipicamente por história de claudicação intermitente e/ou dor à elevação do membro. Ao exame físico, pode-se observar rubor postural do pé e palidez à elevação do membro inferior. À palpação, o pé apresenta-se frio, podendo haver ausência dos pulsos tibial posterior e pedioso, considerando a amputação uma complicação irreversível com implicações físicas, mentais e sociais extremas (BRASIL, 2014a). É preciso, portanto, investir em ferramentas para a qualificação do cuidado à pessoa com diabetes, modificando as formas de abordagem aos usuários e considerando as melhores evidências como guias para a prática clínica cotidiana. Grande parcela dos casos de amputações de membros inferiores em pessoas com DM é evitável, portanto, assumem 21 importância central (BRASIL, 2013; Grupo De Trabalho Internacional Sobre Pé Diabético, 2001). Nesse contexto, é de relevância o cuidado com os pés para a pessoa com DM, que pode identificar precocemente as alterações, permitindo o tratamento oportuno e evitando complicações. As ações preventivas e educativas devem ser associadas ao exame periódico, à rotina recomendada para avaliação dos pés e os tratamentos recomendados para as principais alterações do exame (ADA, 2013). Classificação fisiopatológica do pé diabético: Sinal/ Sintomas Pé Neuropático Pé Isquêmico Temperatura do pé Quente ou morno frio Coloração do pé Coloração normal Pálido com elevação ou cianótico com declive Aspecto da pele do pé Pele seca e fissurada Pele fina e brilhante Deformidade do pé Dedo em garra, dedo em martelo, pé de Charcot ou outro Deformidades ausentes Sensibilidade Diminuída, abolida ou alterada (parestesia) Sensação dolorosa, aliviada quando as pernas estão pendentes Pulsos pediais Pulsos amplos e simétricos Pulsos diminuídos ou ausentes Calosidades Presentes, especialmente na planta dos pés Ausente Edema Presente Ausentes Localização mais comum da úlcera (se houver) 1º e 5º metacarpos e calcâneo (posterior); redondas, com anel querotásico periulcerativo; não dolorosas Latero-digital; sem anel querotásico; dolorosas Fonte: Dealey, 2006; International Diabetes Federation, 2006/Manual do Pé diabético, 2016. Com o intuito de transmitir, de maneira simples e clara, a importância da abordagem integral da pessoa com DM, foi criado o desenho de uma mão (apresentada na Figura abaixo), cujas intervenções são apresentadas do dedo polegar ao dedo mínimo em ordem decrescente de relevância para os resultados na saúde do indivíduo (ERLICH et al., 2014). 22 “Dê uma mão ao seu paciente com Diabetes” Manual do Pé Diabético, 2016. Periodicidade recomendada para avaliação dos pés da pessoa com DM, segundo a classificação de risco do Pé Diabético. CATEGORIA DE RISCO PERIODICIDADE DE ACOMPANHAMENTO RECOMENDADA 0 Anual, preferencialmente com médico ou enfermeiro da AB. 1 A cada 3 a 6 meses, com médico ou enfermeiro da AB. 2 A cada 2 a 3 meses, com médico e/ou enfermeiro da AB. Avaliar necessidade de encaminhamento para outro ponto de atenção. 3 A cada 1 a 2 meses, com médico e/ou enfermeiro da AB, ou equipe especializada. Manual do Pé Diabético, 2016. 23 Uma vez constatada qualquer alteração que coloque a pessoa em categoria de risco distinta da definida em avaliação prévia, consequentemente, a periodicidade para reavaliação deve ser redefinida. Pessoas com úlceras instaladas podem precisar de acompanhamento semanal ou até mesmo diário. Nesse caso, o atendimento deve ser feito preferencialmente em horário em que não haja excesso de demanda de atendimentos por outros motivos, para não tumultuar a agenda e não deixar o paciente esperando por muito tempo, garantindo o atendimento de qualidade. Importante considerar os momentos de visita domiciliar e encontros com o ACS como mais uma oportunidade de observar e acompanhar os usuários que atingem classificação acima de 1. Organização ideal do sistema do manejo e conduta do Pé diabético, conforme a estratificação do risco. Cuidado preferencialmente realizado na AB Avaliação periódica do Pé Diabético. Estratificação do risco. Orientação para o autocuidado com o pé. Manejo de condições menores associadas a risco de complicações, como micoses interdigitais, calosidades, unha encravada, infecções leves e moderadas, manejo da dor, entre outros. Cuidado idealmente realizado na AB pela equipe multiprofissional, podendo ser compartilhado com outros níveis de atenção. Avaliação periódica do pé de maior risco devido a deformidades e/ou diminuição da sensibilidade plantar. Cuidado preferencialmente realizado na AB por equipe multiprofissional capacitada, mas podendo ser compartilhado com outros níveis de atenção. Manejo de úlceras não complicadas (Estágio A, Grau 0 a 2). Cuidado obrigatoriamente compartilhado entre equipe multiprofissional com o angiologista/cirurgião vascular Úlcera isquêmica ou neuroisquêmica (mista)(Estágio C). Úlcera sem resposta ao tratamento após quatro semanas. Úlcera com necrose ou gangrena Cuidado obrigatoriamente compartilhado entre equipe multiprofissional e o terapeuta ocupacional Deformidades no pé com indicação de calçado especial. Cuidado obrigatoriamente compartilhado entre equipe multiprofissional e o ortopedista Deformidades ósseas no pé com possível indicação cirúrgica. Artropatia de Charcot 24 Encaminhamento com urgência para internação hospitalar Úlcera profunda com suspeita de comprometimento ósseo ou de articulação (Grau 3). Febre ou condições sistêmicas desfavoráveis. Celulite (> 2 cm ao redor da úlcera). Isquemia crítica. Quando a pessoa não tem condições de realizar tratamento domiciliar adequado. Fonte: Adaptação de Brasil, 2013/Manual do Pé diabético, 2016 7.6 ÚLCERA PLANTAR NA HANSENÍASE A causa básica do aparecimento de feridas nas regiões dos pés é a perda de sensibilidade protetora na região plantar por lesão do nervo tibial posterior, causada pelo Mycobacterium leprae. As presenças de modificações da forma do pé por alterações da estrutura óssea criam pressões anormais facilitando o surgimento de úlceras. O riscode úlcera plantar aumenta quando há paralisia dos músculos intrínsecos do pé, a perda do coxim normal sob a ação dos metatarsianos e a pele anidrótica. O tratamento da úlcera plantar se dá através da imobilização do pé, repouso e tratamento da úlcera com limpeza e curativo apropriado. 