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05-TGC – Módulo I - Prof

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Direito Penal I 
Profº. Paulo Eduardo Sabio 
Ensino Jurídico à Distância 
1
Direito Penal I – Aula 05 
 
 
Teoria Geral do Crime – Módulo 01 
 
 
 Crimes, Contravenções e Infrações de Menor Potencial Ofensivo 
 
 Conceito Material e Formal de Crime 
 
 Sujeito Ativo dos Delitos 
 
 A questão da responsabilidade penal da pessoa jurídica 
 
 Sujeito Passivo dos Delitos 
 
 Objeto Material e Jurídico dos Delitos 
 
 
1. Considerações Iniciais 
 
 
 
 Começaremos a estudar, na presente aula, um dos principais elementos 
da ciência penal, qual seja, o crime . Começaremos nesta aula nossos estudos 
acerca da “Teoria Geral do Crime”. 
 
Sendo que: se partirmos da idéia de que quando pensamos em “Direito 
Penal”, mesmo que inconscientemente acabamos por ligar tal ramo do direito 
ao vocábulo “crime” , a importância do estudo da teoria geral do crime se torna 
ainda mais evidente. 
 
Saiba que: ao longo dos anos, vários vocábulos foram usados para traduzir a 
idéia de crime, e apenas à título de curiosidade, citaremos alguns destes 
vocábulos: scelus, maleficium, flagittum, fraus, peccatum, probum, delictum e 
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crimem, sendo que, de acordo com Damásio Evangelista de Jesus, estes dois 
últimos acabaram por perdurar até os dias de hoje. 
 
A propósito: leciona, ainda, o doutrinador supra que a expressão delito deriva 
de delinquere, que acaba por traduzir a idéia de abandono, de desvio. A 
expressão “delito”, portanto, traduz a idéia de abandono da lei1. 
 
2. Crimes, Contravenções e Delitos de Menor Potencial Ofensivo 
 
 Alguns países ( como a Alemanha, Rússia e França, por exemplo) 
dividem as infrações penais em três categorias, quais sejam: os crimes, os 
delitos e as contravenções, e tal divisão é feita levando-se em consideração a 
menor ou maior importância do bem jurídico tutelado. Entretanto, tal como nos 
expõe a melhor doutrina, a divisão mais comum é a bipartida , que divide as 
infrações penais em crimes e contravenções. E se formos levar em 
consideração o que diz o artigo 1º da Lei de Introdução ao Código Penal2, 
percebermos que esta divisão foi a adotada pelo nosso legislador. Vejamos o 
que diz o referido dispositivo: 
 
 
Art. 1º. Considera-se crime toda a 
infração penal a que a lei comina pena de 
reclusão ou detenção, quer isolada, 
alternativa ou cumulativamente com a pena 
de multa; contravenção ,a infração penal a 
que a lei comina, isoladamente, pena de 
prisão simples ou de multa, ou ambas, 
alternativa ou cumulativamente. 
( Grifo Nosso) 
 
Preste atenção: tal como enfatiza a maioria dos autores, em essência, não há 
qualquer diferença entre os crimes e as contravenções. A diferença se 
encontra apenas na maior ou menor gravidade do fato, na maior ou menor 
importância do bem jurídico protegido pela tutela penal. 
 
1 - Complementando: A doutrina italiana, por sua vez, usa a expressão reato para designar a idéia de “crime” 
Direito Penal I 
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3
 
A propósito: as contravenções também são denominadas, por alguns, de 
crime anão 
 
Continue Prestando Atenção: existe outra diferença importante entre crimes 
e contravenções, e que na maioria das vezes nem é comentada, por parecer 
muito óbvia, entretanto, temos por bem quebrar esta regra e falar desta 
diferença. 
 
 Tenha em mente que: os crimes, estão inseridos no próprio Código Penal, em 
sua Parte Especial, que se inicia no artigo 121, ou em outras leis penais 
extravagantes. Já no caso das contravenções, elas são previstas por uma lei 
extravagante própria, qual seja, o Decreto-lei nº 3.688 / 41, que é mais 
conhecido por Lei das Contravenções Penais. 
 
Veja que interessante: atualmente, existe entre nós uma outra categoria de 
infração penal, que foi introduzida pela Lei 9.099 / 95, ( Lei dos Juizados 
Especiais Cíveis e Criminais3), qual seja, os crimes de menor potencial 
ofensivo, cuja definição pode ser encontrada no artigo 61 do diploma legal em 
comento. Vejamos o que diz o referido dispositivo: 
 
Art. 61. Consideram-se infrações penais de 
menor potencial ofensivo , para efeitos 
desta lei, as contravenções penais e os 
crimes a que a lei comine pena máxima não 
superior à um ano, excetuados os casos em 
que a lei preveja procedimento especial. 
( Grifo Nosso) 
 
Saiba ainda que: modernamente o conceito de crime de menor potencial 
ofensivo gera calorosos debates. E sabe porque ? Porque a Lei 10.259 / 01, 
que cuidou de instituir os juizados especiais no âmbito da Justiça Federal 
assim preceitua em seu artigo 2º: 
 
2 - Decreto-lei nº 3.914 / 41 
3 - Conhecidos popularmente como “Juizados de Pequenas Causas” 
Direito Penal I 
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4
 
Art. 2º. Compete ao Juizado Especial 
Federal Criminal processar e julgar os 
feitos de competência da Justiça Federal 
relativos às infrações penais de menor 
potencial ofensivo. 
 
