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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA _____ VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE (CAPITAL) - UF MARIA SOUZA, (nacionalidade), (estado civil), professora, , portadora da carteira de identidade nº ...................., inscrita no CPF sob nº ............, residente e domiciliada à (endereço contendo rua, nº, bairro, município, estado, UF e CEP), endereço eletrônico (e-mail), vem por meio de seu advogado com endereço profissional à (endereço contendo rua, nº, bairro, município, estado, UF,CEP), endereço eletrônico (e-mail), onde recebe notificações, conforme o Artigo 106, I, do Código de Processo Civil, com base no artigo 5º, LXIX, da Constituição Federal, na Lei 12.016/09 vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, impetrar o presente MANDADO DE SEGURANÇA COM PEDIDO DE LIMINAR Pelo rito especial, contra ato praticado pelo REITOR DA UNIVERSIDADE FEDERAL de (estado), Sr. (nome completo), (nacionalidade), (estado civil), reitor, representante legal da referida instituição de ensino superior pública federal, estando esta autoridade coatora vinculada a UNIVERSIDADE FEDERAL, autarquia da União, pessoa jurídica de direito público, inscrita no CNPJ sob nº (numeração), com sede ao (endereço contendo rua, nº, bairro, município, estado, UF e CEP), endereço eletrônico (e- mail), pelos fatos e fundamentos que passa a expor. I. DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA Com fundamento constitucional no artigo 5º, LXXIV, da Constituição Federal, e em razão das dificuldades financeiras enfrentadas pela impetrante desde sua demissão, e está desempregada e esta não possui como suportar as custas judiciais sem que afete o seu sustento, razão pela qual deve ser contemplada pela gratuidade de justiça, na forma da Lei nº 1.050/1960. II. DOS FATOS A autora pertencia ao pertencia ao quadro de servidores públicos federais da instituição impetrada, exercendo cargo de professora, e foi atacada em sala de aula por um dos seus alunos, Marcos Silva, aluno da instituição em tela, inconformado com a nota que lhe fora atribuída na disciplina em que a impetrante lecionava no curso de graduação do aluno, ele a abordou com um canivete em punho e, em meio a ameaças, exigiu que ela procedesse à modificação de sua nota. Nesse momento, a impetrante, com o propósito de repelir a iminente agressão, a professora conseguiu desarmar e derribar o aluno, se desvencilhando do mesmo, que na queda fraturou um dos braços. Diante de todo o ocorrido, foi instaurado Processo Administrativo Disciplinar (PAD), a fim de apurar eventual responsabilidade da professora e, ao mesmo tempo, a impetrante foi denunciada pelo crime de lesão corporal. Na esfera criminal, a impetrante foi absolvida, pois foi provado a mesma agiu em legítima defesa, em decisão que transitou em julgado. Porém o processo administrativo, entretanto, seguiu normalmente, sem que a servidora fosse citada, pois a Comissão nomeada entendeu que a mesma já teria tomado ciência da instauração do procedimento por meio da imprensa e de outros servidores. Ao final, a Comissão apresentou relatório pugnando pela condenação da servidora à pena de demissão. O PAD foi encaminhado à autoridade competente, ora o impetrado, para a decisão final, que, sob o fundamento de vinculação ao parecer emitido pela Comissão, aplicou a pena de demissão à impetrante, afirmando, ainda, que a esfera administrativa é autônoma em relação à criminal. Em 11/01/2017, a servidora foi cientificada de sua demissão, por meio de publicação em Diário Oficial, ocasião em que foi afastada de suas funções. Assim sendo, socorre-se a impetrante do manto do Poder Judiciário, com fito de obter a necessária tutela jurisdicional. III. DOS FUNDAMENTOS No presente caso, o impetrado é responsável por ato de lesão a direito líquido e certo junto à impetrante, vez que comprovado, junto a esfera penal, que a mesma agiu em legítima defesa, resultando em sua sentença absolutória. Deve-se salientar, ainda, quanto a omissão da tramitação do PAD sem a devida citação da interessada, bem como a descabida decisão do reitor ao aplicar a pena de demissão à impetrante, sob a justificativa apresentada de “que a esfera administrativa é autônoma em relação à criminal”. IV - DO CABIMENTO DO MANDADO DE SEGURANÇA E DA LEGITIMIDADE ATIVA O presente mandado de segurança tem cabimento, nos termos do inciso LXIX do artigo 5º da Constituição Federal, como verdadeiro remédio constitucional para afastar ato de autoridade, capaz de causar lesão ou ameaça, a direito líquido e certo não amparado por outra garantia. O Artigo 1º da lei 12.016/2009 diz que será concedido Mandado de Segurança para proteger direito líquido e certo, sempre que ilegalmente