Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Cicatrização e reparo tecidual Processo de cicatrização Quando uma lesão, geralmente grave e crônica, é capaz de causar danos à células do parênquima e tecido conjuntivo ou células que não se dividem são lesadas, o processo de reparo tecidual não ocorre apenas por meio do processo de regeneração (proliferação celular) >> Nesse caso, o reparo ocorre por meio do processo de cicatrização × Cicatrização: as células não regeneradas são substituídas por tecido conjuntivo, o que leva à formação da cicatriza O processo de cicatrização passa por etapas: 1. Angiogênese 2. Formação do tecido de granulação 3. Remodelamento do tecido O reparo tecidual se inicia dentro de 24 horas após lesão por meio da migração dos fibroblastos e indução de proliferação de fibroblastos e células endoteliais. O tecido de granulação, o qual é caracterizado pela proliferação dos fibroblastos e por novos capilares finos dispersos na MEC frouxa que possui frequentemente macrófagos, surge em 3 a 5 dias. Tal tecido de granulação acumula mais fibroblastos, os quais depositam colágeno, e formam assim a cicatriz. Angiogênese • É o processo de formação de novos vasos a partir de vasos pré-existentes, em especial, vênulas • Trata-se de um processo crucial para a cura e reparo tecidual >> Também é importante para formar circulações colaterais em locais de isquemia e para o aumento de tumores e sua disseminação • A angiogênese envolve os seguintes processos: 1. O óxido nítrico (NO) gera vasodilatação e o VEGF induz o aumento da permeabilidade 2. Ocorre a separação dos periquitos (células que revestem os vasos sanguíneos) da superfície abluminal (reveste a parte oposta ao lúmen do canal) 3. Células endoteliais migram em direção a área da lesão 4. Células endoteliais proliferam atrás da frente principal de células migratórias 5. Os tubos capilares são remodelados 6. Células periendoteliais são recrutadas para formar o vaso madura >> Pericitos em pequenos vasos e células musculares lisas em vasos maiores 7. Supressão da proliferação e migração endotelial e deposição da membrana basal × A angiogênese possui contribuição de fatores de crescimento, sendo os principais o VEGF e fator de crescimento fibroblástico básico × VEGF: Inclui VEGF-A, B, C, D e E e o fator de crescimento placentário (PIGF) >>O VEGF-A é o principal fator de crescimento e frequentemente é mencionado como “VEGF” sendo o principal indutor de angiogênese após lesões e tumores. O VEGF-B e o PIGF estão mais relacionados no desenvolvimento vascular do embrião enquanto o VEGF-C e D estimulam a linfangiogênese e angiogênese → Os VEGFs são expressos na maioria dos tecidos adultos com expressão máxima nas células epiteliais adjacentes ao epitélio fenestrado Ligam-se a uma família de receptores tirosina-cinase (VEGFR -1, 2 e 3) sendo que para a angiogênese o receptor mais importante é o VEGFR-2, o qual é expresso especialmente por células endoteliais. A hipóxia é o indutor mais importante de VEGF. O VEGF estimula a migração e proliferação das células endoteliais e inicia assim o processo de brotamento dos capilares na angiogênese >> Promove vasodilatação pois estimula a produção do NO e contribui para a formação do lúmen vascular × FGFs: família de fatores de crescimento que possui mais de 20 membros. São fatores produzidos por diversos tipos de células e que se ligam a receptores de membrana plasmática com atividade tirosina-cinase >> O FGF-2 (básico) participa do processo de angiogênese por meio do estímulo a proliferação das células endoteliais além de também promover a migração de macrófagos e fibroblastos para a área lesada × Angiopoietinas 1 e 2: possuem papel na angiogênese e maturação estrutural dos novos vasos >> Vasos recém- formados precisam ser estabilizados pelo recrutamento de periquitos e células musculares lisas e deposição de tecido conjuntivo Reparo tecidual De forma geral, alguns tecidos podem ser completamente restituídos após uma lesão, como um osso após uma fratura, e a regeneração pode ocorrer por: × Proliferação das células adjacentes de sobrevivência × Atividade das células tronco do tecido Porém, na maioria dos casos a capacidade de restauração do tecido é limitada e a lesão grave do tecido resulta em um dano extensivo dos elementos do parênquima e/ou dos elementos estromais >> Dessa forma, o tecido não pode se curar por regeneração Além disso, na maioria dos casos a cura é uma combinação de regeneração + cicatrização. O resultado da cura pode ser afetado por: 1. Capacidade proliferativa do tecido danificado 2. Integridade da matriz extracelular (MEC) 3. Cronicidade da inflamação associada Resumindo: após uma lesão celular, incialmente temos o processo inflamatório ocorrendo. Assim, a inflamação, além de ser importante para eliminar micróbios e tecidos lesados, também é importante para iniciar o processo de reparo tecidual. O reparo (ou cura) nada mais é do que a restauração da arquitetura e função do tecido após a lesão. O reparo pode ocorrer por meio de 2 processos: × Regeneração: ocorre substituição do tecido lesado por um com a mesma forma e função >> Tende a ocorrer em lesões mais superficiais e leves × Cicatrização: ocorre substituição do tecido lesado por um tecido conjuntivo >> Tende a ocorrer em lesões mais acentuadas Durante o reparo do tecido, múltiplos tipos de células se proliferam >> Exemplo: células remanescentes do tecido lesionado e as células endoteliais. Ademais, as ações conjuntas que observamos durante o reparo tecidual são a angiogênese (formação de novos vasos a partir de vasos preexistentes), a qual será importante para fornecer