Parágrafo único: Consideram-se crimes de 
menor potencial ofensivo, para os efeitos 
desta lei, os crimes a que a lei comine 
pena máxima não superior a dois anos ou 
multa. 
 
( Grifo Nosso) 
 
Como é de se notar: para a lei 10.259/01 ( art. 2º) as infrações penais de 
menor potencial ofensivo são aquelas cuja pena máxima não excede a dois 
anos, mesmo que sejam reguladas por procedimentos especiais, como alguns 
dos crimes inseridos da Lei de Tóxicos4, por exemplo, enquanto que para a Lei 
9.099 / 95, que cuida dos Juizados Especiais no âmbito da Justiça Estadual, 
como já se viu, os crimes de menor potencial ofensivo são aqueles para os 
quais a lei comine pena máxima não superior a um ano, “ressalvados” os casos 
para os quais a lei preveja procedimento especial. 
 
Saiba que: a discussão gira em torno da abrangência da modificação do 
conceito de crime de menor potencial ofensivo. 
 
Ou seja: para alguns, tal conceito apenas se modificou no tocante aos crimes 
de competência dos Juizados Especiais Federais, sendo que no âmbito dos 
Juizados Especiais Estaduais, o conceito de crime de menor potencial ofensivo 
que continua valendo é o que vem insculpido no artigo 61 da Lei 9.099 / 95. 
 
Em contrapartida: outros operadores do Direito, da qual opinião partilhamos, 
entendem que o conceito de crime de menor potencial ofensivo insculpido do 
 
4 - Lei 6368 / 76 
Direito Penal I 
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5
artigo 2º da Lei 10.259 / 01 vale tanto para os Juizados Especiais Federais 
como para os Juizados Especiais Estaduais. 
 
A propósito: cremos ser, este último posicionamento, o mais coerente pois, na 
nossa opinião não se pode dividir o conceito de um determinado instituto. Ou 
ele é uma coisa ou é outra. 
 
Sendo que: para reforçar nossa posição, temos por bem citar o trecho de um 
artigo publicado no Boletim Mensal do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais 
( IBCCRIM), de autoria do Profº. Fernando Tadeu Cabral Teixeira. É o texto: 
 
“...somente se pode admitir que as 
infrações penais de menor potencial 
ofensivo são aquelas cuja pena máxima seja 
inferior a dois anos, não havendo como 
admitir-se a prevalência de dois conceitos 
desiguais para a mesma coisa.” 
 
( Grifo Nosso) 
 
Mas, enfim: a discussão acerca do tema é calorosa, e não convém nos 
aprofundarmos nela agora, mas será importante, isto sim, que desde já se 
tenha conhecimento da existência desta polêmica, para que se possa formar 
uma opinião à respeito do tema. 
 
3. Conceito Formal e Material de Crime 
 
Quando da conceituação do vocábulo crime, a doutrina, via de regra, o faz 
sob dois prismasdiferenciados, a saber: 
 
 Formal 
 
 Material 
 
 
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6
Sendo que: sob o prisma formal, conceitua-se o crime em seu aspecto técnico-
jurídico, ou seja, do ponto de vista da lei. E busca, tal forma de conceituação, 
estabelecer os elementos estruturais do delito, daí dizer que, sob o enfoque 
formal, crime é todo fato típico e antijurídico5. 
 
A propósito: de acordo com a teoria clássica ou causalista, que predominava 
tempos atrás, a culpabilidade se configurava em sendo um dos elementos 
estruturais do delito, ao lado da tipicidade e da antijuridicidade. 
 
Entretanto: modernamente, predomina a teoria finalista, segundo a qual a 
culpabilidade é um pressuposto de aplicação da pena. 
 
Ou seja: por mais que o sujeito do delito não seja culpável, o crime ainda 
existirá, se permanecerem intactas a tipicidade e a antijuridicidade, que serão 
estudadas na próxima aula. 
 
A propósito: no presente momento não nos preocuparemos com esta tal de 
culpabilidade, e nem com a tipicidade e a antijuridicidade. 
 
Isto porque: convém que nos preocupemos, no presente momento, em 
analisar o conceito de crime sob o prisma material. 
 
Pois bem: sob o prisma material, o crime pode ser conceituado como sendo 
“todo fato humano que propositada6 ou descuidadamente7, lesa ou expõe a 
perigo bens jurídicos considerados fundamentais para a existência da 
coletividade e da paz social”8. 
 
A propósito: à título de complementação, temos por bem citar o conceito de 
crime, sob o prisma material, que nos é fornecido por Manzini: 
 
 
 
5 - Sobre tipicidade e antijuridicidade, mais se estudará na próxima aula. 
6 - No caso dos crimes dolosos 
7 - No caso dos crimes culposos 
8 - Capez, Fernando. Direito Penal – Parte Geral. Edições Paloma, São Paulo, 2000. 
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“Delito é a ação ou omissão, imputável a 
uma pessoa, lesiva ou perigosa a interesse 
penalmente protegido, constituída de 
determinados elementos e eventualmente 
integrada por certas condições, ou 
acompanhada de determinadas circunstâncias 
previstas em lei”9 
 
Saiba que: o conceito material de crime busca estabelecer as razões que 
levam o legislador a considerar certas condutas como sendo criminosas, e 
outras como sendo permitidas. 
 
