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Título 
DIREITO CIVIL I 
Número de Aulas por Semana 
 
Número de Semana de Aula 
1 
Tema 
CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO 
Objetivos 
Discorrer sobre a importância da disciplina Direito Civil I para os objetivos do curso e empregabilidade do aluno. 
Apresentar as competências e habilidades desenvolvidas, em articulação com outras disciplinas do curso. 
Discorrer sobre a metodologia de ensino centrada na resolução de casos concretos. 
Apresentar a bibliografia básica e complementar. 
Apresentar o Plano de Ensino e o Mapa Conceitual da Disciplina. 
Discorrer sobre a metodologia de ensino centrada na resolução de casos concretos. 
Fornecer ao aluno o campo estrutural do Código Civil Brasileiro e sua base principiológica.. 
Discorrer sobre a relação do Direito Civil com a Constituição Federal de 1988.  
Introduzir o entendimento do conceito de repersonalização de constitucionalização do Direito Civil.  
Estrutura do Conteúdo 
1.     APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA 
            Plano de ensino; Mapa conceitual; Metodologia de ensino;  Bibliografia adotada. 
2.     CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO 
2.1 A estrutura do Código Civil. 
2.2 Os fundamentos principiológicos do Código Civil Brasileiro. 
2.3 A constitucionalização do Direito Civil. 
2.4 Direito Civil e constituição de 1988. 
  
Referências bibliográficas: 
  
Nome do livro: O Direito Civil à luz do Novo Código 
 ISBN. EAN-13 -9788530926663 
Nome do autor: COSTA, Dilvanir José. 
Editora: Forense 
Ano: 2009. 
Edição: 3a. ed. - 
Nome do capítulo: b) O Direito Civil como essência do direito 
N. de páginas do capítulo: 5 
  
Este conteúdo deverá ser trabalhado ao longo das duas aulas da primeira semana, cabendo ao professor a dosagem do conteúdo, de acordo 
com as condições objetivas e subjetivas de cada turma.  
O plano de ensino da disciplina precisará ser apresentado e explicitado à turma, destacando os principais objetivos a serem alcançados ao 
longo de cada unidade programática, bem como a metodologia utilizada que está ancorada no estudo de casos concretos. 
  
Os casos e questões de múltipla escolha deverão ser abordados ao longo da aula, de acordo com a pertinência temática. O professor deverá 
esclarecer ao alunato que a resolução dos casos faz parte da aula, tendo em conta que a abordagem dos casos permeia a exposição teórica . 
  
Assim, ao longo do primeiro encontro intuito é de apenas apresentar uma síntese do conteúdo do Plano de ensino da disciplina, discorrendo 
sobre seu âmbito  focal, a partir da aplicação da metodologia explicativa, através da qual o aluno possa começar a familiarizar -se com a 
matéria.  A partir daí, o docente deve prioritariamente discorrer sobre a metodologia de ensino centrada na resolução de casos concretos. Para, 
a seguir, apresentar a bibliografia básica e complementar. Assim, poderá adentrar ao conteúdo programático do primeiro encontro e fornecer 
ao aluno o campo estrutural do Código Civil Brasileiro e sua base principiológica. Deverá então, discorrer sobre a relação do Direito Civil com a 
Constituição Federal de 1988, para a partir deste entendimento introduzir o entendimento do conceito de repersonalização e  do fenômeno da 
constitucionalização do Direito Civil.  
  
Assim, sugerimos que se inicie com a seguinte apresentação: 
  
O CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO 
  
Em 11 de janeiro de 2003, entrou em vigor o novo Código Civil (Lei nº 10.406, de 10.01.2002), depois de tramitar por décadas  no Congresso 
Nacional (desde 1968). 
  
Esse novo Código representa a consolidação das mudanças sociais e legislativas surgidas nas últimas nove décadas, incorporando outros 
novos avanços na técnica jurídica. 
  
Três princípios fundamentais do novo Código Civil: 
a) ETICIDADE –superar o apego do antigo Código ao rigor formal. O novo Diploma alia os valores técnicos aos valores éticos. Por isso 
percebe-se, muitas vezes a opção por normas genéricas ou cláusulas gerais, sem a preocupação de excessivo rigorismo conceitual. 
O mundo contemporâneo testemunha a preocupação constante dos doutrinadores jurídicos, políticos e sociais com a necessidade das relações 
do homem com os seus e do Estado com os seus administrados serem fortalecidas com a prática de condutas éticas. Afirma que a ética é 
delimitadora do comportamento humano, abrangendo a realidade que o cerca e influenciando a estrutura dos fatos e atos produzidos pelo 
cidadão. Declara que O Novo Código Civil apresenta-se em forma de sistema vinculado a dois pólos: um formado em eixo central; o outro 
concentrado em um sistema aberto. O professor pode concluir definindo que a eticidade no Novo Código Civil visa imprimir eficácia e 
efetividade aos princípios constitucionais da valorização da dignidade humana, da cidadania, da personalidade, da confiança, da probidade, da 
lealdade, da boa-fé, da honestidade nas relações jurídicas de direito privado. 
b) A SOCIALIDADE – Está presente no novo Código a socialidade em detrimento do caráter individualista do antigo Diploma civilista. Daí o 
predomínio do social sobre o individual. 
Um exemplo interessante neste sentido é o da função social da propriedade A Constituição Federal deu uma fisionomia funcional social ao 
direito de propriedade, que no seu art. 5º, inciso XII, ao lado de garantir o direito de propriedade, logo em seguida no inciso XXIII. 
  
A funcionalização do direito de propriedade importa em dar-lhe uma determinada finalidade, que na propriedade rural significa ser produtiva 
(art. 186) e na urbana quando atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressa no plano diretor (art. 182, § 2º) . 
Tal novidade acabou por refletir-se na elaboração do novo Código Civil, em seu art. 1228, o que se mostra coerente com a inscrição de novos 
princípios norteadores, especialmente o da Socialidade, que vem tentar a superação do caráter manifestamente individualista do Diploma 
revogado, reflexo mesmo da publicização do Direito Civil, admitindo ainda a propriedade pública dos bens cuja apreensão individual 
configuraria um risco para o bem comum. 
  
De lapidar redação, o § 1.º do art. 1228 estabelece que "O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com suas finalidades 
econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas 
naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas." Também digno de 
transcrição o § 2.º: "São defesos os atos que não trazem ao proprietário qualquer comodidade, ou utilidade, e sejam animados pela intenção de 
prejudicar outrem." 
c) OPERABILIDADE – Diversas soluções normativas foram tomadas no sentido de possibilitar uma compreensão maior e mais simplificada  
para sua interpretação e aplicação pelo operador do Direito. Exemplo disso foram as distinções mais claras entre prescrição e decadência e 
os casos em que são aplicadas;  estabeleceu-se  a diferença objetiva entre associação e sociedade, servindo a primeira para indicar as 
entidades de fins não econômicos, e a última para designar as de objetivos econômicos. 
  
A Constitucionalização do Direito Civil 
Em relação a este item a ser desenvolvido pelo docente, uma sugestão é a de se começar afirmando que o Código Civil sempre representou o 
centro normativo de direito privado, por se preocupar em regular com inteireza e completude as relações entre particulares. Desta forma, o 
aluno sera instado a perceber que existia uma verdadeira cisão na estrutura jurídica liberal no sentido de que a Constituição apenas deveria se 
preocupar em regular a dinâmica organizacional dos poderes do Estado, enquanto que ao Código Civil era reservado o regime das relações 
humanas, o espaço sagrado e inviolável da autonomia privada.  
  
É exatamente nesta linha que surge a codificação de 1916, sendo fortemente influenciada pelo Código Napoleônico de 1804 e pelo BGB da 
Alemanha de 1896. Com aspirações de um jusnaturalismo racionalista, o Código Civil de 1916 defende os valoresdo patrimonialismo e de um 
excessivo individualismo inerentes às codificações liberais. (aqui vale recordar as noções sobre as diversas correntes jusnaturalistas que o 
aluno aprendeu em IED, no periodo anterior) 
  
Desta maneira, conferia-se ao Código o papel de garantia e regulação das relações privadas mediante a efetivação dos valores de um 
iluminismo liberalista. A codificação civil de 1916, então, surgiu impelida pelas idéias libertárias da burguesia ascendente, que visava à 
consolidação dos valores de um patrimonialismo e individualismo nas relações privadas. Assim, pelo liberalismo econômico, a Constituição 
exerceria um papel meramente interpretativo, somente podendo ser aplicada diretamente em casos excepcionais de lacunas dos códigos, a 
quem realmente caberia a missão de regular e equilibrar as relações inter-pessoais. 
Neste sentido, o Código Civil se transforma numa verdadeira constituição do direito privado, buscando proteger o indivíduo contra as 
ingerências do Estado.  
  
