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Obesidade Bse Um estado anormal no qual ocorre excesso de gordura corporal, em relação à massa magra, é uma doença caracterizada pelo acúmulo de tecido adiposo resultante do desequilíbrio entre consumo e gasto energético. Atualmente o número de indivíduos com sobrepeso e obesidade ultrapassa a estimativa de pessoas desnutridas em todo o mundo. Além disso, essa doença pode levar a como uma epidemia global de alta gravidade, associada a incapacidade para o trabalho, realização de tarefas domésticas e até de higiene pessoal. Existem vários métodos de avaliação da obesidade, como o índice de massa corpórea (IMC), medidas de dobras cutâneas, ou medidas das circunferências corporais. Entretanto, o método considerado mais eficaz é o IMC. FISIOPATOLOGIA Sabe-se que existe uma forte predisposição genética, porém, maus hábitos alimentares, como o excesso de alimentos calóricos é um fator fundamental para o desenvolvimento da obesidade. Com isso, a origem da obesidade está no desequilíbrio entre a necessidade energética e a ingesta de alimentos. OBS: O tecido adiposo é um órgão endócrino e o nú- mero total de adipócitos é estabelecido durante adolescência e é maior em pessoas que eram obesas quando crianças, aumentando a preocupação com a obesidade infantil. Nos adultos, o número de adipócitos permanece constante, independentemente da massa corporal. Sistema Neuro - Humoral Esse sistema possui três compartimentos que interagem entre si para a regulação do consumo e gasto energético: o sistema periférico ou aferente, núcleo arqueado no hipotálamo ou sistema eferente. Sistema aferente Sistema eferente Os nervos aferentes conduzem sinais de neurônios sensoriais ao sistema nervoso central. Os nervos eferentes conduzem sinais do sistema nervoso central ao longo dos neurônios motores para os músculos e glândulas alvo. O sistema periférico ou aferente manda sinais ao cérebro através da produção de moléculas como a leptina e a adiponectina (produzidas pelos adipócitos), a insulina (pâncreas), a grelina (estômago) e o peptídeo YY (íleo e cólon). Essas moléculas então irão controlar a ingesta alimentar, a leptina reduz a ingesta de alimentos, já a grelina estimula o apetite, enquanto o peptídeo YY, é um sinal de saciedade. O núcleo arqueado no hipotálamo processa esses sinais periféricos e gera novos sinais que são transmitidos pelos neurônios conhecidos como POMC (pró- opiomelanocortina), CART (transcritos regulados pela cocaína e anfetamina), NPY (neuropeptídeo Y) e AgRP (peptídeo relacionado com agouti). Enquanto isso, o sistema eferente, recebe os sinais neuronais vindos do núcleo arqueado e inicia o processo de ingesta de alimentos ou perda energética. Os neurônios POMC e CART levam ao aumento do gasto energético e da perda de peso, enquanto os neurônios NPY/AgRP promovem a ingestão de alimentos e ganho de peso. O sistema aferente é caracterizado por moléculas que regulam o metabolismo energético: Obesidade P4F1 Leptina Hormônio produzido pelo tecido adiposo e tem a capacidade de regular a ingesta de alimentos e aumentar o gasto de energia. A produção de leptina é regulada pela quantidade de reservas de gordura. Então, diante de um tecido adiposo abundante, a secreção de leptina é estimulada e o hormônio atua no hipotálamo, reduzindo o consumo de alimentos pela estimulação dos neurônios POMC/CART e inibição dos neurônios NPY/AgRP. Contrário a isso, quando há pouca reserva de gordura, a secreção de leptina é diminuída e o consumo de alimentos é aumentado pela desinibição dos neurônios NPY/AgRP. Além disso, o nível circulante de leptina é pulsátil, com picos durante a noite e esse hormônio também aumenta o gasto de energia ao estimular a atividade física, o gasto de energia e a termogênese. Grelina Produzida no estômago, geralmente antes das refei- ções e promove o aumento na ingestão de alimentos pelo estímulo dos neurônios NPY/ AgRP no hipotálamo. Em pessoas obesas os níveis desse hormônio após a refeição