Perceba que: com base no conceito “material” inicialmente exposto, pode-se 
perceber que, sob o prisma material, serão consideradas “criminosas” as 
condutas que lesarem ou expuserem a perigo bem jurídicos considerados 
fundamentais para a existência da coletividade e da paz social. 
 
 
4. Sujeitos do Delito 
 
4.1. Sujeito Ativo 
 
 Este, em apertada síntese, pode ser entendido como sendo aquele que 
pratica o fato descrito no tipo penal. Apenas o homem possui capacidade para 
delinqüir, uma vez que não existe crime sem conduta10, e esta, por sua vez, 
como se verá mais adiante, é um dos elementos do fato típico. 
 
A propósito: dissemos que apenas o homem pode praticar condutas, e para 
corroborar nossa assertiva, devemos nos socorrer do conceito de conduta que 
nos é fornecido pelo Profº. Damásio Evangelista de Jesus e que pode assim 
ser transcrito: 
 
 
9 - Como se pode perceber, Manzini era adepto da teoria causalista, posto que para ele, mesmo dentro do conceito 
material de crime, se incluía a imputabilidade de uma pessoa, e imputabilidade e culpabilidade, como adiante se verá, 
são termos sinônimos. 
10 - Sobre a “Conduta”, mais se estudará em uma aula posterior, quando cuidarmos dos elementos do fato típico. 
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“Conduta é a ação ou omissão humana, 
consciente e dirigida a determinada 
finalidade.” 
 ( Grifo Nosso) 
 
Perceba, portanto, que: os animais, por exemplo, nunca poderão ser sujeitos 
ativos de crimes, posto que não são dotados de consciência, não praticam 
condutas. A observação parece ser meio absurda, mas é extremamente 
conveniente. 
 
No entanto: para que o sujeito ativo de um delito possa ser responsabilizado 
penalmente, precisa apresentar um conjunto de condições biopsicológicas, 
como por exemplo: idade e sanidade mental. 
 
Sendo que: diz-se que o sujeito que apresenta todas as condições 
necessárias para ser considerado autor de um crime possui capacidade penal. 
E esta ( capacidade penal), por sua vez, pode ser entendida como sendo a 
capacidade para ser culpável. 
 
A propósito: mais se estudará sobre tais condições quando tratarmos da 
culpabilidade, em uma aula posterior. Por ora, faremos apenas uma distinção 
necessária entre capacidade penal genérica e capacidade penal específica. 
 
 Capacidade Penal Genérica: este termo abrange as qualidades genéricas 
exigidas por lei para que alguém possa ser considerado autor de um crime, 
como por exemplo a maioridade penal e sanidade mental. 
 
 Capacidade Penal Especial: certos crimes descritos no Código Penal, 
exigem qualidades específicas do sujeito ativo, e portanto, para tais crimes, 
não basta apenas que sujeito seja dotado de maioridade penal e sanidade 
mental. É necessário também que ele seja dotado das condições 
específicas exigidas pelo tipo penal. 
 
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9
Preste atenção: vamos agora transcrever alguns tipos penais que exigem 
certas qualidades especiais do sujeito ativo e fazer alguns comentários: 
 
Art. 123. Matar, sob a influência do 
estado puerperal, o próprio filho, durante 
o parto ou logo após. 
 
Pena – detenção de 2 ( dois ) a 6 ( seis ) 
anos. 
 
OBS: Como se pode perceber, para o tipo 
penal supra exposto, denominado de 
“infanticídio”, é imprescindível que o 
sujeito ativo seja a mãe. 
 
Art. 269. Deixar, o médico, de denunciar 
à autoridade pública doença cuja 
notificação é compulsória: 
 
Pena – detenção, de 6 ( seis) meses à 2 
( dois ) anos, e multa. 
 
OBS: não restam dúvidas que o tipo penal 
supra transcrito, não basta que o sujeito 
ativo seja dotado de maioridade penal e 
sanidade mental. Exige-se, para a 
configuração do delito em tela, que o 
sujeito ativo seja médico. Ou seja, apenas 
um médico poderá cometer o crime previsto 
no artigo 269 do Código Penal. 
 
 
4.2. A questão da responsabilidade penal da pessoa jurídica 
 
 Não causa espanto dizer que as pessoas físicas cometem crimes. 
Sempre que se pensa num crime, como estupro, por exemplo, se imagina uma 
pessoa física, um ser humano, cometendo este crime. E via de regra, os tipos 
penais fazem referência ao ser físico, ao ente individual. 
 
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10
Em contrapartida: uma das maiores polêmicas existentes atualmente na seara 
do direito penal, gira em torno da possibilidade de se responsabilizar 
penalmente as pessoas jurídicas, que devem ser entendidas, segundo Maria 
Helena Diniz11 como sendo “a unidade de pessoas naturais ou de patrimônios, 
que visa a consecução de certos fins, reconhecida pela ordem jurídica com 
sendo sujeito de direitos e obrigações”. 
 
A propósito: por hora, entenda-se a pessoa jurídica como sendo uma 
empresa, uma firma12. 
 
Pare e pense: num primeiro momento, pode parecer impossível que pessoas 
jurídicas cometam crimes, pode parecer inconcebível, por exemplo, que uma 
empresa desfira disparos de arma de fogo contra alguém. 
 
Entretanto: não é difícil imaginar que as “empresas”, as pessoas jurídicas, 
possam cometer crimes contra o meio ambiente e crimes contra a ordem 
financeira. 
 