Importante ressaltar ao aluno, ainda que não seja o objetivo primordial desta aula,  que o Código Civil de 1916 surgiu com um século de atraso 
das codificações individualistas e voluntaristas da Alemanha e da França, onde já se iniciavam as demandas por um maior intervencionismo 
estatal e pelo controle dos desequilíbrios das relações econômicas. Mas, mesmo assim, o Código de 1916 permaneceu ancorado neste 
modelo abstrato e totalmente inerte a realidade social e a crescente complexidade das relações humanas.  
  
Esse excessivo individualismo e a liberdade sem limites ocasionaram grandes desigualdades sociais. Houve a necessidade de o Estado 
interferir nas relações de direito privado para minimizar essas desigualdades e limitar a liberdade dos indivíduos protegendo as classes menos 
favorecidas, em busca de uma igualdade substancial. 
  
Aos poucos o Código Civil vai perdendo o seu papel de “Constituição” do direito privado. A idéia de código concebido como um sistema 
fechado foi sendo destruída, surgindo diversas leis especiais e, ao poucos, o Direito Civil foi se fragmentando.  
  
Assim, a Constituição assume um novo papel de regência das relações privadas, conferindo uma nova unidade do sistema jurídico. A posição 
hierárquica da Constituição e sua ingerência nas relações econômicas e sociais possibilitam a formação de um novo centro unificador do 
sistema, definindo seus verdadeiros pilares e pressupostos de fundamentação.  
  
Desta forma, a constitucionalização do Direito privado não importa em apenas conferir à constituição a superioridade hierárquica conformadora 
do ordenamento jurídico, mas, acima disto, quer proporcionar uma releitura dos velhos institutos e conceitos do âmbito privado, visando à 
concretização dos valores e preceitos constitucionais. A Constituição passa, assim, a definir os princípios e as regras relacionados a temas 
antes reservados exclusivamente ao Código Civil e ao império da vontade, como a função social da propriedade, organização da família e 
outros. Assim, foi se derrubando o paradigma individualista do Estado Liberal e do cidadão dotado de patrimônio, e passou-se a adotar um 
novo paradigma. As constituições começaram a trazer em seu bojo regras e princípios típicos de direito civil e a valorizar a pessoa colocando-a 
acima do patrimônio. Passou-se a buscar a justiça social ou distributiva e, aos poucos, a liberdade foi sendo limitada, com a finalidade de se 
alcançar uma igualdade substancial. É importante distinguir, por fim, a Constitucionalização do Direito Civil da publicização do direito privado. 
Muitos doutrinadores confundem essas duas situações, mas elas são distintas. A primeira é a analise do direito privado com base nos 
fundamentos constitucionalmente estabelecidos. É a aplicação dos mandamentos constitucionais no direito privado. Já a segunda é o processo 
de intervenção estatal no direito privado, principalmente mediante a legislação infraconstitucional.  
  
Por fim, é importante que o professor destaque para o aluno que a norma constitucional, apesar da resistência de alguns setores da doutrina, 
passa a ser diretamente aplicável às relações privadas. Note-se que a Constituição, por ser um sistema de normas, é dotada de coercibilidade 
e imperatividade e, sendo assim, é perfeitamente suscetível de ser aplicada nas relações de direito privado. E aqui é importante exemplificar, 
utilizando, por exemplo o direito de família: 
  
A Constituição de 1988, refletindo as mudanças nas relações familiares ocorridas ao longo do século XX deu um novo perfil aos institutos do 
direito de família. 
  
Assim o novo CC teve que adaptar-se aos novos ditames constitucionais aprofundando-os: 
União Estável - reconhecida; 
Maioridade Civil – aos 18 anos;Regime de bens – pode ser alterado por acordo entre os cônjuges; 
Exames de DNA para comprovação de paternidade – a recusa implica em reconhecimento da filiação ; 
Filhos nascidos fora do casamento – não há mais distinção entre filhos; 
Guarda dos filhos em caso de separação -  os filhos podem ficar com o pai ou a mãe; 
Testamento – não mais precisa ser feito à mão pelo testador; 
Sucessão  - o cônjuge passa a ser herdeiro necessário. 
Aplicação Prática Teórica 
CASO CONCRETO 1 
 Em plena Copa do Mundo de Futebol, Augusto é torcedor fanático da seleção da Argentina. No setor que trabalha, há grande rivalidade 
“amistosa” entre os funcionários, sendo que a maioria maciça é torcedora da seleção brasileira. Na tentativa de preservar-se um pouco mais, 
requereu que fosse reservado um local de trabalho para uso exclusivo seu e de outros colegas de trabalho que também torcem pelo país vizinho 
e por outras equipes, haja vista que os deboches e as provocações têm sido difíceis de suportar. Embasa sua pretensão no fato de o Código 
Civil dispor ser vedada a limitação de exercício de direitos sem expressa previsão legal, bem como a Constituição garantir a liberdade de 
expressão.  
Analise o caso concreto a partir dos seguintes tópicos: 
1)         Diante do exposto, poderíamos afirmar que a ausência de um  local reservado para Augusto poderia caracterizar lesão aos postulados 
constitucionais e legais? 
2)         O que é a constitucionalização do Direito Civil ? 
  
  
  
  
CASO CONCRETO 2 
A Indústria Farmacêutica XYZ coloca no mercado um eficaz remédio, recentemente descoberto pelos seus químicos, que neutraliza os efeitos 
da Síndrome da Imunodeficiência adquirida, conhecida como AIDS. O valor do medicamento inviabiliza a compra pela maior parte dos que 
sofrem da doença.  
É certo que a Lei 9.279/96, nos artigos 40 e 42, dispõe que o prazo será de 20 (vinte) anos para vigência da patente, ou seja, poderá o titular 
(Indústria farmacêutica XYZ), durante este tempo, usar, gozar, dispor e impedir terceiro de reproduzir a fórmula. Contudo, a Constituição Federal 
(art. 5º, XXIII ) e o Código Civil, artº 1.228, § 1º, reconhecem para o ordenamento pátrio o princípio da função social da propriedade, que tem 
natureza de cláusula geral.  
Pergunta-se: 
1) O princípio da função social da propriedade decorre de qual princípio do Código Civil de 2002 ?  
2) A função social se apresenta no Código Civil como uma cláusula geral. Qual o conceito de cláusula geral e qual sua finalidade? 
3) O tema direito de propriedade pode ao mesmo tempo ser previsto e disciplinado no Código Civil e na Constituição? Esclareça: 
4) Poderíamos sustentar que seria lícito ao Poder Público  determinar a suspensão do privilégio da patente, a fim de atender a demanda social 
pelo remédio fabricado pela Indústria Farmacêutica ? Qual seria a justificativa da  sua resposta? 
  
