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Luana Christie de Castro Medeiros INTRODUÇÃO • Grande prevalência - 1 a cada 10 idosos apresentam depressão. Depressão é a quarta maior causa de incapacidade no idoso. • Multimorbidades – doenças que não estão compensadas e o paciente fica depressivo por achar que não vai ficar bem e vai morrer. • Má adesão ao tratamento – tanto causa a depressão, quanto a depressão causa a má adesão ao tratamento. Idosos não costumam aderir à psicoterapia. • Confusão com outras doenças – com demência e hipotireoidismo, por exemplo. • Variância de sintomas – causa dificuldade para o diagnóstico. CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS DSM-5 • Humor deprimido; • Perda de interesse ou prazer na maioria das atividades; • Perda ou ganho de peso e/ou apetite; • Sonolência excessiva (hipersonia) ou insônia; • Agitação ou retardo psicomotor; • Sentimento de inutilidade ou culpa; • Dificuldade de concentração – falso declínio cognitivo; • Fadiga; • Ideia recorrente de morte ou suicídio. Presença de cinco ou mais dos seguintes sintomas presentes durante o período de duas ou mais semanas. Observação: na prática nem sempre são 5 desses sintomas, as vezes é menos que isso. Observação 2: esses critérios são gerais, não apenas para idosos. Observação 3: Importante procurar por fatores desencadeantes. CARACTERÍSTICAS NO IDOSOS SOMÁTICOS • Alteração do apetite; • Distúrbios do sono – poderia passar ao menos um medicamento para melhorar o sono; • Fadiga; • Dor; • Sintomas gastrointestinais; • Dispneia. Observação: passar medicamento para cada uma dessas características somáticas não é indicado, o indicado é tratar a raiz do problema: a depressão. COGNITIVO/COMPORTAMENTAIS • Atenção/concentração; • Memória; • Irritabilidade; • Confusão mental – por isso confunde com demência; • Sintomas psicóticos. DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS Geralmente hipotireoidismo, no caso de doenças da tireoide. Pedir exame, principalmente quando os sintomas forem recentes. FATORES DE RISCO PARA DEPRESSÃO • Nesta faixa etária, estes transtornos tendem à cronicidade, são subdiagnosticados e sub tratados, causam grande sofrimento psíquico, aumento da dependência funcional, isolamento social, risco de suicídio, piora da qualidade de vida e aumentam a mortalidade dos indivíduos acometidos. • Alguns fatores de risco para os transtornos depressivos já estão bem estabelecidos como idade avançada, escolaridade (aquele que estudou mais tem menos chances), patologias crônicas, ansiedade, falta de vínculos e de suporte social. Os eventos estressantes da vida como uma viuvez recente ou outras perdas importantes, dores crônicas e estar vivendo sozinho são, também, fatores que aumentam o risco de sintomas depressivos. Observação: sentir o luto é importante, por no máximo 4 meses, porque a partir disso já pode ser depressão, e já pode ser necessário medicação. MEDICAMENTOS QUE PODEM ALTERAR O HUMOR DOS IDOSOS Na AGA (Avaliação Geriátrica do Idoso) é importante perguntar quais medicamentos toma, porque eles podem interferir em várias coisas, como no humor. São eles: • Metildopa; • Clonidina; • Propanolol; • Levodopa; Luana Christie de Castro Medeiros • Benzodiazepínicos – não é usado para tratar depressão, e sim para uma crise por no máximo 6 semanas; • Antipsicóticos; • Corticoides. É IMPORTANTE SABER DISTINGUIR • Depressão + demência. • Depressão com declínio cognitivo (pseudodemência). • Demência com depressão secundária. Na demência, no MINIMENTAL o paciente tenta responder aos questionamentos, mas erra. Já na depressão, NO MINIMENTAL o paciente nem se quer tenta responder, tem má vontade em responder, em interagir. FISIOPATOLOGIA • Os principais neurotransmissores são serotonina, noradrenalina e dopamina, mas também tem acetilcolina, glutamato e histamina. • O neurotransmissor, fisiologicamente, passa do neurônio pré sináptico para o pós sináptico, e depois é recaptado. No caso da depressão, o que acontece é que ele é recaptado, mas não solta mais para a próxima sinapse, diminuindo a quantidade de neurotransmissores da próxima sinapse. • Os medicamentos agem justamente tentando aumentar a quantidade de neurotransmissores nas sinapses. Mas antes, os medicamentos agiam na enzima IMAO’s, mas perceberam que não melhoravam. Ex de IMAO’s: Moclobemida/Fenelzina. • Evoluíram então para os Anti Depressivos Tricíclicos como Amitriptilina e Nortriptilina. Não são primeira opção para idosos porque podem causas iatrogenia, principalmente de: constipação e parkinsonismo. • Depois evoluíram para os ISRS (Inibidor Seletivo da Recaptação de Serotonina), como Fluoxetina, Sertralina, Escitalopram. • Existem também os ISRNS (Inibidor