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1 Beatriz Machado de Almeida Emergências pediátricas – Aula 1 – Avaliação Inicial OBJETIVOS PRINCIPAIS • Como fazer uma abordagem inicial à criança na emergência; • Realizar uma avaliação sistematizada; • Reconhecer os sinais de gravidade; • Intervir nos principais problemas potencialmente fatais. EPIDEMIOLOGIA A primeira coisa que a gente quer evitar é a parada cardiorrespiratória na criança, pois tem uma mortalidade muito alta. CAUSAS DE PCR NA CRIANÇA: • Hipoxemia: é principal causa de PCR na criança. Pode ser tanto por acometimento do trato respiratório quanto por um quadro de choque ou comprometimento do sistema cardiovascular. Tanto o choque quanto a insuficiência respiratória levam a hipóxia, fazendo com que a criança tenha uma deterioração do quadro e chegue ao evento final. • Choque; • Colapso súbito (arritmias – FV/TV) – 5-15%: diferente dos adultos, na criança tem poucos casos de colapso e morte súbita. Normalmente, os colapsos súbitos são secundários as taquiarritmias, principalmente as ventriculares (fibrilação ventricular e taquicardia ventricular – ritmos chocáveis). SOBREVIDA PÓS-PCR APÓS ALTA HOSPITALAR: • Ambiente extra-hospitalar: 6-8% das crianças; é um ambiente crítico, pois nem sempre tem o suporte avançado de vida. • Ambiente intra-hospitalar: 33% das crianças. Mesmo com a assistência adequada, a criança levou um tempo sofrendo hipóxia, acidose e uma série de consequências da falência cardiorespiratória, o que faz com que tenha uma sobrevida não muito boa. A mortalidade é alta porque tem um processo de deterioração da criança que acontece antes de chegar ao evento final que é parada cardiorrespiratória. PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA (PCR) Na avaliação sistematizada, quando a gente tá diante de uma situação de emergência, a primeira coisa que precisa ser afastada é a PCR, pois este é o pior evento que pode acontecer e o médico só tem 10 segundos pra identificar isso. Análise de responsividade, consciência, respiração e pulso. Ao chegar no cenário da emergência, é importante avaliar de imediato o aspecto e a aparência (cor, cianose labial, palidez, pele mosqueada). • Ausência de batimentos cardíacos e movimentos respiratórios; • Ausência de pulso: é preciso palpar o pulso central. Lactente <1 ano → pulso braquial; criança >1 ano → pulso carotídeo. • Apneia ou gasping: drive respiratório ineficaz. Na criança, é perceptível a respiração curta e inefetiva. • Inconsciência. Na criança, muito mais frequente do que no adulto, pode ter também os eventos isolados, ou seja, só parada respiratória ou só parada cardíaca. A parada respiratória não necessariamente evolui para uma parada cardiorrespiratória, pois com a intervenção adequada, isso não ocorre. Normalmente, a criança demora pra fazer uma parada cardíaca, ou seja, após a parada respiratória leva um tempo pra ter a parada cardíaca, sendo passível de intervenção. MECANISMOS DE PREVENÇÃO Avaliação Inicial na Emergência Pediátrica 2 Beatriz Machado de Almeida Emergências pediátricas – Aula 1 – Avaliação Inicial É importante saber reconhecer tanto a insuficiência respiratória quanto o choque, pois tais eventos levam a uma falência cardiopulmonar e uma PCR por hipóxia, mecanismo presente em 80-90% das PCR na criança. A arritmia ventricular levando a uma PCR súbita é o que acontece na minoria, chegando apenas a 10-20%. AVALIAÇÃO INICIAL A gente tem 10 segundos pra avaliar consciência, respiração, cor e pulso. CONSCIÊNCIA Avaliar se o paciente está irritado, responsivo, sonolento, torporoso. O paciente em parada vai estar em coma e irresponsivo. • Irritabilidade; • Sonolência/torpor; • Inconsciência. RESPIRAÇÃO: • Taquipneia: aumento da frequência respiratória. • Dispneia: falta de ar. • Gasping ou Apneia: parada da respiração. COR: • Cianose: cor arroxeada da pele • Palidez: cor esbranquiçada da pele. • Mosqueamento: manchas denominadas ¨livedo reticular¨. É um sinal de má perfusão. O bebê recém-nascido pode ter esse padrão por conta do frio, mas no paciente maior, pode significar um sinal de gravidade. O RN não tem muita regulação do termostato hipotalâmico, então eles oscilam muito a temperatura de frio e calor muito rápido. Como forma de absorver calor, eles fazem vasoconstrição, o que se manifesta como livedo. A questão do tônus vascular é muito importante, pois se o paciente tem uma vasoconstrição em decorrência de um choque ou insuficiência respiratória, ele pode ter esse livedo. Observação: Se o paciente não tiver em parada cardiorrespiratória não é necessário reanimar. Se não tiver em parada, parte para as avaliações (geral, primária, secundária e terciária). Avaliar respiração, esforço respiratório, tiragens (subdiafragmática, intercostal), cianose labial ou de extremidades. Saber se o colapso foi presenciado ou não, súbito ou não. IMPRESSÃO INICIAL Se a criança não responde ou não respira, é preciso ver se tem pulso. ¨Ver, ouvir e sentir¨ → ¨ver¨. Se o paciente não tem pulso, parte para o CAB (reanimação cardiorrespiratória); se tiver pulso, mas não respira, tem que abrir a via aérea para fornecer ventilação, porque ele provavelmente tem uma parada só respiratória. Se presenciado o colapso súbito, fazer o CAB (intervenção da RCP, começando pela circulação) e ativa 192/DEA. O ABCDE é uma avaliação sistematizada que deve ser feita em qualquer situação de emergência, exceto no evento da parada. Isso porque na PCR, primeiro é preciso tirar o paciente da parada e depois seguir o ABCDE. Na hora que reanima o paciente, tem que começar sempre pelo cardiovascular, porque quando se intervém precocemente na circulação, os pacientes tem maior sobrevida. O ABCDE é uma abordagem feita para identificação passo a passo do paciente, quando este está com insuficiência respiratória, sonolento, em choque ou evoluindo para falência respiratória, mas não em parada. 3 Beatriz Machado de Almeida Emergências pediátricas – Aula 1 – Avaliação Inicial Se a criança não está em parada cardiorrespiratório, fazer ABCDE e avaliação completa. ABCDE → avaliação primária → secundária → terciária. Avaliar → Identificar o que está acontecendo → Intervir. Depois da intervenção, tem sempre uma reavaliação, por isso que vira um ciclo. AVALIAR Nos 10 segundos de ouro, é preciso ver se o paciente está em parada ou não. Se o paciente não está em parada não precisa reanimar, mas precisa entender o que está acontecendo. AVALIAÇÃO PRIMÁRIA • ABCDE: sistemática. Identifica por gravidade e pelos sinais críticos. • Monitor cardíaco/DEA (desfibrilador automático); • Oximetria de pulso; AVALIAÇÃO SECUNDÁRIA • Histórico com anamnese detalhada: perguntar ao responsável sobre: o que aconteceu, uso de medicação, presença ou ausência de febre, presença ou ausência de quadro respiratório, quadro alérgico, trauma. • Exame físico específico: detalhado. Exame neurológico, neste momento, pode avaliar reflexo e sensibilidade. AVALIAÇÃO TERCIÁRIA • Exame laboratoriais; • Exames de imagem. Base da anamnese + base do exame físico + exames complementares (laboratoriais + imagem). AVALIAÇÃO PRIMÁRIA • A → abertura de vias aéreas: análise de via aérea pérvia, corpo estranho, secreção, ruído de obstrução, estridor. • B → respiração: Análise da respiração afetiva, ausculta do paciente, presença ou ausência de ruídos adventícios, saturação, tiragem (intercostal, subcostal, fúrcula), sinais de desconforto. • C → circulação: avaliação de perfusão periférica, tempo de enchimento capilar, livedo, pulsos (finos, prolongados, cheios - normal). O principal pulso periférico é o radial, mas no lactente também é palpado o pulso pedioso. Ao avaliar o tempo do enchimento capilar, comprimea mãozinha com o dedo entre 3-4 segundos e avalia o retorno da circulação, sendo o ideal até 2 segundos. • D → Disfunção: avaliar a resposta, responsividade, pupilas, tônus muscular. • E → Exposição: análise de lesões, equimoses, ferimentos, fratura, trauma. O ABCDE é sistematizado e vai por ordem de gravidade, ou seja, o que mata primeiro tem que ser avaliado primeiro. No trauma tem um X antes do ABCDE, porque uma lesão vascular ensaguinante (hemorragia) mata antes que A. A – VIA AÉREA 1º foto: Cânula orofaríngea introdução da guedel pra rebater a língua. 2º foto: via aérea fechada sem 4 Beatriz Machado de Almeida Emergências pediátricas – Aula 1 – Avaliação Inicial intervenção; 3º foto: abertura da via aérea com uma leve extensão da cabeça, utilizando um coxim embaixo do ombro. Cuidado para não hiperextender, lembrando que a criança já tem uma via aérea anteriorizada (usa a lâmina reta no laringoscópio). B – RESPIRAÇÃO Idade Respiração/min Lactente (<1 ano) 30-60 1º infância (1-3 anos) 24-40 Idade pré-escolar (4-5 anos) 22-34 Idade escolar (6-12 anos) 18-30 Adolescente (13-18 anos) 12-16 A criança tem uma respiração que varia de caordo com a idades. Quanto menor a criança, maior a frequência respiratória. Exemplo: Criança 2 anos de idade, frequência respiratória 50-60 → Taquidispneia. • RN ou pequenos lactentes até 3 meses → <60ipm. • >3 meses – 1 ano → <50 ipm. • 1 – 3 anos → <40ipm. • Pré-escolar → 30 ipm. • Depois → referência de adulto. Uma parte muito importante na avaliação da respiração é a análise se o paciente tem desconforto respiratório ou não. Esse desconforto varia a gravidade de acordo com o local em que se encontra. O grau de desconforto respiratório vai piorando à medida que sobe. O primeiro músculo de suporte é o diafragma, principalmente no bebê (respiração abdominal). Depois, os músculos subcostais (tiragem mais frequente nos casos leves iniciando quadro moderado) auxiliares, intercostais (indica evolução do quadro) e subesternal vão sendo convocados, pois o diafragma não está dando conta. Ao chegar na tiragem de fúrcula (supraesternal e supraclaviular) significa que já passou por toda a musculatura acessória inferior até chegar lá em cima. Além disso, pode ter a presença de batimento da asa do nariz, que é o mais grave de todos. Além de identificar a frequência respiratória e a presença de desconforto respiratório, é necessário monitorizar, avaliar a saturação e auscultar. Na ausculta já é possível ter algumas pistas de onde está a doença, o que ajuda no diagnóstico etiológico, analisando a patologia do ponto de vista anatômico. • O principal ruído da via aérea superior é o estridor (ruido inspiratório presente em pacientes com corpo estranho em via aérea, edema de glote, obstrução de amígdala, abcesso). • O principal ruído da via aérea inferior é o sibilo (dificuldade na exalação principalmente, mas pode estar presente tanto na inspiração quanto na expiração – a exemplo dos casos de asma e bronquiolite, dependendo do grau de obstrução). Quando o paciente tem sibilo inspiratório é mais grave, porque começa a ter uma dificuldade na entrada de ar. • Doença de parênquima pulmonar apresenta relação com crépitos, pois o paciente tem um preenchimento alveolar, seja um edema agudo, pneumonia ou qualquer outra coisa que preencha o alvéolo. • Na falência cardiorrespiratória a gente tem o gemido, que é um importante sinal de gravidade. • O ronco é um ruído super inespecífico, podendo ser desde via aérea superior até inferior. Obviamente, quando o ronco é mais baixo tem um ruído diferente, que só o ouvido bem treinado é capaz de reconhecer. 