  
  
QUESTÃO OBJETIVA  
No Código Civil, a função das cláusulas gerais é: 
I – dotar o sistema interno do Código Civil de mobilidade, mitigando as regras mais rígidas. 
II – a de atuar de forma a concretizar o que se encontra previsto nos princípios gerais de direito e nos conceitos legais indeterminados.  
III – a de, também, abrandar as desvantagens do estilo excessivamenteabstrato e genérico da lei. 
Assinale, portanto, a alternativa ou alternativas corretas: 
a)         nenhuma das alternativas está correta. 
b)         todas as alternativas estão corretas. 
c)         apenas a alternativa II está correta. 
d)         apenas as alternativas I e III estão corretas. 
e)         apenas as alternativas II e III estão corretas 
(TJ-SC-04/08/2002 – Direito Civil – Questão n.º 33 
Plano de Aula: DIREITO CIVIL I
DIREITO CIVIL I 
Estácio de Sá Página 1 / 4
Título 
DIREITO CIVIL I 
Número de Aulas por Semana 
 
Número de Semana de Aula 
1 
Tema 
CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO 
Objetivos 
Discorrer sobre a importância da disciplina Direito Civil I para os objetivos do curso e empregabilidade do aluno. 
Apresentar as competências e habilidades desenvolvidas, em articulação com outras disciplinas do curso. 
Discorrer sobre a metodologia de ensino centrada na resolução de casos concretos. 
Apresentar a bibliografia básica e complementar. 
Apresentar o Plano de Ensino e o Mapa Conceitual da Disciplina. 
Discorrer sobre a metodologia de ensino centrada na resolução de casos concretos. 
Fornecer ao aluno o campo estrutural do Código Civil Brasileiro e sua base principiológica.. 
Discorrer sobre a relação do Direito Civil com a Constituição Federal de 1988.  
Introduzir o entendimento do conceito de repersonalização de constitucionalização do Direito Civil.  
Estrutura do Conteúdo 
1.     APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA 
            Plano de ensino; Mapa conceitual; Metodologia de ensino;  Bibliografia adotada. 
2.     CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO 
2.1 A estrutura do Código Civil. 
2.2 Os fundamentos principiológicos do Código Civil Brasileiro. 
2.3 A constitucionalização do Direito Civil. 
2.4 Direito Civil e constituição de 1988. 
  
Referências bibliográficas: 
  
Nome do livro: O Direito Civil à luz do Novo Código 
 ISBN. EAN-13 -9788530926663 
Nome do autor: COSTA, Dilvanir José. 
Editora: Forense 
Ano: 2009. 
Edição: 3a. ed. - 
Nome do capítulo: b) O Direito Civil como essência do direito 
N. de páginas do capítulo: 5 
  
Este conteúdo deverá ser trabalhado ao longo das duas aulas da primeira semana, cabendo ao professor a dosagem do conteúdo, de acordo 
com as condições objetivas e subjetivas de cada turma.  
O plano de ensino da disciplina precisará ser apresentado e explicitado à turma, destacando os principais objetivos a serem alcançados ao 
longo de cada unidade programática, bem como a metodologia utilizada que está ancorada no estudo de casos concretos. 
  
Os casos e questões de múltipla escolha deverão ser abordados ao longo da aula, de acordo com a pertinência temática. O professor deverá 
esclarecer ao alunato que a resolução dos casos faz parte da aula, tendo em conta que a abordagem dos casos permeia a exposição teórica . 
  
Assim, ao longo do primeiro encontro intuito é de apenas apresentar uma síntese do conteúdo do Plano de ensino da disciplina, discorrendo 
sobre seu âmbito  focal, a partir da aplicação da metodologia explicativa, através da qual o aluno possa começar a familiarizar -se com a 
matéria.  A partir daí, o docente deve prioritariamente discorrer sobre a metodologia de ensino centrada na resolução de casos concretos. Para, 
a seguir, apresentar a bibliografia básica e complementar. Assim, poderá adentrar ao conteúdo programático do primeiro encontro e fornecer 
ao aluno o campo estrutural do Código Civil Brasileiro e sua base principiológica. Deverá então, discorrer sobre a relação do Direito Civil com a 
Constituição Federal de 1988, para a partir deste entendimento introduzir o entendimento do conceito de repersonalização e  do fenômeno da 
constitucionalização do Direito Civil.  
  
Assim, sugerimos que se inicie com a seguinte apresentação: 
  
O CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO 
  
Em 11 de janeiro de 2003, entrou em vigor o novo Código Civil (Lei nº 10.406, de 10.01.2002), depois de tramitar por décadas  no Congresso 
Nacional (desde 1968). 
  
Esse novo Código representa a consolidação das mudanças sociais e legislativas surgidas nas últimas nove décadas, incorporando outros 
novos avanços na técnica jurídica. 
  
Três princípios fundamentais do novo Código Civil: 
a) ETICIDADE –superar o apego do antigo Código ao rigor formal. O novo Diploma alia os valores técnicos aos valores éticos. Por isso 
percebe-se, muitas vezes a opção por normas genéricas ou cláusulas gerais, sem a preocupação de excessivo rigorismo conceitual. 
O mundo contemporâneo testemunha a preocupação constante dos doutrinadores jurídicos, políticos e sociais com a necessidade das relações 
do homem com os seus e do Estado com os seus administrados serem fortalecidas com a prática de condutas éticas. Afirma que a ética é 
delimitadora do comportamento humano, abrangendo a realidade que o cerca e influenciando a estrutura dos fatos e atos produzidos pelo 
cidadão. Declara que O Novo Código Civil apresenta-se em forma de sistema vinculado a dois pólos: um formado em eixo central; o outro 
concentrado em um sistema aberto. O professor pode concluir definindo que a eticidade no Novo Código Civil visa imprimir eficácia e 
efetividade aos princípios constitucionais da valorização da dignidade humana, da cidadania, da personalidade, da confiança, da probidade, da 
lealdade, da boa-fé, da honestidade nas relações jurídicas de direito privado. 
b) A SOCIALIDADE – Está presente no novo Código a socialidade em detrimento do caráter individualista do antigo Diploma civilista. Daí o 
predomínio do social sobre o individual. 
Um exemplo interessante neste sentido é o da função social da propriedade A Constituição Federal deu uma fisionomia funcional social ao 
direito de propriedade, que no seu art. 5º, inciso XII, ao lado de garantir o direito de propriedade, logo em seguida no inciso XXIII. 
  
A funcionalização do direito de propriedade importa em dar-lhe uma determinada finalidade, que na propriedade rural significa ser produtiva 
(art. 186) e na urbana quando atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressa no plano diretor (art. 182, § 2º) . 
Tal novidade acabou por refletir-se na elaboração do novo Código Civil, em seu art. 1228, o que se mostra coerente com a inscrição de novos 
princípios norteadores, especialmente o da Socialidade, que vem tentar a superação do caráter manifestamente individualista do Diploma 
revogado, reflexo mesmo da publicização do Direito Civil, admitindo ainda a propriedade pública dos bens cuja apreensão individual 
configuraria um risco para o bem comum. 
  
De lapidar redação, o § 1.º do art. 1228 estabelece que "O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com suas finalidades 
econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas 
naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas." Também digno de 
transcrição o § 2.º: "São defesos os atos que não trazem ao proprietário qualquer comodidade, ou utilidade, e sejam animados pela intenção de 
prejudicar outrem." 
c) OPERABILIDADE – Diversas soluções normativas foram tomadas no sentido de possibilitar uma compreensão maior e mais simplificada  
para sua interpretação e aplicação pelo operador do Direito. Exemplo disso foram as distinções mais claras entre prescrição e decadência e 
os casos em que são aplicadas;  estabeleceu-se  a diferença objetiva entre associação e sociedade, servindo a primeira para indicar as 
entidades de fins não econômicos, e a última para designar as de objetivos econômicos. 
  
A Constitucionalização do Direito Civil 
Em relação a este item a ser desenvolvido pelo docente, uma sugestão é a de se começar afirmando que o Código Civil sempre representou o 
centro normativo de direito privado, por se preocupar em regular com inteireza e completude as relações entre particulares. Desta forma, o 
aluno sera instado a perceber que existia uma verdadeira cisão na estrutura jurídica liberal no sentidode que a Constituição apenas deveria se 
preocupar em regular a dinâmica organizacional dos poderes do Estado, enquanto que ao Código Civil era reservado o regime das relações 
humanas, o espaço sagrado e inviolável da autonomia privada.  
  
É exatamente nesta linha que surge a codificação de 1916, sendo fortemente influenciada pelo Código Napoleônico de 1804 e pelo BGB da 
Alemanha de 1896. Com aspirações de um jusnaturalismo racionalista, o Código Civil de 1916 defende os valores do patrimonialismo e de um 
excessivo individualismo inerentes às codificações liberais. (aqui vale recordar as noções sobre as diversas correntes jusnaturalistas que o 
aluno aprendeu em IED, no periodo anterior) 
  
Desta maneira, conferia-se ao Código o papel de garantia e regulação das relações privadas mediante a efetivação dos valores de um 
iluminismo liberalista. A codificação civil de 1916, então, surgiu impelida pelas idéias libertárias da burguesia ascendente, que visava à 
consolidação dos valores de um patrimonialismo e individualismo nas relações privadas. Assim, pelo liberalismo econômico, a Constituição 
exerceria um papel meramente interpretativo, somente podendo ser aplicada diretamente em casos excepcionais de lacunas dos códigos, a 
quem realmente caberia a missão de regular e equilibrar as relações inter-pessoais. 
Neste sentido, o Código Civil se transforma numa verdadeira constituição do direito privado, buscando proteger o indivíduo contra as 
ingerências do Estado.  
  
