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PEDRO SANTOS – PROLIFERAÇÃO CELULAR CÂNCER DE PELE CONCEITO A doença é provocada pelo crescimento anormal e descontrolado das células que compõem a pele. Essas células se dispõem formando camadas e, de acordo com as que forem afetadas, são definidos os diferentes tipos de câncer. HISTOLOGIA DA PELE A pele é o maior órgão do corpo. É composta pela epiderme, de epitélio estratificado pavimentoso queratinizado, e pela derme, de tecido conjuntivo. Subjacente, unindo-a aos órgãos, há a hipoderme (ou fáscia subcutânea), de tecido conjuntivo frouxo e adiposo. EPIDERME Porção superficial da pele. Previne a perda de água e a entrada de agentes químicos e microrganismos; protege contra a abrasão e os efeitos danosos da radiação ultravioleta; produz vitamina D; dá origem aos pelos, às unhas e às glândulas. Podem ser distinguidas quatro camadas no epitélio estratificado pavimentoso queratinizado da epiderme: o estrato basal, o estrato espinhoso, o estrato granuloso e o estrato córneo. DERME Porção mais profunda da pele; tecido conjuntivo composto por duas camadas Responsável pela resistência estrutural e flexibilidade da pele; a epiderme troca gases, nutrientes e resíduos com os vasos sanguíneos na derme. TECIDO SUBCUTÂNEO Não faz parte da pele; tecido conectivo frouxo com depósitos abundantes de tecido adiposo Fixa a derme às estruturas subjacentes; o tecido adiposo oferece armazenamento de energia, isolamento e enchimento; vasos sanguíneos e nervos do tecido subcutâneo suprem a derme. De acordo com a sua sensibilidade e sua resposta quando exposta a radiação solar, a pele pode ser classificada em 6 fototipos de Fitzpatrick: Fototipo I – Pele branca que sempre queima, nunca bronzeia e é muito sensível ao sol; Fototipo II – Pele branca que sempre queima, bronzeia muito pouco e é sensível ao sol; Fototipo III – Pele morena clara que queima moderadamente, bronzeia moderadamente e possui sensibilidade normal ao sol; Fototipo IV – Pele morena moderada que queima pouco, sempre bronzeia e possui sensibilidade normal ao sol; Fototipo V – Pele morena escura que queima raramente, sempre bronzeia e é pouco sensível ao sol; Fototipo VI – Pele negra que nunca queima e nunca bronzeia, porque é totalmente pigmentada e é insensível ao sol. EPIDEMIOLOGIA O câncer da pele responde por 33% de todos os diagnósticos desta doença no Brasil, sendo que o Instituto Nacional do Câncer (INCA) registra, a cada ano, cerca de 185 mil novos casos. FATORES DE RISCO MELANOMA PEDRO SANTOS – PROLIFERAÇÃO CELULAR Exposição excessiva ao sol: A radiação solar possui um espectro muito amplo, mas o subtipo que mais causa dano a pele é a radiação ultravioleta (UV), que pode ser UVA ou UVB. A radiação UVA penetra até a derme e é constante durante o dia, sendo responsável pelas lesões de foto- envelhecimento. Já a radiação UVB é aquela presente principalmente nos horários de 10 às 16 horas, que acomete as camadas mais superficiais da pele e causa as queimaduras solares. O índice ultravioleta é a quantidade de radiação UV que chega a determinado local, sendo influenciado por alguns fatores: camada de ozônio e presença de nuvens (já que estas bloqueiam a radiação UVB), estações do ano (no verão há maior exposição) e altitude (locais mais altos são mais expostos à radiação); Pele clara; História prévia de câncer de pele; História familiar de melanoma; Nevo congênito (pinta escura); Maturidade (após os 15 anos de idade a propensão para esse tipo de câncer aumenta); Xeroderma pigmentoso (doença congênita que se caracteriza pela intolerância total da pele ao sol, com queimaduras externas, lesões crônicas e tumores múltiplos); Nevo displásico (lesões escuras da pele com alterações celulares pré-cancerosas); Câmaras de bronzeamento artificial também são fontes de radiação UV e estão associadas ao melanoma. No Brasil, desde 2009, essas câmeras foram proibidas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). NÃO MELANOMA Exposição cumulativa aos raios ultravioletas, principalmente os emitidos pelo sol ou câmaras de bronzeamento. Ter pele clara e/ou olhos azuis. Ser albino, ter cabelos ruivos ou louros. Algumas doenças genéticas como o xeroderma pigmentoso. Cicatrizes decorrentes de queimaduras. História familiar ou pessoal de câncer de pele. CÂNCER DE PELE NÃO MELANOMA CARCINOMA DE CÉLULAS ESCAMOSAS (ESPINOCELULAR) CEC CONCEITO O carcinoma de células escamosas é o segundo tumor mais comum que surge em locais expostos ao sol em pessoas de idade mais avançada. PATOGENIA O CEC manifesta-se nas células escamosas, que constituem a maior parte das camadas superiores da pele. A causa mais importante dos carcinomas de células escamosas cutâneas é a lesão do DNA induzida pela exposição à luz UV. A