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UNIVERSIDADE ESTACIO DE SÁ CURSO DE GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA ELOISA BASSO Prática como componente curricular: Conteúdo e Metodologias da Educação Infantil EEL0015 Sananduva 2021 2 1 INTRODUÇÃO Nos dias atuais, assistimos constantemente as transformações que vêm ocorrendo devido ao avanço das tecnologias de comunicação e de informação, as quais estão levando- nos a repensar nossas práticas pedagógicas que, enquanto práticas sociais, não ficam imunes a esse conjunto de transformações. Os efeitos da terceira revolução industrial (a da informática e da microeletrônica e da engenharia genética) são até mais profundos do que o impacto que as duas primeiras causaram. Com as duas primeiras, vimos emergir a preocupação com a educação das massas populares que desembocou, principalmente a partir do século XIX, na construção dos grandes sistemas educacionais de massa, impulsionados pelo novo modo de produção industrial e pela urbanização (PALMA FILHO, 2021, p. 8). Contudo, neste início de século, condicionada pelas consequências da globalização, a preocupação passa a ser com a construção de uma educação planetária, a qual apresenta em sua base de sustentação quatro pilares, dentre eles: Aprender a conhecer; Aprender a fazer; Aprender a viver juntos, aprender a viver com os outros e Aprender a ser (UNESCO, 1998). Além disso, de acordo com o pensador francês Edgar Morin, os educadores precisam refletir sobre a natureza do conhecimento a ser trabalhado pela escola, enfatizando o ensino sobre: a condição humana, a identidade terrena, as incertezas que cada vez mais assolaram a espécie humana, com vistas a desenvolver uma educação voltada para a compreensão em todos os níveis educativos e em todas as idades, que pede a reforma das mentalidades e a consideração do caráter ternário da condição humana, que é ser ao mesmo tempo indivíduo/sociedade/espécie. Tal autor, ainda conclui que há necessidade de a educação se preocupar com a ética do gênero humano, tendo em vista estabelecer uma relação de “controle mútuo entre a sociedade e os indivíduos pela democracia e conceber a Humanidade como comunidade planetária” (MORIN, p. 2001). 3 2 DESENVOLVIMENTO Observe as charges abaixo com muita atenção e depois reflita sobre as questões postas abaixo. 4 1. Como Edgar Morin compreende que os educadores precisam refletir sobre a natureza do conhecimento a ser trabalhado pela escola? R: Edgar Morin compreende que os educadores precisam refletir sobre a natureza do conhecimento a ser trabalhado pela escola, considerando questões relacionadas ao indivíduo e a sua relação em sociedade, respeitando as especificidades de cada um. Para ele o aluno precisa compreender o sentido daquilo que está aprendendo e saber utilizar tal conhecimento em busca do seu desenvolvimento enquanto indivíduo que faz parte dessa sociedade. 2. A proposta de Edgar Morin é contrária ou afinada com as ideias passadas pelas charges? R: Em minha opinião, a proposta de Edgar Morin é contrária com as ideias passadas pelas charges. Na primeira imagem a educadora está ministrando uma aula tradicional onde o aluno é o sujeito passivo, apenas recebe a informação que lhe é repassada e não tem direito de expressar sua opinião. Já, na segunda imagem fica evidente a falta de “interesse” do educador em fazer uma avaliação justa, considerando as especificidades de cada um. O mesmo está aplicando a mesma avaliação a turma inteira. 3. Ao longo da história da educação, a escola tem se preocupado com a ética do gênero humano, tendo em vista estabelecer uma relação de “controle mútuo entre a sociedade e os indivíduos pela democracia e conceber a Humanidade como comunidade planetária” (MORIN, p. 2001)? R: Diante das leituras realizadas, acredito que não. O texto mostrou que ao logo da história a educação passou por diversas fases, se é assim que podemos dizer. Na Antiguidade, o mundo grego foi pródigo em tendências educacionais: Esparta, uma sociedade guerreira, glorificava, sobretudo, os heróis guerreiros, defendia uma educação totalitária, uma educação militar e cívica repressiva, em que todos os interesses eram sacrificados à razão do Estado. Atenas, uma cidade-estado democrática, usava o processo educativo como um meio para que o indivíduo alcançasse o conhecimento da verdade, do belo e do bem. Na Idade Média, com o surgimento do Cristianismo mudam os rumos da cultura ocidental e consequentemente 5 as ideias sobre o processo educacional. Tratava-se de uma educação elementar catequista, formada por dois núcleos básicos, a igreja de um lado e a família de outro. Os educadores eram os Padres da Igreja. No século XV o homem do Renascimento confia na razão e nas aquisições culturais da Antiguidade. Essa mudança no modo de ver o mundo e o próprio homem teve uma estreita