Importante ressaltar ao aluno, ainda que não seja o objetivo primordial desta aula,  que o Código Civil de 1916 surgiu com um século de atraso 
das codificações individualistas e voluntaristas da Alemanha e da França, onde já se iniciavam as demandas por um maior intervencionismo 
estatal e pelo controle dos desequilíbrios das relações econômicas. Mas, mesmo assim, o Código de 1916 permaneceu ancorado neste 
modelo abstrato e totalmente inerte a realidade social e a crescente complexidade das relações humanas.  
  
Esse excessivo individualismo e a liberdade sem limites ocasionaram grandes desigualdades sociais. Houve a necessidade de o Estado 
interferir nas relações de direito privado para minimizar essas desigualdades e limitar a liberdade dos indivíduos protegendo as classes menos 
favorecidas, em busca de uma igualdade substancial. 
  
Aos poucos o Código Civil vai perdendo o seu papel de “Constituição” do direito privado. A idéia de código concebido como um sistema 
fechado foi sendo destruída, surgindo diversas leis especiais e, ao poucos, o Direito Civil foi se fragmentando.  
  
Assim, a Constituição assume um novo papel de regência das relações privadas, conferindo uma nova unidade do sistema jurídico. A posição 
hierárquica da Constituição e sua ingerência nas relações econômicas e sociais possibilitam a formação de um novo centro unificador do 
sistema, definindo seus verdadeiros pilares e pressupostos de fundamentação.  
  
Desta forma, a constitucionalização do Direito privado não importa em apenas conferir à constituição a superioridade hierárquica conformadora 
do ordenamento jurídico, mas, acima disto, quer proporcionar uma releitura dos velhos institutos e conceitos do âmbito privado, visando à 
concretização dos valores e preceitos constitucionais. A Constituição passa, assim, a definir os princípios e as regras relacionados a temas 
antes reservados exclusivamente ao Código Civil e ao império da vontade, como a função social da propriedade, organização da família e 
outros. Assim, foi se derrubando o paradigma individualista do Estado Liberal e do cidadão dotado de patrimônio, e passou-se a adotar um 
novo paradigma. As constituições começaram a trazer em seu bojo regras e princípios típicos de direito civil e a valorizar a pessoa colocando-a 
acima do patrimônio. Passou-se a buscar a justiça social ou distributiva e, aos poucos, a liberdade foi sendo limitada, com a finalidade de se 
alcançar uma igualdade substancial. É importante distinguir, por fim, a Constitucionalização do Direito Civil da publicização do direito privado. 
Muitos doutrinadores confundem essas duas situações, mas elas são distintas. A primeira é a analise do direito privado com base nos 
fundamentos constitucionalmente estabelecidos. É a aplicação dos mandamentos constitucionais no direito privado. Já a segunda é o processo 
de intervenção estatal no direito privado, principalmente mediante a legislação infraconstitucional.  
  
Por fim, é importante que o professor destaque para o aluno que a norma constitucional, apesar da resistência de alguns setores da doutrina, 
passa a ser diretamente aplicável às relações privadas. Note-se que a Constituição, por ser um sistema de normas, é dotada de coercibilidade 
e imperatividade e, sendo assim, é perfeitamente suscetível de ser aplicada nas relações de direito privado. E aqui é importante exemplificar, 
utilizando, por exemplo o direito de família: 
  
A Constituição de 1988, refletindo as mudanças nas relações familiares ocorridas ao longo do século XX deu um novo perfil aos institutos do 
direito de família. 
  
Assim o novo CC teve que adaptar-se aos novos ditames constitucionais aprofundando-os: 
União Estável - reconhecida; 
Maioridade Civil – aos 18 anos;Regime de bens – pode ser alterado por acordo entre os cônjuges; 
Exames de DNA para comprovação de paternidade – a recusa implica em reconhecimento da filiação ; 
Filhos nascidos fora do casamento – não há mais distinção entre filhos; 
Guarda dos filhos em caso de separação -  os filhos podem ficar com o pai ou a mãe; 
Testamento – não mais precisa ser feito à mão pelo testador; 
Sucessão  - o cônjuge passa a ser herdeiro necessário. 
Aplicação Prática Teórica 
CASO CONCRETO 1 
 Em plena Copa do Mundo de Futebol, Augusto é torcedor fanático da seleção da Argentina. No setor que trabalha, há grande rivalidade 
“amistosa” entre os funcionários, sendo que a maioria maciça é torcedora da seleção brasileira. Na tentativa de preservar-se um pouco mais, 
requereu que fosse reservado um local de trabalho para uso exclusivo seu e de outros colegas de trabalho que também torcem pelo país vizinho 
e por outras equipes, haja vista que os deboches e as provocações têm sido difíceis de suportar. Embasa sua pretensão no fato de o Código 
Civil dispor ser vedada a limitação de exercício de direitos sem expressa previsão legal, bem como a Constituição garantir a liberdade de 
expressão.  
Analise o caso concreto a partir dos seguintes tópicos: 
1)         Diante do exposto, poderíamos afirmar que a ausência de um  local reservado para Augusto poderia caracterizar lesão aos postulados 
constitucionais e legais? 
2)         O que é a constitucionalização do Direito Civil ? 
  
  
  
  
CASO CONCRETO 2 
A Indústria Farmacêutica XYZ coloca no mercado um eficaz remédio, recentemente descoberto pelos seus químicos, que neutraliza os efeitos 
da Síndrome da Imunodeficiência adquirida, conhecida como AIDS. O valor do medicamento inviabiliza a compra pela maior parte dos que 
sofrem da doença.  
É certo que a Lei 9.279/96, nos artigos 40 e 42, dispõe que o prazo será de 20 (vinte) anos para vigência da patente, ou seja, poderá o titular 
(Indústria farmacêutica XYZ), durante este tempo, usar, gozar, dispor e impedir terceiro de reproduzir a fórmula. Contudo, a Constituição Federal 
(art. 5º, XXIII ) e o Código Civil, artº 1.228, § 1º, reconhecem para o ordenamento pátrio o princípio da função social da propriedade, que tem 
natureza de cláusula geral.  
Pergunta-se: 
1) O princípio da função social da propriedade decorre de qual princípio do Código Civil de 2002 ?  
2) A função social se apresenta no Código Civil como uma cláusula geral. Qual o conceito de cláusula geral e qual sua finalidade? 
3) O tema direito de propriedade pode ao mesmo tempo ser previsto e disciplinado no Código Civil e na Constituição? Esclareça: 
4) Poderíamos sustentar que seria lícito ao Poder Público  determinar a suspensão do privilégio da patente, a fim de atender a demandasocial 
pelo remédio fabricado pela Indústria Farmacêutica ? Qual seria a justificativa da  sua resposta? 
  