incidência do tumor é proporcional ao grau de exposição solar durante a vida. Infecção pelo HPV também está relacionado ao aparecimento da doença. Essa doença é causada por mutações nos genes envolvidos na via de reparo do DNA, p53. Quando essas funções protetoras do p53 são perdidas, a lesão no DNA induzida pela luz UV é provavelmente “reparada” por mecanismos errôneos, criando mutações que são transmitidas às células-filhas. Além dos defeitos no p53, as mutações que aumentam a sinalização RAS e diminuição de sinalização Notch são comuns e são também suscetíveis no processo de transformação. QUADRO CLÍNICO Pode se desenvolver em todas as partes do corpo, embora seja mais comum nas áreas expostas ao sol, como orelhas, rosto, couro cabeludo, pescoço etc. Aparecem como placas eritematosas, endurecidas e bem definidas. Na fase avançada, as lesões invasivas são nodulares, apresentam produção variável de queratina (reconhecidas clinicamente como escama hiperceratótica) e podem ulcerar. PEDRO SANTOS – PROLIFERAÇÃO CELULAR CARCINOMA BASOCELULAR O mais prevalente dentre todos os tipos. O CBC surge nas células basais, que se encontram na camada mais profunda da epiderme (a camada superior da pele). Tem baixa letalidade e pode ser curado em caso de detecção precoce. Apresentam crescimento lento. A metástase é muito rara. PATOGENIA Em alguns casos, além da exposição ao sol, há outros fatores que desencadeiam seu surgimento. O carcinoma basocelular, o tumor maligno mais comum em todo o mundo, é um tumor localmente agressivo associado a mutações que ativam a sinalização Hedgehog. Associado a mutações nos genes P53 e PATCH. QUADRO CLÍNICO Se apresenta como uma pápula vermelha ou perolada, brilhosa, com uma crosta central e telangiectasias, que pode sangrar com facilidade. Os CBCs surgem mais frequentemente em regiões expostas ao sol, como face, orelhas, pescoço, couro cabeludo, ombros e costas. Podem se desenvolver também nas áreas não expostas, ainda que mais raramente. CÂNCER DE PELE MELANOMA Tipo menos frequente dentre todos os cânceres da pele, o melanoma tem o pior prognóstico e o mais alto índice de mortalidade. Tem origem nos melanócitos, que são células produtoras de melanina, a substância responsável pela cor da nossa pele. Pode surgir em qualquer parte do corpo, não só em regiões mais expostas ao sol, como as mucosas e podem aparecer na forma de manchas, pintas ou outros sinais. Ocorre principalmente em adultos brancos, no entanto os indivíduos de pele negra também estão susceptíveis e devem fazer prevenção. PATOGENIA Os melanomas costumam se desenvolver na pele de aparência normal, mas podem evoluir de nevo preexistente do tipo congênito ou adquirido. Um PEDRO SANTOS – PROLIFERAÇÃO CELULAR histórico de alteração perceptível em qualquer lesão pigmentada é de importância crucial. Embora haja uma associação entreos melanomas e a exposição solar, é bastante comum que a doença se desenvolva em locais relativamente protegidos do sol; a cabeça, o pescoço, o torso e as extremidades superiores ou inferiores são sítios comuns de aparecimento das lesões. QUADRO CLINICO O melanoma, em geral, tem a aparência de uma pinta ou de um sinal na pele, em tons acastanhados ou enegrecidos. A “pinta” ou o “sinal”, em geral, mudam de cor, de formato ou de tamanho, e podem causar sangramento. DIAGNÓSTICO História pregressa e familiar; Anamnese; Exame físico completo e dermatoscopia; Biópsia da pele; Melanoma Epiluminescência É uma técnica que emprega lentes de aumento iluminadas no exame das lesões e detecta variações sutis nos padrões pigmentares, que são possíveis indicadoras da existência de um tumor maligno. A microscopia digital de epiluminescência está disponível e pode comparar imagens das lesões suspeitas. Histopatológico Após a obtenção de uma amostra de biópsia. A biópsia do melanoma deve conter: tipo histológico do melanoma, fase de crescimento (vertical ou radial), níveis de invasão (classificação de Clark), profundidade (classificação de Breslow), se há infiltrado inflamatório, ulcerações. Regra do ABCDE Assimetria: uma metade do sinal é diferente da outra. Bordas irregulares: contorno mal definido. Cor variável: presença de várias cores em uma mesma lesão (preta, castanha, branca, avermelhada ou azul). Diâmetro: maior que 6 milímetros. Evolução: mudanças observadas em suas características (tamanho, forma ou cor). Na identificação dos cânceres de pele basocelulares e espinocelulares, seriam buscadas, nas regiões do corpo mais expostas ao sol, manchas que coçam, ardem, descamam ou sangram e feridas que custam a cicatrizar. ESTADIAMENTO Estadiamento é uma classificação que leva em conta o tamanho do tumor e possíveis metástases. O estadiamento do Melanoma, segue o Modelo da American Joint Committee on Cancer (AJCC) 8º edição, levando em conta informações sobre 3 fatores, tamanho (T), metástases para linfonodos PEDRO SANTOS – PROLIFERAÇÃO CELULAR (N) e metástases para outros órgãos do corpo (M), por isso é conhecido como estadiamento TNM. Os dados de T, N e M são combinados para gerar o estadiamento, estadiamento é definido em numerais romanos. Estadios I e II são melanomas restritos a pele, sem metástases para linfonodos ou órgãos a distância. Estadio III é o melanoma que já se espalhou para os linfonodos e estadio IV é o melanoma metastático para órgãos a distância. TRATAMENTO NÃO MELANOMA A modalidade escolhida varia conforme o tipo e a extensão da doença, mas, normalmente, a maior parte dos carcinomas basocelulares ou espinocelulares pode ser tratada com procedimentos simples. Cirurgia excisional: remoção do tumor com um bisturi, e também de uma borda adicional de pele sadia, como margem de segurança. Os tecidos removidos são examinados ao microscópio, para aferir se foram extraídas todas as células cancerosas. A técnica possui altos índices de cura, e pode ser empregada no caso de tumores recorrentes. Curetagem e eletrodissecção: usadas em tumores menores, promovem a raspagem da lesão com cureta, enquanto um bisturi elétrico destrói as células cancerígenas. Para não deixar vestígios de células tumorais, repete-se o procedimento algumas vezes. Não recomendáveis para tumores mais invasivos. Criocirurgia: promove a destruição do tumor por meio do congelamento com nitrogênio líquido. A PEDRO SANTOS – PROLIFERAÇÃO CELULAR técnica tem taxa de cura menor do que a cirurgia excisional, mas pode ser uma boa opção em casos de tumores pequenos ou recorrentes. Não há cortes ou sangramentos. Também não é recomendável para tumores mais invasivos. Cirurgia a laser: remove as células tumorais usando o laser de dióxido de carbono ou erbium YAG laser. Por não causar sangramentos, é uma opção eficiente para aqueles que têm desordens sanguíneas. Cirurgia Micrográfica de Mohs: o cirurgião retira o tumor e um fragmento de pele ao redor com uma cureta. Em seguida, esse material é analisado ao microscópio. Tal procedimento é repetido sucessivamente, até não restarem vestígios de células tumorais. A técnica preserva boa parte dos tecidos sadios, e é indicada para casos de tumores mal-delimitados ou em áreas críticas principalmente do rosto, onde cirurgias amplas levam a cicatrizes extensas e desfiguração. Terapia Fotodinâmica (PDT): o médico aplica um agente fotossensibilizante, como o ácido 5- aminolevulínico (5-ALA) na pele lesada. Após algumas horas, as áreas são expostas a uma luz intensa que ativa o 5-ALA e destrói as células tumorais, com mínimos danos aos tecidos sadios. Além das modalidades cirúrgicas, a radioterapia, a quimioterapia, a imunoterapia e as medicações orais e tópicas são outras opções de tratamentos para os carcinomas. TRATAMENTO MELANOMA O tratamento varia conforme a extensão, agressividade e localização do tumor, bem como a idade e o estado geral de saúde do paciente. As modalidades mais utilizadas são a cirurgia excisional e a Cirurgia Micrográfica de Mohs (citadas acima). Dissecção dos linfonodos Quando o melanoma se disseminou para os linfonodos é geralmente recomendada a remoção cirúrgica dos gânglios linfáticos remanescentes na região. O número de linfonodos retirados dependerão da área do corpo, e da probabilidade de encontrar gânglios adicionais que contenham células do melanoma, o que é determinado em função do estadiamento. Se os linfonodos não estão aumentados, é realizada a biópsia do linfonodo sentinela, que consiste num procedimento cirúrgico usado para determinar se o melanoma já se disseminou para os linfonodos regionais. Nesse procedimento são removidos um ou mais linfonodos para verificar a existência de células cancerígenas. O linfonodo sentinela é o primeiro linfonodo do sistema linfático que drena o tumor. Caso sejam diagnosticadas células cancerígenas no linfonodo sentinela, significa que a doença se espalhou para os linfonodos regionais, e outros linfonodos da região estarão potencialmente comprometidos. A dissecção completa dos linfonodos pode causar alguns efeitos colaterais a longo prazo. Um deles é o linfedema. Os linfonodos da virilha ou axila normalmente drenam o líquido das pernas e braços. Quando eles são removidos, o líquido pode se acumular causando inchaço dos membros. Linfedema, junto com a dor da cirurgia em si, é o principal motivo para que a dissecção de linfonodos não seja feita, a menos que seja necessário. Biópsia do linfonodo sentinela, no entanto, é pouco provável que tenha esse efeito. É importante discutir com o médico os possíveis riscos de efeitos colaterais antes de realizar o procedimento.
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