7.7 QUEIMADURAS A lesão provocada pela queimadura pode ser descrita com base na sua profundidade, sendo classificada como de primeiro grau, quando é comprometida apenas a epiderme, apresentando eritema e dor; de segundo grau, quando atinge a epiderme e parte da derme, provocando a formação de flictenas; e de terceiro grau, quando envolve todas as estruturas da pele, apresentando-se esbranquiçada ou negra, pouco dolorosa e seca. 25 Classificação Grau da queimadura Agente s Aparência da Superfície Cor Nível doloroso Superficial (1º grau) Sol, raios Seco, sem bolhas, Avermelhada Doloroso ultravioletas. mínimo edema. Parcial (2º grau) Líquidos aquecidos, Úmida , presença de Rosa Muito doloroso vapor quente. bolha. impermeado por coloração branca ou vermelha Total (3ºgrau) Chama direta, Seca, sem retorno Amarelado, Mínimo ou líquido s aquecidos, capilar, vasos sanguíneos marrom, preto, indolor químico e elétrico. coagulados. cor de cera. Cálculo da superfície A Regra dos Noves é utilizada para o cálculo da Superfície Corporal Queimada (SCQ) Área Adulto Criança Cabeça e pescoço 9% 18% Membro Superior Direito 9% 9% Membro Superior 9% 9% Esquerdo Tronco Anterior 18% 18% Tronco Posterior 18% 18% Genitais 1% - Membros Inferiores Direto 18% 14% Membros Inferiores 18% 14% Esquerdo Na escolha do tratamento, deve-se considerar não só a profundidade da lesão, mas também a sua fase evolutiva. As queimaduras de primeiro grau, dependendo da 26 extensão, geralmente evoluem rapidamente, regenerando-se em até cinco dias, sendo indicado uso de creme hidratante local. A queimadura de segundo grau tem sido classificada como superficial e profunda, e a sua evolução dependerá desta graduação de profundidade e da ocorrência ou não de complicações, sendo as infecções uma das causas mais freqüentes de piora tanto no âmbito tópico quanto no sistêmico. As queimaduras de segundo e terceiro graus terão que passar por um processo de desbridamento que consiste na retirada de tecidos desvitalizados. 8 CICATRIZAÇÃO A pele, quando lesada, inicia imediatamente uma série de fases sobrepostas, denominada cicatrização. A cicatrização ocorre por meio de um processo dinâmico, interdependente, contínuo e complexo, cuja finalidade é restaurar os tecidos lesados. Este processo é composto pelas seguintes fases: inflamatória, proliferativa e de maturação. Fase Inflamatória: nessa fase ocorre reação local não específica e danos teciduais com invasão de microrganismos. A pele apresenta calor, rubor, edema, seguida de dor. Tem inicio imediato com duração de 3 a 5 dias. É o processo que ocorre no organismo como defesa à lesão tecidual e envolve reações neurológicas, vasculares e celulares que destroem ou barram o agente lesivo e substituem as células mortas ou danificadas, por células sadias. Possui a função de ativar o sistema de coagulação, promover o desbridamento da ferida e a defesa contra microrganismos. Fase Proliferativa: é constituída por quatro etapas fundamentais: epitelização, angiogênese, formação de tecido de granulação e deposição de colágeno. Esta fase tem início ao redor do 4º dia após a lesão e se estende aproximadamente até o término da segunda semana. A epitelização ocorre precocemente. Se a membrana basal estiver intacta, as células epiteliais migram em direção superior, e as camadas normais da epiderme são restauradas em três dias. Se a membrana basal for lesada, as células epiteliais das bordas da ferida começam a proliferar na tentativa de restabelecer a barreira protetora. A angiogênese é estimulada pelo fator de necrose tumoral alfa (TNF- α) e é caracterizada pela migração de células endoteliais e formação de capilares, essencial para a cicatrização adequada. A parte final da fase proliferativa é a formação 27 de tecido de granulação. Os fibroblastos e as células endoteliais são as principais células da fase proliferativa. Os fibroblastos dos tecidos vizinhos migram para a ferida, porém, precisam ser ativados para sair de seu estado de repouso. O fator de crescimento mais importante na proliferação e ativação dos fibroblastos é o PDGF, que são proteínas receptoras transmembranares. Em seguida, é liberado o TGF-β, que estimula os fibroblastos a produzirem colágeno tipo I e a transformar-se em miofibroblastos, que promovem a contração da ferida. Maturação: pode levar um ano nas feridas fechadas e mais nas feridas abertas. Nessa fase a vascularização diminui, o colágeno se reorganiza, o tecido de cicatrização se remodela e fica igual ao normal. A cicatriz assume a forma de uma linha fina e coloração branca, o que aumenta a força de distensão local. 