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DIREITO COMERCIAL 09 As Sociedades Anônimas I Introdução Noções Gerais Noções Iniciais: As sociedades por ações, cujo capital é dividido em frações representadas por títulos chamados ações, são de duas espécies: sociedade anônima e sociedade em comandita por ações. A companhia ou sociedade anônima é aquela com o capital dividido em ações e com a responsabilidade dos sócios ou acionistas limitada ao preço de emissão das ações subscritas ou adquiridas. Desta definição, depreende-se as suas principais características: a) capital social dividido em ações; b) responsabilidade dos sócios limitada ao preço de emissão das ações; c) como qualquer outra sociedade comercial, forma-se no mínimo, com dois sócios, aqui chamados de acionistas. Limites da Responsabilidade dos Sócios: Enquanto na sociedade por cotas de responsabilidade o limite da responsabilidade dos sócios cotistas se estabelece em função do capital social, na sociedade anônima a responsabilidade do acionista se restringe não mais ao valor das ações subscritas, mas ao seu preço de emissão. Caráter Comercial: A sociedade anônima, como qualquer outro tipo de sociedade comercial, constitui empresa de fim lucrativo, sujeitas às normas de licitude, isto é, de conformidade com a lei, com a ordem pública e com os bons costumes. Uma particularidade da sociedade anônima deve ser posta em destaque: qualquer que seja seu objeto, mesmo civil, sempre será ela comercial. A comerciabilidade lhe é inerente; é da própria essência estrutural da sociedade. Não se concebe, em face da lei, sociedade anônima de natureza civil. www.concursosjuridicos.com.br pág. 1 Copyright 2003 – Todos os direitos reservados à CMP Editora e Livraria Ltda. É proibida a reprodução total ou parcial desta apostila por qualquer processo eletrônico ou mecânico. Denominação: A sociedade será designada por denominação acrescida das palavras “sociedade anônima” ou “companhia”, por extenso ou abreviadamente. O emprego da palavra “companhia” é expressamente vedado no final da denominação, esclarecimento necessário para evitar que sejam confundidas com certas sociedades de pessoas, sobretudo as sociedades em comandita simples. A atual lei dispensa que a denominação indique o objeto social, por ser ilusória essa exigência. A Função Econômica das Sociedades Anônimas: A sociedade anônima, com efeito, tornou-se eficaz instrumento do capitalismo, precisamente porque permite à poupança popular participar dos grandes empreendimentos, sem que o investidor, modesto ou poderoso, se vincule à responsabilidade além da soma investida, e pela possibilidade de a qualquer momento, sem dar conta de seu ato a ninguém, negociar livremente os títulos, obtendo novamente a liquidez monetária desejada. Características da Sociedade Anônima Capital e Responsabilidade: Destaca-se que as sociedades anônimas e companhias se apresentam com o capital dividido em ações e a responsabilidade dos sócios ou acionistas é limitada ao preço de emissão das ações subscritas ou adquiridas. Caráter Comercial: A Sociedade Anônima é sempre comercial, qualquer que seja seu objeto. Contrato: A sociedade se forma pelo contrato. Assim, duas pessoas, no mínimo devem subscrever todas as ações em que se divide o capital social fixado no estatuto. A sociedade anônima atua pelos seus órgãos, que estabelecem harmoniosamente, segundo a lei e os estatutos, o equilíbrio de poder dos vários grupos e interesses. Os órgãos, sobretudo os de administração, atuam tendo em vista os limites fixados em função da declaração do objeto social. Estatutos: Os estatutos não constituem propriamente o contrato. Para a sociedade anônima formar-se são necessários vários atos, que se consubstanciam no ato constitutivo, que pode ser elaborado como ata de fundação, em decorrência da constituição da sociedade ou de escritura pública. Essa ata é que, verdadeiramente, representa o contrato. Os estatutos seriam assim, um elemento do contrato, regulamentando não só a formação da sociedade como também traçando as normas segundo as quais a sociedade atuará e se desenvolverá. Sem esse ato de constituição, lavrado em ata, escrito particular ou público, não se aperfeiçoa o contrato. A simples assinatura do estatuto não serve para vincular contratualmente os sócios. O Objeto Social O objeto social é o fim comum, ao qual todos os acionistas ou sócios aderem e se vinculam, visando à organização de uma atividade para promovê-lo e atingí-lo. Diz o art. 2.° que pode ser considerada como objeto da companhia qualquer empresa de fim lucrativo, não contrário à lei, a ordem pública e www.concursosjuridicos.com.br pág. 2 Copyright 2003 – Todos os direitos reservados à CMP Editora e Livraria Ltda. É proibida a reprodução total ou parcial desta apostila por qualquer processo eletrônico ou mecânico. aos bons costumes. A palavra “empresa” é tomada no seu sentido técnico jurídico: atividade organizada, exercida pelo empresário, que no caso é a companhia, destinada a produção e circulação de bens ou de serviços. Mas a sociedade anônima é estruturalmente mercantil. Independente de seu objeto, é ela uma sociedade comercial. Não existe, pois, a possibilidade de ter a sociedade anônima um objeto misto, civil e comercial. Será sempre comercial (art. 2.°, § 1.°). Pode ser objeto da companhia a participação em outras sociedades, ainda que não prevista no estatuto. Essa participação é facultada como meio de realizar o objeto social, ou para beneficiar-se de incentivos fiscais, concedidos pelo governo para estímulo de determinada atividade. Com esse preceito (art. 2.°, § 3.