  
  
QUESTÃO OBJETIVA  
No Código Civil, a função das cláusulas gerais é: 
I – dotar o sistema interno do Código Civil de mobilidade, mitigando as regras mais rígidas. 
II – a de atuar de forma a concretizar o que se encontra previsto nos princípios gerais de direito e nos conceitos legais indeterminados.  
III – a de, também, abrandar as desvantagens do estilo excessivamente abstrato e genérico da lei. 
Assinale, portanto, a alternativa ou alternativas corretas: 
a)         nenhuma das alternativas está correta. 
b)         todas as alternativas estão corretas. 
c)         apenas a alternativa II está correta. 
d)         apenas as alternativas I e III estão corretas. 
e)         apenas as alternativas II e III estão corretas 
(TJ-SC-04/08/2002 – Direito Civil – Questão n.º 33 
Plano de Aula: DIREITO CIVIL I
DIREITO CIVIL I 
Estácio de Sá Página 2 / 4
Título 
DIREITO CIVIL I 
Número de Aulas por Semana 
 
Número de Semana de Aula 
1 
Tema 
CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO 
Objetivos 
Discorrer sobre a importância da disciplina Direito Civil I para os objetivos do curso e empregabilidade do aluno. 
Apresentar as competências e habilidades desenvolvidas, em articulação com outras disciplinas do curso. 
Discorrer sobre a metodologia de ensino centrada na resolução de casos concretos. 
Apresentar a bibliografia básica e complementar. 
Apresentar o Plano de Ensino e o Mapa Conceitual da Disciplina. 
Discorrer sobre a metodologia de ensino centrada na resolução de casos concretos. 
Fornecer ao aluno o campo estrutural do Código Civil Brasileiro e sua base principiológica.. 
Discorrer sobre a relação do Direito Civil com a Constituição Federal de 1988.  
Introduzir o entendimento do conceito de repersonalização de constitucionalização do Direito Civil.  
Estrutura do Conteúdo 
1.     APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA 
            Plano de ensino; Mapa conceitual; Metodologia de ensino;  Bibliografia adotada. 
2.     CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO 
2.1 A estrutura do Código Civil. 
2.2 Os fundamentos principiológicos do Código Civil Brasileiro. 
2.3 A constitucionalização do Direito Civil. 
2.4 Direito Civil e constituição de 1988. 
  
Referências bibliográficas: 
  
Nome do livro: O Direito Civil à luz do Novo Código 
 ISBN. EAN-13 -9788530926663 
Nome do autor: COSTA, Dilvanir José. 
Editora: Forense 
Ano: 2009. 
Edição: 3a. ed. - 
Nome do capítulo: b) O Direito Civil como essência do direito 
N. de páginas do capítulo: 5 
  
Este conteúdo deverá ser trabalhado ao longo das duas aulas da primeira semana, cabendo ao professor a dosagem do conteúdo, de acordo 
com as condições objetivas e subjetivas de cada turma.  
O plano de ensino da disciplina precisará ser apresentado e explicitado à turma, destacando os principais objetivos a serem alcançados ao 
longo de cada unidade programática, bem como a metodologia utilizada que está ancorada no estudo de casos concretos. 
  
Os casos e questões de múltipla escolha deverão ser abordados ao longo da aula, de acordo com a pertinência temática. O professor deverá 
esclarecer ao alunato que a resolução dos casos faz parte da aula, tendo em conta que a abordagem dos casos permeia a exposição teórica . 
  
Assim, ao longo do primeiro encontro intuito é de apenas apresentar uma síntese do conteúdo do Plano de ensino da disciplina, discorrendo 
sobre seu âmbito  focal, a partir da aplicação da metodologia explicativa, através da qual o aluno possa começar a familiarizar -se com a 
matéria.  A partir daí, o docente deve prioritariamente discorrer sobre a metodologia de ensino centrada na resolução de casos concretos. Para, 
a seguir, apresentar a bibliografia básica e complementar. Assim, poderá adentrar ao conteúdo programático do primeiro encontro e fornecer 
ao aluno o campo estrutural do Código Civil Brasileiro e sua base principiológica. Deverá então, discorrer sobre a relação do Direito Civil com a 
Constituição Federal de 1988, para a partir deste entendimento introduzir o entendimento do conceito de repersonalização e  do fenômeno da 
constitucionalização do Direito Civil.  
  
Assim, sugerimos que se inicie com a seguinte apresentação: 
  
O CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO 
  
Em 11 de janeiro de 2003, entrou em vigor o novo Código Civil (Lei nº 10.406, de 10.01.2002), depois de tramitar por décadas  no Congresso 
Nacional (desde 1968). 
  
Esse novo Código representa a consolidação das mudanças sociais e legislativas surgidas nas últimas nove décadas, incorporando outros 
novos avanços na técnica jurídica. 
  
Três princípios fundamentais do novo Código Civil: 
a) ETICIDADE –superar o apego do antigo Código ao rigor formal. O novo Diploma alia os valores técnicos aos valores éticos. Por isso 
percebe-se, muitas vezes a opção por normas genéricas ou cláusulas gerais, sem a preocupação de excessivo rigorismo conceitual. 
O mundo contemporâneo testemunha a preocupação constante dos doutrinadores jurídicos, políticos e sociais com a necessidade das relações 
do homem com os seus e do Estado com os seus administrados serem fortalecidas com a prática de condutas éticas. Afirma que a ética é 
delimitadora do comportamento humano, abrangendo a realidade que o cerca e influenciando a estrutura dos fatos e atos produzidos pelo 
cidadão. Declara que O Novo Código Civil apresenta-se em forma de sistema vinculado a dois pólos: um formado em eixo central; o outro 
concentrado em um sistema aberto. O professor pode concluir definindo que a eticidade no Novo Código Civil visa imprimir eficácia e 
efetividade aos princípios constitucionais da valorização da dignidade humana, da cidadania, da personalidade, da confiança, da probidade, da 
lealdade, da boa-fé, da honestidade nas relações jurídicas de direito privado. 
b) A SOCIALIDADE – Está presente no novo Código a socialidade em detrimento do caráter individualista do antigo Diploma civilista. Daí o 
predomínio do social sobre o individual. 
Um exemplo interessante neste sentido é o da função social da propriedade A Constituição Federal deu uma fisionomia funcional social ao 
direito de propriedade, que no seu art. 5º, inciso XII, ao lado de garantir o direito de propriedade, logo em seguida no inciso XXIII. 
  
A funcionalização do direito de propriedade importa em dar-lhe uma determinada finalidade, que na propriedade rural significa ser produtiva 
(art. 186) e na urbana quando atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressa no plano diretor (art. 182, § 2º) . 
Tal novidade acabou por refletir-se na elaboração do novo Código Civil, em seu art. 1228, o que se mostra coerente com a inscrição de novos 
princípios norteadores, especialmente o da Socialidade, que vem tentar a superação do caráter manifestamente individualista do Diploma 
revogado, reflexo mesmo da publicização do Direito Civil, admitindo ainda a propriedade pública dos bens cuja apreensão individual 
configuraria um risco para o bem comum. 
  
De lapidar redação, o § 1.º do art. 1228 estabelece que "O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com suas finalidades 
econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas 
naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas." Também digno de 
transcrição o § 2.º: "São defesos os atos que não trazem ao proprietário qualquer comodidade, ou utilidade, e sejam animados pela intenção de 
prejudicar outrem." 
c) OPERABILIDADE – Diversas soluções normativas foram tomadas no sentido de possibilitar uma compreensão maior e mais simplificada  
para sua interpretação e aplicação pelo operador do Direito. Exemplo disso foram as distinções mais claras entre prescrição e decadência e 
os casos em que são aplicadas;  estabeleceu-se  a diferença objetiva entre associação e sociedade, servindo a primeira para indicar as 
entidades de finsnão econômicos, e a última para designar as de objetivos econômicos. 
  
A Constitucionalização do Direito Civil 
Em relação a este item a ser desenvolvido pelo docente, uma sugestão é a de se começar afirmando que o Código Civil sempre representou o 
centro normativo de direito privado, por se preocupar em regular com inteireza e completude as relações entre particulares. Desta forma, o 
aluno sera instado a perceber que existia uma verdadeira cisão na estrutura jurídica liberal no sentido de que a Constituição apenas deveria se 
preocupar em regular a dinâmica organizacional dos poderes do Estado, enquanto que ao Código Civil era reservado o regime das relações 
humanas, o espaço sagrado e inviolável da autonomia privada.  
  
É exatamente nesta linha que surge a codificação de 1916, sendo fortemente influenciada pelo Código Napoleônico de 1804 e pelo BGB da 
Alemanha de 1896. Com aspirações de um jusnaturalismo racionalista, o Código Civil de 1916 defende os valores do patrimonialismo e de um 
excessivo individualismo inerentes às codificações liberais. (aqui vale recordar as noções sobre as diversas correntes jusnaturalistas que o 
aluno aprendeu em IED, no periodo anterior) 
  
Desta maneira, conferia-se ao Código o papel de garantia e regulação das relações privadas mediante a efetivação dos valores de um 
iluminismo liberalista. A codificação civil de 1916, então, surgiu impelida pelas idéias libertárias da burguesia ascendente, que visava à 
consolidação dos valores de um patrimonialismo e individualismo nas relações privadas. Assim, pelo liberalismo econômico, a Constituição 
exerceria um papel meramente interpretativo, somente podendo ser aplicada diretamente em casos excepcionais de lacunas dos códigos, a 
quem realmente caberia a missão de regular e equilibrar as relações inter-pessoais. 
Neste sentido, o Código Civil se transforma numa verdadeira constituição do direito privado, buscando proteger o indivíduo contra as 
ingerências do Estado.  
  
