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Aula 12 – Doenças Virais – Professora Dra Aline da Hora Febre Aftosa Foot and Mouth Disease (tradução literal: doença do pé e da boca) Definição → É uma doença viral severa infecciosa e altamente contagiosa que acomete principalmente mamíferos de casco fendido, domésticos e selvagens. → Não causa doença em equinos, caninos e felinos. → Caracterizada por formação de lesões vesiculares (aftas) principalmente em mucosa oral e nasal, língua, região coronárias dos cascos e espaço interdigital. → Ocorrência dessa doença que levou a criação do MAPA o Programa de controle e erradicação da febre aftosa o IN 50 de 2012: Lista II- Notificação imediata de qualquer caso suspeito o Se confirmado > reportado a OIE. o IN 44 de 2007 – Programa Nacional de Erradicação e Prevenção da Febre Aftosa (PNEFA) → Maio de 2018 > certificação de país livre da aftosa com vacinação ( no momento BR caminha para ser livre sem febre aftosa sem vacinação) → Algumas áreas dentro do Brasil, como uma parte da região Norte e da região Sul, são livres de febre aftosa sem vacinação. Em 1998 SC e RS já eram zonas reconhecidas como zonas livres com vacinação e em 2007 reconhecidas como livres sem vacinação. → Em 2005 teve surto dessa doença no MT e no Paraná. → A maior parte da América do Sul é considerada livre. → Planos de ação do PHEFA: plano hemisférico de erradicação da doença. Etiologia → Ordem: Picornavirales → Família: Picornaviridae → Gênero: Aphthovirus → Vírus da febre aftosa (Foot-and-mouth disease virus) Nathália Gomes Bernardo A n o taçõ es d e A u la e Im ag en s b asead as n a ap resen tação d a au la d a P ro fesso ra D ra A lin e d a H o ra → ssRNA(+), → Não envelopado → Diâmetro 25-30nm, Genoma de 8.450pb → Simetria Icosaédrica: VP1, VP2, VP3 e VP4 (proteínas virais que conferem a simetria icosaédrica) → 7 sorotipos (A, O, C, Sat 1, Sat 2, Sat 3 e Asia 1) o O sorotipo O foi o detectado ultimamente no Brasil o Surto da Colômbia: sorotipo A → A doença clínica é indistinguível entre os sorotipos → Não há imunidade cruzada entre as vacinas → Pentâmeros são facilmente dissociados após aquecimento ou pH ácido (<6) ou básico (>9). → Vírus se mantém viável: o Vírus vive no ambiente até 3 meses, clima frio até 6 meses, a 4ºC até um ano (problemática maior em países frios). ▪ Carcaça congelada antes do rigor mortis, vírus permanece viável > fonte de infecção para animais que ingerem a carne. Epidemiologia → Hospedeiros: o Biungulados => mais de 70 espécies! o Camelídeos => baixa susceptibilidade → TRANSMISSÃO DIRETA (principal): contato animal animal - secreções e excreções o Vírus presente: tecidos e fluidos das lesões, saliva, ar expirado, secreções nasais, sangue, leite, sêmen e urina → TRANSMISSÃO INDIRETA: por meio de pessoas, veículos, vestuários, equipamentos, sobras de alimentos usados para a alimentação animal (suínos). Em 1967-1968 : houve surto de febre aftosa no Reino Unido veiculado pelo vento. 2300 focos. FORMAS DE INFECÇÃO: → Bovinos: principalmente por inalação a partir de suínos; → Suínos: principal via de transmissão: ingestão de alimentos contaminados => os suínos necessitam de uma maior dose infectante que bovinos para se infectarem. → RN tem imunidade passiva adquirida da mãe => proporcional à condição imune da mãe e a quantidade de colostro ingerido. o Vida média da imunidade passiva para bovinos e suínos: 21 dias. Bovinos, como são mais sensível a infecção, são considerados indicadores da febre aftosa. > primeiros a apresentarem sintomas. Podem ser fonte de infecção por até 6 meses. Alguns animais permanecem infectados por até 3 anos. Suínos são hospedeira amplificadores > eliminam em maior quantidade carga viral. Geralmente mantem a infecção por 28 dias. Pequenos ruminantes: hospedeiros de manutenção > sinais clínicos bem discretos. Animais que se recuperam da doença ou que são vacinados, podem continuar sendo portadores > possui status imune suficiente para controlar o vírus no organismo > mas mascara a doença no país. → Morbidade até 100% → Mortalidade o Baixa em adultos o Maior em jovens=> relacionado principalmente com casos de morte súbita A n o taçõ es d e A u la e Im ag en s b asead as n a ap resen tação d a au la d a P ro fesso ra D ra A lin e d a H o ra Patogenia → Penetração do vírus nas vias aéreas superiores => multiplicação inicial na mucosa e tecido linfoide da orofaringe => disseminação local e replicação nas vias aéreas inferiores => disseminação sistêmica livre ou com partículas virais associados aos mononucleares → Também pode penetrar através de soluções de continuidade na pele do focinho, patas e tetos => ocorrendo então replicação inicial derme e epiderme => atinge a corrente sanguínea => infecção => disseminação sistêmica das partículas virais. → O vírus pode se replicar em diversos tecidos e as lesões são observadas nos locais de replicação (cav. oronasal, patas, coração (an. jovens), tetos, e glândulas mamárias). Uma vez que o animal teve contato com o vírus (dia 0) ele se infecta > aumento da carga viral > pico da carga viral coincide com o aparecimento das lesões. Pico de infectividade 2hrs antes do aparecimento das lesões. Animal portador dissemina mesmo antes do aparecimento dos sinais clínicos. Excreções virais diminuem conforme anticorpos são formados. > Fase de recuperação. 