8.1 FATORES QUE INTERFEREM NA CICATRIZAÇÃO: Idade: nos extremos de idade o funcionamento do sistema imunológico está alterado, ora por imaturidade, ora por declínio de função; Uso de substâncias impróprias para limpeza da ferida: algumas soluções são irritantes e citotóxicas; Uso de substâncias impróprias para antissepsia: algumas substâncias são lesivas aos fibroblastos; Compressão exagerada na oclusão ou na limpeza mecânica da lesão: pode promover necrose dos tecidos; Constituição/peso em relação à altura: na obesidade temos o aumento da espessura do tecido subcutâneo (adiposo), o qual é pobremente vascularizado; Estado de nutrição (alimentação e hidratação): para reconstrução tecidual é necessário aporte de nutrientes, especialmente as proteínas; Diabete: além da diminuição da resposta imunológica, os novos capilares podem ser lesados devido à hiperglicemia; Uso de drogas: esteróides, imunossupressores, citotóxicos; Tabagismo: a nicotina altera o funcionamento do sistema imunológico. As substâncias liberadas pelo cigarro (ou similar) são citotóxicas, além disso, causam vaso constrição, favorecem aterosclerose e hipóxia tecidual, haja vista a diminuição da capacidade de perfusão alveolar; 28 Infecção: a presença de microrganismos prolonga a fase inflamatória e a lesão tecidual. 9 AVALIAÇÃO DA PESSOA COM FERIDAS Para a escolha de um curativo adequado, é essencial uma avaliação criteriosa da ferida. É necessário levar em consideração as evidências clínicas observadas quanto à localização de tecido de granulação e quantidade de tecido necrótico, sua drenagem e as condições da pele perilesional. A sistematização do tratamento de feridas ocorre por meio de ações simples que visam remover as barreiras que impedem a cicatrização. Devemos observar: Dor: o paciente informa o escore de dor, segundo avaliação própria, após ser esclarecido da correspondência de cada valor: - 0 – ausência de dor; - 1 – leve: dor sem demanda de analgésico; - 2 – moderada: dor com demanda de analgésico relativa; - 3 – intensa: dor com demanda de analgésico em horários específicos. Edema: avalia-se a profundidade do cacifo formado a partir da pressão do dedo sobre os tecidos contra a estrutura óssea. Quanto mais profundo o cacifo, maior o número de cruzes, conforme escala abaixo: - 1+/4+ - 2+/4+ - 3+/4+ - 4+/4+ Esta avaliação não se aplica em caso de edema duro (linfedema). Tamanho: use a régua para medir, em centímetro, o maior comprimento e a maior largura da superfície da ferida; multipliquem comprimento x largura, para obter a área em cm2.29 Observações: - Na presença de duas ou mais feridas, separadas por pele íntegra de até 2 cm, deve-se considerar como lesão única. Fazer a mensuração das feridas, calcular a área lesada e somá-la; - Durante o processo cicatricial com a formação de ilha de epitelização, que divide a ferida em várias, deve-se considerar na horizontal a medida da maior ferida e, na vertical, somar a medida de todas as feridas. Calcular a área posteriormente, considerando apenas uma lesão. Profundidade: escolha a profundidade e a espessura mais apropriada para a ferida, usando essas descrições adicionais: Dano tecidual sem solução de continuidade na superfície da ferida; Superficial, abrasão, bolha ou cratera rasa. Plana/nivelada com a superfície da pele e / ou elevado acima da mesma (ex. hiperplasia); Cratera profunda com ou sem descolamento de tecidos adjacentes; Sem possibilidade de visualização das camadas de tecidos devido à presença de necrose; Comprometimento de estruturas de suporte tais como tendão, cápsula de articulação. CLASSIFICAÇÃO BASEADA NO COMPROMETIMENTO TECIDUAL. Dividem-se em 4 estágios, de acordo com a sua profundidade: Estágio 1: não há perda tecidual, ocorre comprometimento apenas da epiderme, com presença de eritema em pele intacta; Estágio 2: perda de tecido envolvendo a epiderme, a derme ou ambas (a úlcera é superficial e apresenta-se clinicamente como uma abrasão ou úlcera rasa); Estágio 3: perda total da pele, com necrose de tecido subcutâneo, sem comprometimento da fáscia muscular (a ferida apresenta-se clinicamente como úlcera profunda); Estágio 4: ocorre destruição extensa de tecido, necrose tissular ou lesão de osso, músculo ou estruturas de suporte. 30 TÉCNICA DE MENSURAÇÃO DA PROFUNDIDADE DA LESÃO: Limpar a ferida; Introduzir uma haste flexível com ponta de algodão no ponto mais profundo da lesão; Marcar no instrumento o ponto mais próximo da borda; Medir com uma régua o segmento marcado e anotar resultados em cm para comparação posterior. Tipo de tecido: Tecido necrosado: define o tipo de tecido necrosado predominantemente na ferida de acordo com a cor, a consistência e a aderência, usando o seguinte roteiro: • Necrose branca/cinza: pode aparecer antes de a ferida abrir, a superfície da pele está branca ou cinza; • Esfacelo amarelo, não aderido: fino, substância mucinosa, espalhado por todo o leito da ferida; facilmente separado do tecido da ferida; • Esfacelo amarelo, frouxamente aderido: espesso, viscoso, pedaços de fragmentos, aderido ao leito da ferida; • Tecido preto, macio e aderido: tecido saturado de umidade, firmemente aderido ao leito da ferida; • Tecido preto / duro, firmemente aderido: tecido firme e duro, fortemente aderido ao leito e às bordas da ferida (como uma crosta dura / casca de ferida. Obs quanto à quantidade de tecido necrosado: determinar o percentual de ferida envolvida. Tecido de Granulação: tecido de granulação é o crescimento de pequenos vasos sanguíneos e de tecido conectivo para preencher feridas de espessura total. O tecido é saudável quando é brilhante, vermelho vivo, lustroso e granular, com aparência aveludada. Quando o suprimento vascular é pobre, o tecido apresenta-se de coloração rosa pálido ou esbranquiçado para o vermelho opaco. 