Ou seja: não é difícil imaginar que as pessoas jurídicas possam, por exemplo, 
dispensar na atmosfera poluentes extremamente prejudiciais ( praticando 
assimum “crime ambiental) ou sonegar impostos legalmente devidos ( 
praticando assim um crime contra a ordem financeira). 
 
Preste atenção: a discussão acerca do tema é bem calorosa, e para que se 
possa formular uma opinião sobre o tema, convém, antes de mais nada, 
estudar as duas principais teorias que cuidam de conceituar a pessoa jurídica, 
uma vez que, a possibilidade de se responsabilizar penalmente a pessoa 
jurídica depende da teoria que se resolver adotar. Vejamos então quais são e o 
que pregam tais teorias: 
 
 
 
11 - Curso de Direito Civil Brasileiro – 1º Volume – Parte Geral. Saraiva, São Paulo. 
12 - A simplificação do conceito se fez por questões didáticas, posto que o conceito de pessoa jurídica abarca aspectos 
técnicos que são, via de regra, melhor estudados em Direito Civil. 
Direito Penal I 
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11
 Teoria da Ficção: de acordo com esta teoria, é impossível responsabilizar 
criminalmente a pessoa jurídica, uma vez que a personalidade jurídica, 
segundo esta teoria, é uma criação legal, que não tem consciência ou vontade 
próprias. E assim, nunca se poderá, segundo esta teoria, dizer que a pessoa 
jurídica é imputável. 
 
 Teoria da Realidade ou Organicista: esta teoria, segundo Damásio 
Evangelista de Jesus, vê, na pessoa jurídica um ser real, e reconhece na 
pessoa jurídica, uma vontade própria, que não deve ser confundida com as 
vontades somadas de seus integrantes. Assim, de acordo com esta teoria, a 
pessoa jurídica poderá, indiscutivelmente, cometer crimes. 
 
Saiba que: a maioria dos autores são adeptos da teoria da ficção, pois 
segundo eles, “fora do homem não se concebe crime. Só ele possui a 
faculdade de querer”13. Segundo estes autores, é impossível falar em 
responsabilidade penal da pessoa jurídica pois: 
 
 Como dizer que uma pessoa jurídica agiu dolosamente ? 
 
 E a pena ? Como aplicar a pena privativa de liberdade à pessoas jurídicas 
? 
 
A propósito: o Profº. Damásio Evangelista de Jesus, que é um dos principais 
adeptos da teoria da ficção, assim leciona: 
 
“ Quanto mais se desenvolve o Direito 
Penal da culpa, mais se mostra 
insustentável a tese da capacidade penal 
das pessoas jurídicas, que não podem 
praticar ações, nem sofrer atribuições de 
culpa ou imposição de penas.” 
 
No entanto: as atuais tendências do Direito Penal caminham em sentido 
contrário ao posicionamento supra. Ou seja: está se propagando cada vez mais 
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12
a idéia de que as pessoas jurídicas podem ( e devem) serem responsabilizadas 
penalmente pelos delitos por elas praticados. 
 
Sendo que: tais tendências se alicerçam em vários dispositivos legais que 
acabam por preconizar a responsabilidade penal das pessoas jurídicas. Entre 
nós, um dos principais dispositivos legais que guardam relação com o tema é o 
artigo 225, parágrafo 3º, da Constituição Federal, que pode assim ser 
transcrito: 
 
Art. 225. Todos têm direito ao meio 
ambiente ecologicamente equilibrado, bem 
de uso comum do povo e essencial à sadia 
qualidade de vida, impondo-se ao Poder 
Público e à coletividade o dever de 
defendê-lo e preservá-lo para as presentes 
e futuras gerações. 
 ( ... ) 
 
§ 3º . As condutas e atividades 
consideradas lesivas ao meio ambiente 
sujeitarão os infratores, pessoas físicas 
ou jurídicas, a sanções penais e 
administrativas, independentemente da 
obrigação de reparar os danos causados. 
( Grifo Nosso) 
 
 
 
Preste muita atenção: no que toca à possibilidade de serem, as pessoas 
jurídicas, responsabilizadas penalmente por delitos por elas praticados, de 
suma importância foi a introdução, em nosso ordenamento jurídico, da Lei 
9.605 / 98, também conhecida como Lei de Proteção ao Meio Ambiente, que 
em seu artigo 3º, assim preceitua: 
 
 
 
13 - Damásio Evangelista de Jesus. 
Direito Penal I 
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13
Art. 3º. As pessoas jurídicas serão 
responsabilizadas administrativa, civil e 
penalmente conforme o disposto nesta Lei, 
nos casos em que a infração seja cometida 
por decisão de seu representante legal ou 
contratual, ou de seu órgão colegiado, no 
interesse ou benefício da sua entidade. 
 
( Grifo Nosso) 
 
Continue prestando atenção: outra inovação trazida pelo diploma legal em 
comento diz respeito à previsão de aplicação de penas pecuniárias, restritivas 
de direito e de prestação de serviços à comunidade às empresas que 
incorrerem nos delitos ali descritos. 
 
A propósito: tal com dissemos anteriormente, um dos principais obstáculos à 
responsabilização penal das pessoas jurídicas, segundo os adeptos da teoria 
da ficção, se traduz em sendo a impossibilidade de ser-lhes aplicada penas 
privativas de liberdade. 
 