5 Beatriz Machado de Almeida Emergências pediátricas – Aula 1 – Avaliação Inicial A respiração abdominal (uso do diafragma pra compensar) pode acontecer em qualquer situação clínica, tanto em obstrução de via aérea superior quanto obstrução de via aérea inferior e doença do parênquima pulmonar. Na hora que o sistema respiratório precisa compensar pra manter troca gasosa adequada, ele utiliza o que tem de músculo. DIFERENCIAR: Desconforto respiratório Insuficiência respiratória Tiragens Sat <92% Taquipneia Murmúrio vesicular diminuído Uso de musculatura acessória Diminuição de consciência Irritabilidade Hipotonia Balanço de cabeça Batimento de asa de nariz Cianose Insuficiência respiratória vai além do desconforto. A insuficiência é a incapacidade de manter oxigenação e/ou ventilação, onde o organismo não consegue atender a demanda metabólica da troca gasosa, então o paciente tem hipoxemia ou hipercapnia. A falência respiratória é superior a insuficiência, tendo comprometimento cardiovascular, sinais de gravidade, hipotensão, bradipneia, bradicardia. É um estágio pré-parada. Desconforto → insuficiência respiratória → fadiga/falência → parada cardiorrespiratória. Cianose e palidez perioral indica que uma grande quantidade de hemoglobina está insaturada. • Oximetria de pulso: ❖ Valores ideias acima 94% (meta); O normal é entre 96-98%. O GINA traz que as crianças asmáticas >6 anos, quando tem a saturação <90%, é sinal de gravidade, enquanto que nas crianças menores, 92% já é sinal de gravidade. ❖ Abaixo de 94% já começa a ter hipóxia. ❖ Abaixo 90% → GRAVIDADE! C – CIRCULAÇÃO • Frequência e ritmo cardíacos; • Pulsos (periféricos e centrais): choque, pulso fino, pulso cheio. É preciso estabelecer a volemia (acesso periférico, intraósseo)? • Tempo de enchimento capilar; • Coloração (Análise da perfusão: livedo) e temperatura da pele: quando há uma evolução da doença meningocócica é muito comum ter choque e equimose. • Pressão arterial; • Débito urinário: sempre perguntar pra mãe quando foi a última vez que a criança urinou e olhar se a fralda está seca ou molhada e qual a coloração da urina. Isso porque a circulação inadequada afeta o rim e o paciente não vai urinar. ATENÇÃO ❖ FC <60bmp: sinal de alerta. Muitas vezes reanima (faz massagem) o paciente quando ele mantém uma bradicardia, apesar de ter uma boa oxigenação, porque se não ela vai parar. ❖ FC >180bpm: sinal de alerta, porque pode estar acontecendo uma taquiarritmia. Nos lactentes o ponto de corte é 220 e nas crianças >1ano o ponto de corte é 180. Observação: Os valores da PaO2 e PaCO2 das crianças são os mesmos dos adultos. Pulsos centrais Pulsos periféricos Femorais Radiais Braquiais (bebês <1a) Dorsais do pé Carotídeos Tibiais posteriores Axilares Nos bebês até 1 ano, os pulsos braquiais e femorais são muito utilizados, não sendo possível uma boa avaliação pelo pulso carotídeo (pescoço curto). 6 Beatriz Machado de Almeida Emergências pediátricas – Aula 1 – Avaliação Inicial Imagem: indica circulação comprometida. Quando aperta tem que retornar longo igual na palma da mão. Idade PAS mínima (mmHg) Neonatos a termo (0-28 dias) 60 Bebês (1-12 meses) 70 Crianças de 1 a 10 anos; 70 + (Idade em anos X 2) Crianças >10 anos 90 A tabela representa o percentil 5, ou seja, é a pressão mínima sistólica que a criança deve ter para sobreviver. Abaixo disso é hipotensão e vai haver comprometimento de perfusão cerebral e de coronária. Na emergência, a pressão diastólica não é utilizada como parâmetro para hipotensão. É de extrema importância garantir a perfusão