°), o legislador facilita e estimula o agrupamento de empresas, segundo tendência da economia moderna. O Capital Social A Formação do Capital Social: O estatuto da companhia fixará o valor do capital social que deve ser expresso em moeda nacional e pode ser constituído de qualquer espécie de bens, móveis ou imóveis, corpóreos e incorpóreos desde que suscetíveis de avaliação em dinheiro. A avaliação é feita por três peritos, nomeados em assembléia geral dos subscritores, convocada pela imprensa e presidida por um dos fundadores. Alteração do Capital Social: Predomina-se atualmente a tese da intangilibilidade do capital social na lei, sobretudo em consideração ao direito dos credores da companhia. Assim, como em qualquer tipo de sociedade comercial, o capital social deverá ser expresso em moeda nacional. O estatuto da companhia, por conseqüência, fixará o seu valor, o qual será corrigido anualmente. Na sua formação pode o capital compreender qualquer espécie de bens _ móveis ou imóveis, corpóreos ou incorpóreos _ suscetíveis de avaliação em dinheiro. A lei exige - e para tanto traça normas específicas já que a sociedade envolve interesses de terceiros, e mesmo dos acionistas atuais e futuros - que os valores dos bens que irão integralizar. Espécies de Sociedades Anônimas Noções Iniciais: As sociedades anônimas são classificadas pela lei em duas espécies distintas: a de capital fechado e a de capital aberto. A companhia é aberta ou fechada, reza aquele preceito legal, conforme os valores mobiliários de sua emissão estejam ou não admitidos à negociação em bolsa ou no mercado de balcão. ! Valores mobiliários " São todos os papéis emitidos pelas sociedades anônimas para captação de recursos financeiros no mercado. Mercado de balcão " É a atividade exercida fora das bolsas, relativas aos valores mobiliários, assim consideradas as realizadas com a participação das empresas ou de profissionais que tenham por objetivo distribuir aqueles valores. Atuam, no exercício dessa atividade, fora da bolsa, no balcão de seus escritórios. Pequena Sociedade Anônima: www.concursosjuridicos.com.br pág. 3 Copyright 2003 – Todos os direitos reservados à CMP Editora e Livraria Ltda. É proibida a reprodução total ou parcial desta apostila por qualquer processoeletrônico ou mecânico. Embora a lei considere que a sociedade anônima constitua o tipo ideal da grande empresa moderna, não deixa de transigir, reconhecendo a existência, entre nós, da pequena sociedade anônima. O art. 294 facilita a organização de tais sociedades, que serão sempre fechadas, com menos de 20 acionistas. A Sociedade Anônima Fechada: São formadas por grupos ou de caráter familiar, para a qual são dispensadas várias das exigências reservadas às companhias ditas abertas, as quais, convém observar, não se confundem com as atuais “sociedades de capital aberto”, que representam mais uma categoria ligada ao direito fiscal, do que propriamente ao societário. A sociedade anônima fechada é constituída nitidamente “cum intuitu personae”. Sua concepção não se prende exclusivamente à formação do capital desconsiderando a qualidade pessoal dos sócios. Caracteriza-se assim pela faculdade de restringir a negociabilidade das ações da companhia, na qual os sócios escolhem os seus companheiros, impedindo o ingresso ao grupo formado tendo em vista a confiança mútua ou os laços familiares que os prendem. A Sociedade Anônima Aberta: É a sociedade anônima cujos valores mobiliários são negociados mediante oferta pública e cujo funcionamento e administração são cercados de maiores cautelas, com vistas a resguardar a economia popular. Essa sociedade, com o capital democratizado, para assim ser considerada, esteja admitida à negociação em bolsa ou no mercado de balcão. Sem essa admissão não se configura a sociedade aberta. A companhia aberta somente será considerada como tal, se os valores mobiliários que ela operar estiverem registrados na CVM. É evidente que a CVM só registrará os valores mobiliários segundo a atenção a certos requisitos e formalidades por ela determinados. Dessa forma, a qualificação dos valores mobiliários, segundo os requisitos de negociação impostos pela CVM, determinará o enquadramento da sociedade como sociedade aberta. As outras sociedades que não se enquadrarem em tais requisitos serão consideradas sociedades fechadas. Peculiaridades de Certas Sociedades Anônimas 1) Empresa Comercial Exportadora (Trade Company): Essa empresa em nada se difere da sociedade anônima a não ser pelo seu objeto. Ganha essa denominação em razão de legislação especial que estimula sua criação, em vista do interesse do Estado. 2) Sociedades de Economia Mista: Espécie de sociedade anônima, onde os capitais públicos se aliam ao capital particular, para a promoção do objeto social de maior interesse público. Claro que essas companhias tem suas peculariedades, que lhe asseguram um tratamento específico na lei e no direito. Ao estudarmos o desenvolvimento histórico das sociedades anônimas, percebemos que se iniciaram elas como sociedades de economia mista. Essa espécie de companhia ressurgiu nos tempos modernos, quando os Estados passaram a intervir no terreno econômico, após o longo predomínio das idéias liberais e individualistas. As sociedades anônimas de economia mista, como as companhias em geral, podem ser abertas ou fechadas. Sendo abertas, estão sujeitas também às normas expedidas pela CVM. Mas essas companhias dependem, na sua constituição, de prévia autorização legislativa para sua criação. Sociedades Anônimas Dependentes de Autorização Governamental: A lei brasileira, manteve, mesmo adotando o regime da plena liberdade, concomitamente o sistema autorizativo, aplicável a certas sociedades cuja atividade, pela sua importância e gravidade, importa à segurança e ao interesse público. www.concursosjuridicos.com.br pág. 4 Copyright 2003 – Todos os direitos reservados à CMP Editora e Livraria Ltda. É proibida a reprodução total ou parcial desta apostila por qualquer processo eletrônico ou mecânico. 1) Sociedades Brasileiras: As sociedades brasileiras que, por lei especial, forem dependentes de autorização para funcionar, solicitá-la-ão ao Governo Federal, que é o poder competente para cometê-la. Atualmente várias empresas, dado o seu objeto social, dependem da autorização do Governo, como, por exemplo, as instituições financeiras e as companhias de seguros. Este poderá recusar a autorização pedida se a sociedade anônima não satisfazer as condições econômico-financeiro-jurídicas especificadas na lei, ou quando sua criação contrariar os interesses da economia nacional. 2) Empresas Estrangeiras: As sociedades anônimas determinam-se pela sede de sua administração situada no país e pela sua organização, na conformidade da lei brasileira. As sociedades anônimas que assim não se constituírem são consideradas estrangeiras, e dependem de autorização do Governo Federal para exercer atividade no Brasil, através de suas filiais ou sucursais. 