relação com os avanços da ciência da época e com as descobertas tecnológicas. Assim é que as grandes navegações, a invenção da bússola e a invenção da tipografia aumentaram a crença nas possibilidades do homem, favorecendo o individualismo, o pioneirismo e a aventura. Hoje, diríamos que beneficiou o empreendedorismo. Desse modo, era inevitável que surgissem novas concepções de educação e de ensino. Há, então, um aprofundamento do Humanismo, só que com feição laica. Trata-se de uma educação, basicamente, voltada para a formação do homem burguês que atinge, principalmente, o clero, a nobreza e a burguesia. Esta, que emerge como nova classe social, a partir do Renascimento, disputará com a Igreja e a nobreza o poder político que, finalmente, conquistará, no século XVIII, com o advento da Revolução Francesa. Após isso, houve o surgimento do manual de estudos “Ratio atque Institutio Studiorum”, o qual, a partir de 1599, passou a fornecer aos sacerdotes- professores os planos, os programas e os métodos de educação católica. No Brasil, com a morte do Padre Manuel da Nóbrega, os jesuítas passaram a seguir fielmente os preceitos educacionais da Companhia de Jesus, a partir de 1600, consubstanciados na “Ratio Studiorum” e, desse modo, desenvolveram uma educação que atuava em duas frentes: a formação de elites dirigentes e a formação catequética das populações indígenas”. O século XVII marca o surgimento da pedagogia realista que estabelece um momento de transição entre a pedagogia do renascimento e a pedagogia iluminista do século XVIII. A pedagogia realista busca substituir o conhecimento verbalista anterior pelo conhecimento das coisas. Para tanto, procura criar uma nova didática. Segue reafirmando com mais ênfase ainda a individualidade do educando e, na ordem social e moral, advoga o princípio da tolerância, do respeito à personalidade e de fraternidade entre os homens. No século XVIII, as preocupações de reis, pensadores e políticos estão voltadas para as questões educacionais. O ideal educacional dos iluministas está no reconhecimento em grau máximo da razão humana, por meio, dos seguintes princípios: desenvolvimento da educação estatal, da educação do Estado, com maior participação das autoridades oficiais no ensino; começo da educação nacional, da educação do povo pelo povo ou por seus representantes políticos; 6 princípio da educação universal, gratuita e obrigatória, no grau da escola primária, que fica estabelecida em linhas gerais; iniciação do laicismo no ensino, com a substituição do ensino religioso pela instrução moral e cívica; organização da instrução pública em unidade orgânica, da escola primária à universidade; acentuação do espírito cosmopolita, universalista, que une pensadores e educadores de todos os países; primazia da razão, crença no poder racional e na vida dos indivíduos e dos povos; ereconhecimento da natureza e da intuição na educação. O século XIX vê surgir das entranhas do iluminismo do século XVIII duas concepções antagônicas de organização social e de educação. De um lado, está o positivismo que busca consolidar o modelo burguês de educação e, de outro, o movimento popular e socialista. Do lado positivista, para o sociólogo francês E. Durkheim (1858-1917): “A educação é a ação exercida pelas gerações adultas sobre as gerações que não se encontram ainda preparadas para a vida social; tem por objetivo suscitar e desenvolver, na criança, certo número de estados físicos, intelectuais e morais, reclamados pela sociedade política no seu conjunto e pelo meio especial que a criança, particularmente, se destine.” Já para o filósofo britânico Alfred North Whitehead (1861-1947), a educação deve ser útil: “A educação é a aquisição da arte de utilizar os conhecimentos. É uma arte muito difícil de se transmitir.” De outra parte, a concepção socialista de educação se opõe à concepção burguesa. Como assinala Gadotti (1996, p.119), “ela propõe uma educação igual para todos”. Mas, sem dúvida, o grande movimento educacional do século XX relaciona-se com o pensamento pedagógico da Escola Nova. Dentre outros pensadores, Dewey imaginava o processo educacional como algo contínuo, no qual, permanentemente, reconstruía-se a experiência concreta, ativa e produtiva de cada ser humano. A educação, antes de qualquer coisa, é processo e não produto, ou seja, o importante é ensinar a pensar. Jean Piaget concentrou a sua atenção de pesquisador no estudo da natureza do desenvolvimento da inteligência na criança e forneceu as bases para a construção da pedagogia construtivista, ao lado de Vygotsky e Wallon. O educador brasileiro Paulo Freire, cujo pensamento educacional, hoje, é mundialmente reconhecido também sofreu influência do ideário pedagógico escolanovista, embora discordasse do conservadorismo político que alguns membros desse movimento apresentavam. 