31 Exsudato: O exsudato é o líquido inflamatório extravascular com concentração proteica elevada e grande quantidade de restos celulares. A presença de exsudato no leito da ferida é uma reação natural do processo de cicatrização. Deve-se avaliar cor, volume, consistência e odor do exsudato. Em relação ao odor, pode ser inodoro ou fétido. São destacados três tipos de exsudado: Seroso: plasmático, aquoso, transparente e encontrado nas lesões limpas. Sanguinolento: avermelhada, indicativo de lesão vascular. Purulento: espesso, coloração amarelada, esverdeada, marrom, conforme o processo de infecção. A mensuração do exsudato é anotada por muitos profissionais por pequena, média ou grande quantidade, porém, esta forma torna a avaliação subjetiva e não confiável. A mensuração de gazes molhadas retiradas do curativo anterior pode ser um método mais preciso, onde é possível obter os seguintes volumes: Pouco: até 05 gazes; Moderado: de 05 a 10 gazes; Acentuado: mais de 10 gazes. Pele ao redor da ferida: A pele ao redor da ferida poderá apresentar-se fria, seca e fina, dados comuns nas patologias arteriais; descamativa e quente, comuns nas patologias venosas e com sinais de dermatite, frequentes em feridas exsudativas. 10 GESTÃO DO BIOFILME EM FERIDAS CRÔNICAS E INFECTADAS Dionísio, Paulo, Estomoterapeuta. O biofilme consiste em uma comunidade de micro-organismos de diversas espécies que, junto com o exsudato, formam uma substância polimérica extracelular (SPE), criando uma barreira, frequentemente descrita como “limo” que protege os micro-organismos de ameaças, bloqueando a ação dos antimicrobianos, agentes antibióticos e antissépticos. A 32 variedade genética das bactérias dessa comunidade no leito de uma ferida interage entre si com o intuito de manter vantagem sobre o hospedeiro. O biofilme está presente em cerca de 76% das feridas crônicas, o que está intimamente relacionado ao estado crônico das lesões e pelo menos 80% das infecções bacterianas estão associadas a sua formação. O biofilme mantém a ferida em estado inflamatório e se torna uma barreira física para a cicatrização. A identificação diagnóstica se dá por métodos maus custosos, como microscopia eletrônica, por exemplo. No entanto, a avaliação clínica é fundamental para a introdução do tratamento, ainda que os métodos diagnósticos não sejam utilizados, o que é a realidade da prática clínica. O desenvolvimento de um biofilme microbiano geralmente ocorre em 3 fases: aderência inicial reversível na superfície (estado planctônico), aderência irreversível; fase de maturação e dispersão do biofilme maduro (formação da matriz protetora viscosa). A primeira fase - consiste na adesão das células livres planctônicas, que na forma solitária se fixarão na superfície da ferida, essa fase ainda é reversível. Na segunda fase - já acontece a multiplicação celular; as bactérias se aderem firmemente e se diferenciam por mudanças nos padrões de expressão genética. Este geralmente é o resultado de um tipo de comunicação conhecida como “percepção de quórum”. Na última fase - uma vez o biofilme formado, as bactérias começam a secretar uma substância polimérica extracelular (SPE) composta de polissacarídeos, proteínas, glicolipídios e DNA bacteriano. A adesão e a formação do biofilme são limitadas por características dos micro- organismos como: expressão dos fatores de virulência, material aderente e características do meio (pH, temperatura e umidade). As feridas crônicas apresentam um pH mais alcalino, e isso cria um meio favorável para proliferação bacteriana, levando a períodos de cicatrização mais demorados. O principal objetivo de estratégias para combater o biofilme é reduzir a carga microbiana e, consequentemente, a formação de biofilme, buscando-se evitar a sua reformação. O biofilme tem a característica de recuperar-se rapidamente mesmo após uma ação mecânica e a tolerar os efeitos de agentes antimicrobianos. A formação das microcolônias pode iniciar em menos de 24 horas e, em até 48 horas, temos a formação completa da matriz polimérica extracelular (SPE). 33 Estratégias para Prevenção e combate ao biofilme Características de uma cobertura para o combate ao biofilme e a sua reformação. 1 - Identificar as características da presença do biofilme 2 - Utilizar estratégias de limpeza, desbridamento (instrumental oucirúrgico, quando indicado) 3 - Associar tratamento tópico que bloqueie a formação do biofilme e realize a interrupção do seu ciclo 4 - Ajuste do pH da ferida A nova geração da cobertura antibiofilme apresenta algumas características que auxiliam em sua quebra e impedimento da reformação. Para o combate é necessário que a cobertura realize a decomposição ao biofilme e a interrupção da reformação. Deve permitir a exposição das bactérias para uma eficaz eliminação mediante um agente antimicrobiano potente e que impeça a reformação do biofilme maduro. Cobertura antibiofilme que tem a Tecnologia Hydrofiber® e Tecnologia MORE THAN SILVER™ demonstra de maneira eficaz a capacidade de gerenciamento do exsudato e combate ao biofilme e a infecção. Os três componentes interativos e antibiofilme da cobertura são: 1- Prata iônica – agente antimicrobiano responsável por matar bactérias plantônicas 2- Quelante de metais (ácido etilenodiamino tetra-acético – EDTA) – rompe o biofilme removendo íons de metal que mantem a biopelícula unida, expondo os microorganismos à ação da prata iônica. 