nutrientes necessários para o reparo, e os fibroblastos que são fontes da MEC e cicatriz Já as células que não são fibroblastos e nem endoteliais possuem sua habilidade de restaurar o tecido normal dependentes da capacidade proliferativa intrínseca. Assim, dividimos os tecidos em: × Tecidos lábeis ou instáveis: são tecidos que se dividem continuamente >> Nesses tecidos, as células são constantemente substituídas pela proliferação de células maduras e/ou maturação de células tronco do tecido × Tecidos estáveis: apresentam células no estado de quiescência, ou seja, elas se encontram no estágio G0 do ciclo celular e apresentam atividade proliferativa basal mínima >> São celulas que podem se dividir após uma lesão ou perda de massa tecidual (Ex: fígado) × Tecidos permanentes: são celulas terminalmente diferenciadas e por isso não são proliferativas >> São células que passam por um processo de divisão celular apenas no período intrauterino. Como exemplo dessas células temos os cardiomiócitos e a maioria dos neurônios. Essas células possuem uma replicação limitada de células tronco e diferenciação no coração e cérebro → Isso faz com que sejam insuficientes para produzir qualquer regeneração tecidual e, assim, as lesões cardíacas e cerebrais são tipicamente irreversíveis e resultam em cicatriz Em relação aos mecanismos de regeneração de tecidos: 1. Tecidos lábeis: as células lesionadas são rapidamente substituídas por meio da proliferação das células residuais e diferenciação das células-tronco residuais (desde que a membrana da base subjacente esteja intacta) Obs: órgãos parenquimentosos, os quais são compostos em sua maior parte de população celulares, possuem sua regeneração limitada e por isso é possível que ocorra um processo de reparação pois as células possuem uma certa capacidade regenerativa, porém é uma capacidade limitada >> Exemplo: quando é realizada uma nefrectomia ocorre uma hipertrofia compensatória e hiperplasia das células do ducto proximal no rim remanescente, o que contribui para mecanismos de replicação celular. Proliferação celular Trata-se do mecanismo de regeneraçãocelular e dos tecidos lesados. É orientada por fatores de crescimento e criticamente dependente da integridade da MEC. Várias células proliferam durante o reparo tecidual, entre elas: × Células remanescentes do tecido lesados × Células endoteliais >> criam novos vasos × Fibroblastos A proliferação dessas células é guiada por proteínas denominadas de fatores de crescimento. Além disso, os processos chaves da proliferação celular são a replicação do DNA e a mitose Acerca do tamanho das populações celulares, elas são determinadas por: 1. Proliferação celular >> determinada pela integridade da MEC e fatores de crescimento 2. Morte celular por apoptose 3. Diferenciação de novas células a partir de células tronco >> As células tronco possuem como característica a capacidade de autorrenovação e replicação assimétrica (isso significa que quando uma célula-tronco se divide, uma célula filha entra na via de diferenciação e a origina uma célula madura enquanto a outra permanece como célula – tronco indiferenciada retendo a sua capacidade autorrenovação Os fatores de crescimento induzem a proliferação celular por meio da ligação a receptores específicos e influenciam a expressão de genes que resultam produtos com várias funções, tais como: 1. Promoção da entrada das células no ciclo celular 2. Atenuar bloqueios na progressão celular 3. Impedir a apoptose 4. Aumento da síntese proteica Grande parte dos fatores de crescimento envolvidos no reparo são produzidos pelos macrófagos e linfócitos recrutados para a área da lesão ou que são ativados no local como parte do processo inflamatório >> Outros fatores são produzidos por células do parênquima e do estroma Fatores que influenciam o reparo O reparo tecidual pode sofrer influências de vários fatores que podem reduzir a qualidade ou adequação do processo reparador. Entre os fatores, temos: × Inflamação >> retarda a cura, pois prolonga a inflamação e aumenta a lesão local × Nutrição >> Por exemplo, a deficiência de proteínas e, em especial, a vitamina C, inibe a síntese de colágeno e retarda a cicatrização × Glicocorticoides >> Possui efeito anti-inflamatório. Dessa forma, seu uso pode gerar uma cicatrização deficiente, pois inibe a produção de TGF-b e diminui a fibrose. Porém, em alguns casos o efeito anti- inflamatório é algo desejável × Fatores mecânicos >> aumento da pressão e torção local podem causar separação ou deiscência profunda × Perfusão deficiente >> casos de aterosclerose e diabetes podem impedir a cura/reparo × Presença de corpos estranhos como fragmentos de ossos podem impedir a cura × Tipo e extensão da lesão >> Restauração completa só é possível em tecidos estáveis e lábeis × Localização da lesão e natureza do tecido onde ocorreu a lesão × Aberrações do crescimento celular e produção de MEC >> Por exemplo, o acúmulo de quantidade excessiva de colágeno pode gerar uma cicatriz proeminente e elevada denominado queloide IMPORTANTE → Sobre as células troncos: Temos 2 tipos de células-tronco basicamente: • Células tronco embrionárias: células tronco mais indiferenciadas presentes na massa celular interna do blastocisto e possuem intensa capacidade renovação. Possuem função principal de originar as células do corpo • Células tronco adultas: também chamadas de células tronco teciduais >> Menos indiferenciadas que as células embrionárias e com capacidade de autorrenovação mais limitada. A função principal dessas células está relacionada a homeostasia do tecido Quadro de receptores dos fatores de crescimento
Compartilhar