de carótida e cerebral, pois o coração e o cérebro são os orgaõs nobres. Para se ter uma boa perfusão cerebral, é necessário débito cardíaco, que é dado pela pressão sistólica, a qual perfunde primeiro o coração e o cérebro. Se eu não tenho uma boa pressão sistólica, eu não tenho uma boa perfusão. DÉBITO URINÁRIO Débito urinário é parâmetro de choque, porque quando em estado de choque, tem baixa pressãode perfusão do rim, que acaba por fazer seu mecanismo de defesa (contração da arteríola eferente), diminuindo o ritmo de filtração e, consequentemente, o débito urinário. O rim pode, inclusive, fazer uma necrose tubular. O comprometimento de perfusão em relação ao débito urinário não traduz a gravidade do quadro. Isso indica muito mais prognóstico do que gravidade. Quanto mais urina, maior é a recuperação renal • Normal: 1 a 2 ml/kg/hora; • Oligúria (redução do volume urinário): 0,5 a 1 ml/kg/hora; • Anúria (diminuição ou supressão da secreção urinária): <0,5 ml/kg/hora. D – DISFUNÇÃO SINAIS CLÍNICOS DE PERFUSÃO CEREBRAL • Nível de consciência; • Tônus muscular; • Resposta pupilar; • Convulsões: significa que o paciente pode estar tendo um comprometimento da circulação e da perfusão cerebral. AVALIAÇÕES CONVENCIONAIS • Escala de resposta pediátrica – AVDN: escala de Glasgow simplificada. • Escala de coma de Glasgow: escala mais completa e mais detalhada. • Resposta da pupila à luz: dá pistas de onde está o comprometimento. Parâmetro Resposta Pontos Abertura ocular Espontânea 4 Ao comando verbal 3 Ao estímulo doloroso 2 Nenhuma 1 Resposta verbal Sons apropriados, sorriso social, segue com os olhos 5 Choro consolável 4 Choro inconsolável, irritado 3 Inquieto, agitado 2 Nenhuma 1 Movimentos intencionais espontâneos 6 Retirada em flexão à dor localizada 5 Retirada em flexão generalizada 4 7 Beatriz Machado de Almeida Emergências pediátricas – Aula 1 – Avaliação Inicial Resposta motora Postura de flexão (decorticação) 3 Postura de extensão (descerebração) 2 Nenhuma 1 E – EXPOSIÇÃO • Despir a criança com cuidado; • Cuidado com coluna vertebral (colar); • Mantê-la o mais confortável possível: se for um bebê pequeno, o mais confortável possível é o mais perto dos pais. Se não for possível, tem que deixar na maca mesmo, principalmente se tiver risco de lesão. • Avaliar a temperatura. AVALIAÇÃO SECUNDÁRIA • Sinais vitais; Alergias; Medicamentos; • Passado médico: Saber se o paciente tem histórico de asma, de internação, de cirurgia. • Líquidos ingeridos: qual foi a última refeição. • Ambiente do evento: O que aconteceu? Como aconteceu? Tem febre? Foi um evento súbito ou o paciente já vinha doente? AVALIAÇÃO TERCIÁRIA A glicemia deve ser feita lá no ABCDE durante a monitorização. Os exames laboratoriais e de imagem são pedidos de acordo com a etiologia. IDENTIFICAR RISCO DE VIDA Medidas dentro do ABCDE que identificam que o paciente tem risco de vida e necessitam de uma intervenção precoce. Petéquias purpúricas podem indicar algum quadro de hipoxemia ou doença infecciosa. INTERVIR • Adotar ações apropriadas de acordo com o problema identificado; • Use a sequência antes e após intervenção. OBJETIVOS PRINCIPAIS • Como fazer uma abordagem inicial à criança na emergência; • Realizar uma avaliação sistematizada; • Reconhecer os sinais de gravidade; • Intervir nos principais problemas potencialmente fatais. BIBLIOGRAFIAS RECOMENDADAS ❖ Pediatric Advanced Life Support (PALS) – PALS Manual 2016; ❖ Simp1_Reconhecimento das Situações de Emergência_Avaliação Pediátrica; ❖ 2016_Pediatric_Emergent_Urgent. ABORDAGEM INICIAL NA EMERGÊNCIA PEDIÁTRICA: TBL (TEAM BASED LEARNED) CASO CLÍNICO 1 Paciente do sexo masculino, 3 meses, deu entrada na emergência com história de diarreia