permanecem em níveis mais altos, durante mais tempo. PYY Molécula secretada no íleo e cólon, em resposta à ingestão de alimentos, Sua ação ocorre por meio do estímulo aos neurônios POMC/CART no hipotálamo, diminuindo a ingesta de alimentos. Insulina Ela capta a glicose plasmática em excesso e reabastece o glicogênio muscular, após ocorrer o transbordamento do glicogênio muscular, a glicose em excesso é enviada ao tecido adiposo. DIAGNÓSTICO E AVALIAÇÃO CLÍNICA O peso considerado ideal pode variar de acordo com as diferentes características corporais de uma po- pulação. O IMC é o principal método quantitativo utilizado para avaliação da obesidade. É calculado pelo peso (kg) / altura². Entretanto, por ser exclusivamente quantitativo, o IMC não distingue gordura visceral de gordura subcutânea, tampouco, massa gordurosa de massa magra. Por conta disso, o cálculo do IMC superestima o grau de obesidade em indivíduos musculosos. Cintura abdominal É um dos métodos que podem ser usados para se avaliar a obesidade visceral, além de ser associado a gordura corporal total. Importante, pois a gordura visceral tem forte correlação com risco cardiovascular e metabólico. Distribuição da gordura corporal É um diagnóstico qualitativo, em que se avalia a distribuição de gordura corporal ou à presença de adiposidade visceral. Dessa forma, é possível identificar os dois tipos principais de obesidade: obesi- dade visceral (mais comum em homens) e obesidade subcutânea (mais comum em mulheres), mais concentrada na região dos quadris, infra-umbilical. Dos métodos qualitativos, a tomografia computadorizada é o que melhor discrimina a distribuição de gordura corporal subcutânea e visceral. O grande problema desse método é que além do grande custo, a tomografia ainda não está amplamente difundida, por conta disso, a medida isolada da circunferência abdominal e o IMC se comprova suficiente para estabelecer riscos cardiovascular e metabólico. TTO NÃO – FARMACOLÓGICO A base para o tratamento da obesidade requer um manejo multidisciplinar. O ponto principal para a redução de peso é fornecer um aumento do gasto energético e uma redução do aporte calórico. Dieta Atualmente, uma série de dietas vem sendo divulgadas, entretanto, no geral, o importante é a restrição calórica moderada, ingerindo de 1000 a 1500 kcal por dia. No entanto, esse número deve ser individualizado em relação a cada indivíduo. O objetivo final, é instituir uma dieta que leve a um déficit de 500 a 1.000 kcal, para com isso, diminuir cerca de 0,5 a 1 kg por semana. Atv Física Não só pela associação com a perda de peso se consti- tui num componente importante da prevenção e tratamento da doença coronariana, da hipertensão arterial, das doenças musculoesqueléticas, das doenças respiratórias e da depressão. No geral, recomenda-se a prática de exercícios de no mínimo 30 minutos por dia, em pelo menos 5 dias por semana. Esse tempo pode ser dividido em sessões de 10 minutos. TTO FARMACOLÓGICO O objetivo do tratamento com medicamentos é a perda de 10% do peso corporal, o que determina melhora das complicações da obesidade, como diabetes e hiper- tensão arterial. Podemos dividir os principais fármacos usados para tratamento da obesidade em três grupos: medicamentos anorexiantes, sacietógenos adrenér- gicos e serotoninérgicos e os redutores da absorção de gorduras. ORLISTATE Esse medicamento age inibindo as lispases gastrintestinais (GI). Ele funciona impedindo a digestão de cerca de um terço dos triglicérides ingeridos. Com isso, os triglicerídeos que não são absorvidos pelo intestino, são eliminados nas fezes, o que pode causar esteatorreia, flatos e urgência fecal. Além disso, devidoà disabsorção, pode ocorrer deficiência de vitaminas lipossolúveis (A, D, E K). Ele não possui efeitos cardiovasculares significativos e leva a perda de cerca de 10% do peso em 1 ano de tratamento. SIBUTRAMINA Atua bloqueando a recaptação de noradrenalina (NE) e de serotonina (SE), induzindo a perda de apetite. Essa medicação