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Daniel V. Rodrigues-M33 1- Descrever o envelhecimento fisiológico do sistema respiratório; . O envelhecimento respiratório se dar pelo envelhecimento ao sistema ósseo (costela, caixa torácica, esterno e coluna na parte posterior) e pelo sistema muscular (diafragma, músculos intercostais, musculatura acessória da respiração, que inclui a musculatura abdominal e musculatura do pescoço, como o esternocleidomastóideo. . Hipercifose torácica: é um desvio na coluna que faz com que as costas fiquem em posição de "corcunda" e, em alguns casos, pode fazer com que a pessoa apresente o pescoço, ombros e cabeça muito inclinados para frente. Ocorre desidratação dos discos intervertebrais, que causa aproximação das vértebras e dificuldade na manutenção da postura. Além da perda de 2% da musculatura, a partir de 50 anos. Então, essa alteração postural, irá causar alteração na mecânica ventilatória, visto que não conseguirá expandir a caixa torácica, não permitindo o pulmão de encher na capacidade total ventilatória. Então, por consequência, haverá redução da expansibilidade torácica; redução do volume expiratório no primeiro minuto; redução da capacidade vital (é igual ao volume de reserva inspiratório mais o volume corrente mais o volume de reserva expiratório). . Devido a fraqueza de musculatura, principalmente abdominal, que é responsável pela expiração forçada e pela tosse, haverá uma diminuição na eficácia da tosse; redução da capacidade de limpeza mucociliar, associado ao aumento de muco; riscos de doenças (DPOC, pneumonias, etc). . Além disso, no processo de envelhecimento, tem um acontecimento denominado inflammaging, que seria o aumento de citosinas pré-inflamatórias na corrente sanguínea, que vai inundar os tecidos, incluindo o pulmão. Esse aumento, será um baixo grau de inflamação, mas será constante, se tornando crônica, interferindo (reduzindo) na elasticidade pulmonar; prejuízo do parênquima pulmonar (diminuindo a eficiência das trocas gasosas), aumentando o risco de morbidade e mortalidade. . Se nota no envelhecimento respiratória, uma manutenção da capacidade ventilatória em repouso, porém, se o idoso é exposto a uma demanda maior, ele terá uma resposta reduzida, tanto diminuição de oxigênio nos tecidos (hipóxia), quanto o aumento do dióxido de carbono (hipercapnia), ou seja, haverá uma resposta diminuída para manter a homeostase dos tecidos. Logo, isso irar levar ao aumento de insuficiência respiratória em situações de alta demanda e risco de hospitalização, internação na UTI e óbito. Conceito: O envelhecimento é caracterizado por alterações fisiológicas de todos os sistemas. O sistema respiratório do idoso sofre progressiva diminuição do seu desempenho devido a alterações estruturais e funcionais. Essas mudanças são clinicamente relevantes, pois o declínio da função pulmonar está associado ao aumento da taxa de morbidade e mortalidade nesta população. 🡺 Mudanças estruturais As mudanças estruturais no sistema respiratório de idosos envolvem alterações nos pulmões, caixa torácica e músculos respiratórios. Entre as alterações que ocorrem no pulmão, a redução da elastina e aumento do colágeno no tecido conjuntivo de suporte observado especialmente, após os 40 anos, é o principal fator responsável pela diminuição do diâmetro das vias aéreas (principalmente bronquiolar) observado, e determinante para o aumento da resistência pulmonar. No pulmão senil, ocorre ainda: uma redução no peso pulmonar em cerca de 21%; aumento do espaço morto (com áreas ventiladas, porém pouco perfundidas); e alargamento e calcificação de cartilagens traqueais e brônquicas. Ou seja, os pulmões se tornam mais volumosos, os ductos e bronquíolos se alargam e os alvéolos se tornam flácidos, com perda do tecido septal. A consequência é o aumento de ar nos ductos alveolares e diminuição do ar alveolar com piora da ventilação e perfusão. Além disso, são observadas outras alterações anatômicas nas vias aéreas como: estreitamento dos bronquíolos (já dito), aumento no diâmetro dos ductos alveolares; sacos alveolares menos profundos (mais achatados) e redução no número de alvéolos - menor superfície alveolar (com consequente aumento do volume de ar nos ductos alveolares - ductectasias), dando uma falsa impressão de enfisema (enfisema senil). Ocorre também redução do número e atividade das células mucociliares, com maior dificuldade de clareamento das vias, ocasionando uma maior predisposição a infecções. Daniel V. Rodrigues-M33 As alterações encontradas na parede torácica são: enrijecimento do gradil costal devido a diversos fatores, como: calcificações de cartilagens costocondrais, descalcificação de costelas e vértebras e alterações das articulações costovertebrais; redução da complacência e distensibilidade pulmonar (pior nos idosos acamados, com alterações posturais e sedentarismo); hipercifose torácica geralmente associada; aumento do diâmetro torácico ântero-posterior (geralmente decorrente do enfisema senil ou DPOC existentes). As alterações estruturais musculares são: substituição adiposa do tecido muscular; redução de massa e potência muscular (principalmente em idosos sedentários); atrofia muscular e redução de força muscular; aumento na participação do diafragma e da musculatura abdominal na respiração, devido ao enrijecimento do gradil costal. Então, os músculos respiratórios na velhice sofrem: redução na resistência da fadiga; redução no fluxo sanguíneo; redução na capacidade oxidativa; e redução na densidade capilar. Dessa forma, as principais alterações fisiológicas são: redução da elasticidade pulmonar; enrijecimento da parede torácica; e redução da potência motora e muscular. 🡺 Mudanças funcionais A funcionalidade é um dos atributos fundamentais do envelhecimento humano, pois trata da interação entre as capacidades física e psicocognitiva para a realização de atividades no cotidiano, mediada pelas habilidades e competências desenvolvidas ao longo do curso de vida. A capacidade funcional está diretamente relacionada ao estado físico-funcional do indivíduo. ALTERAÇÕES FUNCIONAIS PULMONARES O aumento na rigidez da caixa torácica, perda de retração elástica dos pulmões, e diminuição significativa da força dos músculos respiratórios, levam há uma redução progressiva da função pulmonar em indivíduos idosos. Entre as principais alterações observadas pode-se citar: 1. Redução do volume pulmonar útil, devido ao aumento do espaço morto e redução da superfície alveolar, com consequente redução da efetividade das trocas gasosas. 2. Fechamento prematuro de pequenas vias aéreas (principalmente bronquíolos), devido a diminuição de elastina, o que ocasiona uma desproporção na relação ventilação/perfusão e decrescimento progressivo da quantidade de O2 da relação alvéolo-arterial. 3. Redução da capacidade vital, devido ao aumento da complacência pulmonar, da redução da complacência torácica e da redução da forca muscular respiratória; (CV, é a quantidade máxima de ar que a pessoa pode expelir dos pulmões, após primeiro enchê-los à sua extensão máxima e, então, expirar, também à sua extensão máxima) 4. Aumento da capacidade residual funcional (volume de ar presente no final da inspiração). 5. Aumento do volume residual. (volume de ar presente nos pulmões no final da expiração) 6. Aumento do ar residual. 7. Redução do volume expiratório forçado 8. Dificuldades para interpretação da espirometria. 9. Redução da sensibilidade do centro respiratório a hipóxia e hipercapnia, com consequente redução da resposta ventilatória nos quadros patológicos de DPOC (doença pulmonar obstrutiva crônica), infecções, ICC e traumas. 10. Desordem respiratória do sono, como: apnéia, obstruções aumentam o risco de morte súbita e complicações. 11. Redução do reflexo da tosse e de sua efetividade, decorrente da fraqueza muscular. 12. Aumento do risco de aspirações, infecções e atelectasias. (A atelectasia é o colapsodo tecido pulmonar com perda de volume. Os pacientes podem ter dispneia ou insuficiência respiratória se a atelectasia for extensa. Eles também podem desenvolver pneumonia. A atelectasia costuma ser assintomática, mas hipoxemia e dor torácica pleurítica podem estar presentes em certos casos). 13. Na deficiência do surfactante os alvéolos poderão colabar na expiração, fazendo atelectasias. 14. O surfactante também tem função protetora, impedindo a entrada de partículas, e aumenta a capacidade de os macrófagos pulmonares destruírem bactérias. 