Importante ressaltar ao aluno, ainda que não seja o objetivo primordial desta aula,  que o Código Civil de 1916 surgiu com um século de atraso 
das codificações individualistas e voluntaristas da Alemanha e da França, onde já se iniciavam as demandas por um maior intervencionismo 
estatal e pelo controle dos desequilíbrios das relações econômicas. Mas, mesmo assim, o Código de 1916 permaneceu ancorado neste 
modelo abstrato e totalmente inerte a realidade social e a crescente complexidade das relações humanas.  
  
Esse excessivo individualismo e a liberdade sem limites ocasionaram grandes desigualdades sociais. Houve a necessidade de o Estado 
interferir nas relações de direito privado para minimizar essas desigualdades e limitar a liberdade dos indivíduos protegendo as classes menos 
favorecidas, em busca de uma igualdade substancial. 
  
Aos poucos o Código Civil vai perdendo o seu papel de “Constituição” do direito privado. A idéia de código concebido como um sistema 
fechado foi sendo destruída, surgindo diversas leis especiais e, ao poucos, o Direito Civil foi se fragmentando.  
  
Assim, a Constituição assume um novo papel de regência das relações privadas, conferindo uma nova unidade do sistema jurídico. A posição 
hierárquica da Constituição e sua ingerência nas relações econômicas e sociais possibilitam a formação de um novo centro unificador do 
sistema, definindo seus verdadeiros pilares e pressupostos de fundamentação.  
  
Desta forma, a constitucionalização do Direito privado não importa em apenas conferir à constituição a superioridade hierárquica conformadora 
do ordenamento jurídico, mas, acima disto, quer proporcionar uma releitura dos velhos institutos e conceitos do âmbito privado, visando à 
concretização dos valores e preceitos constitucionais. A Constituição passa, assim, a definir os princípios e as regras relacionados a temas 
antes reservados exclusivamente ao Código Civil e ao império da vontade, como a função social da propriedade, organização da família e 
outros. Assim, foi se derrubando o paradigma individualista do Estado Liberal e do cidadão dotado de patrimônio, e passou-se a adotar um 
novo paradigma. As constituições começaram a trazer em seu bojo regras e princípios típicos de direito civil e a valorizar a pessoa colocando-a 
acima do patrimônio. Passou-se a buscar a justiça social ou distributiva e, aos poucos, a liberdade foi sendo limitada, com a finalidade de se 
alcançar uma igualdade substancial. É importante distinguir, por fim, a Constitucionalização do Direito Civil da publicização do direito privado. 
Muitos doutrinadores confundem essas duas situações, mas elas são distintas. A primeira é a analise do direito privado com base nos 
fundamentos constitucionalmente estabelecidos. É a aplicação dos mandamentos constitucionais no direito privado. Já a segunda é o processo 
de intervenção estatal no direito privado, principalmente mediante a legislação infraconstitucional.  
  
Por fim, é importante que o professor destaque para o aluno que a norma constitucional, apesar da resistência de alguns setores da doutrina, 
passa a ser diretamente aplicável às relações privadas. Note-se que a Constituição, por ser um sistema de normas, é dotada de coercibilidade 
e imperatividade e, sendo assim, é perfeitamente suscetível de ser aplicada nas relações de direito privado. E aqui é importante exemplificar, 
utilizando, por exemplo o direito de família: 
  
A Constituição de 1988, refletindo as mudanças nas relações familiares ocorridas ao longo do século XX deu um novo perfil aos institutos do 
direito de família. 
  
Assim o novo CC teve que adaptar-se aos novos ditames constitucionais aprofundando-os: 
União Estável - reconhecida; 
Maioridade Civil – aos 18 anos;Regime de bens – pode ser alterado por acordo entre os cônjuges; 
Exames de DNA para comprovação de paternidade – a recusa implica em reconhecimento da filiação ; 
Filhos nascidos fora do casamento – não há mais distinção entre filhos; 
Guarda dos filhos em caso de separação -  os filhos podem ficar com o pai ou a mãe; 
Testamento – não mais precisa ser feito à mão pelo testador; 
Sucessão  - o cônjuge passa a ser herdeiro necessário. 
Aplicação Prática Teórica 
CASO CONCRETO 1 
 Em plena Copa do Mundo de Futebol, Augusto é torcedor fanático da seleção da Argentina. No setor que trabalha, há grande rivalidade 
“amistosa” entre os funcionários, sendo que a maioria maciça é torcedora da seleção brasileira. Na tentativa de preservar-se um pouco mais, 
requereu que fosse reservado um local de trabalho para uso exclusivo seu e de outros colegas de trabalho que também torcem pelo país vizinho 
e por outras equipes, haja vista que os deboches e as provocações têm sido difíceis de suportar. Embasa sua pretensão no fato de o Código 
Civil dispor ser vedada a limitação de exercício de direitos sem expressa previsão legal, bem como a Constituição garantir a liberdade de 
expressão.  
Analise o caso concreto a partir dos seguintes tópicos: 
1)         Diante do exposto, poderíamos afirmar que a ausência de um  local reservado para Augusto poderia caracterizar lesão aos postulados 
constitucionais e legais? 
2)         O que é a constitucionalização do Direito Civil ? 
  
  
  
  
CASO CONCRETO 2 
A Indústria Farmacêutica XYZ coloca no mercado um eficaz remédio, recentemente descoberto pelos seus químicos, que neutraliza os efeitos 
da Síndrome da Imunodeficiência adquirida, conhecida como AIDS. O valor do medicamento inviabiliza a compra pela maior parte dos que 
sofrem da doença.  
É certo que a Lei 9.279/96, nos artigos 40 e 42, dispõe que o prazo será de 20 (vinte) anos para vigência da patente, ou seja, poderá o titular 
(Indústria farmacêutica XYZ), durante este tempo, usar, gozar, dispor e impedir terceiro de reproduzir a fórmula. Contudo, a Constituição Federal 
(art. 5º, XXIII ) e o Código Civil, artº 1.228, § 1º, reconhecem para o ordenamento pátrio o princípio da função social da propriedade, que tem 
natureza de cláusula geral.  
Pergunta-se:1) O princípio da função social da propriedade decorre de qual princípio do Código Civil de 2002 ?  
2) A função social se apresenta no Código Civil como uma cláusula geral. Qual o conceito de cláusula geral e qual sua finalidade? 
3) O tema direito de propriedade pode ao mesmo tempo ser previsto e disciplinado no Código Civil e na Constituição? Esclareça: 
4) Poderíamos sustentar que seria lícito ao Poder Público  determinar a suspensão do privilégio da patente, a fim de atender a demanda social 
pelo remédio fabricado pela Indústria Farmacêutica ? Qual seria a justificativa da  sua resposta? 
  