8-11 dias pós infecção > melhor período para fazer isolamento viral. Período de incubação varia conforme diversos fatores: susceptibilidade, vacinação idade, etc. Pico de excreção viral pode ser antes do aparecimento de sinais clínicos. Bovino adulto excreta facilmente mais de 10 elevado a 4 partículas virais por dia. Sinais Clínicos Variam de acordo com a espécie. Gado leiteiro de alta produção e suínos de criação intensiva: sinais clínicos mais evidentes até lesões graves e debilitantes. Pequenos ruminantes adultos: sinais leves e transitórios. → Febre → Vesículas => erosões, patas, boca, narinas, tetos, focinho → Claudicação, relutância em movimentação, descamação dos cascos → Aborto → Morte de animais jovens (miocardite aftosa) Bovinos → Vesículas orais o Língua, pulvino, gengiva, palato mole, narinas, focinho o Excesso de salivação (devido a dor) o Descarga nasal e oral (começa como mucosa e evolui para mucopurulenta) → Relutância para se alimentar, perda da condição corporal → Lesões nos tetos o Diminuição da produção de leite o Mastite → Lesões em patas o Espaço interdigital o Banda coronária o Claudicação o Relutância em movimentar Suínos → Lesões de cascas o Bandas coronárias, almofada plantar, espaço interdigital o Claudicação o Pode haver até quedas de unha o Pode evoluir para necrose → Vesículas no focinho → Lesões orais: menos comum > mais lesões concentradas em patas → Morte súbita em jovens Ovinos e Caprinos → Geralmente assintomáticos → Febre → Se isolam do rebanho → Claudicação (mais comum) → Lesões orais → Diminuição da produção de leite → Aborto → Morte em jovens → Pode ocorrer lesões orais e em cascos, mas são bem mais discretas Lesões Coração tigrado: miocardite lindo histocítica focal Neonatos e jovens Resulta em óbito sem aparecimento de outras lesões Diagnóstico Exclusivo em laboratórios oficiais. AMOSTRAS → Fragmento de epitélio e fluido coletados das vesículas não rompidas ou recentemente rompidas (como por exemplo na manipulação na hora da lavagem do local); → Sangue com anticoagulante ou soro: infecções subclínicas ou lesões discretas; → Músculo cardíaco, tireoide, linfonodos: casos de mortalidade em animais jovens → Líquido esofágico-faringeo (LEF): coletado com auxílio de coletores tipo probang; o LEF deve conter restos celulares e ser livre de sangue ou líquido ruminal.> CUIDADOS COM AS AMOSTRAS → Meio de transporte: glicerol e meio fosfatado, ou meio essencial mínimo ou PBS (solução salina tamponada) o pH da amostra deve permanecer em 7,2 a 7,6 → Transporte deve ser feito em condições seguras; → Temperatura de transporte: 4ºC o Quando o intervalo entre a coleta e a chegada do material no laboratório for maior que 24 horas; as amostras devem ser congeladas em nitrogênio líquido ou gelo seco. Sempre que houver doença vesicular em ruminantes ou suínos a febre aftosa deve ser considerada. > suspeitas devem ser confirmadas por testes laboratoriais. DIRETO Detecção do vírus ou Ag virais em tecidos e fluidos de animais infectados → ELISA: a fixação do complemento (técnica em desuso) e o isolamento viral INDIRETO: sorologia> dependendo do tipo de teste é possível saber diferenciação de animis infectados dos vacinados. A vacinação utilizada no BR não permite a diferenciação A coleta e processamento das amostras só pode ser realizada por pessoal técnico capacitado e em laboratório de segurança credenciados pelo MAPA. > prevenir escape de vírus do laboratório. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL → Bovinos: Doença das mucosas/diarreia viral bovina, rinotraqueíte infecciosa bovina (IBR), mamilite bovina, estomatite papular bovina, febre catarral maligna e língua-azul → Ovinos: Língua-azul, ectima contagioso TRATAMENTO Contra indicado VACINAÇÃO → A não vacinação leva a multas. → Segue calendário oficial do MAPA. → Vacinas entre 2-8 graus > transporte em caixa térmica vedada. → Vacina deve ser mantida no gelo até a utilização. → Ideal vacinar os animais em horas mais frescas do dia. → Vacinas: bovinos e búfalos apenas. → Seringas e vacinas devem ser mantidas na caixa térmica. → Higiene e limpeza. → 2mL por animal → Retirada da saponina como adjuvante → Local: tabua do pescoço IM ou SC → Brasil: Vacinas inativadas (sorotipos O,A,C) → Calendário preconizado pelo MAPA (necessário consultar o site) o Vacinação semestral: animais com até 24 meses o Vacinação anual: animais com mais de 24 meses CONTROLE → A partir de 1 animal infectado já é considerado foco. → Sacrifício sanitário de todos os animais susceptíveis na propriedade foco e na zona perifocal de 3km – a partir da confirmação do foco. → Na área de vigilância (7km ao redor da área focal) > todas as propriedades são visitadas: vinculo? (trânsito de animais), sinais clínicos, etc. → Área tampão: representa os limites de área de proteção sanitária > área em alerta
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