7 4. Proponha alguma solução para as situações apresentadas pelas charges. R: A primeira solução que eu proponho as situações apresentadas pelas charges seria uma avaliação de cada docente em relação as suas metodologias aplicadas em sala de aula. Aliado a isso, sugiro que o professor do século 21 se atualize, pesquise e leve para a sala de aula atividades relevante e que motivem o discente a aprender de uma forma justa e respeitando as especificidades de cada um. O discente precisa ser instigado a interagir expressando suas opiniões, pois, dessa forma, estará se desenvolvendo enquanto sujeito ativo no processo de aprendizagem. É preciso estar atento às atividades para que elas possam contemplar a turma no geral para que todos aprendam e para que ninguém se sinta excluído. 5. Quais conselhos você daria para si mesmo para exercer a didática com ética e dinamismo frente aos desafios apresentados nas charges? R: Primeiramente o professor precisa gostar daquilo que faz e estar comprometido com a sua função que é ensinar. Contudo, ensinar não é apenas transmitir aquele conhecimento pronto e acabado que encontramos nos livros didáticos. É preciso buscar formas de tornar uma aula interessante, por meio de atividades que despertem o interesse do discente e que façam o mesmo ver sentido naquilo que está aprendendo, ou seja, onde ele poderá aplicar aquele conhecimento na prática do seu cotidiano. 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS Todas as instituições de ensino que atuam com a educação básica devem apresentar uma Proposta Pedagógica condizente com os seus objetivos e crenças. É a partir dela que a escola irá criar estratégias e planejar suas ações, visando sempre o desenvolvimento dos seus alunos, e o cumprimento das normas do Ministério da Educação – MEC. A proposta pedagógica escolar funciona como uma espécie de identidade institucional: ela apresenta e norteia à metodologia de ensino, a estrutura curricular e as atividades educativas das escolas públicas e particulares, formalizando o compromisso assumido por professores, funcionários, pais e alunos no período letivo. Prevista na Lei de Diretrizes e Bases da Educação de 1996, elaborada pelo MEC, a proposta pedagógica garante a autonomia das instituições de ensino, garantindo que elas 8 sejam responsáveis por suas próprias questões pedagógicas. Os pais e responsáveis que estão se perguntando como escolher uma boa escola, podem começar a sua busca verificando quais são as propostas pedagógicas das instituições de sua região. Geralmente elas são baseadas em uma determinada linha educacional, e nos estudos e pesquisas realizados por grandes educadores e psicólogos. O construtivismo, por exemplo, tem como base os ensinamentos de Jean Piaget, enquanto a Freireana é inspirada nos ideais do educador brasileiro Paulo Freire. E independente da proposta pedagógica adotada, toda escola precisa cumprir as diretrizes estabelecidas pelo MEC (EDUCA MAIS BRASIL). A Proposta Pedagógica de uma escola irá interferir diretamente na seleção do corpo docente bem como na forma como o ensino será ministrado. Ao fazer as leituras sobre a proposta pedagógica de algumas escolas para a elaboração da conclusão, dentre elas, as militar, ficou claro que tais escolas, os estudantes deverão priorizar o processo de aprendizagem exercendo seus direitos e deveres, tais como: a presença em sala de aula, a realização das atividades propostas, estudo contínuo dos conteúdos programáticos e, por consequência a obtenção de resultados brilhantes nas avaliações. Desde o primeiro dia de aula até o final de cada ano letivo o foco dos estudantes será a aprendizagem significativa e colaborativa. Por experiência própria, posso dizer que em uma escola estadual não existe essa cobrança em relação ao ensino, tanto em relação ao docente como em relação ao discente, sendo esse um dos principais fatores que interferem na aprendizagem e no desenvolvimento do sujeito. Os discentes de uma escola militar ou particular, por exemplo, possuem um ensino de melhor qualidade e por conta disso, acaba cursando as melhores universidades, fato esse que, certamente irá definir o seu imersão no mercado de trabalho. 4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA EDUCA MAIS BRASIL. Proposta Pedagógica. Disponível em: https://www.educamaisbrasil.com.br/proposta-pedagogica. Acesso em: 07 set. 2021. MORIN, E. A religação dos saberes: o desafio do século XXI. Rio de Janeiro: Livraria Bertrand Brasil, 2001. PALMA FILHO, João Cardoso. A educação através dos tempos. Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. Disponível em: https://acervodigital.unesp.br/bitstream/123456789/173/1/01d06t01.pdf. Acesso em: 05 set. 2021. UNESCO. Relatório da Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI. São Paulo: Cortez, 1998.
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