3) Sociedade Anônima Multinacional: Não se limitam as sociedades anônimas, muitas vezes, ao âmbito nacional, tendem a internacionalizar-se. A sociedade multinacional é sinônimo de sociedade supranacional. Um exemplo recente é a Empresa Itaipu, que embora pública, existe uma sede no Brasil e parte no Paraguai. Muitas empresas, que até agora eram simplesmente consideradas “estrangeiras”, ou cujas subsidiárias tomam a nacionalidade brasileira mas tem seu centro de decisões no exterior, estão sendo impropriamente denominadas “sociedades multinacionais”. A Constituição da Sociedade Anônima Requisitos para Constituição: Assentada a posição que as sociedades em geral se constituem pelo contrato plurilateral, têm-se como conseqüência que o direito brasileiro desconhece as sociedades unipessoais. Compreensível, pois, que o art. 80 determine que a constituição da companhia dependa do cumprimento de vários requisitos, a começar pela subscrição, pelo menos de duas pessoas, de todas as ações em que se divide o capital social fixado no estatuto.Mas, para a constituição ainda se exige a realização, como entrada, de 10% no mínimo, do preço de emissão das ações subscritas em dinheiro a não ser que a lei reclame a realização inicial de maior valor, e o depósito, no Banco do Brasil S/A, ou em outro estabelecimento bancário autorizado pela comissão de Valores Mobiliários, da parte do capital realizado em dinheiro. Cabe ao fundador efetuar o depósito da entrada, no prazo de cinco dias contados do recebimento das quantias, em nome do subscritor e a favor da sociedade em organização. Esta só poderá levantá-lo após haver adquirido personalidade jurídica, isto é, quando estiver com seus atos constitutivos arquivados no Registro de Comércio. Nos atos e publicações referentes à companhia em constituição, sua denominação deverá ser aditada da cláusula “em organização”. Modalidades de Constituição: A sociedade anônima pode formar-se simultaneamente ou sucessivamente. Daí distinguirem-se as duas modalidades de criação da sociedade: simultânea e sucessiva. Na constituição simultânea os subscritores do capital se reúnem e por instrumento particular, representado pela ata da assembléia geral, ou por escritura pública, dão por constituída definitivamente a sociedade. A subscrição do capital se procede, nesses casos, particularmente, sem apelo ao público. Na constituição sucessiva, em que o capital se forma por apelo público aos subscritores, surge nítida a figura do fundador, que se encarrega de liderar a formação da sociedade em etapas sucessivas. www.concursosjuridicos.com.br pág. 5 Copyright 2003 – Todos os direitos reservados à CMP Editora e Livraria Ltda. É proibida a reprodução total ou parcial desta apostila por qualquer processo eletrônico ou mecânico. Constituição por Subscrição Pública: No sistema da lei vigente somente as companhias abertas se podem constituir por subscrição pública. O ato de subscrição constitui um negócio jurídico bilateral. Configura um contrato de adesão no qual o subscritor, assinalando a lista, boletim ou carta em separado, adere ao contrato, visando à constituição da sociedade anônima. A outra parte contratante não é sociedade, pois aindaestá em formação, não tendo nascido; o contrato se forma com os fundadores. Encerrada a subscrição de todo o capital, os fundadores podem dar os primeiros passos para a constituição da sociedade. Cabe-lhes a convocação da assembléia de constituição que deverá promover a avaliação dos bens, se for o caso, e deliberar sobre a constituição da companhia. Assim, verificando-se que forma observadas as formalidades legais e não havendo oposição de subscritores que representem mais da metade do capital social, o presidente declarará constituída a companhia. Constituição por Subscrição Particular: As companhias abertas, que não lançarem subscrição pública, e também as companhias fechadas, poderão adotar o sistema de constituição simultânea. A subscrição, nesses casos, será somente particular, sem nenhuma publicidade, concitando os subscritores a aderir à constituição. Será feita, portanto, no círculo íntimo de amigos ou familiares. A constituição da companhia, assim, pode fazer- se por deliberação dos subscritores em assembléia geral ou por escritura pública. Todos os subscritores, nesse caso, são fundadores. Os Livros Sociais Os Livros da Sociedade Anônima: A sociedade anônima possui, além dos livros comerciais comuns, próprios do empresário comercial, para a escrituração de suas contas, outros livros especiais, que registram a vida social. A companhia deve manter além dos livros obrigatórios, os seguintes, revestidos das mesmas formalidades legais, como dispõe o art. 100: 1) Os livros de “Registro de Ações Nominativas” e “Registro de Ações Endossáveis”, para inscrição, anotação ou averbações de: a) nome do acionista e do número das suas ações; b) entradas ou prestações do capital realizado; c) conversões de ações, de uma em outra forma, espécie ou classe; d) resgate, reembolso e amortização das ações, espécie ou classe; e) resgate, reembolso e amortização das ações, ou de sua aquisição pela companhia; f) mutações operadas pela alienação ou transferência de ações; g) penhor, usufruto, fideicomisso, alienação fiduciária em garantia ou de qualquer ônus que grave as ações ou obste sua negociação. 2) O livro “Transferência de Ações Nominativas”, para lançamento dos termos de transferência, que deverão ser assinados pelo cedente e pelo cessionário ou seus legítimos representantes. 3) O livro de “Registro de Partes Beneficiárias Nominativas” e o de “Transferência de Partes Beneficiárias Nominativas”, se tiverem sido emitidos, observando-se em ambos, no que couber nos itens 1 e 2. www.concursosjuridicos.com.br pág. 6 Copyright 2003 – Todos os direitos reservados à CMP Editora e Livraria Ltda. É proibida a reprodução total ou parcial desta apostila por qualquer processo eletrônico ou mecânico. 4) Os livros de “Registro de Partes Beneficiárias Endossáveis”, de “Registro de Debêntures Endossáveis” e “Registro de Bônus de Subscrição Endossáveis”, se tiverem sido emitidos pela companhia, observando-se, no que couber, o disposto sobre o livro de “Registro de Ações Endossáveis”. 