3- Surfactante (cloreto de benzetônio - BEC) – reduz a tensão superficial do biofilme para facilitar a ação do EDTA em remover os metais. Todos os componentes trabalham em sinergia para romper o biofilme e maximizar transferência da prata iônica para as bactérias, além de manter o pH do leito da ferida o mais próximo da pele saudável, em torno de 5.5 e impedir a reformação. Critérios de identificação do biofilme 1 - Falha no tratamento antibiótico adequado 2 - Resistência ao tratamento antimicrobiano apropriado 3 - Recorrência de cura retardada na cessação do tratamento antibiótico 4 - Atraso na cicatrização, apesar do gerenciamento ótimo da ferida e suporte de saúde 5 - Maior exsudato / umidade 6 - Inflamação crônica de baixo nível 7 - Eritema de baixo nível 8 - Má granulação / hipergranulação friável 34 ALGORÍTIMO CLÍNICO PARA IDENTIFICAÇÃO DO BIOFILME ALGORÍTIMO DE INTERVENÇÕES NA GESTÃO DO BIOFILME EM FERIDAS 35 11 PRINCÍPIOS PARA REALIZAÇÃO DE CURATIVOS O curativo é a denominação genérica que se dá aos procedimentos e cuidados externos dispensados a uma lesão. A proposta do tratamento de uma lesão com a utilização de um curativo tem por finalidade: Limpar a lesão; Proteger do traumatismo mecânico; Prevenir contaminação exógena; Absorver secreções; Minimizar acúmulo de fluidos e odores por compressão; Imobilizar; Cicatrizar a lesão. Alguns cuidados devem ser observados na realização de curativos: Manutenção do meio seco Para lesões como suturas e locais de inserção de dispositivos invasivos na pele (cateteres vasculares centrais, fixadores e sistemas de drenagem), os curativos devem ser mantidos limpos e secos, pois a umidade é fator de risco para colonização bacteriana e, consequentemente, para infecções. Para incisões cirúrgicas, a oclusão deverá ser por 24 a 48 horas mantendo o curativo seco e realizando a troca quando necessário. Manutenção do meio úmido Para lesões abertas, tais como lesão por pressão e deiscência, entre outros, os curativos oclusivos devem ser mantidos úmidos, para auxiliar na cicatrização. É necessário também ser estéril, confortável e permitir trocas gasosas. 11.1 NORMAS BÁSICAS DE ASSEPSIA PARA CURATIVO Para a realização de um curativo, é necessário obedecer aos princípios de assepsia, onde se preconiza: Higienizar as mãos antes e após a realização do curativo; Remover assepticamente tecidos desvitalizados ou necrosados; Limpar do local menos contaminado para o mais contaminado; Utilizar pinças estéreis, preferencialmente; Utilizar luvas estéreis em substituição às pinças estéreis. 36 11.2 NORMAS TÉCNICAS PARA REALIZAÇÃO DO CURATIVO Existem duas técnicas distintas para realização de curativos: técnica asséptica (ou estéril) e técnica limpa. Para feridas limpas é obrigatório o uso de técnica asséptica e para as demais feridas não há definição da necessidade de técnica estéril (asséptica) ou técnica limpa. Técnica estéril - as mãos devem ser lavadas com solução antisséptica antes e após o curativo; deve ser utilizado material ou luvas estéreis para manipulação da lesão; a limpeza deve ser feita de dentro para fora, com solução estéril, e utilizar cobertura estéril. Recomendamos a utilização exclusiva da técnica estéril para o tratamento hospitalar de feridas, devido aos riscos aumentados de colonização das lesões. Técnica limpa – as mãos devem ser lavadas com solução antisséptica ou água e sabão antes e após o curativo, pode ser utilizado material limpo para manipulação da lesão; a limpeza da lesão poderá ser feita com água limpa e tratada, porém a cobertura da lesão deve ser preferencialmente estéril. Esta técnica pode ser utilizada no tratamento domiciliar e criteriosamente nos tratamentos ambulatoriais. A escolha da técnica deve considerar os riscos de contaminação da lesão, as características da ferida e as características individuais do paciente. 12 TÉCNICAS DE CURATIVO Técnica de curativo convencional Higienizar as mãos; Paramentar com luvas de procedimento, máscara e óculos de proteção. Usar capa e gorro quando necessário; Abrir material de curativo com técnica asséptica. Curativo com pinças Remover o curativo sujo com a pinça dente de rato; Montar a pinça Pean ou Kelly com gaze, auxiliada pela pinça anatômica; Umedecê-la com a SF 0,9%, atentando para não encostar a gaze no frasco; 37 Realizar limpeza da ferida com jato de soro fisiológico a 0,9% com aproximadamente 10 cm de distância da lesão (fazer desinfecção prévia do frasco com álcool a 70% e furar o mesmo, uma única vez, com agulha 40 x 12, retirando a mesma), atentando para o sentido da limpeza: movimentos do centro para periferia. Avaliar o tipo de curativo a ser utilizado conforme padronizado neste documento; Utilizar cobertura secundária quando necessário; Realizar enfaixamento com atadura de crepom em sentido distal-proximal, da esquerda para direita, com o rolo de atadura voltado para cima, quando necessário. Em caso de abdômen, utilizar a técnica em Z (em jaqueta com atadura de crepom de 20 ou 25 cm); Fazer enfaixamento compressivo de úlceras venosas; Realizar anotações (região anatômica, aspecto, quantidade e tipo de exsudato) na Ficha de Consulta de Enfermagem (em anexo); Colocar data da próxima troca e nome de quem realizou o curativo; Desprezar os materiais utilizados; Higienizar as mãos após o término do procedimento. 