15. Ainda na deficiência de surfactante, há o aumento da permeabilidade alveolar, podendo levar ao edema pulmonar. Alterações pulmonares Daniel V. Rodrigues-M33 • ↓ volume pulmonar • ↑ ar nos ductos alveolares • ↓ ar alveolar • ↑ tecido fibroso • ↓ surfactante • Piora da ventilação e perfusão Alterações na respiração • ↓ da sensibilidade a PCO2, PO2 e pH • Tosse menos vigorosa • Função mucociliar lenta • Enrijecimento do tórax • ↓ capacidade ventilatória 2- Explicar os eixos prioritários da Política Nacional do Homem Adulto; Qualificar a saúde da população masculina na faixa etária entre 20 e 59 anos, oferecendo diagnóstico precoce e prevenção de doenças cardiovasculares, cânceres e outras, como diabetes e hipertensão, beneficiando 55 milhões de homens (27% da população total e 55% da população masculina). Essa é a principal diretriz da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (PNSH). (INCA-2015) O objetivo da PNSH é facilitar e ampliar o acesso com qualidade da população masculina às ações e aos serviços de assistência integral à saúde da Rede SUS, mediante a atuação nos aspectos socioculturais, sob a perspectiva de gênero, contribuindo de modo efetivo para a redução da morbidade, da mortalidade e a melhoria das condições de saúde. (INCA- 2015) Os homens vivem, em média, sete anos e meio a menos que as mulheres. As principais causas de mortalidade masculina entre 20 e 59 anos são as causas externas, como agressões e acidentes de veículos, que correspondem a 89.528 óbitos (36,4%). Em seguida, vêm as doenças do aparelho circulatório - infarto agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral, insuficiência cardíaca –, que correspondem a 43.518 óbitos (17,7%); neoplasias (brônquios e pulmões, estômago), que correspondem a 29.274 óbitos (11,9%) e doenças do aparelho respiratório (12.388 óbitos ou 5%). (INCA-2015) Curiosidade: Segundo dados da PNAD Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua) 2019, o número de mulheres no Brasil é superior ao de homens. A população brasileira é composta por 48,2% de homens e 51,8% de mulheres. Na faixa etária até 24 anos, os homens tiveram estimativa superior à das mulheres. Totalizaram, em 2019, 17,8%, contra 17,2% da população feminina da mesma faixa etária. Por outro lado, a partir dos 25 anos de idade, a proporção de mulheres era maior que a dos homens em todos os grupos de idade. (Educa-IBGE) . PNAISH afirma princípios consonantes aos do SUS relacionados, por exemplo, à “humanização, qualidade de vida e promoção da integralidade do cuidado na população masculina promovendo o reconhecimento e respeito à ética e aos direitos do homem, obedecendo às suas peculiaridades socioculturais” (BRASIL, 2009). E, para que seja possível cumprir esses princípios, oito elementos foram listados a fim de serem considerados. Conheça-os a seguir (Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem) 1. Acesso da população masculina aos serviços de saúde hierarquizados nos diferentes níveis de atenção e organizados em rede, possibilitando melhoria do grau de resolutividade dos problemas; 2. Articular-se com as diversas áreas do governo com o setor privado e a sociedade, compondo redes de compromisso e corresponsabilidade quanto à saúde e a qualidade de vida da população masculina; 3. Informações e orientação à população masculina, aos familiares e a comunidade sobre a promoção de hábitos saudáveis, prevenção e tratamento dos agravos e das enfermidades do homem; 4. Captação precoce da população masculina nas atividades de prevenção primária relativa às doenças cardiovasculares e cânceres, entre outros agravos recorrentes; 5. Capacitação técnica dos profissionais de saúde para o atendimento do homem; Daniel V. Rodrigues-M33 6. Disponibilidade de insumos, equipamentos e materiais educativos; 7. Estabelecimento de mecanismos de monitoramento e avaliação continuada dos serviços e do desempenho dos profissionais de saúde, com participação dos usuários; 8. Elaboração e análise dos indicadores que permitam aos gestores monitorar as ações e serviços A Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem trabalha com cinco eixos prioritários: acesso e acolhimento; paternidade e cuidado; doenças prevalentes na população masculina; prevenção de violência e acidentes; e saúde sexual e reprodutiva. (INCA-2015) Secretária de saúde de São Paulo a) Acesso e acolhimento: Objetivo: reorganizar as ações de saúde, através de uma proposta