5) O livro de “Atas das Assembléias Gerais”. 6) O livro de “Presença dos Acionistas”. 7) Os livros de “Atas das Reuniões do Conselho de Administração”, se houver, e de “Atas das Reuniões da Diretoria”; o livro de “Atas e Pareceres do Conselho Fiscal”. Escrituração do Agente Emissor e das Ações Escriturais: Sabe-se da possibilidade de a companhia atribuir a uma instituição, devidamente autorizada pela Comissão de Valores Mobiliários, a tarefa de emitir as ações e manter os seus registros, descartando- se ela própria dessa organização. O agente emissor se encarrega profissionalmente dessas atribuições. Ora, a fim de melhor desempenhar essa atividade, o art. 101 permite que o agente emissor se descarte dos livros de registro individuais de valores mobiliários de cada companhia sua cliente, adotando registros gerais em escrituração própria. Ainda o art. 102 regula o registro das ações escriturais, pela instituição financeira depositária dessa forma de ações. Exibição dos Livros Sociais: O art. 105 refere-se à essa exibição no âmbito das sociedades anônimas. A exibição por inteiro dos livros da companhia pode ser ordenada judicialmente sempre que, a requerimento de acionistas que representem, pelo menos, 5% do capital social, sejam apontados atos violadores da lei ou do estatuto, ou haja fundada suspeita de graves irregularidades praticadas por qualquer dos órgãos da companhia. Essa faculdade se insere entre os direitos essenciais dos acionistas, pois constitui o de fiscalizar a gestão dos negócios sociais. As Demonstrações e Resultados Financeiros Exercício Social: O exercício social constitui determinado período que se destaca da vida da sociedade, para verificação do resultado econômico e financeiro de sua atividade, para aferição do resultado do fim social. Podem ser, dentro do exercício social, levantados balanços semestrais. Em certos países são exigidos até trimestralmente. Mas, note-se, o exercício social será sempre, normalmente em nosso direito, de um ano. Demonstrações Financeiras: No término de cada exercício social, a diretoria fará elaborar, com base na escrituração mercantil da companhia as seguintes demonstrações financeiras: a) balanço patrimonial; b) demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados; c) demonstração do resultado do exercício; d) demonstração das origens e aplicação de recursos. Esses documentos, recomenda a lei, devem expressar com clareza a situação do patrimônio da companhia e as mutações ocorridas no exercício. As demonstrações financeiras constituem, pois, www.concursosjuridicos.com.br pág. 7 Copyright 2003 – Todos os direitos reservados à CMP Editora e Livraria Ltda. É proibida a reprodução total ou parcial desta apostila por qualquer processo eletrônico ou mecânico. claras peças que deixam retratar a real situação econômico-financeira da sociedade, para informação dos seus próprios órgãos, dos acionistas, dos credores e do público em geral. Por isso, serão elas complementadas por notas explicativas e outros quadros analíticos ou demonstrações contábeis necessárias para esclarecimento da situação patrimonial e dos resultados do exercício. Além disso, as demonstrações financeiras registrarão a destinação dos lucros segundo a proposta dos órgãos da administração, no pressuposto de sua aprovação pela Assembléia Geral. Os Resultados Financeiros e o Fim da Sociedade: O fim da sociedade comercial é a obtenção de lucro. É comum a confusão do conceito entre fim social e objetivo social, mas não existe razão para tanto. O objetivo social, definido de forma precisa e completa no estatuto, indica a espécie de atividade produtiva da sociedade; ao passo que o fim social é, como se disse, a persecução de lucro. Lucro: O lucro é o sobrevalor que a sociedade pode produzir, como resultado da aplicação do capital e outros recursos na atividade produtiva. Lucro de exercício é o que resulta do balanço contábil das contas no fim do exercício social. Lucro Líquido: O lucro líquido é o resultado final. Antes, porém, obrigatoriamente, serão deduzidos (descontados) os seguintes valores: a) o prejuízo acumulado anteriormente; b) a provisão para o imposto de renda Reserva Legal: A lei obriga a toda sociedade anônima a reservar uma parte de seu lucro líquido, para constituir uma reserva legal (uma espécie de garantia de desenvolvimento e solidez econômica das sociedades anônimas) Dividendos: Os dividendos são os pagamentos do lucro líquido (descontada a aplicação em reserva legal) aos acionistas. O pagamento de dividendos é facultativo: a assembléia geral pode decidir não dividir o lucro líquido, optando, por exemplo, em aplicar todo o lucro no crescimento da empresa. Mas há dividendos cujo pagamento é obrigatório: isso ocorre quando o estatuto estabelecer a obrigatoriedade do pagamento. www.concursosjuridicos.com.br pág. 8 Copyright 2003 – Todos os direitosreservados à CMP Editora e Livraria Ltda. É proibida a reprodução total ou parcial desta apostila por qualquer processo eletrônico ou mecânico. O Acionista Noções Gerais O Acionista e o Controle da Sociedade Anônima: Acionista é o sócio da sociedade anônima. O art. 1.° da atual lei refere-se aos “sócios ou acionistas”. É elementar que a designação de sócio se apresente genérica, e traduz a idéia da pessoa que se associa com outrem, juntando seus cabedais, para constituir a sociedade mercantil, ao passo que acionista se aplica especificamente ao membro da sociedade anônima ou companhia. Aderindo à sociedade anônima, em sua fundação, como “subscritor”, este transforma-se em acionista tão logo a sociedade anônima se constitua, e tenha seus atos arquivados no Tribunal do Comércio. Apresenta-se como titular das ações, e é, por isso, a figura central da sociedade anônima. Seu objetivo visa à formação da sociedade, como geradora de riqueza, que pode lhe proporcionar dividendos, que correspondem às ações que detiver. Direitos e Obrigações dos Acionistas Obrigações dos Acionistas: A principal obrigação dos acionistas é realizar, nas condições determinadas nos estatutos ou no boletim de subscrição, as entradas ou prestações de suas ações. Além disso, tem o sócio, como todo membro de uma coletividade constituída e organizada, o dever de lealdade para com a sociedade. A lei dedica, de resto, alguns dispositivos para regular as obrigações financeiras do sócios para com a sociedade. Direitos Essenciais dos Acionistas: Existem nas sociedades anônimas, a exemplo do que ocorre nas coletividades sociais, certos direitos fundamentais, que são impostergáveis. A declaração desses direitos fundamentais ou essenciais está enunciada no art. 109, sob a égide do princípio de que nem o estatuto, nem a assembléia geral poderão deles privar o acionista. São direitos essenciais dos acionistas: 1) Direito de Participação nos Lucros Sociais: Ao estudar a teoria das sociedades comerciais verifica-se que a participação nos lucros constitui o fim fundamental e característico delas. É nula a sociedade que estipular que a totalidade dos lucros pertença a um só dos sócios, ou em que algum deles seja excluído. 