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Giuliana Talher Paralisia Facial O VII nervo craniano supre todos os músculos relacionados com a expressão facial. O componente sensitivo é pequeno (nervo intermédio); conduz a sensação do paladar dos dois terços anteriores da língua e provavelmente os impulsos cutâneos da parede anterior do canal auditivo externo. O núcleo motor do VII nervo situa-se anterior e lateralmente ao núcleo do abducente. Após deixar a ponte, o VII nervo entra no meato acústico interno com o nervo acústico. O nervo continua seu trajeto em seu próprio canal ósseo, o facial, e sai do crânio via forame estilomastóideo. Em seguida, atravessa a glândula parótida e subdivide-se para suprir os músculos faciais. A interrupção completa do nervo facial no forame estilomastóideo paralisa todos os músculos da expressão facial. O ângulo da boca cai, as rugas e pregas cutâneas desaparecem, a fronte não franze e as pálpebras não se fecham. À tentativa de fechar as pálpebras, o olho do lado paralisado move-se para cima (fenômeno de Bell). A pálpebra inferior afasta-se da conjuntiva, permitindo que as lágrimas escoem sobre a bochecha. O alimento acumula-se entre os dentes e os lábios, e saliva pode escorrer pelo canto da boca. O paciente queixa-se de sensação de peso ou dormência na face, mas raras vezes detecta-se perda sensitiva e o paladar permanece intacto. Se a lesão estiver localizada na parte da orelha média, ocorre perda do paladar nos dois terços anteriores da língua ipsilateral. Se o nervo para o estapédio for interrompido, ocorre hiperacusia (sensibilidade a sons altos). Lesões no meato acústico interno podem afetar os nervos auditivo e vestibular adjacentes, causando surdez, zumbido ou tontura. Lesões intrapontinas que paralisam a face em geral também atingem o núcleo abducente e, com frequência, os tratos corticospinal e sensitivo. Se a paralisia facial estiver presente há algum tempo e a recuperação da função motora for parcial, é possível que surja uma contração difusa contínua dos músculos faciais. A fissura palpebral fica mais estreita, e a prega nasolabial aprofunda-se. As tentativas de movimentar um grupo de músculos faciais podem resultar em contração de todos eles (movimentos associados, ou sincinesia). Podem ocorrer espasmos faciais, iniciados por movimentos da face (espasmo hemifacial). A regeneração anômala das fibras do VII nervo podem resultar em outros fenômenos problemáticos. Se fibras originalmente conectadas com o orbicular do olho passarem a inervar o orbicular da boca, o fechamento das pálpebras pode causar retração da boca, ou se fibras originalmente conectadas com os músculos da face passarem a inervar a glândula lacrimal, é possível a ocorrência de lacrimejamento anômalo (“lágrimas de crocodilo”) a qualquer atividade dos músculos faciais, como o ato de comer. Outra sincinesia facial é desencadeada pela abertura da mandíbula, que provoca fechamento das pálpebras no lado da paralisia facial (piscadela mandibular). Giuliana Talher PARALISIA DE BELL A forma mais comum de paralisia facial é a paralisia de Bell. ★ Manifestações clínicas: O início da paralisia de Bell é razoavelmente abrupto e, como regra, a fraqueza chega ao máximo em 48 horas. Dor retroauricular Perda unilateral do paladar e hiperacusia. Em alguns casos, há linfocitose leve no líquido cerebrospinal. ★ Fisiopatologia: Na paralisia de Bell aguda, ocorre inflamação do nervo facial com células mononucleares, o que é compatível com uma causa infecciosa ou imune. O DNA do herpes-vírus simples (HSV) tipo 1 foi frequentemente detectado no líquido endoneural e no músculo auricular posterior, sugerindo que, na maioria dos casos, a reativação desse vírus no gânglio geniculado pode ser o fator responsável. A reativação do vírus varicela-zóster está associada à paralisia de Bell em até um terço dos casos, podendo representar a segunda causa mais frequente. Vários outros vírus também foram implicados com menos frequência. Uma incidência maior de paralisia de Bell também foi relatada entre receptores da vacina contra influenza intranasal inativada, e supôs-se que isso poderia resultar da enterotoxina da Escherichia coli usada como adjuvante ou da reativação do vírus latente. ★ Diagnóstico diferencial: Existem muitas outras causas de paralisia facial aguda que devem ser consideradas no diagnóstico diferencial da paralisia de Bell. A doença de Lyme pode causar paralisia facial unilateral ou bilateral; em áreas endêmicas, ≥ 10% dos casos de paralisia facial provavelmente decorrem de infecção por Borrelia burgdorferi. A síndrome de Ramsay Hunt, causada pela reativação do herpes-zóster no gânglio geniculado, é uma paralisia facial grave associada a erupção vesiculosa no canal auditivo externo e às vezes na faringe e em outras partes do tegumento; com frequência, o VIII nervo craniano também é afetado. Paralisia facial frequentemente bilateral ocorre na sarcoidose e na síndrome de Guillain-Barré. A hanseníase costuma envolver o nervo facial, e neuropatia facial também pode ocorrer no diabetes melito, nas doenças do tecido conectivo, incluindo síndrome de Sjögren, e na amiloidose. ★ Tratamento: As medidas sintomáticas incluem: (1) uso de fita adesiva para baixar a pálpebra superior durante o sono e prevenir ressecamento da córnea, (2) lágrimas artificiais (3) massagem dos músculos enfraquecidos. Um ciclo de glicocorticoides, 60 a 80 mg/dia de prednisona durante os primeiros 5 dias com retirada progressiva nos 5 dias seguintes, reduz modestamente o período de recuperação e melhora o resultado funcional.
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