ou com abuso de poder, por qualquer pessoa física sofrer violação por parte de autoridade. “Inciso LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público.” Ao discorrer desta peça exordial, juntamente com os documentos acostados a esse mandamus, será notabilizado que a impetrante está circundada pelas garantias dispostas nas legislações específicas e jurisprudências cabíveis ao caso. Cumpre ressaltar, ainda, que o prazo para impetrar o presente instrumento fora devidamente respeitado, haja vista que a impetrante foi cientificada em 11/01/2017 e procedeu ao acionamento do judiciário em 22/02/2017, perfazendo 42 (quarenta e dois) dias entre o período mencionado, conforme dispõe o Artigo 23 da Lei nº 12.016/2009: “Art. 23. O direito de requerer mandado de segurança extinguir-se-á decorridos 120 (cento e vinte) dias, contados da ciência, pelo interessado, do ato impugnado.” Isto posto, não há que se falar quanto a inadmissibilidade da impetração do presente mandamus e de possível intempestividade deste, vez que demonstrados os requisitos do instrumento em tela. V - DA SUCESSÃO DE ATOS ILEGAIS PRATICADOS Com relação ao PAD que pugnou pela condenação da servidora à pena de demissão, este prosseguiu sem a devida citação da impetrante, onde a Comissão responsável apresentou como justificativa que a mesma já teria tomado ciência da instauração do procedimento por meio da imprensa e de outros servidores. Ocorre que, concordante com a legislação específica acerca de processos administrativos no âmbito da Administração Pública Federal, é imprescindível que a intimação assegure a certeza da ciência do interessado, o que não sucedeu. É o que garante o § 3º do Artigo 26 da Lei nº 9.784/99: “Art. 26. O órgão competente perante o qual tramita o processo administrativo determinará a intimação do interessado para ciência de decisão ou a efetivação de diligências. § 3º A intimação pode ser efetuada por ciência no processo, por via postal com aviso de recebimento, por telegrama ou outro meio que assegure a certeza da ciência do interessado.” Quanto a justificativa apresentada pelo reitor, ora impetrado, quando da consumação do ato coator ao aplicar a pena de demissão à impetrante, mister salientar que, de fato, há a existência da autonomia entre as instâncias, figurando, no caso em comento, a penal e a administrativa. Entretanto, deve-se destacar que há exceções em determinadas conjunturas, em que haverá sim a vinculação entre as instâncias, de modo que não poderá haver condenação na esfera administrativa quando houver absolvição na esfera penal, sendo esta a inteligência do art. 126 da Lei nº 8.112/1990: “Art. 126. A responsabilidade administrativa do servidor será afastada no caso de absolvição criminal que negue a existência do fato ou sua autoria.” Utilizando-nos de uma analogiareversa, na jurisprudência abaixo elencada, MS nº 7296/DF, é possível verificar a denegação do mandado de segurança quando observada a correta tramitação do Processo Administrativo Disciplinar. Como anteriormente demonstrado, o mesmo cenário não pode ser constatado junto ao PAD enfrentado pela impetrante, vez que detectado a presença de vício durante o curso da demanda administrativa, sendo, nesta ocasião, a ausência da devida citação e a não consideração da sentença absolutória na esfera penal. “MANDADO DE SEGURANÇA Nº 7.296 - DF (2000/0135242-3) RELATOR: MINISTRO PAULO MEDINA IMPETRANTE: CARLOS ROBERTO RAMOS DE OLIVEIRA ADVOGADO: GILBERTO AMADO DA SILVA IMPETRADO: MINISTRO DE ESTADO DA JUSTIÇA EMENTA MANDADO DE SEGURANÇA. SERVIDOR PÚBLICO. PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR. DEMISSÃO. CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA. INDEPENDÊNCIA DA INSTÂNCIA CRIMINAL. MÉRITO ADMINISTRATIVO. Não há vícios formais que justifiquem a concessão da segurança, uma vez observados os princípios do contraditório e da ampla defesa no processo administrativo disciplinar. A esfera administrativa, a teor do art. 126 da Lei 8112/90, independe da penal, exceto nas hipóteses de absolvição criminal que negue a existência do fato ou sua autoria, não verificada. Não cabe mandado de segurança para discutir o mérito da decisão administrativa em processo administrativo disciplinar. Segurança denegada. (STJ - MS: 7296 DF 2000/0135242-3, Relator: Ministro PAULO MEDINA, Data de Julgamento: 12/05/2004, S3 - TERCEIRA SEÇÃO, Data de Publicação: DJ 14.06.2004 p. 1156)” O direito líquido e certo não amparado da impetrante é evidente, a qual pugna por sua reintegração através da anulação do ato demissionário realizado pelo impetrado. VI. DA TUTELA DE URGÊNCIA ANTECIPADA Consonante com todo o exposto anteriormente, encontram-se presentes os requisitos para concessão do pedido em caráter de urgência, com propósito de alcançar