2) Direito de Participar do Acervo Social: O segundo direito fundamental do acionista é o direito de participar do acervo social, no caso de liquidação da sociedade. A mesma igualdade de tratamento para todos os acionistas da mesma classe ou categoria, na distribuição dos lucros, deve presidir ao rateio do acervo líquido que resultar da liquidação da sociedade anônima, em caso de dissolução. 3) Direito de Fiscalizar a Gestão dos Negócios Sociais: www.concursosjuridicos.com.br pág. 9 Copyright 2003 – Todos os direitos reservados à CMP Editora e Livraria Ltda. É proibida a reprodução total ou parcial desta apostila por qualquer processo eletrônico ou mecânico. Constitui também um direito inarredável do acionista, como de resto ocorre em qualquer sociedade comercial e para qualquer tipo de sócio, o de fiscalizar a gestão dos negócios sociais, na forma prevista em lei. Muito mais imperioso é que esse direito seja especialmente assegurado e regulado nas sociedades anônimas em virtude de sua peculiar estrutura jurídica. 4) Direito de Preferência na Subscrição de Ações: É dirigido ao antigo acionista, que inverteu cabedais confiando na companhia, sendo justo então que tenha preferência na subscrição de novas ações. 5) Direito de Recesso: O direito de recesso ou de retirada do acionista, com o pagamento de seus haveres na companhia, nos casos previstos em lei, é assegurado como um direito seu fundamental. Não pode ser negado nem pelo estatuto nem pela companhia. A lei, no art. 137, assegura ao acionista, discordante de certas deliberações da assembléia geral extraordinária, o direito de retirada, além de outras hipóteses previstas no decorrer do texto legal. O Direito de Voto nas Assembléias Noções Iniciais: Como o problema do acionista era primordialmente fortalecer o seu interesse, sem maior consideração pela companhia, fácil foi conceber as ações preferenciais, tirando-lhes o direito ao voto. Passa-se a aquinhoar o acionista, reforçando-lhes as garantias de renda de suas ações, e se assegura uma maior tranqüilidade do controle da sociedade, que contará com menor número de ações com voto. Com efeito, o art. 112 da lei dispõe que somente os titulares de ações nominativas, endossáveis ou escriturais, poderão exercer o direito de voto. As ações ao portador são despidas do direito de voto, que caberá apenas às ações nominativas. Impedimentos: Nem sempre pode o acionista votar. Motivos legais e éticos impedem-no. O acionista, com efeito, deve exercer o direito de voto com lealdade, sem descurar do interesse da companhia. Considera-se, por isso, abusivo o voto exercido com o fim de causar dano à companhia ou a outros acionistas, ou de obter, para si ou para outrem, vantagem a que não faz jus e de que resulte, ou possa resultar, prejuízo para a companhia ou outros acionistas. Acordo de Acionistas: Considera-se imoral o negócio feito com a disposição do voto, tanto que é capitulado como crime o ato do acionista que, para obter vantagem para si ou para outrem, negociar o voto nas deliberações das assembléias gerais. Mas o acordo de acionistas, visando à defesa de seus interesses comuns e legítimos, nos quais pactuam votar no mesmo sentido, o que tecnicamente se chama “sindicação de ações” não configura o delito. A vantagem ilícita que a lei brasileira pretende coibir consiste no proveito, em detrimento da sociedade ou de outrem, que o acerto entre os acionistas possa acarretar. Suspensão dos Direitos do Acionista: A suspensão do exercício de direitos do acionista constitui sanção aplicada pela assembléia geral ao acionista que não tem cumprido suas obrigações. A sanção é regulada no art. 120, extensiva ao exercício de todos os direitos, e a causa será o não-cumprimento de qualquer obrigação imposta pela lei ou pelo estatuto, que prejudique ou perturbe a vida social. Cessa imediatamente a suspensão, tão logo seja cumprida a obrigação. www.concursosjuridicos.com.br pág. 10 Copyright 2003 – Todos os direitos reservados à CMP Editora e Livraria Ltda. É proibida a reprodução total ou parcial desta apostila por qualquer processo eletrônico ou mecânico. O Acionista Minoritário e Majoritário: Como hoje, na sociedade moderna, nem todos os acionistas têm direito a voto, o conceito de “maioria” se refere ao maior volume das ações com voto. Como a imensa maioria dos acionistas detém ações sem voto - podendo no caso da lei brasileira esse número atingir 2/3 do capital social somente em ações preferenciais - bem ver que a maioria absoluta da sociedade não tem acesso, sequer, às disputas do controle. Além do mais, as ações ao portador não possuindo voto, mas somente as nominativas, aquele limite pode acrescer significativamente, e somente um pequeno número de ações oferecer voto para a decisão do controle. O controle, por exemplo, da família Rockfeller, na Standart Oil of New Jersey, há pouco tempo não atingia sequer a 5% do capital social. Em nosso País sociedades anônimas já são controláveis pela detenção de 20% do capital social, e até por muito menos, ao passo que as ações se vão dispersando, cada vez mais, nas mãos do público. O que a nossa lei, visa, efetivamente, não é apenas à proteção da minoria com direito a voto, mas à imensa maioria sem voto, inerme diante da minoria. Procura-se, assim, através de uma série de normas tutelares, estabelecer melhor equilíbrio de poderes entre acionistas com