Entretanto: no que toca às penas, cremos que seria suficiente que se 
estabelecessem sanções que não se mostrassem incompatíveis com a 
natureza das pessoas jurídicas. E tal tarefa não é impossível ( tanto que a Lei 
de Proteção ao Meio Ambiente cuidou de estabelecer sanções compatíveis 
com as pessoas jurídicas). 
 
Sendo que: nessa linha de raciocínio poderiam ser cominadas, por exemplo, 
para as pessoas jurídicas, tal como fez a Lei 9605 / 98, as seguintes sanções: 
 
 Penas Pecuniárias; 
 
 Suspensão das Atividades por determinado lapso de tempo; 
 
 Dissolução da empresa, que eqüivaleria à uma “pena de morte” para as 
pessoas jurídicas que cometessem delitos de maior gravidade. 
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14
 
 Proibição de contratar com o Poder Público 
 
 Proibição de receber incentivos fiscais, etc... 
 
 
A propósito: é de se considerar, à título de conclusão deste tópico, que tanto 
os adeptos da teoria da realidade, como os adeptos da teoria da ficção têm 
argumentos extremamente sólidos e coerentes para defender o ponto de vista 
que acreditam ser o mais acertado e talvez por isso a discussão seja tão 
acirrada. 
 
Sendo que: nós, no momento, não temos outra pretensão que não a de 
informar sobre a existência do problema e sobre a existência das duas 
antagônicas teorias que tentam, cada uma a seu modo, solucionar o problema. 
E cremos que isto justifica nossa falta de profundidade ao tratar do tema. 
 
4.3. Sujeito Passivo dos Delitos 
 
 Este pode ser definido como sendo o titular do bem jurídico lesado ou 
ameaçado de lesão, ou seja, a vítima. 
 
A propósito: via de regra, cita-se a existência de duas espécies de sujeito 
passivo, quais sejam: 
 
 Sujeito Passivo Constante, Geral, Genérico ou Formal: este será 
sempre o Estado, uma vez que ele é o titular do mandamento proibitivo que 
não foi observado pelo criminoso. Sobre este particular aspecto, cumpre 
atentar par aos elucidativos ensinamentos do Profº. Magalhães Noronha, 
que podem assim serem transcritos 
 
“O Estado é sempre sujeito passivo, em 
sentido genérico, já que todo crime 
perturba as condições de harmonia e 
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15
estabilidade sociais, necessárias à 
consecução do bem comum, que é a sua 
finalidade.” 
( Grifo Nosso) 
 
 Sujeito Passivo Eventual, Particular, Acidental ou Material: este será o 
titular do bem jurídico protegido pela norma violada. 
 
Saiba que: nada impede que o Estado seja, ao mesmo tempo, sujeito passivo 
constante e eventual, como nos casos de crimes contra a ordem financeira, por 
exemplo, onde o Estado, além de ser titular do mandamento proibitivo violado 
é titular exclusivo do bem jurídico tutelado por tal mandamento. 
 
A propósito: no que serefere à possibilidade das pessoas jurídicas serem 
sujeito passivo dos delitos, há de se transcrever os elucidativos ensinamentos 
do Profº. Eduardo Roberto Alcântara Del-Campo14, que aliás, foi meu 
professor de Direito Penal na Graduação, e é um dos grandes responsáveis 
pela minha afinidade com a matéria: 
 
 
“ Ao contrário da discussão estabelecida 
sobre a possibilidade ou não da pessoa 
jurídica ser sujeito ativo de crime, é 
pacífico o entendimento de que a pessoa 
jurídica pode ser sujeito passivo de 
alguns delitos. É claro que a pessoa 
jurídica não poderá ser vítima de 
homicídio, mas poderá ser vítima, por 
exemplo, de alguns delitos patrimoniais ou 
mesmo de crimes contra a honra, 
excetuando-se a calúnia15.” 
( Grifo Nosso) 
 
 
 
14 - Direito Penal – Parte Geral – Apostila II 
15 - Isto porque a calúnia ( art. 138 do CP) consiste em imputar falsamente a outrém, fato tido como criminoso. E como 
ainda não é pacífico que a pessoa jurídica pode cometer crimes, igualmente não é pacífico que possa ser vítima de 
calúnia. Entretanto, nosso ilustre professor bem assinalava que com o reconhecimento da possibilidade da pessoa 
Direito Penal I 
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16
Saiba que: no que toca ao sujeito passivo dos delitos, cumpre ainda fazer, de 
forma sucinta, algumas observações por demais pertinentes: 
 
 O incapaz ( menor de 18 anos ou débil mental, por exemplo) poderá, 
indubitavelmente, ser sujeito passivo dos delitos, posto que, como bem 
leciona Damásio Evangelista de Jesus, ele é titular de direitos como a vida, 
a integridade física, etc... 
 
Pare e pense: o menor em idade escolar, por exemplo, poderá ser sujeito 
passivo do crime de abandono intelectual, previsto pelo artigo246 do Código 
Penal, bem como, aliás, poderá ser sujeito passivo de vários outros crimes. 
Vejamos o que preceitua o citado dispositivo legal: 
 
Art. 246. Deixar, sem justa causa, de 
prover à instrução primária de filho em 
idade escolar: 
 
Pena – detenção, de 15 ( quinze)dias a 1 
( um ) mês ou multa. 
 
 homem morto não pode ser sujeito passivo de delito, mas apenas seu 
objeto material16. 
 
