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Isabela Miquilini Reparo e Processo Cicatricial O início do processo cicatricial ocorre após a criação de uma ferida que resulta de um rompimento da integridade cutânea. Quando esse dano ao tecido é grave ou crônico e ocasiona lesão das células p a re n q u i m a to s a s e d o arcabouço de estroma tecidual, o reparo é feito pela deposição de tecido conjuntivo, uma vez q u e a re s t i t u i ç ã o d o s componentes teciduais não seria possível pelo processo de regeneração. O objetivo final desse evento é a formação de um tecido de e s t r u t u r a e f u n ç ã o semelhantes às da pele íntegra. Dessa forma, esse reparo inclui características básicas: 1. Inflamação; 2. Angiogênese; 3. Migração e proliferação de fibroblastos; 4. Formação de cicatriz; 5. Remodelamento do tecido conjuntivo. Levando em consideração essas características, a cura de feridas cutâneas divide-se em t rês fases : i n f lamatór ia , proliferativa e maturação. Fonte: ABBAS, A.K.; FAUSTO, N.; KUMAR, V. Robbins & Cotran – Patologia – Bases Patológicas das Doenças, 8ª ed., Elsevier/ Medicina Nacionais, Rio de Janeiro, 2010 Fase inflamatória Após a lesão, ocorre o s a n g r a m e n t o e extravasamento de proteínas i n t r a v a s c u l a r e s e extravasculares. As plaquetas são as primeiras células a atuarem na resposta à lesão. Assim, com sua ativação, adesão, agregação e secreção de vários mediadores de c o a g u l a ç ã o , p e r m i te a hemóstase a partir de um de 1 5 Isabela Miquilini c o á g u l o s a n g u í n e o n a superfície da ferida. As plaquetas são também responsáveis pela secreção de quimiocinas e de fatores de crescimento que permitem a infiltração celular de leucócitos no local, incluindo neutrófilos e macrófagos. Logo em seguida, tê m i n í c i o i m e d i a to o s mecanismos da inflamação, evidenciado através dos sinais físicos de eritema, calor, edema e dor. Ao nível celular, a inflamação é representada pela dilatação dos vasos , aumento da permeabilidade vascular e recrutamento de leucócitos para o local da lesão. Fase proliferativa Essa fase é constituída pela fo rmação de tec ido de granulação, proliferação e migração de células do tecido conjuntivo e reepitelização. Nessa fase, há presença de novos e pequenos vasos sanguíneos (angiogênese) e proliferação de fibroblastos nas primeiras 24 a 72 horas do p rocesso de reparo . O s f ibroblastos e as células e n d o t e l i a i s v a s c u l a re s proliferam e formam um tipo e spec i a l i zado de tec i do chamado tecido de granulação. A angiogênese inclui ativação e pro l i feração das cé lu las endotel ia is , formação da estrutura tubular do vaso e reconstrução da membrana basal. Normalmente, começa nos primeiros 1 a 2 dias após a lesão, no entanto torna-se evidente após cerca de 4 dias. Os neovasos permitem a síntese do tecido de granulação através do adequado aporte local de oxigênio, nutrientes e recrutamento de cé lulas inflamatórias. Esse processo de angiogênese pode ser: • A p a r t i r d e v a s o s preexistentes; • A p a r t i r d e c é l u l a s precursoras endoteliais (EPC). de 2 5 Isabela Miquilini N e s s e c o n t e x t o , i n d e p e n d e n te m e n te d o processo que leva à formação d e c a p i l a re s , o s v a s o s neoformados são frágeis e necessitam ser “estabilizados”. Essa estabilização requer o recrutamento de pericitos e células musculares lisas (células periendoteliais) e a deposição de prote ínas da matr i z extracelular (MEC). Esse processo vascular pode ocorrer desde uma inflamação crônica, cura de fer idas , tumores, até em quadros de retinopatia diabética. Dentre tantos fatores que influenciam, o fa tor de c resc imento endotelial vascular (VEGF) é o fator de crescimento mais importante nos tecidos adultos. Enquanto, em condições de isquemia, o aumento de lactato e diminuição do pH e oxigênio contribuem para a inibição da proliferação vascular. Além disso, nessa fase, os fibroblastos dos tecidos vizinhos m i g ra m p a ra a fe r i d a , orientados por quimiocinas, TNF, PDGF, FGF e TGF-β, sendo o último o agente fibrogênico m a i s i m p o r ta nte . E l e é produzido pela maioria das c é l u l a s d o t e c i d o d e granulação, provocando a migração e a proliferação de fibroblastos, aumentando a s í n te s e d e c o l á g e n o e fibronectina, e ainda contribui na diminuição da degradação da matriz. De 24 a 48 horas, grupos de células epiteliais movem-se para a borda da ferida. S imultaneamente a essa reepitel ização, as f ibr i las colágenas tornam-se mais abundantes e começam a formar pontes no local da lesão. Assim, é formada uma matriz provisória contendo fibrina, fibronectina plasmática e colágeno tipo III. Fase de maturação E s s a f a s e c o n s i s te n a deposição de novos elementos da MEC, remodelamento do tecido e a contração da ferida. de 3 5 Isabela Miquilini Inicialmente, ocorre deposição de fibronectina, proteoglicanos, colágeno e ácido hialurônico. Em seguida, o tecido de granulação rico em colágeno tipo III é progressivamente substituído pelo predomínio de c o l á g e n o t i p o I , s e n d o convertido em uma cicatriz avascular e pálida. Poster iormente, dev ido à formação de uma rede de miofibroblastos originados dos fibroblastos, há a contração da ferida, que ajuda a diminuir o e s p a ç a m e n to e n t re a s margens dérmicas. O s c o l á g e n o s f i b r i l a re s (principalmente colágeno tipo I) s ã o re s p o n s á v e i s p e l a formação de uma porção de tecido conjuntivo nos locais de reparo, sendo essenciais para o desenvolvimento da força tênsil nas feridas em cicatrização. A res i s tênc ia da fe r i da aumenta rapidamente durante as 4 semanas seguintes ao processo cicatricial, porém alcança um platô de 70% a 80% da força tênsil da pele intacta. Desse modo, percebe-se visivelmente a formação da cicatr iz pelo excesso de depos i ção co lagên i ca e impossibilidade de recuperar a força tênsil total. Fonte: ABBAS, A.K.; FAUSTO, N.; KUMAR, V. Robbins & Cotran – Patologia – Bases Patológicas das Doenças, 8ª ed., Elsevier/ Medicina Nacionais, Rio de Janeiro, 2010 Fatores que influenciam a cicatrização • Fatores locais: • Isquemia; • Infecção; • Corpo estranho e edema. • Fatores sistêmicos: • Estado metabólico: relação com a diabetes melito por c o n s e q u ê n c i a d a de 4 5 Isabela Miquilini microangiopatia comum na doença; • Nutr ição : desnutr ição proteica pode prejudicar a cicatrização de feridas por prolongar a fase i n f l a m a t ó r i a e a deficiência de vitamina C pode inibir a síntese de colágeno. A u to ra : P a u l a M e n d e s , estudante de Medicina Instagram: @paulamendees_ https://www.sanarmed.com/ reparo-e-formacao-cicatricial- colunistas de 5 5
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