voto e acionistas sem voto. A proteção dos acionistas, chamados impropriamente de “minoritários”, se faz pelo estado de direito que é constituído por variadas normas que definem seus direitos fundamentais ou essenciais. As Formas de Controle: Partindo da observação de que a orientação das atividadesda empresa se encontra em mãos de um indivíduo ou grupo que exerce o verdadeiro poder de escolher a diretoria - “controlando” uma maioria de votos diretamente ou através de algum artifício legal - ou exerce pressão que determine sua escolha, enumeram-se vários tipos de controle: 1) Controle através da participação quase completa é o ideal, para o direito e para a empresa, pois demonstra o alto grau de recíproca confiança e colaboração entre os acionistas, tal como se encontra na “affectio societatis”, nas sociedades de pessoas. Por isso esse controle se evidencia sobretudo nas sociedades fechadas e de família, onde é comum a cessão e coincidência de interesses de todos os sócios. 2) O controle pela maioria de acionistas constitui o primeiro passo na dissociação da propriedade do controle, e implica na posse de maioria do capital declarado por um acionista ou grupo deles. 3) A terceira forma é o controle através de um mecanismo jurídico. Muitas combinações de empresas, como as holdings, podem levar a certos artifícios legais que asseguram o controle a algumas empresas. Em nosso País pouco ocorre essa modalidade, pois a lei vigente já proíbe certos instrumentos que a lei de outros países admite, como a ação ordinária sem voto e o voto plural. 4) Por fim, temos o controle pela minoria. A dispersão das ações pode ser tal que dificilmente um acionista ou grupo de acionistas conseguiria deter a titularidade de ponderável número de ações. É o caso do controle das grandes corporações modernas, citando-se vários exemplos de sociedades em que o grupo de controle o exerce, embora sua percentagem de ações seja irrisória em relação ao vultuoso capital e à dispersão das ações. www.concursosjuridicos.com.br pág. 11 Copyright 2003 – Todos os direitos reservados à CMP Editora e Livraria Ltda. É proibida a reprodução total ou parcial desta apostila por qualquer processo eletrônico ou mecânico. Os Órgãos Sociais Noções Gerais Noções Iniciais: O funcionamento das sociedades importa certa organização. Essa organização é rudimentar nas sociedades de pessoas, nas quais um dos sócios, ou todos eles, desfrutam do poder de direção. Na sociedade anônima, porém, o problema da administração social se torna complexo, impondo uma melhor distribuição de poderes. A esses centros de poderes da administração da sociedade anônima - tomada aqui a administração em seu sentido mais amplo - dá-se doutrinariamente a designação de órgãos sociais. Esses órgãos sociais, que integram a direção da sociedade anônima, são estruturados de forma democrática. Estão constituídos em três categorias: o órgão de deliberação, que expressa a vontade da sociedade; o órgão de execução, que realiza a vontade social; e o órgão de controle, que fiscaliza a fiel execução da vontade social. Administração: A administração (gerenciamento) de uma sociedade anônima cabe ao seu Conselho de Administração e à Diretoria. Pode, entretanto, o estatuto social determinar que a administração caiba, exclusivamente, à diretoria. O conselho de administração é obrigatório nas companhias abertas e nas de capital autorizado. Nas demais, só serão criados se os sócios quiserem. Conselho de Administração e Diretoria: Conforme definirem os estatutos, a administração da companhia ficará a cargo do conselho de Administração e da Diretoria, ou somente da Diretoria. O conselho de Administração é órgão deliberativo colegiado, sendo a representação da Companhia privativa dos diretores. As companhias abertas e as de capital autorizado terão, obrigatoriamente conselho de administração. Diretoria: A “diretoria” das Sociedades Anônimas será composta por pelo menos 2 diretores, que são eleitos pelo conselho de Administração, o qual também poderá substitui-los a qualquer tempo (se não houver conselho de Administração, a eleição dos diretores ou sua destituição será feita pela Assembléia Geral. Os Diretores é que representarão (falarão por ela, tanto exercitando direitos, como assumindo obrigações) a sociedade anônima, caso o estatuto ou o conselho de administração nada disponha sobre o assunto. Composição do Conselho de Administração: O conselho de Administração será composto de, no mínimo, três membros, eleitos pela assembléia geral e por ela destituíveis a qualquer tempo, devendo o estatuto estabelecer: a) o número de diretores, ou o máximo e o mínimo permitido; b) o modo de sua substituição; c) o prazo de gestão, que não poderá ser superior a três anos, permitida a reeleição; d) as atribuições e poderes de cada diretor. Os membros do conselho de administração, até o máximo de um terço (1/3), poderão ser eleitos para os cargos de diretores. www.concursosjuridicos.com.br pág. 12 Copyright 2003 – Todos os direitos reservados à CMP Editora e Livraria Ltda. É proibida a reprodução total ou parcial desta apostila por qualquer processo eletrônico ou mecânico. Conselho Fiscal As sociedades anônimas deverão ter um conselho fiscal, composto de três membros, no mínimo, e cinco, no máximo, e igual número de suplentes, acionistas ou não, eleitos pela assembléia geral. Conselho Consultivo: Este órgão é mera faculdade dos acionistas. Se os acionistas quiserem, poderão criar um órgão colegiado, composto de pessoas experientes e conhecedoras da atividade, para aconselhar a diretoria ou o conselho de administração, na tomada de decisões especiais. Sua criação, portanto, depende dos estatutos sociais, ou de deliberação dos acionistas em assembléia geral. Uma vez criado, os membros do Conselho Consultivo poderão ser ouvidos em funções técnicas ou no aconselhamento dos administradores. ! Os membros do Conselho Consultivo terão as mesmas responsabilidades que todo e qualquer administrador. Responderão, portanto, por seus atos e abusos. Transformação, Incorporação, Fusão e Cisão das Sociedades Anônimas Noções Gerais Transformação: A transformação não constitui um instituto exclusivo das Sociedades Anônimas: aplica-se a qualquer tipo de sociedade comercial, cujos