Isto porque: com a morte, o homem não é mais titular de direitos. 
 
Entretanto: geralmente esta afirmação é questionada quando se faz uma 
leitura de artigos como o 138, § 2º e 211 e 212 do Código Penal, que podem 
assim serem transcritos:: 
 
Art. 138. Caluniar alguém, imputando-lhe 
falsamente fato definido como crime: 
 
 
jurídica ser sujeito ativo de determinados delitos, é possível que venha a ser reconhecida a possibilidade se ser 
também vítima de calúnia. 
16 - No que toca ao tema “Objeto Material” do delito, ele será estudado logo adiante, ainda nesta aula. 
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Pena – detenção de 6 ( seis ) meses a 2 
( dois ) anos, e multa 
 
( ... ) 
 
§ 2º. É punível a calúnia contra os 
mortos. 
 
( Grifo Nosso) 
 
Art. 211. Destruir, subtrair ou ocultar 
cadáver ou parte dele: 
 
Pena – reclusão, de 1 ( um ) a 3 ( três ) 
anos e multa. 
 
Art. 212. Vilipendiar17 cadáver ou suas 
cinzas: 
 
Pena – detenção de 1 ( um ) a 3 ( três ) 
anos e multa. 
 
 
Preste muita atenção: no caso do artigo 138, § 2º, o sujeito passivo do delito 
são os familiares do morto, uma vez que com relação à estes é que o ultraje ao 
falecido surtirá efeitos. 
 
Continue prestando atenção: no caso dos artigos 211 e 212, tal como ensina-
nos o Profº. Damásio Evangelista de Jesus, o sujeito passivo é a coletividade, 
e em particular a família do falecido, sendo que, sobre este particular aspecto, 
temos por oportuno que se atente para as elucidativas lições do Profº. 
Fernando Capez, que podem assim serem transcritas: 
 
“Depois da morte, o homem não pode mais 
ser sujeito passivo, e os crimes contra a 
sua memória e o sentimento de respeito aos 
mortos têm como sujeitos passivos a sua 
família e a sociedade.” 
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( Grifo Nosso) 
 
 Os animais e coisas inanimadas não podem sujeito passivo de delitos, uma 
vez que, quando muito, podem ser objetos materiais do delito, ou seja, o 
objeto sobre o qual recai a conduta. 
 
Saiba que: No caso de lesão a coisas ou animais, sujeitos passivos são seus 
respectivos proprietários ou a coletividade. 
 
 O homem não pode ser sujeito ativo e passivo ao mesmo tempo, ou seja, o 
homem nunca poderá cometer um crime contra si mesmo. 
 
Isto Porque: de acordo com a melhor doutrina, as condutas ofensivas contra a 
própria pessoa quando são definidas como crime, lesam interesses jurídicos de 
outros. 
 
A propósito: Alguns dispositivos legais inseridos na Parte Especial do Código 
Penal podem gerar dúvidas acerca do tema, e, sendo assim, temos por bem 
transcrevermos alguns deles e fazer alguns comentários: 
 
 
Art. 171. Obter para si ou para outrem, 
vantagem ilícita, em prejuízo alheio, 
induzindo ou mantendo alguém em erro, 
mediante artifício, ardil ou qualquer 
outro meio fraudulento: 
 
Pena – reclusão de 1 ( um ) a 5 ( cinco ) 
anos e multa. 
 
( ... ) 
 
§ 2º . Nas mesmas penas incorre quem: 
 
 
17 - Tratar com desprezo, desrespeitar. 
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V – destrói, total ou parcialmente, ou 
oculta coisa própria, ou lesa o próprio 
corpo ou a saúde ou agrava as 
conseqüências da lesão ou doença, com o 
intuito de haver indenização ou valor de 
seguro. 
 
( Grifo Nosso) 
 
Perceba que: nos casos do dispositivo supra, mais especificamente, no caso 
do § 2º, inciso V, o sujeito não pratica o crime contra si mesmo, sendo apenas 
seu sujeito ativo, uma vez que o sujeito passivo é entidade seguradora contra 
quem se dirige a fraude. 
 
Em outros termos: a lesão é contra ele mesmo, mas o sujeito passivo do 
crime é a seguradora. 
 
A propósito: falemos um pouco, agora, do artigo 250 do Código Penal, que 
pode assim ser transcrito: 
 
 
Art. 250. Causar incêndio, expondo a 
perigo a vida, integridade física ou 
patrimônio de outrem. 
 
Pena – reclusão de 3 ( três ) a 6 ( seis ) 
anos e multa. 
 
Perceba que: nos casos de crime de incêndio, cujo dispositivo legal foi supra 
transcrito, nada impede que o sujeito ponha fogo na própria casa, entretanto, o 
que se estará pondo em risco é a incolumidade pública18, e portanto, o sujeito 
passivo deste delito será a coletividade. 
 
 
Por fim: falemos um pouco sobre o artigo 341 do Código Penal, que pode 
assim ser transcrito: 
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Art. 341. Acusar-se, perante a autoridade, 
de crime inexistente ou praticado por 
outrem. 
 
Pena – detenção de 3 ( três ) meses a 2 
( dois) anos ou multa. 
 
Perceba que: neste caso, o agente se “auto-acusa”, entretanto, o sujeito 
passivo da conduta é o Estado, é a administração da justiça, quem sofre 
prejuízos com o crime de “auto-acusação falsa” é o Poder Judiciário. 
 
