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Resumo de tutoria Caso clínico: Paciente de 65 anos, sexo feminino, agricultora, fototipo II, procura dermatologista para avaliação de lesão, localizada em região de pálpebra inferior do olho direito, que surgiu há 9 meses com crescimento lento e progressivo. Ao exame físico, apresentou um nódulo, castanho-acinzentado de superfície perolada, medindo aproximadamente 1 cm, a dermatoscopia evidenciou presença de telangiectasia arboriforme. Realizado exérese total da lesão e reconstrução no mesmo tempo cirúrgico. Liberado a paciente com prescrição médica, orientações e encaminhado a peça cirúrgica, para anatomopatológico. A anamnese e o exame físico, aliado à dermatoscopia, foram fundamentais para determinar o diagnóstico e guiar a conduta. Objetivos: 1. ANALISAR o CA de pele considerando epidemiologia, etiologia, fatores de risco, �siopatologia (evolução), tipos e subtipos, quadro clínico, diagnóstico, tratamento, prognóstico e prevenção (estadiamento e rastreio). → Câncer de pele: . A doença é provocada pelo crescimento anormal e descontrolado das células que compõem a pele. Estas células se dispõem formando camadas e, de acordo com a camada afetada, definimos os diferentes tipos de câncer. → Epidemiologia: . o câncer mais frequente no Brasil e no mundo. Estima-se que 1 entre cada 4 casos de câncer diagnosticados se originam na pele ou nas mucosas. É mais comum em pessoas com mais de 40 anos e é considerado raro em crianças e pessoas negras, já que afeta mais aquelas pessoas de raça branca com característica de sempre se queimarem e nunca se bronzearem ao pegar sol. Assim, a probabilidade de desenvolvimento está relacionada à características fenotípicas e genotípicas. A CBC é 3x mais comum do que a CEC. Não podemos esquecer que os brasileiros apresentam ascendências diferentes devido à miscigenação; portanto o indivíduo, apesar de moreno, pode apresentar pele mais sensível aos raios ultravioleta. → Etiologia: . A etiologia é multifatorial se relacionando a fatores extrínsecos (ambientais) e intrínsecos (do hospedeiro). Exemplos: - Fatores extrínsecos: ⇒ Radiação Ultravioleta: responsável por 90% dos casos Áreas de maior exposição (cabeça, antebraço e dorso da mão) ⇒ Radiação ionizante (raio x) ⇒ Carcinógenos químicos (asfalto, fuligem, arsênio..) ⇒ HPV - Fatores intrínsecos: ⇒ Predisposição genética (albinismo, xeroderma pigmentoso, nevo basocelular) ⇒Ausência de melanina (proteção natural) ⇒ Idosos (por maior acúmulo de radiação) ⇒ Imunossupressão → Fatores de risco: . O fator de risco mais importante é a exposição à radiação ultravioleta (UV), presente nos raios solares e usada nas unidades de bronzeamento artificial (câmaras de bronzeamento). O risco de desenvolver câncer de pele é proporcional à exposição acumulada de raio UV; a genética e a cor da pele também influem, sendo mais afetadas as pessoas de pele clara e que não se bronzeiam com facilidade, que têm cabelos loiros ou ruivos e olhos claros. Apresentar ceratose actínica, lesão de pele comum em pessoas que se expõem muito ao sol e que pode evoluir para carcinoma de células escamosas; Ter uma doença de pele rara, como xeroderma pigmentoso, albinismo ou síndrome do nevo basocelular; Tomar medicações que deprimem a imunidade (como as usadas por portadores de órgãos transplantados). → Fisiopatologia: . Estima-se que o período de latência no desenvolvimento de tumores a partir de radiação UV pode ser de duas a três décadas. Ação da radiação: - UVB: gera CCNM por meio de 2 mecanismo: Dano fotoquímico no DNA das células cutâneas promovendo uma ligação covalente entre moléculas que vão favorecer a distorção da dupla hélice alterando a replicação e transcrição do DNA, induzindo o carcinoma cutâneo. A segunda é