13 DESBRIDAMENTO A desbridação é o ato de remover da lesão o tecido desvitalizado e/ou material estranho ao organismo. Desbridamento autolítico – significa auto degradação natural do tecido necrótico. Para que este processo possa acontecer, é necessário que o leito da ferida seja mantido com umidade fisiológica e temperatura em torno de 37ºC, utilizando coberturas que são detentoras de umidade. Sua vantagem é ser um método indolor, não invasivo e seletivo (destrói somente o tecido desvitalizado). Exemplo: Hidrogel. Desbridamento químico (ou enzimático) – método onde são utilizadas enzimas proteolíticas para obter remoção mais rápida do tecido desvitalizado. Não é um método seletivo. Exemplo: Colagenase e Papaína. 38 Desbridamento mecânico – Consiste na remoção da necrose do leito da ferida utilizando força física. Pode ser usada fricção com gaze, irrigação com jato de soro, curativo úmido-seco, instrumental cortante, podendo ser necessária ou não a analgesia. O desbridamento mecânico, por ser um método traumático, é uma atribuição médica ou de enfermeiro habilitado. 14 TÉCNICA DE ENFAIXAMENTOÉ a aplicação de uma faixa com o objetivo de: envolver, conter e proteger as partes lesadas; manter curativos e talas; facilitar a circulação venosa através de compressão; imobilizar membros. Observações: O enfaixamento deve ser feito sempre da parte distal para a proximal; Atentar para garroteamento sobre a lesão; Não iniciar ou terminar o enfaixamento sobre a lesão; Em úlceras venosas, o enfaixamento deverá ser feito do pé até o joelho; Em úlceras arteriais o enfaixamento não deverá ser compressivo. 15 CULTURA COM ANTIBIOGRAMA Deve ser feita em suspeita de infecção. O método preferido para coleta de material para cultura é através do líquido obtido por aspiração com agulha com a seringa ou biopsia de tecido. A punção percutânea é o melhor método pela simplicidade e facilidade de obtenção de amostras de úlceras, abscessos e lesões superficiais. Fazer a desinfecção da pele com 10 % de povidona iodo e deixa-se secar durante um minuto. A punção da pele é com uma seringa e agulha (X 40 mm. 09 milímetros) direcione a agulha para área de tecido de granulação, se não obtiver material aspirado, fazer lavado com 0,5 cc de solução fisiológica. 39 15.1 CULTURA DE SECREÇÃO (TÉCNICA DA COLETA COM DOIS SWABS) Realizar a limpeza da ferida apenas com solução fisiológica, vinte e quatro (24) horas antes da coleta do material para cultura. Usar um swab para a borda da ferida e outro para o centro da ferida. Tentar colher amostra o mais profundamente possível. Etiquetar os dois swabs. A coleta deve ser feita pelo Enfermeiro. 16 FERIDAS ORTOPÉDICAS Vanni, Fabiana, Estomoterapeuta. Salvador, 2019 Segundo Silva, o paciente que recebe cuidados em ortopedia é portador de doenças ou alterações musculoesqueléticas de origem traumática, crônica ou degenerativa, que necessita de assistência especializada em traumato-ortopedia e pode ser criança, adolescente, adulto ou idoso. Conforme Tashiro (2001, p.1), a demanda desses usuários é significativa, sobrevindo a necessidade de conhecimentos de cuidados específicos na área e, para tanto, exigindo profissionais de enfermagem capacitados para desenvolver esse tipo de cuidado. O paciente com problemas ortopédicos pode sofrer complicações que podem ser ou não potencializadas por fatores, tais como: imobilidade no leito, baixa imunidade, déficit neurológico, desnutrição, infecções, dentre outros, e que foram desencadeadas pela doença ortopédica ou por trauma. O profissional que for trabalhar com essa especialidade deve estar atento ao exame físico geral e ortopédico, analisando a clínica do cliente e determinando o diagnóstico, para enfim, traçar seu plano de cuidados. Várias consequências podem ser geradas pela patologia ortopédica, destacando-se: deformidades ósseas, infecções, disfunções neurológicas, dor e dificuldade ou déficit de movimento, sendo as duas últimas as principais colaboradoras para a perda da integridade cutânea. Na assistência ao paciente ortopédico, o enfermeiro poderá se deparar com um cliente com mobilidade física prejudicada devido ao seu processo patológico ou traumático, podendo estar em uso de diversos instrumentais necessários à sua terapêutica, tais como: próteses, implantes, aparelho gessado, fixadores externos, tração, pinos, parafusos, imobilizadores, entre outros. O objetivo da enfermagem na assistência a pacientes ortopédicos é reestabelecer e manter a máxima função dos sistemas musculoesquelético e neurológico. (Donahoo, 1979) Na ocorrência de um trauma ortopédico, esse cliente pode ter sido acometido de perda de tecido tegumentar ou ósseo, perda do membro ou parte desse. 