sócios desejam dar-lhe outra estrutura jurídica. A flexibilidade do Direito Comercial permite que a sociedade mercantil, dotada de certa estrutura jurídica, a modifique para assumir outro tipo, sem descontinuidade ou alteração de sua personalidade. Através da transformação da sociedade torna-se possível, com a modificação do ato constitutivo, imprimir-lhe outra tipicidade. O art. 220 define a transformação como a operação pela qual a sociedade passa, independentemente da dissolução e liquidação, de um tipo a outro. O conceito legal deixa bem claro que a personalidade jurídica continua imutável, não surgindo nova sociedade. É a antiga sociedade mantendo a mesma personalidade jurídica, porém com outras vestes. Como pela transformação se modifica a estrutura do contrato social, alterando-se sobretudo na responsabilidade dos sócios, a lei exige o consentimento unânime destes, para ser ela levada a efeito. Como a transformação se reflete na responsabilidade dos sócios, há que se atentar para os direitos dos credores. Declara o art. 222 que a transformação não prejudicará, em caso algum, os direitos dos credores. Continuarão eles a desfrutar, até o pagamento integral de seus créditos, das mesmas garantias que o tipo anterior da sociedade lhes oferecia e assegurava. Incorporação: A incorporação é a operação pela qual uma ou mais sociedades, de tipos iguais ou diferentes, são absorvidas por outra, que lhes sucede em todos os direitos e obrigações. Na incorporação não surge www.concursosjuridicos.com.br pág. 13 Copyright 2003 – Todos os direitos reservados à CMP Editora e Livraria Ltda. É proibida a reprodução total ou parcial desta apostila por qualquer processo eletrônico ou mecânico. nova sociedade, pois uma, a incorporadora, absorve outra ou outras sociedades, que se extinguem. Essa extinçãoé inexorável, pois o art. 219, II declara extinta a companhia pela incorporação. Subsiste pois a incorporadora, acrescida do capital e patrimônio da incorporadora, assumindo aquela o passivo da sociedade extinta. Fusão: A fusão é a operação pela qual se unem duas ou mais sociedades, de tipos iguais ou diferente, para formar sociedade nova que lhes sucederá em todos os direitos e obrigações. Se na incorporação a sociedade incorporada se extingue, por ser absorvida pela outra, que permanece, na fusão, as duas ou mais sociedades, todas elas objeto da operação, se extinguem. A fusão é, com efeito, conforme o art. 219, II, causa de extinção das sociedades envolvidas. Cisão: A cisão, na definição do art. 229, é a operação pela qual a companhia transfere parcela do seu patrimônio para uma ou mais sociedades, constituídas para esse fim ou já existentes, extinguindo-se a companhia cindida, se houver versão de todo o seu patrimônio, ou dividindo-se o seu capital, se parcial a versão. A cisão da sociedade pode assumir vários aspectos, segundo a sua intensidade e destino do patrimônio cindido. Pode, por isso, levar ou não à extinção da sociedade. Temos a cisão com versão de todo o patrimônio em outras sociedades, quando o patrimônio social se cinde em duas ou mais partes, cada uma delas com destino de formar novas sociedades, com a extinção da sociedade primitiva. Os outros casos são da versão de parte do patrimônio, quando a sociedade cindida não se extingue, mas dá azo a dela se destacarem parte ou partes do seu patrimônio que formarão outra ou outras sociedades, ou se vão fundir a outra sociedade já existente. A sociedade que absorver parcela do patrimônio da companhia cindida sucede a esta nos direitos e obrigações relacionados no ato da cisão, assegurando assim o direito dos credores e terceiros. No caso da cisão com extinção, as sociedades que absorverem parcelas do patrimônio líquido transferido sucedem à companhia cindida nos direitos e obrigações não relacionados no ato da cisão. A cisão com parcela de patrimônio em sociedade já existente obedecerá às disposições sobre a incorporação (art. 227), pois, efetivamente, essa parcela da sociedade cindida será incorporada em outra sociedade já existente. Procedimento: A lei estabeleceu um rito para ser seguido na efetivação da incorporação, fusão ou cisão. Embora de naturezas diferentes esses institutos seguem uma norma comum de procedimento para levar ao fim colimado de forma regular e legal. O Protocolo: Nada mais é do que a planificação, em projeto, das condições em que se vão efetuar a incorporação, fusão ou cisão. Essas condições, com efeito, constarão de protocolo firmado pelos órgãos de administração ou sócios das sociedades interessadas (art. 224). A Justificação: Além do protocolo, as operações de incorporação, fusão e cisão importam em justificação apresentada à deliberação das assembléias gerais ou dos sócios das sociedades interessadas (art. 225). A Formação do Capital: As operações de incorporação, fusão ou cisão somente poderão ser efetuadas nas condições formuladas no protocolo, se os peritos nomeados determinarem que o valor do patrimônio ou patrimônios líquidos a serem vertidos para a formação do capital social for ao menos, igual ao montante do capital a realizar (art. 226). www.concursosjuridicos.com.br pág. 14 Copyright 2003 – Todos os direitos reservados à CMP Editora e Livraria Ltda. É proibida a reprodução total ou parcial desta apostila por qualquer processo eletrônico ou mecânico. Direito de Retirada do Acionista Dissidente: O acionista quando adere à constituição da companhia, ou quando nela ingressa adquirindo ações, pode ser movido por interesses peculiares e particulares. Por isso pode opor-se à incorporação, fusão e cisão por considerá-la inconveniente à sociedade ou prejudicial aos seus interesses. A lei reconhece ao acionista dissidente o direito de recesso (art. 230). Dissolução e Liquidação das S/A Dissolução Dissolve-se a companhia: 1) De Pleno Direito: a) pelo término do prazo de duração; b) por deliberação da assembléia geral (art. 136, VIII); c) nos casos previstos no estatuto; d) pela existência de um só acionista, verificada em assembléia geral extraordinária, se o mínimo de dois não for reconstituído até a assembléia do ano seguinte, ressalvado o disposto no art. 251; e) pela extinção na forma da lei que autorizou o funcionamento da companhia. 