inclusiva, na qual os homens considerem os serviços de saúde também como espaços masculinos e, por sua vez, os serviços reconheçam os homens como sujeitos que necessitam de cuidados. O propósito de qualificar o acesso e acolhimento dos homens junto aos serviços de saúde implica, necessariamente, na consideração de alguns aspectos peculiares do comportamento de boa parcela dos homens em relação à própria saúde e ao autocuidado: procuram pouco os serviços de saúde; quando os procuram, não seguem os tratamentos recomendados, ou o fazem parcialmente; acham que nunca vão adoecer, e tem medo de descobrir doenças; envolvem- se frequentemente em situações de violência; não praticam atividade física com regularidade; utilizam álcool e outras drogas com maior frequência; estão mais expostos a acidentes de trabalho; não se alimentam adequadamente; estão mais suscetíveis a infecções sexualmente transmissíveis; podem ter mais impedimentos de serem liberados do trabalho para comparecer aos serviços de saúde. Esse cenário nos impele a organizar ações para sua superação. Para tanto, há necessidade de rever os processos de trabalho, com equipes atentas para perceber se as ofertas de serviços e recursos dão resposta às demandas específicas trazidas pelos homens, se os fazem sentir como pertencentes àqueles espaços, explorando ao máximo a presença do homem no serviço como “usuário”, e não somente como “acompanhante”. b) Paternidade e cuidado: Objetivo: sensibilizar gestores, profissionais de saúde e a população em geral sobre os benefícios do envolvimento ativo dos homens com em todas as fases da gestação e nas ações de cuidado com seus filhos, destacando como esta participação pode trazer saúde, bem-estar e fortalecimento de vínculos saudáveis entre crianças, homens e parceiras (os). Ocupa destaque, na formulação da PNAISH, a preocupação com a participação e inclusão dos homens nos cuidados do pré-natal e do parto, na perspectiva da paternidade responsável, presente e cuidadora. O cuidado é expressão de uma potencialidade humana que, ao ser conectado pelos homens, pode facilitar sua libertação dos papéis estereotipados determinados pelas concepções de gênero, e permitir seu desencouraçamento e a recuperação da capacidade de autorregulação/autocuidado. Vários estudos indicam os benefícios que a paternidade pode trazer à relação dos homens com eles mesmos e com os que os rodeiam. A prática de uma paternidade mais próxima implica, portanto, numa revalorização pelos homens das tarefas de cuidar e na integração destas à representação de masculinidade e de paternidade. c) Prevenção de violência e acidente: Objetivo: propor e/ou desenvolver ações que chamem atenção para a grave e contundente relação entre a população masculina e as violências (em especial a violência urbana) e acidentes, sensibilizando a população em geral e os profissionaisde saúde sobre o tema. A violência, em definição da Organização Mundial da Saúde é o “uso intencional da força física ou do poder, real ou em ameaça, contra si próprio, contra outra pessoa, ou contra um grupo ou uma comunidade, que resulte ou tenha grandes possibilidades de resultar em lesão, morte, dano psicológico, deficiência de desenvolvimento ou privação”. Fenômeno difuso, complexo e multicausal, é um tema bastante caro na elaboração das políticas públicas para a saúde dos homens, pois é um grande determinante dos indicadores de morbimortalidade por causas externas, sendo a principal causa de mortes de homens entre 15 e 29 anos. Os homens são mais vulneráveis à violência, seja como autores, seja como vítimas, Daniel V. Rodrigues-M33 e é comum a associação da agressividade ao sexo masculino, em grande parte vinculada ao uso abusivo de álcool, de drogas ilícitas e acesso às armas de fogo. Em face disto, está dado o desafio: desenvolver a visão sistêmica sobre o processo da violência, não atribuindo inexoravelmente aos homens o papel de violento e agressor, o que reduzirá a abordagem à questão puramente penal, mas sim reconhecer que o agressor também é vítima e, a partir daí, intervir preventivamente sobre as causas, e não apenas na reparação da violência. Frente a isto, é necessário provocar o debate sobre o quanto os profissionais de saúde estão estruturados para identificar, acolher e encaminhar situações de violência