por alteração no sistema imune do hospedeiro com supressão parcial da imunidade. - UVA: essa radiação aumenta o efeito da UVB atuando como um co-carcinógeno. - UVC: potente carcinógeno, mas é barrada na camada de ozônio. → Tipos e subtipos: . - Carcinomas (não - melanoma): É o tipo mais comum representando 95% dos tumores malignos de pele. Se divide em: → Carcinoma basocelular: o mais comum e também o menos agressivo, se caracteriza por uma lesão (ferida ou nódulo), e apresenta evolução lenta. Surge nas células basais → Carcinoma epidermóide/espinocelular: também surge por meio de uma ferida ou sobre uma cicatriz, principalmente aquelas decorrentes de queimadura. A maior gravidade do carcinoma epidermóide se deve à possibilidade de apresentar metástase (espalhar-se para outros órgãos). Manifesta-se nas células escamosas, que constituem a maior parte das camadas superiores da pele - Melanomas Menos frequente (5%), apresenta um comportamento mais agressivo, tem origem a partir dos melanócitos, que são as células responsáveis pela produção do pigmento (melanina) que dá cor à pele. Por isso, costumam se manifestar como pintas de cor escura (negro ou castanho). → Quadro clínico: . - Carcinomas (não - melanoma): Costumam se manifestar como asperezas na pele ou como pequenas feridas que sangram facilmente e não cicatrizam. Quase sempre se localizam nas áreas de pele expostas ao sol diariamente (rosto, orelhas, careca, ombros, etc), mas podem surgir em qualquer local. São mais comuns em pessoas de pele clara, com mais de 50 anos. Não costumam doer, mesmo em fases mais avançadas. → CBC: lesões não cancerígenas, como eczema ou psoríase.O tipo mais encontrado é o nódulo-ulcerativo, que se traduz como uma pápula vermelha, brilhosa, com uma crosta central, que pode sangrar com facilidade → CEC: Pode se desenvolver em todas as partes do corpo, embora seja mais comum nas áreas expostas ao sol, como orelhas, rosto, couro cabeludo, pescoço etc. A pele nessas regiões normalmente apresenta sinais de dano solar, como enrugamento, mudanças na pigmentação e perda de elasticidade. Apresentam coloração avermelhada, e apresentam-se na forma de machucados ou feridas espessos e descamativos, que não cicatrizam e sangram ocasionalmente. Podem ter aparência similar a das verrugas também. - Melanomas O melanoma pode surgir na pele sã, sobre pintas já existentes ou mesmo em sinais de nascença. É encontrado tanto em áreas expostas como em áreas cobertas e, diferente dos carcinomas, muitas vezes acomete pessoas mais jovens. É mais comum na pele, mas pode surgir em locais como olho, boca, meninges, unhas e outros. Tem a aparência de uma pinta ou de um sinal na pele, em tons acastanhados ou enegrecidos. Porém, quando se trata de melanoma, a “pinta” ou o “sinal” em geral mudam de cor, de formato ou de tamanho, e podem causar sangramento. Regra do ABCDE: → Diagnóstico: . É feito pelo dermatologista por meio de exame clínico. Em determinadas situações, é possível que o profissional de saúde utilize o exame conhecido como "Dermatoscopia", que consiste em usar um aparelho que permite visualizar camadas da pele não vistas a olho nu. A biópsia é o exame indicado para a confirmação diagnóstica do câncer de pele. O material coletado deve ser encaminhado para o laboratório de anatomia patológica que emitirá o laudo. Outros exames podem ser necessários para determinar o estadiamento da doença e decidir o tratamento mais adequado → Tratamento: . A cirurgia oncológica é o tratamento mais indicado para tratar o câncer de pele para a retirada da lesão, que, em estágios iniciais, pode ser realizada em nível ambulatorial (sem internação). Já para casos mais avançados e para o câncer de pele melanoma, o tratamento vai variar de acordo com tamanho e estadiamento do