5. Do Objeto do Delito 
 
 Para finalizar esta nossa aula, convém falarmos brevemente sobre as 
diferenças entre objeto material e objeto jurídico dos delitos. 
 
Sendo que: a questão tem importância considerável, e a diferenciação entre 
os dois conceitos não é meramente terminológica, como se verá. Cuidemos, 
então, de conceituar cada um desses vocábulos: 
 
 
 Objeto Material dos Delitos: este pode, em apertada síntese, ser 
conceituado como sendo o a pessoa ou coisa sobre as quais recaem a 
conduta criminosa. 
 
 ObjetoJurídico dos Delitos: este pode ser entendido como sendo o bem 
jurídico ou interesse que norma penal visa resguardar de violações. 
 
 
A propósito: para que se possa melhor compreender a diferença entre estas 
duas espécies de “objeto” dos crimes, transcreveremos alguns tipos penais 
incriminadores e faremos algumas observações: 
 
 
18 - Tal como sugere o “Título VIII” do Código Penal, onde tal delito está inserido. 
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Homicídio 
 
 Art. 121. Matar alguém. 
 
Pena – reclusão de 6 ( seis ) a 20 
( vinte anos ) anos. 
 
Objeto Material: pessoa sobre a qual 
recair a conduta homicida. 
 
Objeto Jurídico: o bem jurídico “vida”. 
 
Furto 
Art. 155. Subtrair, para si ou para 
outrem, coisa alheia móvel. 
 
Pena – reclusão de 1 ( um ) a 4 ( quatro ) 
anos e multa. 
 
Objeto Material: coisa alheia que for 
furtada, coisa alheia móvel sobre a qual 
incide a subtração. 
 
Objeto Jurídico: o patrimônio da vítima. 
 
 
 
Saiba ainda que: acerca dos “Objetos dos Delitos”, convém fazer algumas 
observações complementares, quais sejam: 
 
 Às vezes, o sujeito passivo coincide com o objeto material. No homicídio, 
por exemplo, o homem é titular do bem jurídico atingido com a conduta ( 
vida)e ao mesmo tempo, objeto material, uma vez que, sobre ele é que 
recairá a ação do homicida. O Profº. Aníbal Bruno, entretanto, adverte que 
mesmo nesses casos, não se devem se confundir as noções jurídicas do 
sujeito passivo e do objeto material do crime. 
 
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 Quando ausente ou absolutamente impróprio o objeto material do delito, se 
estará diante do instituto penal denominado crime impossível ou quase 
crime. Estes serão os casos, por exemplo, do sujeito que dispara projéteis 
de uma arma de fogo na direção de um homem que já está morto. 
 
Perceba que: o homem, que seria o objeto material do crime do desatento 
facínora, já não podia ser vítima de um homicídio, pois já se encontrava morto. 
Neste exemplo, ocorreu uma impropriedade absoluta do objeto material. 
 
A propósito: O instituto do crime impossível será estudado em aula posterior, 
entretanto, convém fazermos uma leitura do dispositivo legal que disciplina a 
matéria, qual seja, o artigo 17 do Código Penal. Vejamos o dispositivo 
 
Art. 17. Não se pune a tentativa quando, 
por ineficácia absoluta do meio ou por 
absoluta impropriedade do objeto, é 
impossível consumar-se o crime. 
 
( Grifo Nosso) 
 
Preste muita atenção: certos crimes não possuem objeto material, como por 
exemplo o ato obsceno e o falso testemunho, que são previstos, 
respectivamente, nos artigos 233 e 342 do Código Penal. Vamos dar uma 
olhada nos citados tipos penais ? 
 
Ato Obsceno 
Art. 233. Praticar ato obsceno em lugar 
público, ou aberto ou exposto ao público: 
 
Pena – detenção de 3 ( três ) meses a 1 
(um)ano ou multa. 
 
 
 
Falso testemunho ou falsa perícia 
Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar 
ou calar a verdade , como testemunha, 
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perito, tradutor ou intérprete em processo 
judicial, policial ou administrativo ou em 
juízo arbitral: 
 
Pena – reclusão de 1 ( um ) a 3 ( três ) 
anos e multa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Questão - Problema 
 
 
 Convocou-se uma reunião, na qual estariam presentes você, o Gerente 
de Vendas da Empresa que você trabalha e um dos diretores de uma grande 
empresa que freqüentemente negocia com vocês, para serem discutidas 
políticas de negociação. Num dado momento da reunião, o mencionado diretor 
da “grande empresa” começa a reclamar dos problemas sérios que estão 
ocorrendo no seu ambiente de trabalho. Começa, o executivo, por assim expor 
tais problemas: 
 
- Nossa empresa tinha um funcionário que trabalhava na tesouraria, e que, 
segundo comentários, freqüentemente desviava recursos da firma para sua 
conta bancária particular. Quando um dos encarregados tomou conhecimento 
dos referidos comentários, procurou um advogado para oferecer, em nome da 
empresa, queixa-crime contra este funcionário. Entretanto, dois dias antes do 
advogado oferecer a queixa o referido funcionário faleceu, e o advogado, por 
não ter tomado conhecimento deste fato, ofereceu queixa mesmo assim. E 
para agravar a situação, um dos irmãos do falecido, que também trabalhava na 
empresa, conseguiu provar a inocência dele, e agora está processando a 
empresa pelo crime previsto no artigo 138, § 2º do Código Penal19, que pune a 
calúnia contra os mortos. 
 