promove a perda de 4 a 6 kg em 6 meses. No entanto, apesar dos benefícios, ela pode levar a uma pequena elevação média de 3-5 mmHg na pressão arterial diastólica e de 2 a 4 bpm na frequência cardíaca. Por conta disso, se indicada para pacientes hipertensos, eles devem ser cuidadosamente monitorados. LIRAGLUTIDA É um fármaco análogo do receptor GLP-1 (peptídeo semelhante ao glucagon), ou seja, imita a ação desse hormônio que é produzido pela porção final do intestino delgado. Sua secreção é estimulada pela chegada do alimento, promovendo saciedade. O GLP-1 no: - SNC: apetite; - Coração: o débito cardíaco e cardioproteção; - Fígado: sensibilidade a insulina e produção de glicose ( glucagon e insulina); - Pâncreas: células beta; - Estômago: esvaziamento gástrico. Pode ter como efeitos adversos, náuseas, vômitos e até diarreia. TTO CIRÚRGICO A cirurgia para tratamento da obesidade pode ser feita por via laparoscópica ou por laparotomia. Técnicas Restritivas Balão gástrico, banda gástrica ajustável, sleeve gástrico. Técnicas Mistas A derivação gástrica em Y de Roux é o tipo de cirurgia mais realizada no mundo para o tratamento da obesidade. É feito um grampeamento da pequena curvatura do estômago, excluindo o resto desse órgão. Após isso, realiza-se a reconstrução do trânsito com uma gastrojejunostomia, ou seja, entre o jejuno e a pequena bolsa de estômago. Dislipidemia Bse Dislipidemia é elevação de colesterol e triglicerídeos no plasma ou a diminuição dos níveis de HDL que con- tribuem para a aterosclerose. Lípides são substâncias insolúveis no meio aquoso, sendo representadas, principalmente, por triglicérides (TG), fosfolípides (FL) e colesterol. Seu transporte na circulação linfática e sanguínea é realizado pelas lipoproteínas (LP). Cinco tipos principais de LP são classificados por sua densidade e tamanho, determinados pela composição em lípides e apolipoproteínas. Os quilomícrons (QM) são as maiores partículas, caracterizados pelo mais elevado conteúdo de TG advindo da dieta. As VLDL ou LP de muito baixa densidade são partículas também grandes, porém um pouco menores do que os QM, de modo que a separação entre elas depende do tempo de ultracentrifugação. As LP de baixa densidade ou LDL. E as LP de alta densidade ou HDL, são mais ricas em proteínas com menor conteúdo de colesterol e TG, o que determina seu menor tamanho e maior densidade. Dos pontos de vista fisiológico e clínico, os lípides biologicamente mais relevantes são os fosfolípides, o colesterol, os triglicérides (TG) e os ácidos graxos. Os fosfolípides formam a estrutura básica das membranas celulares. O colesterol é precursor dos hormônios esteroides, dos ácidos biliares e da vitamina D. Transporte As lipoproteínas participam de três ciclos básicos de transporte de lípides no plasma: - Ciclo exógeno: No qual as gorduras são absorvidas no intestino e chegam ao plasma, sob a forma de quilomícrons, e, após degradação pela lipase lipoproteica (LPL), ao fí- gado ou a tecidos periféricos. - Ciclo endógeno: As gorduras do fígado se direcionam aos tecidos periféricos; a lipoproteína de densidade muito baixa (VLDL) é secretada pelo fígado e, por ação da LPL, transforma-se em lipoproteína de densidade intermediária e, posteriormente, em LDL, a qual carrega os lípides, principalmente o colesterol, para os tecidos periféricos. - Transporte reverso do colesterol: em que as gorduras, principalmente o colesterol dos tecidos, retorna para o fígado; as HDL nascentes captam colesterol não esterificado dos tecidos periféricos pela ação da lecitina-colesterol aciltransferase (LCAT), formando as HDL maduras; por meio da proteína de transferência de CE (CETP), ocorre também a transferência de ésteres de colesterol da HDL para outras lipoproteínas, como as VLDL. AGL: ácidos graxos livres; HPL: lipase hepática. CLASSIFICAÇÃO As dislipidemias podem ser classificadas em hiperlipidemias (níveis elevados de lipoproteínas) e hipolipidemias (níveis plasmáticos de lipoproteínas baixos). Causas primárias são