a reintegração imediata da servidora pública federal, ora impetrante, junto a Universidade Federal, bem como o recebimento dos vencimentos pretéritos desde 11/01/2017, sendo a data do ato impugnado. Neste contexto, nos deparamos com o periculum in mora e fumus boni iuris. Com relação ao periculum in mora, é sabido que este se refere ao perigo da demora, conforme preceitua o Art. 300 do CPC: “Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.” Nesta oportunidade, há de se destacar que o perigo da demora repousa na alta possibilidade da impetrante vir a sofrer consequências gravíssimas diante da sucessão de atos ilícitos praticados, que corroboraram para sua demissão descabida, devendo ser elencados: a. Ocupação de seu antigo cargo por novo servidor federal, restando na impossibilidade de sua reintegração; b. Acúmulo de prejuízos de ordem financeira, haja vista não ter conseguido se realocar no mercado de trabalho neste ínterim e ao não estar gerando renda para sua subsistência. No que se refere ao fumus boni iuris, a fumaça do bom direito, esta caracteriza-se por toda a fundamentação realizada nesta peça, juntamente com as provas documentais, que garantem o próprio direito da impetrante a ser reintegrada de pronto a seu antigo cargo, bem como a receber seus devidos vencimentos, ante a demissão ilegal. Seguindo o raciocínio retro, a mesma matéria fora tratada no REsp nº 1199257/PE, que não só reconheceu o direito da reintegração de servidor público, como também reconheceu o direito ao recebimento dos vencimentos desde a data da demissão ilegal: “PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA. REINTEGRAÇÃO DE SERVIDOR PÚBLICO. VENCIMENTOS RETROATIVOS A PARTIR DA DATA DA DEMISSÃO ILEGAL. 1. É pacífico o entendimento desta Corte no sentido de que, em se tratando de mandado de segurança objetivando reintegração de servidor público demitido ilegalmente, são devidos os vencimentos e eventuais vantagens financeiras ao impetrante, desde a data do ato impugnado. 2. Recurso especial não provido. (STJ - REsp 1199257 PE 2010/0109811-4, Relator Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, Data de Julgamento: 15/02/2011, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJe 24/02/2011)” Considera-se, ainda, o disposto no inciso III, Art. 7º da Lei nº 12.016/2009, que versa acerca da suspensão do ato, pelo próprio magistrado, que deu motivo ao pedido: “Art. 7º Ao despachar a inicial, o juiz ordenará: III - que se suspenda o ato que deu motivo ao pedido, quando houver fundamento relevante e do ato impugnado puder resultar a ineficácia da medida, caso seja finalmente deferida, sendo facultado exigir do impetrante caução, fiança ou depósito, com o objetivo de assegurar o ressarcimento à pessoa jurídica.” Destarte, requer o deferimento da liminar, no sentido de proceder a reintegração imediata da impetrante ao seu antigo cargo junto a Universidade Federal, bem como seja determinado o depósito dos vencimentos retroativos, a contar de 11/01/2017, ora data da demissão ilegal. V. DOS PEDIDOS Ante de toda exposição realizada, requer à Vossa Excelência: 1. Que seja concedida a gratuidade de justiça, na forma da Lei nº 1.050/1960, vez que a impetrante se encontra desempregada, não possuindo condições de arcar com as custas; 2. Que seja deferida a liminar requerida, na forma da Lei nº 12.016/2009, vez que presente os requisitos legais para sua concessão, no sentido de promover a reintegração imediata da impetrante ao seu antigo cargo junto a Universidade Federal, bem como seja determinado, no prazo de 5 (cinco) dias, o pagamento dos vencimentos retroativos, a contar 11/01/2017, sob pena de multa diária no valor de R$ 500,00 (quinhentos reais), em caso de desobediência, limitada a R$ 10.000,00 (dez mil reais), valores estes que deverão ser revertidos em favor da impetrante; 3. Que seja determinada a intimação da autoridade coatora no endereço referente à autarquia a qual é vinculada, entregando-lhe a segunda via da exordial acompanhada de todos os documentos acostados, para cumprimento da medida liminar e prestação de informações que julgar pertinentes no prazo da Lei, nos termos do inciso I, Art. 7º da Lei nº 12.016/09; 4. Que seja determinado que se dê ciência do fato ao órgão de representação judicial da pessoa jurídica em comento, enviando-lhe cópia da inicial sem documentos, para que, querendo, ingresse no feito, nos termos do inciso II, Art. 7º da Lei nº 12.016/09; 5. Que o impetrado seja condenado ao pagamento das despesas processuais, na forma da Lei. VI. DO VALOR DA CAUSA Diante disso, dá-se à causa o valor de R$ 2.000,00. (dois mil reais) Nestes termos, Pede deferimento. (Local), (dia) de (mês) de (ano). (Nome do advogado) OAB/(UF)
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