40 Para planejar a assistência de enfermagem e orientar sua conduta, o enfermeiro deve identificar: A etiologia da lesão: cirúrgica, traumática, crônica; Grau de contaminação da lesão: limpa, limpa-contaminada, contaminada ou suja; Rompimento das estruturas superficiais: abertas, fechadas; Agentes vulnerantes produtores da lesão: agentes mecânicos (incisões, contusões, puntiformes, perfuroincisas, cortocontusas e perfurocontusas), agentes físicos (temperatura, eletricidade, energia industrial) ou agentes químicos; Penetração em cavidade (ferida penetrante ou não penetrante); Profundidade dos planos atingidos: superficial, profunda, transfixante). Além destas classificações iniciais, é fundamental também atentar para a identificação e classificação do exsudato (seroso, aquoso, sanguinolento ou purulento), dimensão e aspecto da lesão, dados importantes para o registro, medidas e avaliação da evolução da cicatrização e resultados das terapias tópicas utilizadas. O cuidado ideal em ortopedia, inclui um diagnóstico preciso, bem como o período cicatricial da lesão, para então definir como tratar a lesão conforme suas necessidades, meios e recursos disponíveis. A realização de um registro sistemático é de fundamental importância, descrevendo a integridade cutânea, norteando as condutas do enfermeiro. As intervenções de enfermagem devem ter duas abordagens: a prevenção, diminuindo os riscos para a integridade da pele prejudicada, e o tratamento das feridas instaladas, como incisões cirúrgicas, lesões de trauma e úlceras por pressão. (Silva, Figueiredo, Meireles, 2009) O curativo de um paciente em uso de tala gessada, deve fundamentalmente buscar manter a posição do membro afetado em alinhamento, com vistas a prevenir complicações e melhorar a circulação periférica do cliente. Deve-se observar a presença de pontos de pressão na pele em contato com o aparelho gessado. CUIDADOS DE ENFERMAGEM NO CURATIVO DE FERIDAS ORTOPÉDICAS: Observar pontos de pressão na pele; Verificar os sinais de irritação da pele; Avaliar a lesão; Atentar para alteração da circulação sanguínea local, gangrena, úlceras, dermatites, pressão dos nervos periféricos, perda de movimentos; Posicionar em alinhamento; Evitar deixar o membro afetado pendente – apoiar em coxins durante o procedimento; Realizar técnica de janela – sempre que possível; Registrar a evolução da lesão (estágio, tecido encontrado, secreção e odor), terapia tópica e cobertura utilizada; Avaliar a resposta do processo cicatricial a terapia utilizada. 41 TÉCNICA DE CURATIVO EM APARELHO GESSADO – TÉCNICA DE JANELA A assistência de enfermagem ao atendimento ao cliente portado de patologias ortopédicas, está regulamentada pela RESOLUÇÃO COFEN – Nº 422/15 de fevereiro 2012 – que dispõe sobre o Exercício profissional da Enfermagem em Ortopedia. Art. 1º A assistência de enfermagem em Ortopedia e os procedimentos relativos à imobilização ortopédica poderão ser executados por profissionais de Enfermagem devidamente capacitados. Cita-se ainda pelo Conselho Federal de Medicina, através do Processo Consulta CFM Nº 1.709/1999 PC/CFM/Nº35/2002 – que descreve que a imobilização de fraturas simples, após diagnóstico, indicação e total supervisão pelo médico assistente, poderá ser realizada pelo técnico, não configurando exercício ilegal da Medicina. Os cuidados de enfermagem à ortopedia demandam de um alicerce de conhecimentos que colaborem para a definição de um plano assistencial preciso e adequado, evitando complicações para o paciente. O desenvolvimento de novas técnicas cirúrgicas, próteses e tratamentos exigem do profissional atuante em traumato-ortopedia a atualização constante do conhecimento, pois a compreensão da intervenção que o paciente será submetido colabora para a sistematização da assistência de enfermagem ao cliente. Portanto, é preciso haver profissionais qualificados para o cuidado a essa clientela, capazes de desenvolver um plano de cuidados de enfermagem de forma efetiva, respeitando as restrições físicas de cada cliente, atendendo às suas necessidades e aos procedimentos terapêuticos. 42 17 COBERTURASPADRONIZADAS PELA SMS 17.1 ESPUMA HIDROCELUAR DE POLIURETANO (Ex: Allevyn) Apresentação: adesivo secundário com design anatômico. Composição: Poliuretano. Indicação: mantém um meio úmido apropriado à cicatrização de lesões com exsudado, incluindo lesões por pressão, úlceras de perna, ferimentos infectados e úlceras de pé diabético. Aplicação: prepare e limpe a pele em torno da ferida removendo o excesso de umidade. Os pelos em excesso devem ser cortados para assegurar um contato íntimo com a ferida. Pressione levemente o curativo sobre a ferida removendo o material protetor restante e certifique-se de que o curativo está bem aderido às bordas da ferida. A cobertura pode ser cortada para se ajustar ao tamanho da ferida. Troca: a cada 7 (sete) dias ou quando o exsudato for visível na camada externa da cobertura. A troca da cobertura secundária deve ser diária, ou sempre que necessário. 17.2 COMPRESSA NÃO ADERENTE (Ex: Petrolatum) Apresentação: placas (7,5 x 7,5 cm e 7,5 x 20 cm). Composição: acetato de celulose impregnada com petrolatum. Mecanismos de ação: promove desbridamento autolítico, estimula a cicatrização por manter a ferida úmida, preserva o tecido de granulação e não adere ao leito da ferida. Indicação: queimaduras superficiais de 2º grau, áreas cruentas pós-trauma ou ressecção cirúrgica. Contraindicação: feridas exsudativas, com infecção. Aplicação: limpar a ferida com soro fisiológico a 0,9% e secar, aplicando a gaze não aderente e, em seguida, cobertura secundária. Troca: a cada 48 horas, ou antes, se necessário. A troca da cobertura secundária deve ser diária, ou sempre que necessária. 