tumor, podendo ser indicadas, além de cirurgia, a radioterapia e a quimioterapia, conforme cada caso. Além disso, existe também a terapia fotodinâmica (uso de um creme fotossensível e posterior aplicação de uma fonte de luz), que é mais uma opção de tratamento para a ceratose actínica (lesão precursora do câncer de pele), carcinoma basocelular superficial e carcinoma epidermóide "in situ" (Doença de Bowen). A criocirurgia e a imunoterapia tópica são também opções para o tratamento desses cânceres.No entanto, exigem indicação precisa feita por um especialista experiente. Quando há metástase (o câncer já se espalhou para outros órgãos), o melanoma, hoje, é tratado com novos medicamentos, que apresentam altas taxas de sucesso terapêutico. A estratégia de tratamento para a doença avançada deve ter como objetivo postergar a evolução da doença, oferecendo chance de sobrevida mais longa aos pacientes. → Prognóstico: . ● Localizado. Não existe sinal de disseminação da doença. ● Regional. O tumor se disseminou para estruturas próximas ou linfonodos. ● À distância. O tumor se disseminou para outros órgãos, como pulmões, fígado ou outras áreas da pele. ● Essas estatísticas estão baseadas no estágio do câncer no momento do diagnóstico. ● Essas estatísticas não levam em consideração outros fatores, como idade, estado geral de saúde e como a doença responde ao tratamento, que podem afetar o prognóstico da paciente. ● Os pacientes diagnosticados atualmente com melanoma podem ter um prognóstico melhor do que mostrado nos dados acima. As recentes melhorias nas técnicas de tratamento podem resultar em um prognóstico mais favorável para os pacientes que estão sendo agora diagnosticados e tratados atualmente. → Prevenção: . - Rastreio: Autoexame: avaliação por observação Exame médico: dermatoscopia - método de visualização da pele com o dermatoscópio, um aparelho ou aparato que magnifica ou amplia a imagem 10 ou 20 vezes, ilumina permitindo a observação das camadas mais profundas por efeito óptico de imersão com meio líquido, gel ou luz polarizada - Estadiamento: O estadiamento é uma forma de descrever um câncer, sua localização, se e para onde se disseminou, e se está afetando as funções de outros órgãos no corpo. Ter conhecimento do estágio ajuda o médico a decidir o tipo de tratamento a ser realizado e o prognóstico do paciente. Melanoma: dois tipos de classificações - Sistema TNM da American Joint Committee on Cancer ●T. Indica o tamanho do tumor primário e até onde se disseminou. ●Espessura do tumor. A espessura do melanoma é a chamada medida de Breslow. Em geral, os melanomas com menos de 1 mm de espessura têm menos chance de se disseminar. ●Ulceração. É uma ferida da pele sobre o melanoma. Melanomas ulcerados tendem a ter um pior prognóstico. ●N. Descreve se existe disseminação da doença para os linfonodos regionais próximos. ●M. Indica se existe presença de metástase em outras partes do corpo. - Estadiamento patológico/cirúrgico: Estágio 0. O tumor está contido na epiderme, a camada superficial da pele (Tis). Não se espalhou para os linfonodos próximos (N0) ou outros órgão (M0) . Esse estágio é conhecida como melanoma in situ. Estágio I. O tumor não tem mais do que 2 mm de espessura e pode (ou não) ter ulceração (T1 ou T2a). Não se espalhou para os linfonodos (N0) próximos ou outros órgãos (M0). Estágio II. O tumor tem entre 1 (T2b ou T3) e 4 (T4) mm de espessura e pode (ou não) ter ulceração. Não se espalhou para os linfonodos próximos (N0) ou outros órgãos (M0). Estágio IIIA. O tumor tem até 2 mm de espessura e pode (ou não) ter ulceração (T1 ou T2a). Ele se espalhou para 3 ou menos linfonodos, mas só é visto sob o microscópio (N1a ou N2a). Não se espalhou para outros órgãos (M0). Estágio IIIB. Uma das situações abaixo: ● Não existe sinal do tumor primário (T0) e está disseminado para apenas um linfonodo (N1b) ou para áreas muito pequenas da pele próxima (tumores satélites) ou para os canais linfáticos da pele ao redor do tumor (sem atingir os linfonodos) (N1c). Não se espalhou para outros órgãos (M0). ● O tumor tem até 4 mm de espessura e pode ou não ter ulceração (T1, T2, ou T3a). Se espalhou para apenas um linfonodo (N1a ou N1b) ou para áreas muito pequenas da pele próxima (tumores satélites) ou para os canais linfáticos da pele ao redor do tumor (sem atingir os nódulos linfáticos) (N1c) ou se espalhou para 2 ou 3 nódulos linfáticos (N2a ou N2b). Não se espalhou para outros órgãos (M0). Estágio IIIC. Uma das situações abaixo: ● Não existe sinal do tumor primário (T0) e está disseminado para 2 ou mais linfonodos (N2b ou N3b) ou se espalhou para áreas muito pequenas da pele próxima (tumores satélites) ou para os canais linfáticos da pele ao redor do tumor e atingiu os gânglios linfáticos próximos (N2c ou N3c) ou se espalhou para os linfonodos do grupo (N3b ou N3c). Não se espalhou para outros órgãos (M0). ● O tumor tem até 4 mm de espessura e pode (ou não) ter ulceração (T1, T2 ou T3a). Se espalhou para os para áreas muito pequenas da pele próxima (tumores satélites) ou para os canais linfáticos da pele ao redor do tumor e atingiu os linfonodos próximos (N2c ou N3c) ou se espalhou para 4 ou mais linfonodos próximos (N3a ou N3b) ou se espalhou para os linfonodos do grupo (N3b ou N3c). Não de espalhou para outros órgãos (M0). ● O tumor tem entre 2 e 4 mm de espessura ou pode ser mais espesso que 4,0 mm e tem ulceração (T3b) ou tem mais de 4 mm e não tem ulceração (T4a). Se espalhou para um ou mais linfonodos ou se espalhou para áreas muito pequenas da pele próxima (tumores satélites) ou para os canais linfáticos da pele ao redor do tumor (N1 ou superior). Não se espalhou para outros órgãos. ● O tumor tem mais do que 4 mm de espessura e tem ulceração (T4b). Se espalhou para até 3 linfonodos (N1a/b ou N2a/b) ou para áreas muito pequenas da pele próxima (tumores satélites) ou para os canais linfáticos da pele ao redor do tumor e pode (N2c) ou não (N1c) ter atingido os linfonodos próximos. Não se espalhou para outros órgãos (M0). Estágio IIID. O tumor tem mais do que 4 mm de espessura e tem ulceração (T4b). Se espalhou para 4 ou mais linfonodos (N3a ou N3b) ou se espalhou para áreas muito pequenas da pele próxima (tumores satélites) ou para os canais linfáticos da pele ao redor do tumor (sem atingir os nódulos linfáticos) ou se espalhou para os linfonodos do grupo (N3c). Não se espalhou para outros órgãos (M0). Estágio IV. O tumor pode ser de qualquer espessura e pode (ou não) ter ulceração (Qualquer T). Pode (ou não) ter se espalhado para os linfonodos próximos (Qualquer N). Ele se espalhou para os linfonodos distantes ou outros órgãos, como pulmões, fígado ou cérebro (M0). Não - Melanoma: - Sistema TNM da American Joint Committee on Cancer ●T. Indica o tamanho do tumor primário e até onde se disseminou. ●Espessura do tumor. A espessura do melanoma é a chamada medida de Breslow. Em geral, os melanomas com menos de 1 mm de espessura têm menos chance de se disseminar. ●Ulceração. É uma ferida da pele sobre o melanoma. Melanomas ulcerados tendem a ter um pior prognóstico. ●N. Descreve se existe disseminação da doença para os linfonodos regionais próximos. ●M. Indica se existe presença de metástase em outras partes do corpo. Fontes: - Sociedade Brasileira de Dermatologia - Biblioteca Virtual do Ministério da Saúde - Instituto Nacional do Câncer - Centro Especializado em Oncologia - Oswaldo Cruz - Site do Instituto Oncoguia - Patologia - Bases patológicas das doenças - Robbins e Cotran
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