aquelas nas quais o distúrbio lipídico é de origem genética. Nas causas secundárias, a dislipidemia é decorrente de estilo de vida inadequado, de certas condições mórbidas, ou de medicamentos. Na classificação laboratorial, as dislipidemias podem ser divididas de acordo com a fração lipídica alterada em: Hipercolesterolemia isolada: aumento isolado do LDL-c (LDL-c ≥ 160 mg/dL). Hipertrigliceridemia isolada: aumento isolado dos triglicérides (TG ≥ 150 mg/dL ou ≥ 175 mg/dL, se a amostra for obtida sem jejum). Hiperlipidemia mista: aumento do LDL-c (LDL-c ≥ 160 mg/dL) e dos TG (TG ≥ 150 mg/dL ou ≥ 175 mg/ dL, se a amostra for obtida sem jejum). HDL-c baixo: redução do HDL-c (homens < 40 mg/dL e mulheres < 50 mg/dL) isolada ou em associação ao aumento de LDL-c ou de TG. Dislipidemia P4F1 A forma mais severa de hipercolesterolemia é a hipercolesterolemia familiar (HF), doença autossômica dominante. Elevação plasmática da concentração de colesterol em 2 vezes acima do limite de normalidade. A forma mais frequente de hiperlipidemia primária é a hiperlipidemia familiar combinada (HFC), caracterizada pelo aumento na produção de apo B e manifestada pela elevação de LDL e VLDL. QUADRO CLÍNICO De uma forma geral, não apresentam manifestações clínicas. Em alguns casos podem haver formação de xantomas. Diversos tipos de xantomas podem ser observados e caracterizam as diferentes dislipidemias. O desenvolvimento de xantomas tendinosos e tuberosos, xantelasmas e arco córneo são sinais clínicos característicos das hipercolesterolemias primárias, os quais refletem acúmulo de colesterol em macrófagos infiltrados nos tendões e na pele. Xantomas eruptivos nas regiões dorsal e glútea, nos braços, nas mãos e nas coxas, além de hepatoesplenomegalia, pancreatite ou dores abdominais recorrentes são observados com frequência. A hipertrigliceridemia acima de 1.000 mg/dL indica presença de quilomícrons, que podem ser detectados pela observação do plasma leitoso. Em decorrência da elevação plasmática do LDL colesterol, ocorrem maior captação de LDL, desenvolvimento acelerado de aterosclerose e, con- sequentemente, maior incidência de doença cardiovascular. DIAGNÓSTICO A avaliação inicial deve incluir histórico completo e exame físico com cuidadosa atenção às causas potenciais secundárias dos distúrbios lipídicos. As diretrizes recomendam que todos os indivíduos adultos avaliem o perfil lipídico. Em caso de não haver alteração, os exames devem ser repetidos após cinco anos. Xantelasma Determinação das concentrações de lípides e lipoproteínas séricas Colesterol total e TG são determinados na rotina laboratorial. Por meio da fórmula de Friedewald pode- se determinar, de maneira simplificada, a concentração de LDL colesterol. AVALIAÇÃO DE RISCO CARDIOVASCULAR (RCV) A identificação dos indivíduos com risco de um evento coronariano agudo é essencial para prevenção. A es- timativa do risco de doença aterosclerótica é feita a partir de diversos algoritmos, como o Escore de Risco global (ERG), que estima o risco de infarto do miocárdio, AVC, insuficiência cardíaca e insuficiência vascular periférica em 10 anos. .Escore de risco global (ERG) Se baseia no cálculo do risco de acordo com as variáveis: Idade Sexo Pressão arterial (tratada e não tratada) Colesterol total HDL-c Tabagismo Diabetes TRATAMENTO A decisão para o início da terapia medicamentosa das dislipidemias depende do: RCV do paciente Pacientes de muito alto ou alto risco cardiovascular, o tratamento da dislipidemia deve incluir medicamentos já em associação com as modificações do estilo de vida a serem propostas. Para os pacientes de risco moderado ou baixo, o tratamento será iniciado apenas com as medidas do estilo de vida, com a associação, em uma segunda etapa, de medicamentos, se necessário, para obtenção das metas definidas do LDL-c. O tempo de reavaliação após a implantação das medidas de modificações do estilo de vida pode ser de 3 a 6 meses. Tipo de dislipidemia
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