  
  
QUESTÃO OBJETIVA  
No Código Civil, a função das cláusulas gerais é: 
I – dotar o sistema interno do Código Civil de mobilidade, mitigando as regras mais rígidas. 
II – a de atuar de forma a concretizar o que se encontra previsto nos princípios gerais de direito e nos conceitos legais indeterminados.  
III – a de, também, abrandar as desvantagens do estilo excessivamente abstrato e genérico da lei. 
Assinale, portanto, a alternativa ou alternativas corretas: 
a)         nenhuma das alternativas está correta. 
b)         todas as alternativas estão corretas. 
c)         apenas a alternativa II está correta. 
d)         apenas as alternativas I e III estão corretas. 
e)         apenas as alternativas II e III estão corretas 
(TJ-SC-04/08/2002 – Direito Civil – Questão n.º 33 
Plano de Aula: DIREITO CIVIL I
DIREITO CIVIL I 
Estácio de Sá Página 3 / 4
Título 
DIREITO CIVIL I 
Número de Aulas por Semana 
 
Número de Semana de Aula 
1 
Tema 
CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO 
Objetivos 
Discorrer sobre a importância da disciplina Direito Civil I para os objetivos do curso e empregabilidade do aluno. 
Apresentar as competências e habilidades desenvolvidas, em articulação com outras disciplinas do curso. 
Discorrer sobre a metodologia de ensino centrada na resolução de casos concretos. 
Apresentar a bibliografia básica e complementar. 
Apresentar o Plano de Ensino e o Mapa Conceitual da Disciplina. 
Discorrer sobre a metodologia de ensino centrada na resolução de casos concretos. 
Fornecer ao aluno o campo estrutural do Código Civil Brasileiro e sua base principiológica.. 
Discorrer sobre a relação do Direito Civil com a Constituição Federal de 1988.  
Introduzir o entendimento do conceito de repersonalização de constitucionalização do Direito Civil.  
Estrutura do Conteúdo 
1.     APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA 
            Plano de ensino; Mapa conceitual; Metodologia de ensino;  Bibliografia adotada. 
2.     CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO 
2.1 A estrutura do Código Civil. 
2.2 Os fundamentos principiológicos do Código Civil Brasileiro. 
2.3 A constitucionalização do Direito Civil. 
2.4 Direito Civil e constituição de 1988. 
  
Referências bibliográficas: 
  
Nome do livro: O Direito Civil à luz do Novo Código 
 ISBN. EAN-13 -9788530926663 
Nome do autor: COSTA, Dilvanir José. 
Editora: Forense 
Ano: 2009. 
Edição: 3a. ed. - 
Nome do capítulo: b) O Direito Civil como essência do direito 
N. de páginas do capítulo: 5 
  
Este conteúdo deverá ser trabalhado ao longo das duas aulas da primeira semana, cabendo ao professor a dosagem do conteúdo, de acordo 
com as condições objetivas e subjetivas de cada turma.  
O plano de ensino da disciplina precisará ser apresentado e explicitado à turma, destacando os principais objetivos a serem alcançados ao 
longo de cada unidade programática, bem como a metodologia utilizada que está ancorada no estudo de casos concretos. 
  
Os casos e questões de múltipla escolha deverão ser abordados ao longo da aula, de acordo com a pertinência temática. O professor deverá 
esclarecer ao alunato que a resolução dos casos faz parte da aula, tendo em conta que a abordagem dos casos permeia a exposição teórica . 
  
Assim, ao longo do primeiro encontro intuito é de apenas apresentar uma síntese do conteúdo do Plano de ensino da disciplina, discorrendo 
sobre seu âmbito  focal, a partir da aplicação da metodologia explicativa, através da qual o aluno possa começar a familiarizar -se com a 
matéria.  A partir daí, o docente deve prioritariamente discorrer sobre a metodologia de ensino centrada na resolução de casos concretos. Para, 
a seguir, apresentar a bibliografia básica e complementar. Assim, poderá adentrar ao conteúdo programático do primeiro encontro e fornecer 
ao aluno o campo estrutural do Código Civil Brasileiro e sua base principiológica. Deverá então, discorrer sobre a relação do Direito Civil com a 
Constituição Federal de 1988, para a partir deste entendimento introduzir o entendimento do conceito de repersonalização e  do fenômeno da 
constitucionalização do Direito Civil.  
  
Assim, sugerimos que se inicie com a seguinte apresentação: 
  
O CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO 
  
Em 11 de janeiro de 2003, entrou em vigor o novo Código Civil (Lei nº 10.406, de 10.01.2002), depois de tramitar por décadas  no Congresso 
Nacional (desde 1968). 
  
Esse novo Código representa a consolidação das mudanças sociais e legislativas surgidas nas últimas nove décadas, incorporando outros 
novos avanços na técnica jurídica. 
  
Três princípios fundamentais do novo Código Civil: 
a) ETICIDADE –superar o apego do antigo Código ao rigor formal. O novo Diploma alia os valores técnicos aos valores éticos. Por isso 
percebe-se, muitas vezes a opção por normas genéricas ou cláusulas gerais, sem a preocupação de excessivo rigorismo conceitual. 
O mundo contemporâneo testemunha a preocupação constante dos doutrinadores jurídicos, políticos e sociais com a necessidade das relações 
do homem com os seus e do Estado com os seus administrados serem fortalecidas com a prática de condutas éticas. Afirma que a ética é 
delimitadora do comportamento humano, abrangendo a realidade que o cerca e influenciando a estrutura dos fatos e atos produzidos pelo 
cidadão. Declara que O Novo Código Civil apresenta-se em forma de sistema vinculado a dois pólos: um formado em eixo central; o outro 
concentrado em um sistema aberto. O professor pode concluir definindo que a eticidade no Novo Código Civil visa imprimir eficácia e 
efetividade aos princípios constitucionais da valorização da dignidade humana, da cidadania, da personalidade, da confiança, da probidade, da 
lealdade, da boa-fé, da honestidade nas relações jurídicas de direito privado. 
b) A SOCIALIDADE – Está presente no novo Código a socialidade em detrimento do caráter individualista do antigo Diploma civilista. Daí o 
predomínio do social sobre o individual. 
Um exemplo interessante neste sentido é o da função social da propriedade A Constituição Federal deu uma fisionomia funcional social ao 
direito de propriedade, que no seu art. 5º, inciso XII, ao lado de garantir o direito de propriedade, logo em seguida no inciso XXIII. 
  
A funcionalização do direito de propriedade importa em dar-lhe uma determinada finalidade, que na propriedade rural significa ser produtiva 
(art. 186) e na urbana quando atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressa no plano diretor (art. 182, § 2º) . 
Tal novidade acabou por refletir-se na elaboração do novo Código Civil, em seu art. 1228, o que se mostra coerente com a inscrição de novos 
princípios norteadores, especialmente o da Socialidade, que vem tentar a superação do caráter manifestamente individualista do Diploma 
revogado, reflexo mesmo da publicização do Direito Civil, admitindo ainda a propriedade pública dos bens cuja apreensão individual 
configuraria um risco para o bem comum. 
  
De lapidar redação, o § 1.º do art. 1228 estabelece que "O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com suas finalidades 
econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas 
naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas." Também digno de 
transcrição o § 2.º: "São defesos os atos que não trazem ao proprietário qualquer comodidade,ou utilidade, e sejam animados pela intenção de 
prejudicar outrem." 
c) OPERABILIDADE – Diversas soluções normativas foram tomadas no sentido de possibilitar uma compreensão maior e mais simplificada  
para sua interpretação e aplicação pelo operador do Direito. Exemplo disso foram as distinções mais claras entre prescrição e decadência e 
os casos em que são aplicadas;  estabeleceu-se  a diferença objetiva entre associação e sociedade, servindo a primeira para indicar as 
entidades de fins não econômicos, e a última para designar as de objetivos econômicos. 
  
A Constitucionalização do Direito Civil 
Em relação a este item a ser desenvolvido pelo docente, uma sugestão é a de se começar afirmando que o Código Civil sempre representou o 
centro normativo de direito privado, por se preocupar em regular com inteireza e completude as relações entre particulares. Desta forma, o 
aluno sera instado a perceber que existia uma verdadeira cisão na estrutura jurídica liberal no sentido de que a Constituição apenas deveria se 
preocupar em regular a dinâmica organizacional dos poderes do Estado, enquanto que ao Código Civil era reservado o regime das relações 
humanas, o espaço sagrado e inviolável da autonomia privada.  
  
É exatamente nesta linha que surge a codificação de 1916, sendo fortemente influenciada pelo Código Napoleônico de 1804 e pelo BGB da 
Alemanha de 1896. Com aspirações de um jusnaturalismo racionalista, o Código Civil de 1916 defende os valores do patrimonialismo e de um 
excessivo individualismo inerentes às codificações liberais. (aqui vale recordar as noções sobre as diversas correntes jusnaturalistas que o 
aluno aprendeu em IED, no periodo anterior) 
  
Desta maneira, conferia-se ao Código o papel de garantia e regulação das relações privadas mediante a efetivação dos valores de um 
iluminismo liberalista. A codificação civil de 1916, então, surgiu impelida pelas idéias libertárias da burguesia ascendente, que visava à 
consolidação dos valores de um patrimonialismo e individualismo nas relações privadas. Assim, pelo liberalismo econômico, a Constituição 
exerceria um papel meramente interpretativo, somente podendo ser aplicada diretamente em casos excepcionais de lacunas dos códigos, a 
quem realmente caberia a missão de regular e equilibrar as relações inter-pessoais. 
Neste sentido, o Código Civil se transforma numa verdadeira constituição do direito privado, buscando proteger o indivíduo contra as 
ingerências do Estado.  
  