 Após o desabafo, o gerente de vendas da empresa que você trabalha, 
para tranqüilizar o parceiro mercantil assim explana: 
 
- Ora, fique tranqüilo, se ele já morreu, não tem mais problema, pois a pessoa 
morta não pode mais vítima de nenhum crime. Sem contar que o irmão está 
processando a empresa. E pelo que me consta, as empresas nunca poderão 
cometer crimes. Apenas as pessoas físicas cometem crimes. 
 
 Depois de terminada a reunião, o diretor da empresa, que estava muito 
preocupado, pergunta para você se tudo que o gerente de vendas disse era 
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verdade, pois ele não tinha sido convincente ao dizer que pessoas falecidas 
não poderiam mais ser vítimas de crimes e que pessoas jurídicas não cometem 
crimes. Qual a resposta que você daria ao referido parceiro da empresa que 
você trabalha ? 
 
Note que: os dois aspectos comentados pelo gerente de vendas de sua 
empresa foram: 
 
 Morto não pode ser vítima de crimes 
 Empresa não pode cometer crimes 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
19 - Lembra deste tipo penal ? Ele já foi usado como exemplo e transcrito na aula de hoje. 
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Quadro Sinóptico 
 
 
1. A expressão “delito” traduz a idéia de abandono da lei, desvio da 
lei. 
 
2. Entre nós vigora a divisão bipartida, que classifica as infrações 
penais em crimes e contravenções. ( vide artigo 1º da Lei de 
Introdução ao Código Penal) 
 
3. Em essência não há diferença entre crimes e contravenções. A 
diferença se encontra apenas na maior ou menor gravidade do fato. 
 
4. Crimes: descritos na parte geral do Código Penal ( que começa no 
artigo 121) e em algumas leis penais extravagantes. 
 
5. Contravenções: previstas por lei extravagante “própria”, qual seja, 
o Decreto-Lei nº 3688 / 41, também conhecido como Lei das 
Contravenções Penais. 
 
6. Crimes de menor potencial ofensivo: definidos pela lei 9099/95 
( art. 61) e pela lei 10.259/01 ( art. 2º, parágrafo único), que 
instituíram, respectivamente, os juizados especiais estaduais e os 
juizados especiais federais. 
 
7. Conceito formal de crime: crime é todo fato típico e antijurídico. 
 
8. Conceito material de crime: segundo o Profº. Fernando Capez, sob o 
aspecto material o crime pode ser conceituado como sendo “todo fato 
humano que propositada ( crimes dolosos) ou descuidadamente ( crimes 
culposos), lesa ou expõe a perigo bens jurídicos considerados 
fundamentais para a existência da coletividade e da paz social. 
 
9. Sujeitos do Delito: 
 
 Sujeito ativo: aquele que pratica o fato descrito pelo tipo penal 
incriminador. 
 
 Sujeito passivo: é o titular do bem jurídico lesado ou ameaçado de 
lesão, ou seja,é a vítima. Vamos relembrar quais são as espécies 
de sujeito passivo: 
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 Sujeito Passivo Constante, Geral, Genérico ou Formal: este será 
sempre o Estado, uma vez que ele é o titular do mandamento 
proibitivo que não foi observado pelo criminoso. 
 
 Sujeito Passivo Eventual, Particular, Acidental ou Material: este 
será o titular do bem jurídico protegido pela norma violada, e 
poderá ser o Estado ou o particular. 
 
Lembre-se que: nada impede que o Estado seja, ao mesmo tempo, sujeito 
passivo constante e eventual, como nos casos de crimes contra a ordem 
financeira, por exemplo, onde o Estado, além de ser titular do 
mandamento proibitivo violado é titular exclusivo do bem jurídico 
tutelado por tal mandamento. 
 
Tenha em mente ainda que: o homem nunca poderá ser, ao mesmo tempo, 
sujeito ativo e sujeito passivo dos delitos. Ou seja, o homem nunca 
poderá praticar um crime contra si mesmo. 
 
10. Da responsabilidade penal da pessoa jurídica: uma das maiores 
polêmicas existentes atualmente no Direito Penal gira em torno da 
possibilidade de se responsabilizar criminalmente as pessoas 
jurídicas, as “empresas”. Sobre este particular aspecto foram 
formuladas duas teorias, quais sejam: 
 
Teoria da Ficção: de acordo com esta teoria, é impossível 
responsabilizar criminalmente a pessoa jurídica, uma vez que a 
personalidade jurídica, segundo esta teoria, é uma criação legal, que 
não tem consciência ou vontade próprias. E assim, nunca se poderá, 
segundo esta teoria, dizer que a pessoa jurídica é imputável. 
 
Teoria da Realidade ou Organicista: esta teoria, segundo Damásio 
Evangelista de Jesus, vê, na pessoa jurídica um ser real, e reconhece 
na pessoa jurídica, uma vontade própria, que não deve ser confundida 
com as vontades somadas de seus integrantes. Assim, de acordo com esta 
teoria, a pessoa jurídica poderá, indiscutivelmente, cometer crimes. 
 
11. Objeto material dos delitos: a pessoa ou coisa sobre a qual recai 
a conduta criminosa. 
 
 
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12. Objeto Jurídico: bem ou interesse que a norma penal visa 
resguardar de violações.

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