43 17.3 CARBOXIMETIL CELULOSE SÓDICA (Ex: Aquacel) Apresentação: Placa (4 x 6 cm, 10 x 10 cm, 15 x 15 cm e 20 x 20 cm) ou pasta (12 g). Composição: a camada externa é composta por filme de poliuretano e serve como barreira térmica mecânica aos gases, líquidos e aos microorganismos. A camada interna é composta de carboximetilcelulose sódica e alginato de cálcio, tem a propriedade de absorver exsudato, manter pH ácido e o ambiente da ferida úmido, estimulando o desbridamento autolítico e a angiogênese. Mecanismos de ação: estimula a granulação e a angiogênese (devido hipóxia no leito da ferida), absorve o excesso de exsudato, mantém a umidade e temperatura em torno de 37°C, facilitando o crescimento celular e a regeneração tissular; também promove o desbridamento autolítico e alivia a dor por manter protegidas, úmidas e aquecidas as terminações nervosas. Indicação: para feridas abertas não infectadas, com leve ou moderada exsudação, preenchimento de cavidades e queimaduras superficiais. Usar apresentação placa para feridas superficiais e pasta para feridas cavitárias. Contraindicação: feridas infectadas (neste caso, usar Aquacel com prata) e altamente exsudativas. Aplicação: deve ser aplicada diretamente sobre a ferida, deixando uma margem de 1 a 2 cm para perfeita aderência à pele íntegra. Pode ser recortada, não precisa de tesoura estéril pois as bordas da placa não entram em contato com o leito da ferida. Em caso do hidrocolóide pasta, aplicar o mesmo na cavidade e ocluir a ferida com cobertura secundária. Troca: De 5 a 7 dias, ou sempre que necessário. A troca da cobertura secundária convencional deve ser diária, ou sempre que necessária. Em caso de utilização de filme transparente como cobertura secundária, trocar a cada 05 dias juntamente com o hidrocolóide. 44 17.4 BOTA DE UNNA Apresentação: bandagem. Composição: 42% glicerina, 11,1% gelatina, 10,5% óxido de zinco, 100 g água qsp, 0,2% conservantes. Mecanismos de ação: é uma bandagem de compressão não elástica que apresenta efeito apenas durante a movimentação, quando ocorre a contração e relaxamento dos músculos dos membros inferiores, auxiliando o retorno venoso. Além de auxiliar o retorno venoso, diminui edema, promove proteção e favorece a cicatrização da úlcera. Indicação: úlcera venosa, úlcera de pacientes com hanseníase e edema. Contraindicação: pacientes que não deambulam, úlceras arteriais e mistas (arteriovenosas) com ITB < 0,8, úlcera infectada, úlcera com miíase, insuficiência cardíaca descompensada, DPOC, trombose venosa profunda, celulite, sensibilidade aos componentes da pasta. Deve ser retirada quando apresentar sinais e sintomas de insuficiência arterial (dedos pálidos ou cianóticos, edema severo acima da bandagem, dor ou falta de sensibilidade nos dedos). Aplicação: se o paciente utiliza outras coberturas, realizar o curativo antes do repouso e aplicação. Antes de iniciar o procedimento, colocar o paciente em repouso com os membros inferiores elevado por 30 minutos; Durante o enfaixamento, manter o pé em ângulo de 90º em relação à perna para favorecer a deambulação; Iniciar o enfaixamento da região distal do metatarso, incluindo o calcanhar, até 3 cm abaixo do joelho. O enfaixamento deverá ser sobreposto em 50% em espiral ou “8”; na região do calcanhar utilizar sempre o enfaixamento em “8”. Evitar dobras ou rugas na atadura durante o enfaixamento; Fazer pressão suficiente para manter o enfaixamento firme, porém, sem garrotear o membro; Aplicar gaze sobre a primeira bandagem para absorção do excesso de exsudato na região próxima à ferida, se houver necessidade; 45 Aplicar atadura sobre a bandagem, seguindo a mesma técnica utilizada na aplicação da bota de Unna. Troca: a cada 07 dias, ou antes, a depender do nível de infecção ou exsudação da lesão e do curativo primário utilizado. 17.5 ESPUMA DE POLIURETANO COM PRATA IÔNICA (Ex: Biatain Ag) Apresentação: curativo de espuma altamente absorvente. Composição: espuma de poliuretano absorvente, macia e flexível, que contém um complexo de prata patenteado; pode ser recortado. Mecanismo de ação: na presença de exsudato, a prata é continuamente liberada no leito da ferida durante 7 dias. Indicação: feridas infectadas e com exsudato. Contraindicação: feridas com necrose seca ou sem exsudato. Aplicação: deve ser utilizado com a face branca voltada para o leito da ferida, com cobertura de pelo menos de 2 cm além da borda da ferida; sendo necessário uma fixação externa (atadura ou micropore). Troca: no máximo a cada 7 dias, a depender do nível de exsudato. Ideal a cada 5 (cinco) dias. 17.6 HIDROGEL (Ex: Solosite e Saf-gel) Apresentação: gel (bisnaga 85 g). Composição: Com alginato (Saf-gel): alginato de cálcio e sódio, carboximetilcelulose sódica. Sem alginato (Solosite): água deionizada, glicerina, carboxi-metil-celulose sódica, alantoína, álcool benzílico metilparabeno propilparabeno. Mecanismos de ação: remove as crostas, tecido desvitalizado e necrose de feridas abertas, por meio de desbridamento autolítico. Não adere ao leito da ferida. Indicação: feridas com tecido desvitalizado, crostas e necrose, com pequena a média exsudação. Contraindicação: feridas com grande quantidade de exsudato, queimaduras de 3º grau. 46 Aplicação: deve ser usado sempre associado à cobertura oclusiva secundária. Troca: pode permanecer até 72 horas ou conforme saturação do curativo secundário. 17.7 POMADA ESTÉRIL COM 0,9%DE CONCENTRAÇÃO DE IODO (Ex: Iodosorb) Apresentação: bisnaga Composição: cadexômero, polietilenoglicol e 0,9% de concentração de iodo. Mecanismo de ação: remove o excesso de exsudato e fibrina na base da ferida e reduz a contaminação bacteriana na sua superfície. Indicação: tratamento tópico de feridas exsudativas, crônicas e infectadas, desbridamento de esfacelo. Contraindicação: não deverá ser usado em tecidos necróticos secos ou em doentes com sensibilidade conhecida
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