envolvendo homens (não só como autores, mas também como vítimas), assim como desenvolver estratégias e ações educativas voltadas para a população masculina, com vistas à prevenção de violências e acidentes, o abuso de álcool e de outras drogas. d) Saúde sexual e reprodutiva: Objetivo: sensibilizar gestores, profissionais de saúde e a população em geral para reconhecer os homens como sujeitos de direitos sexuais e reprodutivos, os envolvendo nas ações voltadas a esse fim e implementando estratégias para aproximá-los desta temática. De acordo com a definição da Organização Mundial da Saúde, saúde sexual é um estado de bem-estar físico, mental e social em relação à sexualidade, que requer uma aproximação positiva e respeitosa à sexualidade e relações entre sexos, assim como a possibilidade de ter experiências sexuais prazerosas e saudáveis, livres de correção, discriminação e violência. Para tanto, os direitos sexuais de todas as pessoas precisam ser respeitados, protegidos e realizados. Saúde reprodutiva, por sua vez, é o estado no qual as pessoas são capazes de ter uma vida sexual responsável, satisfatória e segura, com capacidade para a reprodução, e a liberdade de decidir se a desejam, quando e com que frequência. Igualmente implicam no direito de homens e mulheres serem informados e terem acesso a métodos de fertilização seguros, efetivos e economicamente acessíveis, e o direito de acesso a serviços de saúde que possam permitir segurança na gravidez e no parto. Porque falar de saúde sexual e reprodutiva no âmbito da saúde dos homens? A sexualidade, necessidade básica e indissociável dos demais aspectos da vida de homens e mulheres, precisa ser discutida para garantir saúde. Os homens precisam ser incluídos nas atividades que abordam a saúde sexual e reprodutiva. As equipes precisam estar preparadas para desenvolver ações voltadas à saúde sexual e reprodutiva, com a compreensão de que essa é expressa por diversas formas de sexualidade e expressão; devem oportunizar a discussão sobre as masculinidades e suas diversas expressões, sobre gênero e relações de poder e sobre a implicação dessas questões na saúde. Fica clara, portanto, a necessidade de estender a discussão de sexualidade para muito além do biológico; é necessário abordar as disfunções sexuais, as neoplasias ligadas aos órgãos sexuais masculinos e as infecções sexualmente transmissíveis na perspectiva da atenção integral, evitando-se o reducionismo da articulação sexo-saúde- medicalização do corpo masculino, e o esvaziamento da noção de saúde sexual associada exclusivamente à disfunção erétil. Corre-se, desse modo, o risco da perpetuação da imagem do “homem-reprodutor”, ignorando-se quaisquer outras formas de percepção da sexualidade masculina. Para que se alcance esse objetivo, há de se desenvolver estratégias que contemplem as demandas dos homens, em um contexto receptor dessas necessidades, acolhendo-os sem preconceitos ou discriminação de nenhuma ordem, onde possam expressar suas escolhas, suas práticas, seus medos, suas aspirações; favorecer o acesso à informação sobre direito sexual e direito reprodutivo, levando em consideração o contexto cultural no qual o homem está inserido. De igual importância é a prevenção e controle das doenças sexualmente transmissíveis e do HIV, as campanhas informativas que esclareçam sobre a higiene íntima masculina, a visibilização da população LGBT de acordo com a lógica do SUS, como também a incorporação das questões de masculinidades das diferentes etnias e povos, buscando trabalhar suas vulnerabilidades e o respeito às especificidades em saúde sexual e reprodutiva de cada uma destas culturas. e) Principais agravos/Condições crônicas Objetivo: fortalecer a assistência básica no cuidado à saúde dos homens, facilitando e garantindo o acesso e a qualidade da atenção necessária ao enfrentamento dos fatores de risco das doenças e dos agravos à saúde. O sistema de saúde, hoje organizado em torno de um modelo de tratamento de casos agudos e episódicos, não mais atende as necessidades de saúde, especialmente para doenças de longa duração. A análise da prevalência das principais condições associadas às doenças crônicas claramente inviabiliza a construção da assistência baseada na fragmentação e na centralização ao redor do binômio médico – hospital, o