Seletivo da Recaptação de Serotonina e Noradrenalina), os chamados duais. • Outros antidepressivos: Existem também os Inibidores Seletivos da Recaptação de Noradrenalina e Dopamina, e também são chamados de duais. TRICÍCLICOS • São baratos; • Tem baixa tolerabilidade; • Toxicidade cardiovascular; • Efeitos secundários: ganho de peso, sedativo (por isso é usado para paciente quando tá com dificuldade de dormir), analgésico (dores crônicas, enxaquecas). • Mais usados: Clomipramina (Anafranil); Imipramina (Imipra, Tofranil); Amitriptilina (Amytril, Tryptanol); Maprotilina (Ludiomil); Nortriptilina (Pamelor). ISRS • Os mais utilizados atualmente; • Eficácia de até 80% - os mais tops hoje em dia; • Boa tolerabilidade – se fizer o Start Low; • Efeitos secundários: analgésico, perda de peso, alteração do sono (tanto pra mais como pra menos). • Mais usados: Fluoxetina (10-80 mg/d), Paroxetina (10-60 mg/d), Citalopram (10-80 mg/d), Escitalopram (5-20 mg/d), Sertralina (25 – 200 mg/d), Fluvoxamina (50-200 mg/d). • Observação: Fluoxetina é o mais acessível, pois é dado pelo SUS, mas o índice de eficácia dele é baixo (cerca de 40%), tendo que colocar a máxima dose. • Observação 2: Paroxetina muito usado em transtornos de humor/bipolaridade, ansiedade, toque, alguns tipos de fobia. • Observação 3: Sertralina é o que mais mostrou efeito para os casos de Demência com depressão secundária. • Observação 4: Paroxetina é de liberação prolongada, então reduz os riscos de efeitos adversos, como o aumento da pressão. O medicamento de escolha: Escitalopram, que é a evolução do Citalopram. Lembrar de começar a dar com metade da mínima dose. ISRNS • Mais utilizados. • Início do efeito mais rápido. • Melhor tolerabilidade. • Tem mais chances de elevar a PA do que os ISRS. • Maior custo. Luana Christie de Castro Medeiros • Efeitos secundários: analgésicos e ansiolíticos. • Mais usados: Venlafaxina (37,5 – 225 mg/d), Desvenlafaxina (50 – 100 mg/d), Duloxetina (30- 90 mg/d). Observação: Venlafaxina começa a tratar com dose de 75, geralmente entre 75 e 150, mas precisa começar com 37,5 mesmo que não faça efeito. Observação 2: Desvenlafaxina é a evolução da Venlafaxina, onde muitas vezes a sua mínima dose (50) já trata. Observação 3: Duloxetina muito usado para pacientes com dores crônicas, além de transtorno de humor. OUTROS ANTIDEPRESSIVOS • Trazodona: insônia, dores crônicas. • Bupropiona: parkinsonismo, disfunção sexual, tabagismo e outras compulsões. • Mirtazapina: usa com o paciente com insônia, redução de apetite e peso. • Vortioxetina: depressão refratária? Declínio cognitivo? Mirtazapina: é um dos antidepressivos mais tops que temos hoje na medicina. Observação: Vortioxetina é muito caro (ainda não derrubou a patente). Mas ele é o melhor antidepressivo que tem. Em segundo lugar seria o Escitalopram. Mas se o paciente tiver insônia e redução do apetite, ao invés do Escitalopram, seria melhor a Mirtazapina que não agrava esses sintomas como o Escitalopram agrava! ACOMPANHAMENTO • Reavaliação dos sintomas (Escala de Depressão Geriátrica - EDG). • Ajusteda dose. • Manejo dos efeitos adversos. • Tempo mínimo de tratamento (1 ano), após o paciente estar bem. • Falha terapêutica – depressão resistente? ESCALA DE DEPRESSÃO GERIÁTRICA YESAVAGE (GDS-15) • Essa escala serve para avaliar a gravidade da depressão do paciente, e não o diagnóstico. Lembre-se que o diagnóstico é clínico. • Se o paciente tiver até 5 respostas negativas, ele está tendo um grau de depressão leve, que não necessariamente vai precisar de medicamento, apenas mudança no estilo de vida. • Se o paciente tiver de 6 até 10 respostas negativas, ele está tendo um grau de depressão leve, mas que precisa de medicação e psicologia. • Se o paciente tiver de 11 até 13 respostas negativas, o paciente está tendo um grau de depressão moderada. • Se o paciente tiver de 14 até 15 respostas negativas, ele está tendo um grau de depressão grave. Prestar atenção que respostas negativas não são os “não”. Por exemplo: se ela responder sim à pergunta “se sente desamparado com frequência?”, isso é uma resposta negativa. POTENCIALIZAÇÃO • Lítio; • Antipsicóticos; • Hormônio tireoidiano – em caso de hipotireoidismo, por exemplo; • Lamotrignina – é um anticonvulsivante; • Ácido valpróico; • Psicoestimulantes. ➢ Mais usados: Aripripazol (10 – 30 mg/d); Lítio (900 – 1800 mg/d); Metilfenidato (10 - 60 mg/d). SEGUIMENTO • De 3 a 4 meses é que muda o fármaco, antes disso tentar associar com outro fármaco, potencializador ou até aumentar a dose. • Exemplo de associação: Mirtazapina com Venlafaxina, principalmente se for um depressivo grave. Luana Christie de Castro Medeiros • ECT = eletroconvulsoterapia em caso de depressão refratária.