Importante ressaltar ao aluno, ainda que não seja o objetivo primordial desta aula,  que o Código Civil de 1916 surgiu com um século de atraso 
das codificações individualistas e voluntaristas da Alemanha e da França, onde já se iniciavam as demandas por um maior intervencionismo 
estatal e pelo controle dos desequilíbrios das relações econômicas. Mas, mesmo assim, o Código de 1916 permaneceu ancorado neste 
modelo abstrato e totalmente inerte a realidade social e a crescente complexidade das relações humanas.  
  
Esse excessivo individualismo e a liberdade sem limites ocasionaram grandes desigualdades sociais. Houve a necessidade de o Estado 
interferir nas relações de direito privado para minimizar essas desigualdades e limitar a liberdade dos indivíduos protegendo as classes menos 
favorecidas, em busca de uma igualdade substancial. 
  
Aos poucos o Código Civil vai perdendo o seu papel de “Constituição” do direito privado. A idéia de código concebido como um sistema 
fechado foi sendo destruída, surgindo diversas leis especiais e, ao poucos, o Direito Civil foi se fragmentando.  
  
Assim, a Constituição assume um novo papel de regência das relações privadas, conferindo uma nova unidade do sistema jurídico. A posição 
hierárquica da Constituição e sua ingerência nas relações econômicas e sociais possibilitam a formação de um novo centro unificador do 
sistema, definindo seus verdadeiros pilares e pressupostos de fundamentação.  
  
Desta forma, a constitucionalização do Direito privado não importa em apenas conferir à constituição a superioridade hierárquica conformadora 
do ordenamento jurídico, mas, acima disto, quer proporcionar uma releitura dos velhos institutos e conceitos do âmbito privado, visando à 
concretização dos valores e preceitos constitucionais. A Constituição passa, assim, a definir os princípios e as regras relacionados a temas 
antes reservados exclusivamente ao Código Civil e ao império da vontade, como a função social da propriedade, organização da família e 
outros. Assim, foi se derrubando o paradigma individualista do Estado Liberal e do cidadão dotado de patrimônio, e passou-se a adotar um 
novo paradigma. As constituições começaram a trazer em seu bojo regras e princípios típicos de direito civil e a valorizar a pessoa colocando-a 
acima do patrimônio. Passou-se a buscar a justiça social ou distributiva e, aos poucos, a liberdade foi sendo limitada, com a finalidade de se 
alcançar uma igualdade substancial. É importante distinguir, por fim, a Constitucionalização do Direito Civil da publicização do direito privado. 
Muitos doutrinadores confundem essas duas situações, mas elas são distintas. A primeira é a analise do direito privado com base nos 
fundamentos constitucionalmente estabelecidos. É a aplicação dos mandamentos constitucionais no direito privado. Já a segunda é o processo 
de intervenção estatal no direito privado, principalmente mediante a legislação infraconstitucional.  
  
Por fim, é importante que o professor destaque para o aluno que a norma constitucional, apesar da resistência de alguns setores da doutrina, 
passa a ser diretamente aplicável às relações privadas. Note-se que a Constituição, por ser um sistema de normas, é dotada de coercibilidade 
e imperatividade e, sendo assim, é perfeitamente suscetível de ser aplicada nas relações de direito privado. E aqui é importante exemplificar, 
utilizando, por exemplo o direito de família: 
  
A Constituição de 1988, refletindo as mudanças nas relações familiares ocorridas ao longo do século XX deu um novo perfil aos institutos do 
direito de família. 
  
Assim o novo CC teve que adaptar-se aos novos ditames constitucionais aprofundando-os: 
União Estável - reconhecida; 
Maioridade Civil – aos 18 anos;Regime de bens – pode ser alterado por acordo entre os cônjuges; 
Exames de DNA para comprovação de paternidade – a recusa implica em reconhecimento da filiação ; 
Filhos nascidos fora do casamento – não há mais distinção entre filhos; 
Guarda dos filhos em caso de separação -  os filhos podem ficar com o pai ou a mãe; 
Testamento – não mais precisa ser feito à mão pelo testador; 
Sucessão  - o cônjuge passa a ser herdeiro necessário. 
Aplicação Prática Teórica 
CASO CONCRETO 1 
 Em plena Copa do Mundo de Futebol, Augusto é torcedor fanático da seleção da Argentina. No setor que trabalha, há grande rivalidade 
“amistosa” entre os funcionários, sendo que a maioria maciça é torcedora da seleção brasileira. Na tentativa de preservar-se um pouco mais, 
requereu que fosse reservado um local de trabalho para uso exclusivo seu e de outros colegas de trabalho que também torcem pelo país vizinho 
e por outras equipes, haja vista que os deboches e as provocações têm sido difíceis de suportar. Embasa sua pretensão no fato de o Código 
Civil dispor ser vedada a limitação de exercício de direitos sem expressa previsão legal, bem como a Constituição garantir a liberdade de 
expressão.  
Analise o caso concreto a partir dos seguintes tópicos: 
1)         Diante do exposto, poderíamos afirmar que a ausência de um  local reservado para Augusto poderia caracterizar lesão aos postulados 
constitucionais e legais? 
2)         O que é a constitucionalização do Direito Civil ? 
  
  
  
  
CASO CONCRETO 2 
A Indústria Farmacêutica XYZ coloca no mercado um eficaz remédio, recentemente descoberto pelos seus químicos, que neutraliza os efeitos 
da Síndrome da Imunodeficiência adquirida, conhecida como AIDS. O valor do medicamento inviabiliza a compra pela maior parte dos quesofrem da doença.  
É certo que a Lei 9.279/96, nos artigos 40 e 42, dispõe que o prazo será de 20 (vinte) anos para vigência da patente, ou seja, poderá o titular 
(Indústria farmacêutica XYZ), durante este tempo, usar, gozar, dispor e impedir terceiro de reproduzir a fórmula. Contudo, a Constituição Federal 
(art. 5º, XXIII ) e o Código Civil, artº 1.228, § 1º, reconhecem para o ordenamento pátrio o princípio da função social da propriedade, que tem 
natureza de cláusula geral.  
Pergunta-se: 
1) O princípio da função social da propriedade decorre de qual princípio do Código Civil de 2002 ?  
2) A função social se apresenta no Código Civil como uma cláusula geral. Qual o conceito de cláusula geral e qual sua finalidade? 
3) O tema direito de propriedade pode ao mesmo tempo ser previsto e disciplinado no Código Civil e na Constituição? Esclareça: 
4) Poderíamos sustentar que seria lícito ao Poder Público  determinar a suspensão do privilégio da patente, a fim de atender a demanda social 
pelo remédio fabricado pela Indústria Farmacêutica ? Qual seria a justificativa da  sua resposta? 
  
  
  
QUESTÃO OBJETIVA  
No Código Civil, a função das cláusulas gerais é: 
I – dotar o sistema interno do Código Civil de mobilidade, mitigando as regras mais rígidas. 
II – a de atuar de forma a concretizar o que se encontra previsto nos princípios gerais de direito e nos conceitos legais indeterminados.  
III – a de, também, abrandar as desvantagens do estilo excessivamente abstrato e genérico da lei. 
Assinale, portanto, a alternativa ou alternativas corretas: 
a)         nenhuma das alternativas está correta. 
b)         todas as alternativas estão corretas. 
c)         apenas a alternativa II está correta. 
d)         apenas as alternativas I e III estão corretas. 
e)         apenas as alternativas II e III estão corretas 
(TJ-SC-04/08/2002 – Direito Civil – Questão n.º 33 
Plano de Aula: DIREITO CIVIL I
DIREITO CIVIL I 
Estácio de Sá Página 4 / 4

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