que exige uma mudança na prática clínica vigente, não mais relegando a pessoa ao papel de recebedor passivo do tratamento, mas explorando ao máximo a oportunidade de tirar proveito do que possa fazer para promover sua própria saúde. Frente a esse cenário, fica clara a necessidade de se estabelecer estratégias de reestruturação dos processos de trabalho, contrapondo ao “olhar agudo” sobre a assistência Daniel V. Rodrigues-M33 um renovado “olhar crônico”. Não existindo a possibilidade de cura, mas somente a perspectiva de controle da condição crônica e da prevenção de agravos, surge a necessidade de serviços adequados para gerir cuidados, promover a modificação e incorporação de hábitos de vida saudáveis e enfatizar um enfoque de cunho preventivo e educativo. Esse conjunto de ações encontra as condições mais adequadas para ser viabilizado junto à Atenção Básica. Porém, como já citado anteriormente, considerável parcela masculina da população busca tardiamente a assistência, preferencialmente nos serviços especializados e de pronto-atendimento (muitas vezes com algum diagnóstico instalado), num contexto que aborda fundamentalmente a questão biológica. Isso se reflete principalmente nos dados de mortalidade e expectativa de vida masculina, com considerável disparidade quando comparadas à feminina. Como superar, então, a questão da resistência dos homens em procurar o CUIDADO em sua acepção mais ampla e modificar as práticas vigentes em relação ao imaginário da saúde masculina, de modo a que sejam mais preventivos em relação à própria saúde e fortalecidos quanto ao autocuidado? Para definir e priorizar ações para o enfrentamento às DCNT no território, cabe a reflexão sobre os seguintes aspectos: 1. Quais as prevalências dos principais fatores de risco comuns e modificáveis para as DCNT no território, em homens na faixa etária alvo da PNAISH (obesidade, sedentarismo, alimentação não saudável, tabagismo, uso e abuso de álcool)? 2. Quais as principais ações implantadas para promover saúde e prevenir doenças? 3. A estratificação de risco está consolidada como estratégia para programação da oferta de cuidado? 4. Tendo em vista que o acesso às especialidadesno Município de São Paulo é em grande parte regulado a partir da Atenção Básica, esses encaminhamentos acontecem somente após esgotadas todas as possibilidades de intervenção da Atenção Básica? Se não, quais os fatores que direta ou indiretamente contribuem para isso, e quais as ações propostas para a vinculação do homem ao cuidado continuado, oportuno e resolutivo na Atenção Básica? 5. Quanto significativa é a proporção de faltas dos homens às consultas agendadas? É possível identificar que homens deixam de comparecer à consulta agendada (idade, com diagnóstico instalado ou não, estado civil, ocupação, escolaridade, renda, em situação de vulnerabilidade ou não) e por que motivo? 6. A articulação entre os diferentes pontos de atenção é potente o suficiente para garantir o cuidado continuado? 7. Quais as parcerias com instâncias intra e extra saúde que podem ser estabelecidas ou fortalecidas nos territórios? Além dos aspectos acima, um dos fundamentos para o enfrentamento das DCNT no contexto da saúde do homem é a discussão sobre os determinantes socioambientais e sua influência na saúde e adoecimento dos indivíduos (desigualdades sociais, diferença de acesso a bens e serviços, baixa escolaridade, baixa renda, desigualdade de acesso à informação, falta de acesso à alimentação saudável, ambientes insalubres); há de se reconhecer as inúmeras possibilidades de integração dos diversos setores sociais (Educação, Trabalho, Assistência e Desenvolvimento Social, Direitos Humanos e Cidadania, Esportes e Lazer, Trabalho e Empreendedorismo, Pessoa com Deficiência, sociedade civil organizada), e convocá-los para compor ações estratégicas em conjunto, buscando criar uma rede de proteção às pessoas. No âmbito de SMS é oportuno vislumbrar a possibilidade de uma atitude mais proativa dos níveis centrais na aproximação com os setores citados, o que facilita a articulação regional. Referências Tratado de Geriatria e Gerontologia. Freitas, E.V.; Py, L.; Neri, A. L.; Cançado, F. A. X.C.; Gorzoni, M.L.; Doll, J. 4ª. Edição. Grupo Editorial Nacional (GEN), 2016
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