2) Por Decisão Judicial: a) quando anulada a sua constituição, em ação proposta por qualquer acionista; b) quando provado que não pode cumprir o seu fim, através de ação proposta por acionistas que representem 5% ou mais do capital social; c) em caso de falência, na forma prevista na lei própria. 3) Por Decisão de Autoridade Administrativa Competente: Nos casos e na forma prevista em lei especial. Liquidação Noções Iniciais: Liquidação é o meio e o modo pelo qual apuram-se o ativo e o passivo da sociedade, pagando-se aos credores. Para proceder à liquidação, deve ser nomeada uma pessoa que será a encarregada de proceder a todos os atos, visando à realização da liquidação. Chama-se tal pessoa liquidante. Deveres do Liquidante: São deveres do liquidante: www.concursosjuridicos.com.br pág. 15 Copyright 2003 – Todos os direitos reservados à CMP Editora e Livraria Ltda. É proibida a reprodução total ou parcial desta apostila por qualquer processo eletrônico ou mecânico. a) arquivar e publicar a ata da assembléia geral ou certidão da sentença, que houver deliberado ou decidido a liquidação; b) arrecadar todos os bens, livros e documentos da companhia onde quer que estejam; c) fazer o imediato levantamento do balanço patrimonial da companhia; d) terminar os negócios pendentes da companhia, realizando o ativo e pagando o passivo, bem como partilhando entre os acionistas o saldo remanescente; e) exigir dos acionistas a integralização de suas ações, isto se o ativo não bastar para o pagamento do passivo; f) convocar a assembléia geral sempre que for necessário; g) confessar a falência da companhia ou pedir concordata quando cabível; h) submeter à assembléia geral relatório dos atos e operações da liquidação, bem como suas contas finais, tão logo tenha terminado a liquidação. Procedimento do Liquidante: Para realizar a todos tais atos, o liquidante representará a companhia e terá poderes para praticar todos os atos necessários à liquidação, podendo até alienar (vender) bens móveis ou imóveis, fazer acordos, receber e dar quitação. O liquidante, depois de pagar o passivo e ratear o ativo remanescente, deverá convocar a assembléia a aprovação dessas contas. Aprovadas as contas, encerra-se a liquidação e a companhia fica extinta. Se algum acionista discordar da liquidação, terá 30 dias a contar da publicação da ata da assembléia, para promover a ação cabível. O liquidante terá as mesmas responsabilidades do administrador e os deveres e responsabilidades dos administradores anteriores, fiscais e acionistas, subsistirão até a extinção da companhia. Partilha: Sempre que se procede à liquidação, pode ou não haver um saldo positivo (remanescente do ativo). Naturalmente o saldo remanescente pertence aos acionistas e a eles deve ser devolvido. A esta operação dá-se o nome de rateio. O rateio do ativo denomina-se partilha. A partilha deve ser feita apenas após o pagamento de todos os credores. Poderá ser feita a partilha, mesmo que ainda não tenham sido apurados todos os haveres sociais. Nesse caso, o rateio será feito proporcionalmente (acionista que tem mais ações, recebe fatia maior). Se ainda existirem haveres a serem apurados, os haveres sociais já apurados serão rateados proporcionalmente entre os acionistas. O acionista que se achar prejudicado no rateio, poderá provar seu prejuízo e impedir a realização da partilha naquelas condições especiais, ou no caso não mais seja possível, poderá exigir indenização dosbeneficiados. Extinção: Dissolvida a sociedade, é procedida a liquidação de seu ativo e passivo, culminando com a partilha do saldo entre os sócios. Terminada a liquidação, ocorrerá a definitiva extinção dessa sociedade. Também ocorrerá a extinção de uma sociedade, se ela for “incorporada” por uma outra, ou se ela for “fundida” com uma outra, ou se ocorrer sua “cisão total”. www.concursosjuridicos.com.br pág. 16 Copyright 2003 – Todos os direitos reservados à CMP Editora e Livraria Ltda. É proibida a reprodução total ou parcial desta apostila por qualquer processo eletrônico ou mecânico. Questões de Concursos 01 - (Ministério Público/SP – 81) A assembléia geral das sociedades por ações poderá considerar dispensada a publicação dos anúncios necessários à sua convocação quando ( ) a) a urgência da matéria a ser tratada justificar a sua realização. ( ) b) houver o comparecimento da totalidade dos acionistas. ( ) c) estiverem presentes mais de 50% (cinqüenta por cento) dos acionistas. ( ) d) houver o comparecimento do acionista controlador. ( ) e) seu objeto for o requerimento de concordata preventiva ou autofalência da companhia. 02 - (OAB/SP – 119) O exercício do direito de retirada de sociedade anônima assiste ao acionista que discordar ( ) a) da condução dos negócios sociais. ( ) b) de qualquer deliberação da assembléia geral. ( ) c) do critério estabelecido de distribuição de dividendos não obrigatórios. ( ) d) da alteração do contrato social. 03 - (OAB/SP – 119) Relativamente às sociedades anônimas, é incorreto afirmar que ( ) a) o Conselho de Administração será composto por, no mínimo 5 membros, eleitos pela assembléia geral e por ela destituíveis a qualquer tempo. ( ) b) a diretoria será composta por 2 ou mais diretores, eleitos e destituíveis a qualquer tempo pelo Conselho de Administração. ( ) c) o Conselho Fiscal será composto de, no mínimo 3 e, no máximo, 5 membros, e suplentes em igual número, acionistas ou não, eleitos pela assembléia geral. ( ) d) a administração da companhia competirá, conforme dispuser o estatuto, ao Conselho de Administração e à diretoria, ou somente à diretoria. www.concursosjuridicos.com.br pág. 17 Copyright 2003 – Todos os direitos reservados à CMP Editora e Livraria Ltda. É proibida a reprodução total ou parcial desta apostila por qualquer processo eletrônico ou mecânico. Gabarito 01.B 02.D 03.A Bibliografia • Curso de Direito Comercial Rubens Requião São Paulo: Editora Saraiva, 1998 • Manual de Direito Comercial Fábio Ulhoa Coelho São Paulo: Editora Saraiva, 2002 www.concursosjuridicos.com.br pág. 18 Copyright 2003 – Todos os direitos reservados à CMP Editora e Livraria Ltda. É proibida a reprodução total ou parcial desta apostila por qualquer processo eletrônico ou mecânico.
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