e vômitos há 2 dias. Genitora refere que o menor está mais molinho, rejeitando o seio materno, com desconforto respiratório e tem atraso vacinal. Paciente acabou de vomitar em seu consultório. Questão 1: Paciente foi direcionado ao Pronto Atendimento, ao recepcionar essa criança na sala de emergência, você como médico plantonista deve: 8 Beatriz Machado de Almeida Emergências pediátricas – Aula 1 – Avaliação Inicial a) Checar respiração, aspirar via aérea pra retirada de restos alimentares após o vômito, antes de iniciar ventilação. b) Checar o pulso, abrir via aérea e proceder intubação. c) Monitorizar, checar pulso e iniciar ventilação se apneia. d) Checar responsividade, checar pulso e iniciar RCP se ausência de pulso. Ao fazer a avaliação inicial constatando que paciente estava respirando, pulso estava presente, desconforto respiratório leve, hipoativo, desidratado. Ao exame, paciente gemente, com FR 70 ipm (taquipneia), PA 50X20mmHg (hipotenso). Olhos encovados, turgor diminuído, saliva espessa, choro sem lágrima, pulsos filiformes. Questão 2: Após essa segunda avaliação e com base nos seus conhecimentos, assinale qual o próximo passo a ser tomado: a) O paciente deve ser encaminhado à UTI urgente. b) Monitorizar, posicioná-lo de forma a abrir adequadamente a via aérea e instalar oxigênio a 100%. c) Devemos pela gravidade realizar acesso intraósseo. d) Na sala de emergência deveria ser feito acesso central para hidratação vigorosa. Questão 3: Quais os prováveis diagnósticos para o caso? a) Desidratação leve, GECA. b) Insuficiência respiratória por sepse de foco intestinal. c) Choque hipovolêmico por GECA + atraso vacinal. d) Desidratação grave por gastroenterite (provável rotavírus). Gastroenterite → desidratação grave → choque hipovolêmico. CASO CLÍNICO 2 Você está no seu primeiro plantão na UPA, após a formatura, e chega um garoto de 5 anos com história de tosse, febre e cansaço há 3 dias. Teve dois episódios de vômitos. Questão 1: Na avaliação do A e do B, paciente responde aos comandos, mas respira com dificuldade, FR 50, Sat)2 85%. Partindo para o C (circulação), o que você precisaria avaliar na sequência correta? a) Perfusão periférica, pulso e pressão arterial. b) Pulso, perfusão periférica e pressão arterial. c) Perfusão periférica, pressão arterial e pulso. d) Pressão arterial, pulso e perfusão periférica. Foi identificado nesta avaliação que paciente estava hipocorado, hipoativo, desidratado leve, HGT 90, pulsos periféricos filiformes, taquidispneia importante. AR: MV rude, crépitos em htx direito e ausculta abolida em base direita. TSD, TIC e retração de fúrcula. Questão 2: Baseado nestes dados iniciais, responda qual a sua principal suspeita? a) Choque por gastroenterite. b) Taquicardia sinusal por desidratação; c) Insuficiência respiratória por pneumonia. d) Angústia respiratória por bronquite. Questão 3: Paciente na sala de emergência e iremos iniciar tratamento imediato após identificar o quadro clínico. Assinale a sequência correta: a) Cabeceira elevada, oxigenoterapia, acessos calibrosos, expansão volêmica, coleta de hemocultura e antibioticoterapia. b) Monitorização, acesso venoso, suporte ventilatório invasivo. c) Oxigenoterapia, acesso intraósseo e expansão volêmica. d) Cabeceira elevada, oxigenoterapia e encaminhar pra UTI. Questão 4: Para complementar o diagnóstico seria necessário dar seguimento a avaliação terciária. Quais os exames solicitaria? a) Hemograma, hemocultura, PCR, USG de tórax. b) Hemograma, hemocultura, PCR e USG de abdome. c) Hemograma, hemocultura, gasometria, PCR e tomografia de tórax. d) Hemograma, hemocultura, PCR, Rx de tórax, gasometria com lactato.
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